Cloro foi usado «sistematica e repetidamente» como arma química na Síria, diz OPAQ
A organização que vigia o uso de armas químicas no mundo confirmou hoje o uso sistemático de cloro como arma na Síria.
A missão da Organização para a Proibição das Armas Químicas (OPAQ) estabeleceu uma "confirmação convincente" de que um químico tóxico foi usado "sistematica e repetidamente" como arma em aldeias no norte da Síria no início deste ano, disse a organização, em comunicado.
"As descrições, propriedades físicas, comportamento do gás e sinais e sintomas resultantes da exposição, bem como a resposta de pacientes ao tratamento, leva a missão a concluir com um elevado grau de confiança que cloro, quer puro quer em mistura, é o químico tóxico em questão", refere o comunicado. A OPAQ afirmou que relatos de ataques na Síria desapareceram depois de a missão de investigação ter sido criada em abril, mas "houve uma inundação de novas alegações em agosto".
O porta-voz da organização, Michael Luhan, disse que as novas alegações seriam investigadas. O relatório inicial da missão, em junho, afirmava que as provas "faziam acreditar" na ideia de que tinha sido utilizado cloro em ataques nas aldeias de Talmanes, Al-Tamana e Kafr Zeita.
O regime do presidente sírio, Bashar al-Assad, e os rebeldes trocaram acusações mútuas de recurso a agentes químicos, incluindo cloro, no conflito sangrento que começou em março de 2011 e apesar da promessa de Damasco de entregar todas as suas armas químicas.
A equipa da OPAQ responsável pelas averiguações no terreno foi atacada com uma bomba à beira da estrada e com tiros em maio, tendo sido impedida de aceder ao local de um alegado ataque em Kafr Zeita.
Apesar disso, a equipa entrevistou vítimas, médicos e testemunhas sobre os ataques e analisou documentação, incluindo vídeos e registos médicos, relatou a OPAQ.O cloro é um químico de fácil acesso e é não-persistente, o que dificulta a prova do seu uso. França e Estados Unidos acusaram as forças de Assad de libertarem químicos industriais em aldeias tomadas pelos rebeldes.
A Síria não teve de declarar a sua reserva de cloro - um agente tóxico fraco que pode ser considerado uma arma química se for usado em ataques -- no âmbito do acordo de desarmamento acordado no ano passado, uma vez que é largamente utilizado para fins comerciais e domésticos. Investigadores dos direitos humanos mandatados pelas Nações Unidas relataram no mês passado acreditar que o governo sírio largou cloro em áreas civis em oito ocasiões diferentes em abril.
Toda a reserva de químicos perigosos da Síria foi destruída no país ou exportada para ser destruída, como previa o acordo alcançado há um ano.
Lusa