MFL: «Não seria bom haver seis meses sem democracia»

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Magalhaes

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MFL: «Não seria bom haver seis meses sem democracia»
« em: Novembro 18, 2008, 06:59:54 pm »
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Ferreira Leite pergunta se "não seria bom haver seis meses sem democracia" para pôr "tudo na ordem"


A presidente do PSD, Manuela Ferreira Leite, perguntou hoje se "não seria bom haver seis meses sem democracia" para "pôr tudo na ordem", num comentário às reformas que o actual Governo tem realizado em áreas como a justiça, educação ou saúde.

No final de um almoço promovido pela Câmara de Comércio Luso-Americana, Ferreira Leite elegeu a reforma do sistema de justiça "como primeira prioridade" para ajudar as empresas portuguesas. Questionada sobre o que faria para melhorar o sistema de justiça, a líder social-democrata demarcou-se da atitude do primeiro-ministro, José Sócrates, que "na tomada de posse anunciou como grande medida reduzir as férias do juiz".

Defendendo a ideia de que não se deve tentar fazer reformas contra as classes profissionais, Ferreira Leite declarou: "Eu não acredito em reformas, quando se está em democracia...". "Quando não se está em democracia é outra conversa, eu digo como é que é e faz-se", observou em seguida a presidente do PSD, acrescentando: "E até não sei se a certa altura não seria bom haver seis meses sem democracia, mete-se tudo na ordem e depois então venha a democracia".

"Agora em democracia efectivamente não se pode hostilizar uma classe profissional para de seguida ter a opinião pública contra essa classe profissional e então depois entrar a reformar - porque nessa altura estão eles todos contra. Não é possível fazer uma reforma da justiça sem os juízes, fazer uma reforma da saúde sem os médicos", completou Manuela Ferreira Leite.

A presidente do PSD disse que a última coisa que faria num discurso de posse como primeira-ministra seria "atacar fosse quem fosse" e acusou o Governo de ter falhado as reformas da educação, saúde, Administração Pública e justiça.

"Qualquer político que pretenda alterar um sistema não o pode fazer contra esse sistema. Portanto eu acho que estão arrumadas, no mau sentido, as reformas da educação, saúde, Administração Pública, justiça. Fizeram-se umas coisitas, mas não é a reforma", considerou.

À saída do almoço-debate, Manuela Ferreira Leite não quis responder às perguntas dos jornalistas, que tentaram questioná-la sobre as suas declarações relativas à democracia.

A presidente do PSD respondeu apenas à primeira questão, sobre o ministro da Agricultura, Jaime Silva, dizendo que mantém todas as críticas que fez à política agrícola do Governo: "Não retiro uma vírgula àquilo que disse".



http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1350420&idCanal=23

Parece que a idade não poupa ninguém.
 

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Primy

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« Responder #1 em: Novembro 18, 2008, 07:12:22 pm »
:lol:  :lol:
 

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Engenhocas

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« Responder #2 em: Novembro 18, 2008, 11:45:27 pm »
E vivemos mesmo numa democracia?!

 :twisted:
Perder não é vergonha. Vergonha é não tentar.
 

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« Responder #3 em: Novembro 19, 2008, 12:25:35 pm »
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O discurso é uma parte do que é um bom político


Em política, não basta ter razão. Nem ter boas ideias. É preciso também saber exprimi-las. Nos tempos que correm, esta característica é indissociável do sucesso político. Repare-se no caso de Barack Obama: conquistou a presidência dos Estados Unidos após um percurso de quase dois anos em que permaneceu imune aos lapsos verbais que em escassos momentos podem arruinar uma reputação política. Sem esse cuidado com as palavras, e com o possível efeito letal que produzem, o senador do Ilinóis não teria conseguido a proeza histórica alcançada a 4 de Novembro com o voto de 62 milhões de pessoas.

Ferreira Leite devia analisar atentamente o percurso de Obama. Desde que chegou à liderança do PSD, há seis meses, cometeu demasiados erros de comunicação. Calou-se quando devia falar, pronunciou-se sobre temas laterais que só causaram ruído público.

Ontem foi um pouco mais longe, com uma infeliz declaração em que, ironicamente, admitia a suspensão da democracia por seis meses como condição para concretizar reformas. Como é óbvio, ninguém acredita que Ferreira Leite acredite no que estava a dizer. Ela estava, como provam algumas gargalhadas na sala, a ironizar. Mas, precisamente, a ironia é das mais difíceis armas discursivas. E a líder do PSD não a soube usar. A frase foi logo tomada pelo seu valor facial e agitou o mundo político ontem à tarde.

E, deste modo, Manuela Ferreira Leite, que nunca teve vida fácil no PSD desde que foi eleita, há escassos seis meses, conseguiu tornar ainda mais difícil a complexa tarefa de congregar as suas hostes.


http://dn.sapo.pt/2008/11/19/editorial/ ... litic.html
"[Os portugueses são]um povo tão dócil e tão bem amestrado que até merecia estar no Jardim Zoológico"
-Dom Januário Torgal Ferreira, Bispo das Forças Armadas
 

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Cabeça de Martelo

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« Responder #4 em: Novembro 19, 2008, 04:09:45 pm »
É engraçado, já vi pessoas aqui do fórum a quererem ditaduras, já vi outras a quererem revoluções, já vi outras a chamarem ao Sócrates de ditador da treta... pelos visto a senhora em questão até foi bastante moderada.

SE as pessoas não têm uma coisa chamada cérebro para perceberem uma ironia, o problema não está na doutora Ferreira Leite. :roll:
Contra a Esquerda woke e a Direita populista marchar, marchar!...

 

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LM

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« Responder #5 em: Novembro 19, 2008, 04:26:37 pm »
Citação de: "Cabeça de Martelo"
(...)
SE as pessoas não têm uma coisa chamada cérebro para perceberem uma ironia, o problema não está na doutora Ferreira Leite. :roll:


x2
Quidquid latine dictum sit, altum videtur
 

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« Responder #6 em: Novembro 25, 2008, 10:21:00 am »
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UM EXORCISTA PARA A SEDE DO PSD, POR FAVOR


João Miguel Tavares
Jornalista

Manuela Ferreira Leite, 2 de Julho de 2008: "A família tem por objectivo a procriação." Manuela Ferreira Leite, 1 de Novembro de 2008: "As grandes obras públicas só ajudam a combater o desemprego de Cabo Verde e da Ucrânia." Manuela Ferreira Leite, 12 de Novembro de 2008: "Não pode ser a comunicação social a seleccionar aquilo que transmite." Manuela Ferreira Leite, 17 de Novembro de 2008: "Não sei se a certa altura não é bom haver seis meses sem democracia, mete-se tudo na ordem e depois então venha a democracia."

Como diria o engenheiro Guterres, é fazer as contas: só nos últimos 15 dias, Manuela Ferreira Leite proferiu três frases incompatíveis com um mínimo de sentido de Estado, já para não dizer de flagrante incómodo com as mais elementares regras democráticas. Sobre todos esses temas, o PSD veio depois esclarecer que aquilo que foi dito não era aquilo que Manuela Ferreira Leite queria dizer. Donde se conclui que Manuela Ferreira Leite teria grandes vantagens em se fazer acompanhar por um tradutor, de forma a solucionar o irritante desfasamento entre o seu cérebro e as suas cordas vocais. Manifestamente - atrever-me-ia mesmo a dizer "felizmente" -, o seu pensamento não coincide com as palavras que lhe saem da boca.

Dir-me-ão: mas onde está o seu sentido de humor, meu caro? Já não se pode ser irónico nesta terra? Poder, pode. Mas eu acho tão natural em Manuela Ferreira Leite o uso da ironia quanto o uso da minissaia. Não, aquilo não foi bem ironia. Aliás, aquilo nem sequer foi uma gafe. A gafe, por definição, é uma ocorrência rara. Quando deixa de ser rara, deixa de ser gafe. O que Manuela Ferreira Leite tem, afinal, é uma segunda natureza com uma inesperada propensão para o desastre, o que é tanto mais surpreendente quanto a sua imagem pública era de rigor, ascetismo, medição calculada das intervenções.

É por isso que a actual líder do PSD está a atingir níveis olímpicos de desilusão: a diferença entre aquilo que dela se esperava e aquilo que dela se está a ter é gigantesca. De Pedro Santana Lopes, nunca ninguém esperou muito. De Luís Filipe Menezes, ninguém espera nada. Mas Manuela Ferreira Leite era um caso diferente: vinha alcandorada de referência moral do PSD, de regeneradora da seriedade perdida, de férrea combatente do caos. Pacheco Pereira jurou pela biblioteca da Marmeleira que ela é que era. E, vai-se a ver, Manuela Ferreira Leite não só sucumbe ao velho cálculo político (a tentativa de moralização das listas iniciada por Marques Mendes já é uma miragem) como é um susto cada vez que abre a boca. Pobre PSD. Alguém envie um exorcista para a São Caetano à Lapa, se faz favor.


DN
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-Dom Januário Torgal Ferreira, Bispo das Forças Armadas
 

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Sertorio

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« Responder #7 em: Novembro 25, 2008, 12:24:04 pm »
Citação de: "Cabeça de Martelo"
SE as pessoas não têm uma coisa chamada cérebro para perceberem uma ironia, o problema não está na doutora Ferreira Leite. :roll:

A mim parece-me que o problema, nesta situação, até esteve mesmo na Drª e na sua falta de jeito para ironizar. Só deve tentar ter graça quem tem jeito para tal, caso contrario sucede frequentemente que quem ouve a pseudo piada fique na duvida, sobre se era mesmo uma graça ou se o orador estava a falar a sério.