COMFIRMADO!
Ministro Mangabeira Unger firma acordo para participação no
desenvolvimento de avião militar de última geração. Parceria
estratégica envolve também programa espacial
FONTE: Pedro Paulo Rezende da equipe do Correio
O Brasil vai participar do programa de desenvolvimento de um avançado
avião de combate, o PAK-FA T-50, que será fabricado pela empresa
russa Sukhoi. O aparelho, invisível ao radar, promete desempenho
igual ou superior ao caça F-22 Raptor, fabricado pelos Estados Unidos
(o mais caro do mundo, ao custo unitário de US$ 225 milhões), e deve
fazer seu primeiro vôo em, no máximo, dois anos.
A construção da nova aeronave é apenas parte de um amplo memorando de
entendimento, negociado em Moscou em fevereiro e assinado ontem pelo
ministro de Assuntos Estratégicos, Mangabeira Unger, e pelo
secretário do Conselho de Segurança da Federação Russa, Valentin
Alekseevitch. O acordo-quadro lança uma ampla cooperação entre os
dois países, inclusive de tecnologias consideradas sensíveis. Na área
espacial, estão previstas a construção de um novo veículo lançador e
de satélites de comunicação e sensoriamento remoto. O uso da Base
Aeroespacial de Alcântara por uma nova empresa binacional também será
contemplado pelo tratado.
Ao falar do PAK-FA, Mangabeira destacou que "será um caça de quinta
geração". O custo total previsto é de cerca de US$ 20 bilhões, a ser
dividido em cotas entre Rússia, Brasil e Índia, que também participa
do programa. O preço unitário, mais baixo que o dos caças europeus de
quarta geração, ficará emUS$ 80 milhões, aproximadamente.
Os aviões de combate de quinta geração, além de invisíveis ao radar,
também são capazes de atingir velocidade supersônica usando meia
potência do motor, o que reduz o gasto de combustível, amplia o raio
de ação e diminui o tempo de engajamento do inimigo. Atualmente,
apenas os norte-americanos possuem aparelhos com essas
características em operação, os F-22 Raptor. Um modelo mais barato, o
F-35 Lightning, que custa US$ 135 milhões, está em fase de
certificação. O ministro da Defesa, Nelson Jobim, chegou a ver uma
demonstração do caça em sua visita aos EUA, mas o aparelho foi
descartado por não oferecer transferência de tecnologia.
"Não estamos interessados em comprar bens acabados, mas em parcerias
que possam fortalecer a capacidade tecnológica de ambos", destacou o
ministro. Além da Rússia, China e Japão também trabalham em aviões de
quinta geração, mas o projeto PAK-FA, que começou há 10 anos, é o que
se encontra em estágio mais avançado.
VLS
A Rússia já colabora com o Brasil na área espacial. Um grupo de
especialistas encontra-se em São José dos Campos, onde assessora o
programa do Veículo Lançador de Satélites (VLS). Os russos participam
do projeto de um novo primeiro estágio, a combustível líquido em
lugar de sólido, para o foguete, que coleciona uma série de fracassos
desde a primeira tentativa de disparo, em 1997. O país mantém ainda
programas de transferência tecnológica com a Ucrânia, para a produção
de foguetes, e com a França, que pretende fabricar helicópteros
médios em Minas Gerais e submarinos no Rio de Janeiro