Uma hipotética fábrica de blindados em Portugal, poderá estar dependente de um contrato para um número respeitável de veículos para o EP, e, pelo menos no caso da Rheinmetall, a empresa tem que acreditar que existe potencial de futuro, para justificar tal investimento, não fazendo sentido criar a fábrica e fechar passados 5 anos assim que acabasse a encomenda portuguesa.
Esta é a realidade perante a qual se encontra a industria europeia de armamentos.
Não há muitos países que possam colocar encomendas em numero suficiente para garantir a continua operação de uma fábrica de viaturas blindadas, que possa produzir uma quantidade suficiente para tornar a operação rentável.
A norma na Europa tem sido sempre a mesma. Pequenas séries, meias quartas disto e meio litro daquilo, a preços estratosféricos.
A primeira coisa que os americanos dizem relativamente à Europa, é que mesmo com apenas dois por cento do PIB, se a industria militar europeia existisse de uma forma integrada, ela seria três vezes mais eficiente.
Não adianta pensar nas parcerias com este ou aquele, com os turcos ou os coreanos.
Isto só vai funcionar se houver a nível europeu uma ideia clara sobre o que se quer fazer.
Eu vi há dias num canal francês, um especialista francês a dizer uma coisa que eu nunca pensei ouvir...
A França deve fabricar Leopard-II em vez de Leclerc.
Os ingleses falam muito no Challenger III e dizem que vai ser ainda melhor que o Mk,2 mas normalmente não referem que o que é diferente é a peça principal da Rheinmetall. Ou seja, a torre do Challenger III é uma versão fabricada ou montada no Reino Unido de uma das várias torres do Leopard-2
No que respeita às viaturas blindadas sobre rodas, provavelmente nunca se chegará a um acordo, mas pelo menos motores iguais, intercambiáveis, transmissões iguais ou intercambiaveis, isso é imprescindivel...
Há uns anos atrás disseram-me que havia carros Leopard-2 em que não se podiam trocar as rodas porque eram incompatíveis.
Cada país os fabricantes locais pressionam os partidos e os governos para que introduzam o sub-sistema X oy Y porque é fabricado no país e depois se for necessário projetar uma força, conclui-se que não é possível.
A solução mais óbvia seria criar um exército europeu, pago pelo orçamento de Bruxelas, que obedecesse a normas estipuladas por um Comissário Europeu da Defesa e por um conselho europeu de Estados Maiores.
Caso contrário, vamos continuar a desenhar carros de combate no céu, cheios de gadgets engraçados e que custam dez vezes mais que um tanque russo.