Até lá, temos a oportunidade de ter um negócio melhor.
Primeiro, não sabes se o pacote proposto pela Fincantieri não é mais abrangente e vantajoso para o nosso país, e por conseguinte para a Marinha e Arsenal do Alfeite (AA). O Naval Group alardeou na comunicação social que ia fazer isto e aquilo, enquanto que a Fincantieri foi mais discreta mas confirmou que investiria igualmente no AA, por exemplo.
Segundo, não podes querer estar seriamente a comparar a FDI com a FREMM-EVO. A fragata italiana está um patamar acima da francesa, conferindo finalmente uma verdadeira vertente oceânica à nossa frota de combate de superfície. O fabricante francês bem pode estar a anunciar aos 4 ventos que a FDI irá ter mais mísseis, etc, que a margem de evolução da fragata italiana será sempre superior.
Em Portugal até poderia haver o compromisso de, ao abrigo de um hipotético SAFE 2.0, serem as FDI as futuras substitutas da classe Bartolomeu Dias. No entanto, com as EPC em cima da mesa, isso poderá ser mais difícil. E o histórico do Naval Group recentemente deixa um pouco a desejar, veja-se o exemplo das Gowind que a Roménia encomendou mas que se viu obrigada a cancelar devido a múltiplos atrasos, preferindo antes corvetas turcas.
Por isso, se o teu único argumento é o de que "temos a oportunidade de ter um negócio melhor", das duas uma: ou estás a par de dados que não são conhecidos da esfera pública, ou estás a deixar-te levar (novamente) pelas vozes na tua cabeça. Qual destas hipóteses está correta?
Apenas para complementar, de certeza que ao longo deste processo, já no finalzinho, a Marinha terá pedido BAFOs aos dois concorrentes, por isso das duas uma: ou o NG fez a melhor oferta possível e perdeu fair and square, ou veio agora, à 25a hora melhorar a proposta, fora de prazo e demonstrando desonestidade, porque afinal a BAFO não seria uma BAFO a sério. De qualquer dos modos, se eu fosse a Marinha mostrava-lhe a um valente manguito, que é o que estão a fazer. Das coisas que mais me lixa é quando eu quero fazer obras em casa e levo a vários construtores as BAFO, no final vir sempre um dos perdedores dizer que afinal podia fazer mais barato… está a querer-me comer por parvo e parece ser isso que o NG está a querer fazer com a Marinha.
O finalzinho é em fevereiro.
Não, não é… mesmo que a escolha não seja pública, já teve que ser feita, para o Governo saber os parâmetros financeiros que teve que submeter a Bruxelas . Isso quer dizer que as BAFO já foram feitas e a decisão já está tomada; presumivelmente será anunciada quando for dada luz verde de Bruxelas.
Não necessariamente.
A fase após a que acabou em Novembro 30 é tratada no Article 8.
Article 8
Decision on the request for financial assistance
1. The Commission shall assess the request for financial assistance accompanied by the plan without undue delay.
2. Where the Commission finds that the request fulfils the conditions laid down in this Regulation, in particular those provided for in Article 4, Article 7(2) and Article 16, the Commission shall submit a proposal for a Council implementing decision making the financial assistance available.
Se Portugal disse (por exemplo) tanto á NAVAL como á Fincatieri que queria propostas para um orçamento de 3.5 Bi, então pode ter (e devia ter) comunicado á Comissão que quer fragatas no valor de 3.5 Bi e que já tem contactos avançados com dois fornecedores.
O BAFO pede a seguir a 30 de Novembro.
Até pode pedir depois de a Comissão aprovar e passar a bola para o Concelho.
E se o BAFO da NAVAL for para 4 fragatas?