Snipers Portugueses

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Luso

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Snipers Portugueses
« em: Janeiro 25, 2004, 10:56:13 pm »
Gostaria de saber que alguma vez as nossa Forças Armadas ensaiaram o uso de snipers...
Não falo dos tempos recentes, mas desde 1900 até 1975.
Alguém me poderia ajudar?

Obrigado!
Ai de ti Lusitânia, que dominarás em todas as nações...
 

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quintanova

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(sem assunto)
« Responder #1 em: Julho 01, 2008, 04:06:54 pm »
Pegando nesta mensagem, mais de 4 anos volvidos, para dizer que pelo menos desde a última década do século XVIII que há 'snipers' no Exército Português, nomeadamente alguns inseridos nas companhias de caçadores dos regimentos de infantaria. Actuavam em binómios e tudo...

É aliás algo que sempre andou de mãos dadas com o conceito de infantaria ligeira, que cresceu bastante no século XVIII.

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Cabeça de Martelo

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« Responder #2 em: Julho 10, 2008, 12:48:53 pm »
Pois é, mas pelos vistos a coisa morreu no século XX e só resurgiu já mais recentemente (dos anos 90 para cá).

Pelo menos nem o meu avô nem o meu pai se lembram de haver pessoal especilamente preparado para essa função (e eles estiveram anos no Exército.
7. Todos os animais são iguais mas alguns são mais iguais que os outros.

 

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Lancero

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« Responder #3 em: Julho 10, 2008, 11:07:17 pm »
O Luso colocou por aqui umas páginas de um livro sobre o treino dado pelos britânicos a snipers portugueses na Grande Guerra...
"Portugal civilizou a Ásia, a África e a América. Falta civilizar a Europa"

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Cabeça de Martelo

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« Responder #4 em: Julho 11, 2008, 11:32:49 am »
Links...please! :o

De qualquer maneira, anos 40 e 70 estão representados pelo meu avô (Sargento no Exército) e o meu pai (Exército e FAP).
7. Todos os animais são iguais mas alguns são mais iguais que os outros.

 

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Lancero

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« Responder #5 em: Julho 12, 2008, 05:23:34 pm »
"Portugal civilizou a Ásia, a África e a América. Falta civilizar a Europa"

Respeito
 

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Cabeça de Martelo

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« Responder #6 em: Julho 12, 2008, 05:47:20 pm »
Obrigado, agora que li lembrei-me que tinha guardado no PC, mas como o dito cujo ficou infectado com uma virose, perdi tudo.  :wink:
7. Todos os animais são iguais mas alguns são mais iguais que os outros.

 

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TOMSK

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« Responder #7 em: Abril 06, 2009, 02:48:25 pm »


Desenterrando este tópico, estava eu a ler O Primeiro Cerco de Diu, quando o relato de um acontecimento que aí se passou me fez pensar se a utilização de atiradores especiais não seria já nessa altura algo comum entre os portugueses do século XVI.

Em 1538, durante o longo cerco à fortaleza portuguesa de Diu, os turcos arremeteram novamente ás muralhas portuguesas, desta vez num número imenso de tropas a tentarem escalar os muros, parcamente defendidas pelos poucos portugueses. Lopo de Sousa Coutinho refere então que um "um espingardeiro nosso" colocado no telhado da casa do capitão da fortaleza, "atirou a um turco que por seus ricos trajes julgou ser homem de nome". Ora, aqui há dois factos que chamam à atenção:

Primeiro, a posição elevada e segura em que se encontrava o atirador português. Não estava assim, no meio da confusão das espadas, lanças e empurrões que se desdobrava nas muralhas, mas sim afastado, alguns metros atrás e colocado num sítio alto onde podia perscrutar a acção e daí fazer fogo. Um estudo da planta da fortaleza de Diu mostrar-nos-ia que a "casa do capitão" apresenta uma distância considerável até às muralhas, o que ainda mais vem valorizar a acção deste homem, sabendo que as primitivas espingardas do século XVI eram muito pouco eficazes em termos de pontaria.

Segundo, mostra-se que a escolha do alvo não foi indiscriminada ou de urgência, mas sim pautada pelo escolha selectiva do valor militar e prestigío do soldado inimigo, que nessa altura se diferenciava pela riqueza das vestes.
Apenas estas duas informações nos remetem para o modo de agir do Atirador Especial/"Sniper".

Seguidamente, o autor refere que para os turcos era "coisa costumada e cheia de honra entre eles levarem os corpos dos capitães".. Confirmando isso mesmo, um turco se apartou do combate e foi dirigir-se ao valioso morto, "carregando-o sobre os seus ombros"..
Mais uma vez se prova que o turco morto pelo atirador português devia ser alguém de grande prestígio ou condição militar.

É então, que o atirador português, que já tinha recarregado a sua espingarda, "atirou ao que levava o morto, e, dando em ele caíram ambos". Mais um alvejado da mesma maneira.

No entanto, diz-nos o relato que ainda outro turco se dirigiu ao local para pegar na primeira vítima, apenas para  ser "também morto" pelo  tiro certeiro do espingardeiro português.

"De maneira que levar o primeiro morreram três"
É caso para dizer que matou 3 coelhos de uma cajadada só!

Naturalmente que não havia na época designações de "atirador furtivo", "atirador especial", e muito menos "sniper".
Há no entanto o testemunho de quem viveu o acontecimento, e deixou-nos este singelo relato da acção de um dos seus compatriotas desse dia, que diga-se, em tudo é semelhante áo "modus operandi" dos snipers do século XXI.

Por isso, se a "história" militar gosta de afirmar que a utilização dos snipers remonta à Guerra da Independência ou à Guerra Civil Norte-Americana, podemos também nós afirmar, com orgulho, que mais de trezentos anos antes, já os nossos antepassados quinhentistas faziam as suas experiências nesta área, com óptimos resultados, diga-se de passagem. :wink: