Caro Pereira Marques.
Não sei se será assim.
Veja:
No Brasil, Argentina e Chile, a percentagem de autoctones é muito menor que a de outros países da américa do sul. No Brasil, os autoctones foram não só ultrapassados numericamente pelos europeus, como também foram ultrapassados pela imigração forçada dos africanos (escravatura) e estes acabaram por se tornar mais importantes (porque as culturas africanas, eram muito mais sofisticadas e organizadas que as culturas das tribos índias).
São portanto casos aparte.
Mas conforme vamos avançando para ocidente e para norte, encontra-se uma manta de retalhos muito diferente.
Como nota de curiosidade: O Paraguai, por exemplo parece um Estado Tampão hoje, mas era um país muito mais poderoso no século XIX. Lembre-se que p Paraguai sozinho luto contra os brasileiros e argentinos, tendo sido reduzido a um país minusculo e parte do norte do Paraguai, foi território posteriormente conquistado à Bolivia.
Os países do cone sul, são algo muito diferente dos países da Grande Colombia, que inclui Peru, Equador, Colombia, Venezuela e Panamá.
Se é verdade que muitas das diferenças são resultado da criação de burguesias autoctones de lingua castelhana, não é menos verdade que os povos autoctones são diferentes. Completamente diferentes.
Nós habituamo-nos a achar que tudo quanto é índio, é índio e pronto, da mesma maneira que achámos no século XIX, quando se fez aquela absurda divisão de África, que preto é preto e pronto, são todos iguais.
Os sul-americanos e os centro-americanos são muito diferentes entre si, e os espanhóis nunca conseguiram tornar essa realidade em algo homogeneo. Aliás, eles nem o próprio país conseguiram tornar homogeneo.
Lembre-se de que a América espanhola foi conquistada, mercê da utilização e aproveitamento das rivalidades entre nações. O Império Azteca (ou Mexica) cái porque os espanhóis têm o apoio do povos que são dominados e não querem pagar tributos.
Já o Imperio Inca (Colombia, Peru e Bolivia andina) é consideravalmente diferente, pois pelo que conhecemos era mais uniforme e estável que o Azteca, embora técnicamente menos desenvolvido.
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Algumas das ideias de união de países como na América Central e do Sul, parecem ser mais levados por discursos anti-americanos de politicos populistas que por uma necessidade prática.
E como os problemas acabas sempre por ter origem no bolso dos cidadãos, sem problemas básicos resolvidos, não me parece possível pensar em integrações politicas, porque o resultado é um inevitável fracasso.
Falei há uns anos atrás, com um empresário Argentino que importava produtos de Taiwan, que se queixou de que a concorrência do Brasil era desleal, porque eles ganhavam muito menos e estavam a acabar com a economia da Argentina.
Eu expliquei que provavelmente o problema até era a dimensão do mercado brasileiro, que tornava os brasileiros mais compeittivos em termos de preços, mas não adiantou de nada. Deram-me uma quantidade de argumentos relativamente aos preços, ao saçlário mínimo no Brasil etc...
Aquelas pessoas, que são na prática quem paga a maioria dos impostos, o Mercosul era um problema e eles achavam que se necessário deveriam sair. E a existência da Argentina como entidade independência é a única coisa que garante que eles se quiserem o podem fazer.
A União Europeia, é com todos os seus defeitos uma referência de sucesso, mas não nos podemos nunca esquecer o que é que de facto fez e cimentou a UE.
Não há lugar na terra que tenha sofrido tanto com guerras, onde tenha morrido tanta gente com conflitos. O sangue fez com que os europeus se tornassem mais racionais.
Na américa do sul, não existe esse sentimento como existiu na Europa de "ou arrajamos maneira de nos entender, ou afundamo-nos todos".
Ali, há acima de tudo caudilhos, que querem tomar o poder, aparecer na fotografia, acusar o Bush de genocida, e de caminho roubar aviões particulares a empresas estrangeiras nem que para isso seja preciso prender gente inocente e inventar processos kafkianos.
Aliás, se verificar o que se passa no estado de Chiapas no México, o que vai ver é exactamente o contrário de movimentos de unificação...
E se ollhar para o México, vai entender porque razão foi tão fácil para o governo na cidade do México alienar uma parte tão grande do território (ainda que sob pressão americana).
Não havia por parte da população mexicana do centro do México, absolutamente nenhuma identidade com os povos da California e do Texas. Eram índios de tribos diferentes, Deuses diferentes, línguas diferentes.
A venda da California do Novo México e do Texas, foram apenas isso, vendas de terras por parte das oligarquias, que não foram sentidas pela população, porque pura e simplesmente não havia nenhuma nação mexicana desde o sul do México até San Francisco. Havia apenas a colonização espanhola que os "unia".
Como sabemos, não os unia suficientemente.
Cumprimentos