Eurovisão: Documentário alega Espanha comprou vitória de Massiel em 1968 gera polémica Madrid, 06 Mai (Lusa) - Um documentário que ainda nem sequer foi exibido e que alega que Espanha "comprou" a vitória da cantora Massiel no Festival Eurovisão da Canção de 1968 está a causar uma extensa polémica, tanto em Espanha, como no Reino Unido. A polémica começou na Internet, quando um portal divulgou parte do conteúdo do documentário - sobre o impacto do Maio de 68 francês em Espanha, e que será exibido sexta-feira pelo canal La Sexta. Nesse documentário, um apresentador da TVE da altura alega que, sob ordens do ditador Francisco Franco, responsáveis da TVE e de editoras espanholas viajaram pela Europa comprando séries e editando discos de cantores de vários países, que nunca emitiram ou distribuíram, para comprar os seus votos. A polémica rapidamente alastrou à imprensa escrita, nomeadamente a inglesa, que acusa Franco e os espanhóis de terem comprado o voto e que exigem que, "40 anos depois, as felicitações sejam atribuídas" a Cliff Richard, derrotado nessa edição pela cantora espanhola. O Guardian faz mesmo um trocadilho entre as "felicitações" atrasadas à canção "Congratulations" (Felicitações), interpretada por Cliff Richard. Mais directo é o The Sun, que acusa directamente que o "líder fascista espanhol General Franco amanhou o voto". Para a responsável do documentário, a jornalista Montse Fernández, a polémica sobre o episódio da Eurovisão não deixa de a surpreender, em particular porque se trata de um mero momento no documentário. "Estou surpreendidíssima que a imprensa inglesa tenha dado tanto destaque a isto. O próprio Cliff Richard já fez declarações e eu fui entrevistada já pela BBC", explicou. Muito mais amplo, o documentário analisa as manifestações estudantis e represálias seguintes, o papel do fundador do PP, Manuel Fraga, no governo de Franco, ou outros impactos sociais e políticos. A referência à Eurovisão é feita pelo então apresentador da TVE José María Iñigo, que diz que à Espanha "interessava muito vencer o Festival da Eurovisão para ter algum nome". "Já em anos anteriores tinham feito muitas manobras para conseguir os votos de muitos países. E toda a gente sabe que responsáveis da TVE e de editoras se passeavam pela Europa oferecendo-se para editar discos de cantores búlgaros ou checos ou para comprar séries que não emitiram, para conseguir os votos para que ganhássemos", disse.