Cardeal Ratzinger: Soldado do III Reich

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dremanu

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(sem assunto)
« Responder #15 em: Abril 22, 2005, 01:37:29 am »
Citação de: "Paisano"
Ele não tomaria a maracujina*

Fonte: www.tribunadaimprensa.com.br

Citar
Pelas ruas do Leblon, na década de 60, à beira do Jardim de Alá, dois padres caminhavam devagar e conversavam animados. Dois padres, não. Dois bispos, com suas batinas negras e suas cintas e meias vermelhas. Tinham acabado de visitar a Cruzada São Sebastião.

Com sede, entraram no bar Maracujina, mais botequim do que bar, ali para as bandas dos Correios e Telégrafos, pediram água, sentaram-se. Um grupo de alegres e despojados intelectuais curtia o dia de sol e mar azul bebendo meigas batidas de maracujá e falando mal dos governos.

Lucio Rangel, que nascera anjo e tinha a santidade de um conclave inteiro, levantou-se, foi à mesa dos dois bispos e lhes ofereceu e serviu batidas de maracujá. Aceitaram, gostaram, beberam, conversaram, foram embora. Eram o bispo dom Helder Câmara, logo depois arcebispo de Olinda e Recife, e o cardeal italiano Giovanni Montini, logo depois papa Paulo VI.

O cardeal Joseph Ratzinger teria bebido a maracujina de Lucio Rangel?

Será o Benedito?

Não se julga ninguém pela foto. O papa Bento XVI não foi surpresa nenhuma. Cardeal mais antigo do conclave, e por isso o decano, morto João Paulo II, por força do tempo e do posto, assumiu o comando da sucessão. Não foi o secretário de Estado nem o camerlengo. Foi ele. Por direito, era ele.

A Igreja, imperial, filha de Roma, voltou à história. Morre o rei, assume o príncipe herdeiro, o mais velho. Morreu João Paulo II, assumiu Joseph Ratzinger, o príncipe mais antigo, o herdeiro direto. Como no reino dos homens.

Já chegou com dois nomes. Será o Bento? Será o Benedito? Os nomes são um só. Será Bento XVI, homenagem a Bento XV, de cem anos atrás, lá do começo do século passado, já quase perdido na lembrança mundial. Se era para ir tão longe, por que não papa Pedro II? Lula ia pensar que era o nosso.

O DNA

O DNA é um general. Manda, mas nunca é ele só. A infância e a juventude, também. São determinantes na formação humana. Mas não são únicas. Muita gente está com medo do alemão Ratzinger por causa do DNA. Filho de um delegado de polícia, tem influencia mas não tem essa força toda.

Outros têm medo também da juventude dele. Nascido em 1927, em 43, com 16 anos, lutou no exército nazista alemão, integrando uma unidade antiaérea. No ano seguinte, em 44, estava na fronteira austro-húngara construindo barreiras nazistas contra as tropas aliadas: soviéticas, americanas, inglesas.

Em maio de 45 (a guerra acabou em 8 de maio), voltou para Traustein, na sua Baviera, Alemanha, correndo o risco de ser executado ou enforcado em público. Foi feito prisioneiro pelas tropas americanas. Seminário, e padre em 51.

Sem nenhuma (ou com alguma) má vontade, com aquele olhar sempre distante, o sorriso neutro e os olhos assustados, ele lembra muito bispo alemão de filme americano depois da guerra, com todos os não-perdões da época. O que assusta é a televisão, são as fotos. Ele chegou como quem vai embora.

Não parece que está vindo, mas que está indo. Às vezes, lembra João Paulo I, quando todos já sabíamos que ia morrer logo, e ele também.

Mas isso não quer dizer nada. De repente, chega aos 90, 100. Em 91, teve uma hemorragia cerebral. Saiu dela. João Paulo II também tomou um tiro em 81 e durou mais quinze. Vamos rezar é para amansar o perigoso DNA dele. E tudo isso só se vai saber quando ele começar a mandar. Ou desmandar.

Ruy

Em 1876, com 26 anos, Ruy Barbosa, que havia enterrado o pai dois anos antes, enterra a noiva que morreu de tuberculose. Deixa a Bahia, o seu "Diário da Bahia", que dirigia, e o escritório de advocacia, que mal começava, e vem tentar a vida no Rio.

Meses sem trabalho. Resolve começar como os trovões, fazendo barulho por cima. Traduz o livro "O papa e o concílio" (de Doeelinger), uma catilinária de críticas à Igreja, sobretudo à infalibilidade do papa, que estava fazendo o maior alvoroço na Europa. E fez mais. Fez uma introdução valente, brilhante, irrespondível, duas vezes maior e comprovadamente melhor do que a obra original.

A Igreja soube, abriu uma campanha terrível contra "o libelo infame" e impediu a edição. A editora, que havia encomendado a tradução, não pagou e engavetou, não editou. Ruy decidiu editar por conta própria. Pôs na gráfica.

Foi um retumbante fracasso comercial. A maçonaria, acovardada, não ficou com os exemplares pelos quais tinha se comprometido. Anatematizado e caçado pela Igreja, o livro não vendeu. E a gráfica cobrando. Pagou sozinho. A Igreja não excomungou Ruy. Mas ele tinha se tornado um retrato nacional de convicção, coragem e desassombro. Ruy nasceu ali, naquele livro, discutindo a Igreja, o Vaticano, o poder absoluto e imperial do papa.

Ninguém duvide. Tem que haver logo o primeiro milagre de João Paulo II. Se esse Bento XVI continuar como sempre foi, ele não veio para sorrir e fluir, como João Paulo II. Veio para ser "o grande inquisidor". Deus nos acuda.

*Sebastião Nery


Paisano, o que é que há de relevo nestes textos? Para mim isto não passa de um monte de palermices jornalísticas.
"Esta é a ditosa pátria minha amada."
 

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Paisano

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« Responder #16 em: Abril 22, 2005, 03:40:06 am »
Citação de: "dremanu"
Citação de: "Paisano"
Ele não tomaria a maracujina*

Fonte: www.tribunadaimprensa.com.br

Citar
Pelas ruas do Leblon, na década de 60, à beira do Jardim de Alá, dois padres caminhavam devagar e conversavam animados. Dois padres, não. Dois bispos, com suas batinas negras e suas cintas e meias vermelhas. Tinham acabado de visitar a Cruzada São Sebastião.

Com sede, entraram no bar Maracujina, mais botequim do que bar, ali para as bandas dos Correios e Telégrafos, pediram água, sentaram-se. Um grupo de alegres e despojados intelectuais curtia o dia de sol e mar azul bebendo meigas batidas de maracujá e falando mal dos governos.

Lucio Rangel, que nascera anjo e tinha a santidade de um conclave inteiro, levantou-se, foi à mesa dos dois bispos e lhes ofereceu e serviu batidas de maracujá. Aceitaram, gostaram, beberam, conversaram, foram embora. Eram o bispo dom Helder Câmara, logo depois arcebispo de Olinda e Recife, e o cardeal italiano Giovanni Montini, logo depois papa Paulo VI.

O cardeal Joseph Ratzinger teria bebido a maracujina de Lucio Rangel?

Será o Benedito?

Não se julga ninguém pela foto. O papa Bento XVI não foi surpresa nenhuma. Cardeal mais antigo do conclave, e por isso o decano, morto João Paulo II, por força do tempo e do posto, assumiu o comando da sucessão. Não foi o secretário de Estado nem o camerlengo. Foi ele. Por direito, era ele.

A Igreja, imperial, filha de Roma, voltou à história. Morre o rei, assume o príncipe herdeiro, o mais velho. Morreu João Paulo II, assumiu Joseph Ratzinger, o príncipe mais antigo, o herdeiro direto. Como no reino dos homens.

Já chegou com dois nomes. Será o Bento? Será o Benedito? Os nomes são um só. Será Bento XVI, homenagem a Bento XV, de cem anos atrás, lá do começo do século passado, já quase perdido na lembrança mundial. Se era para ir tão longe, por que não papa Pedro II? Lula ia pensar que era o nosso.

O DNA

O DNA é um general. Manda, mas nunca é ele só. A infância e a juventude, também. São determinantes na formação humana. Mas não são únicas. Muita gente está com medo do alemão Ratzinger por causa do DNA. Filho de um delegado de polícia, tem influencia mas não tem essa força toda.

Outros têm medo também da juventude dele. Nascido em 1927, em 43, com 16 anos, lutou no exército nazista alemão, integrando uma unidade antiaérea. No ano seguinte, em 44, estava na fronteira austro-húngara construindo barreiras nazistas contra as tropas aliadas: soviéticas, americanas, inglesas.

Em maio de 45 (a guerra acabou em 8 de maio), voltou para Traustein, na sua Baviera, Alemanha, correndo o risco de ser executado ou enforcado em público. Foi feito prisioneiro pelas tropas americanas. Seminário, e padre em 51.

Sem nenhuma (ou com alguma) má vontade, com aquele olhar sempre distante, o sorriso neutro e os olhos assustados, ele lembra muito bispo alemão de filme americano depois da guerra, com todos os não-perdões da época. O que assusta é a televisão, são as fotos. Ele chegou como quem vai embora.

Não parece que está vindo, mas que está indo. Às vezes, lembra João Paulo I, quando todos já sabíamos que ia morrer logo, e ele também.

Mas isso não quer dizer nada. De repente, chega aos 90, 100. Em 91, teve uma hemorragia cerebral. Saiu dela. João Paulo II também tomou um tiro em 81 e durou mais quinze. Vamos rezar é para amansar o perigoso DNA dele. E tudo isso só se vai saber quando ele começar a mandar. Ou desmandar.

Ruy

Em 1876, com 26 anos, Ruy Barbosa, que havia enterrado o pai dois anos antes, enterra a noiva que morreu de tuberculose. Deixa a Bahia, o seu "Diário da Bahia", que dirigia, e o escritório de advocacia, que mal começava, e vem tentar a vida no Rio.

Meses sem trabalho. Resolve começar como os trovões, fazendo barulho por cima. Traduz o livro "O papa e o concílio" (de Doeelinger), uma catilinária de críticas à Igreja, sobretudo à infalibilidade do papa, que estava fazendo o maior alvoroço na Europa. E fez mais. Fez uma introdução valente, brilhante, irrespondível, duas vezes maior e comprovadamente melhor do que a obra original.

A Igreja soube, abriu uma campanha terrível contra "o libelo infame" e impediu a edição. A editora, que havia encomendado a tradução, não pagou e engavetou, não editou. Ruy decidiu editar por conta própria. Pôs na gráfica.

Foi um retumbante fracasso comercial. A maçonaria, acovardada, não ficou com os exemplares pelos quais tinha se comprometido. Anatematizado e caçado pela Igreja, o livro não vendeu. E a gráfica cobrando. Pagou sozinho. A Igreja não excomungou Ruy. Mas ele tinha se tornado um retrato nacional de convicção, coragem e desassombro. Ruy nasceu ali, naquele livro, discutindo a Igreja, o Vaticano, o poder absoluto e imperial do papa.

Ninguém duvide. Tem que haver logo o primeiro milagre de João Paulo II. Se esse Bento XVI continuar como sempre foi, ele não veio para sorrir e fluir, como João Paulo II. Veio para ser "o grande inquisidor". Deus nos acuda.

*Sebastião Nery

Paisano, o que é que há de relevo nestes textos? Para mim isto não passa de um monte de palermices jornalísticas.


Prezado dremanu, diferentemente de você, não vejo no citado texto qualquer tipo "palermice jornalística", mas sim uma reflexão bem lúcida sobre o novo Papa.
As pessoas te pesam? Não as carregue nos ombros. Leva-as no coração. (Dom Hélder Câmara)
_________________
Volta Redonda
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Yosy

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« Responder #17 em: Abril 22, 2005, 01:30:02 pm »
Para mim este é um papa de transição. Para começar não vai lá ficar muito tempo (tem quase 80 anos) - vai mas é preparar terreno para um papa mais audacioso.
 

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J.Ricardo

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« Responder #18 em: Abril 22, 2005, 01:34:47 pm »
É a mesma conclusão que cheguei, embora aparentemente, Bento XVI apresente boa saúde, ou seja, pode-se esperar um papado longo.
 

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komet

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« Responder #19 em: Abril 22, 2005, 07:44:16 pm »
Pelo que sei têm sido sempre eleitos papas diferentes uns dos outros, ora um liberal, ora um conservador, ora um diplomático, ora um reservado, desta vez era um ex-prisioneiro durante a segunda guerra, agora é um ex-soldado da segunda guerra.
Mas não passou disso, de um soldado, e se este mesmo fosse nazi (o que não me parece o caso), dúvido que tivesse sido eleito sequer, é uma ideologia não tolerada pela democracia (sarcasmo propositado), e seria inaceitavel aos olhos de muita gente.
"History is always written by who wins the war..."