Sinceramente não pondo de parte que a espanha nos quisesse invadir, mas com isso, desculpem que diga, podiamos nós bem. Haviamos de lhes fazer a vida num tal inferno se eles cá viessem que a ETA eram praticantes de paint-ball ao pé de nós. Deus os livrasse de tentarem invadir Portugal, nós podiamos não ter paz, mas eles também nunca mais irião ter.
Eu acho que você não está a entender muito bem a questão.
Desde Alfonso XIII, que a Espanha não tem intenções de anexar Portugal, o que tem são intenções de controlar Portugal e de ficar responsável pela sua tutela.
Quando em 1915 a Espanha envia a sua esquadra para Lisboa, para mostrar os canhões, a Espanha assume uma posição perante a França e perante a Inglaterra, afirmando indiretamente que pode ser a potência tutelar.
É claro que a Republica francesa, que tinha apoiado o aparecimento de uma república na Europa (A França fora durante muitas décadas a única república e Portugal era a outra república europeia) não gostou, e gostou ainda menos porque em 1915 temia-se que a Espanha tomasse uma posição favorável à Alemanha.
A Inglaterra também não gostou, porque achou que os espanhóis estavam a agir unilateralmente.
Ambos os países mandam navios de guerra para Lisboa (apesar de estarem em guerra e em plena campanha dos Dardanelos na Turquia).
Estas potências não queriam invadir Portugal. Queriam apenas garantir a sua capacidade para infuenciar a política portuguesa.
E é disso que falo, porque é isso que conta.
A Espanha nos dias de hoje, pretende contar com os votos de Portugal na União Europeia, garantindo que nem precisa de enviar uma comissão para convencer Lisboa a votar com Madrid.
Para os espanhóis deveria apenas haver uma linha telefónica, em que os portugueses ligam para Madrid para perguntar como votam e pronto.
Mas a situação de hoje é apenas um exemplo, amanhã tudo pode mudar. A questão da tutela dos países pequenos mantem-se sempre.
No leste da Europa a tutela passou da Russia comunista para a Alemanha. A Turquia luta hoje por aumentar a lista de países tutelados, querendo a tutela da Síria, Jordânia (em parte do Egito), além da Sérvia, da Albânia e da Bulgaria.
O Irão quer a tutela do Iraque e mantém uma guerra surda com a Rússia por causa da tutela sobre o Azerbeijão.
O conceito de tutela confunde-se com o que descrevemos como invasão económica.
Tem a tutela sobre um país quem conseguir mais negócios para as suas empresas, e quem consegue ganhar os negócios sempre.
No caso português, a verdade é que a Espanha não conseguiu essa tutela de forma clara. Não controlou a energia, não controla as linhas aéreas, não conseguiu impor a construção do TGV (embora estivesse próximo e apenas a falta de dinheiro o tenha impedido).
Não existe um grande movimento internacional contra o qual temos que lutar para nos libertarmos.
Existem vários.
Mesmo as maçonarias dividem-se entre ritos anglo-saxonicos e ritos seguidos pelos países latinos.
Há muitos pontos de contato, mas os grupos americanos continuam a estar de um lado e os europeus do outro.
Só nos resta hoje, como ontem, jogar com essa divisão, fazendo alianças com um lado contra o outro.
E por isso os Açores e a presença dos americanos são tão importantes. Acho mesmo que nunca foram tão importantes.
Fora o exagero, quase que arriscaria que valeria a pena pagar para que eles lá ficassem.
São um seguro de vida.