Irão envia exército regular para apoiar Assad
Não acontecia desde a Revolução Islâmica, em 1979. Em mais de 37 anos, é a primeira vez que o Irão envia o exército regular para combater além fronteiras. Tudo em nome do regime sírio de Bashar al-Assad.
Desde 2011, quando a guerra civil deflagrou na Síria, que alguns oficiais de elite - os Guardas da Revolução - têm, através de uma presença discreta na região, prestado auxílio a Assad no conflito. Mas agora chegou o momento de o Irão intensificar a sua presença militar na região enviando o exército regular.
Esta atitude surge por receio de que a Rússia esteja a ponderar a retirada das forças, o que fragilizaria a posição militar do presidente sírio.
De acordo com o Financial Times, os dirigentes iranianos temem que Vladimir Putin possa alinhar com os EUA no sentido de pressionar a saída de cena de Bashar al-Assad. "A retirada parcial de forças russas no mês passado foi interpretada pelos observadores ocidentais e iranianos como uma mensagem destinada ao líder sírio", pode ler-se no diário norte-americano.
As declarações oficiais não deixam margem para dúvidas sobre o comprometimento do Irão: "Os norte-americanos dizem que Assad deve sair, mas Assad deve continuar até ao termo do seu mandato, em 2021. Essa é a nossa linha vermelha", disse Ali Akbar Velayti, um dos principais conselheiros de ayatollah Ali Khamenei, o líder supremo do Irão.
No que diz respeito à política interna Síria, o partido de Assad, como era de esperar, venceu as eleições legislativas realizadas nas zonas controladas pelo regime, elegendo 200 dos 250 deputados.
Ontem, em Teerão, celebrou-se o Dia Nacional do Exército, tendo sido exibidas partes dos mísseis S-300 que o Irão comprou à Rússia.
Durante a cerimónia, o presidente iraniano, garantiu que as intenções do país são pacíficas. "O poder das nossas forças armadas não tem como alvo qualquer dos nossos países vizinhos. O objetivo é apenas defender o Irão islâmico e funcionar como um elemento desencorajador", disse Hassan Rouhani, citado pela IRNA, a agência do Estado.
A celebração da data acontece um dia depois da visita a Teerão da chefe da diplomacia da União Europeia, Federica Mogherini. A diplomata italiana - acompanhada por uma vasta delegação de oficiais europeus - encontrou-se com Rouhani com o objetivo de impulsionar a cooperação estratégica entre o Irão e o Ocidente, na sequência do acordo nuclear, assinado em julho do ano passado e implementado em janeiro, que levou ao levantamento de todas as sanções internacionais.
Israel lança aviso
Com receio da instabilidade política na região, o primeiro-ministro israelita veio ontem dizer que jamais abrirá mão dos Montes Golã, conquistados à Síria em 1967 - naquela que ficou conhecida como a Guerra dos Seis Dias - e anexados, sem reconhecimento internacional, em 1981.
As declarações de Netanyahu são entendidas como uma mensagem para que os Estados Unidos e a Rússia não pensem em qualquer tipo de negociação com vista a resolver o conflito na Síria que envolva os Montes Golã.
DN