A Responsabilidade da Marinha no Naufrágio da Praia da Légua

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TOMKAT

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« Responder #30 em: Janeiro 15, 2007, 01:46:24 pm »
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Tragédia do “Luz do Sameiro”
O Sobrevivente Vasyl Huryn
Conta Tudo sobre o Naufrágio

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Vasyl Huryn, de 46 anos, é o único sobrevivente do “Luz do Sameiro”. O tripulante ucraniano ainda está a recuperar psicologicamente do trágico infortúnio, após ter assistido impotente à morte dos seis companheiros, a escassos 50 metros da praia. “Vinha a dormir juntamente com cinco colegas. Só o mestre e o contramestre Zé estavam acordados. De repente, deviam ser umas cinco horas da manhã, ouvimos um estrondo e os homens, que estavam a dormir, subiram ao convés. Nessa altura gerou-se o pânico, com todos os homens aos gritos. O mestre tentava a todo o custo colocar o barco a trabalhar mas não conseguia, porque as redes se tinham emaranhado na hélice. O barco acabou por tombar e começou a entrar água. O Zé, o contramestre da embarcação, ainda tentou lançar o bote salva-vidas mas em vão. Perante a tragédia que estava a acontecer, os homens tiraram a roupa, não entendo porquê, e agarramo-nos a um cabo grosso. Assim ficámos até alguns não poderem mais por causa do frio e do cansaço. Como fui nadador salvador e mergulhador na Ucrânia, consegui resistir às baixas temperaturas e ainda tentei salvar alguns dos meus companheiros até onde as forças me permitiram. Foi duro vê-los morrer um a um, tão perto da praia que estávamos”.
...

http://www.vozdapovoa.com/inf_geral_1.html


Pela discrição do único sobrevivente do naufrágio do "Luz do Sameiro" confirma-se a versão de que a embarcação estava a pescar em zona proibida. Que outra explicação haveria para que as redes se tenham emaranhado na hélice, numa zona onde a pesca é proibida?

Qual a responsabilidade imputável ao armador da embarcação pelo naufrágio e perca de vidas subsquentes?

O mestre da embarcação era filho do armador!
Ao pescar numa zona proibida não será (no mínimo) autor material de homicídio por negligência?

Porque os orgãos de comunicação social, e as próprias autoridades marítimas, não abordam este aspecto do problema, para que servisse de exemplo futuro (e aviso) aos prevaricadores?

Mas não, tratar as coisas sériamente, a maioria das vezes, não cativa audiências, nem traz dividendos políticos.

Dá mais audiência mostrar o luto e a revolta dos pescadores, quais santos beatos, sem nenhuma responsabilidade no sucedido.
É mais compensador anunciar a instalação do VTS, como uma grande novidade, qual acção milagrosa do governo em funções.

Assim continuarão a repetir-se os casos de pesca ilegal, com consequências por vezes trágicas, em zonas com espécies apetecíveis pelo seu valor comercial. Que me lembre, nos últimos 5 anos, nesta zona é o 3º caso com mortes em circunstâncias idênticas, os outros com embarcações de menor porte.

Descansemos.
As embarcações de pesca podem no futuro, naufragar à vontade, pois já teremos um sistema de alerta (VTS+GMDSS) eficaz, além de navios salva-vidas e helis em estado de prontidão, preparados para salvar um qualquer pescador incauto.

É o país que temos.
É o país que merecemos! :roll:
IMPROVISAR, LUSITANA PAIXÃO.....
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«O meu ideal político é a democracia, para que cada homem seja respeitado como indivíduo e nenhum venerado»... Albert Einstein
 

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migbar2

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« Responder #31 em: Janeiro 16, 2007, 12:20:50 am »
Em abono da verdade deve ser dito que em algumas intervenções da televisão foi abordado o problema de ser zona proibida e a estranheza de nenhum meio de apoio á vida ter sido utilisado (barco de salvamento, coletes, etc), assim como a manifesta falta de preparação dos profissionais da pesca . Agora, a questão é que o povo não quer saber disso. Quando algum dos nossos morre na estrada o colega não quer saber se ele ia em excesso de velocidade ou não, o que lhe faz doer é que o seu ente querido podia ainda estar vivo se a equipa de desencarceramento não tivesse demorado 45 minutos a chegar ao local,... se ia a 100 ou a 200 para sí é igual ao litro.
O salvamento de vidas não é um julgamento de culpas. O Estado se quiser ser rigoroso, então depois das vidas salvas e da investigação da causa do acidente feita, que impute multas e indemnizações aos individuos por terem feito arriscar material do Estado e vidas dos profissionais de salvamento de forma irresponsável. Isso sim, isso seria um país sem mácula.
 

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TOMKAT

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« Responder #32 em: Janeiro 16, 2007, 01:12:24 am »
Citação de: "migbar2"
Em abono da verdade deve ser dito que em algumas intervenções da televisão foi abordado o problema de ser zona proibida e a estranheza de nenhum meio de apoio á vida ter sido utilisado (barco de salvamento, coletes, etc), assim como a manifesta falta de preparação dos profissionais da pesca .

Pontuais excepções quase ditas em surdina, diluidas no resto do discurso.

Citação de: "migbar2"
Agora, a questão é que o povo não quer saber disso. Quando algum dos nossos morre na estrada o colega não quer saber se ele ia em excesso de velocidade ou não, o que lhe faz doer é que o seu ente querido podia ainda estar vivo se a equipa de desencarceramento não tivesse demorado 45 minutos a chegar ao local,... se ia a 100 ou a 200 para sí é igual ao litro.

Verdade óbvia, no tratamento pessoal do tema, não no tratamento mediático que o tema deveria ter. Infelizmente os nossos média preferem focalizar as desgraças alheias, dando pouca ou nenhuma importância à causa dessa desgraça.
O povo não quer saber disso....


Citação de: "migbar2"
O Estado se quiser ser rigoroso, então depois das vidas salvas e da investigação da causa do acidente feita, que impute multas e indemnizações aos individuos por terem feito arriscar material do Estado e vidas dos profissionais de salvamento de forma irresponsável.


Óbviamente só depois dos inquéritos concluidos, o Estado poderá pedir responsabilidades.
Mas a nível mediático, qual o impacto que essa notícia terá?
Não passará de mais uma notícia de rodapé.

Deve-se mexer na "ferida" quando esta ainda está aberta, não depois de cicatrizada, quando o incidente não passa de uma memória distante.
A memória das pessoas é curta.
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Ricardo Pinheiro

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« Responder #33 em: Março 16, 2007, 09:18:57 pm »
boa noite a todos
se alguem quiser comentar...
 

Medidas de melhoria do sistema de Busca e Salvamento

Ministério da Defesa Nacional

Nota à comunicação social

No dia 08 de Março de 2007 foi recebido, pelo Ministro da Defesa Nacional, o Relatório AE 03/07 da Inspecção-Geral da Defesa Nacional, elaborado na sequência do Despacho 275/MDN/2006, de 29 de Dezembro, destinado a avaliar os procedimentos em vigor para a busca e salvamento a cargo da Marinha e da Força Aérea.

O relatório revela um estudo aturado das questões em causa, sendo de assinalar a profundidade da análise levada a cabo num tão curto espaço de tempo. Note-se ainda que, tal como solicitado, o relatório não incide sobre nenhuma acção em particular, destinando-se, antes, a avaliar os procedimentos em geral, procurando pontos de melhoria no sistema.

Ponderadas as questões nele suscitadas e as recomendações feitas, verifica-se que parte das medidas necessárias à melhoria do sistema foram já tomadas. Subsistem, no entanto, questões que carecem de aperfeiçoamento. Assim, foram tomadas decisões no seguinte sentido:

1) Reactivar o funcionamento da Comissão Consultiva para a Busca e Salvamento, tendo sido já solicitada a indicação dos novos representantes. Este é um órgão de aconselhamento do Ministro da Defesa Nacional, essencial para identificar problemas e respectivas soluções no funcionamento do sistema;


2) Reforçar a prioridade já dada à implementação do projecto Global Maritime Distress and Safety System (GMDSS), nos termos anteriormente fixados, nomeadamente quanto à articulação com o novo sistema Vessel Traffic System (VTS). Ambos os sistemas (e ainda o MONICAP [Monitorização Contínua da Actividade da Pesca], já existente) facilitam a localização das embarcações.

3) Foi determinado aos Chefes de Estado-Maior da Armada e da Força Aérea que aprovem directivas comuns quanto à articulação dos respectivos Serviços de Busca e Salvamento, devendo essas directivas incluir regras claras e uniformes quanto aos canais de encaminhamento de pedidos de meios (navais e/ou aéreos), independentemente da entidade a quem pertençam. Esta medida permitirá poupar tempo na gestão dos processos concretos de Busca e Salvamento.

4) Do ponto de vista da utilização de meios aéreos, foi determinada a adopção de sistemas de alertas prévios, com vista à redução dos tempos de resposta. Esta medida permitirá reduzir o tempo de prontidão, após o pedido de meio aéreo.

5) Foram ainda tomadas medidas relativas a uma melhor e mais célere avaliação dos falsos alarmes, e identificação do local dos sinistros, nomeadamente através:

a. Da utilização de informação oriunda dos sistemas de controlo da actividade pesqueira (MONICAP) e, no futuro, dos sistemas Maritime Distress and Safety System (MDSS) e VTS. Esta informação poderá ser especificamente optimizada e permitir a rápida confirmação de posições de embarcações;

b. Da elaboração de um Plano de Formação e Sensibilização dos navegantes para a correcta e eficaz utilização dos meios de socorro e salvamento, a realizar a nível nacional, com início ainda durante o segundo semestre de 2007. Isto, em articulação com as demais entidades públicas competentes e as organizações representativas do sector.

6) Foram ainda tomadas medidas quanto à agilização do processo de avaliação e resposta às necessidades de Busca e Salvamento:


a. Através do melhoramento dos procedimentos usados no Centro de Coordenação de Busca e Salvamento Marítimo;

b. A realização de exercícios regulares, em articulação com as demais entidades, de forma a optimizar ainda mais os tempos de resposta aos pedidos de socorro e de activação de meios aéreos.

7) Do ponto de vista dos recursos foi decidido:


a. Concluir os trabalhos de avaliação dos meios humanos a afectar ao Instituto de Socorros a Náufragos;

b. Assegurar a prioridade do plano de construção e aquisição de Estações salva vidas;

c. Ponderar a viabilidade de se proceder ao reforço do plano, actualmente em curso, de aquisição de equipamentos para salvamento a partir de terra;

d. Estudar a possibilidade de rever o dispositivo de localização dos meios aéreos, com vista a optimizar a cobertura do território nacional, quer durante o período diurno, quer durante o período nocturno.

Conclusões do Relatório da Auditoria aos procedimentos de Busca e Salvamento em vigor na Marinha e na Força Aérea
(Ficheiro em PDF com 10 páginas, 45 KB. Necessita de ter instalado o programa Acrobat Reader. Em caso de dúvidas consulte a secção de Ajuda)
 
Governo da República Portuguesa www.portugal.gov.pt
 

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Lancero

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« Responder #34 em: Março 16, 2007, 09:42:39 pm »
Conclusões do relatório da IGDN.
"Portugal civilizou a Ásia, a África e a América. Falta civilizar a Europa"

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Lancero

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« Responder #35 em: Julho 10, 2007, 07:05:14 pm »
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Busca e Salvamento: Novo protocolo vai melhorar sistema, dizem ministros

Lisboa, 10 Jul (Lusa) - Os ministros da administração Interna e da Defesa  concordaram hoje que a assinatura de um protocolo que define a regras entre  as instituições que fazem busca e salvamento vai trazer a "melhoria efectiva  do sistema".  

     

   "É preciso pôr ordem e pôr as coisas a funcionar", disse mesmo o titular  da Defesa, Nuno Severiano Teixeira, no final da cerimónia realizada no Forte  de S. Julião da Barra, em Oeiras, arredores de Lisboa.  

     

   O documento foi subscrito pelas três entidades envolvidas na busca e  salvamento em Portugal: Força Aérea, Marinha e Autoridade Nacional de Protecção  Civil.  

     

   A definição de regras nas operações é "relevante por aperfeiçoar (...)  a resposta ao socorro no seu conjunto" e "deverá encurtar tempos de prestação  de socorro", afirmou Severiano.  

     

   O ministro, que tutela a Força Aérea e a Marinha, havia prometido tomar  medidas depois de terem surgido críticas à forma como agiram os meios de  salvação no naufrágio do navio de pesca "Luz do Sameiro", no litoral de  Alcobaça, em que morreram seis pescadores a 29 de Janeiro passado.  

     

   O ministro da Administração Interna, Rui Pereira, disse, por seu lado,  que a "cooperação entre as Forças Armadas e a Autoridade Nacional de Protecção  Civil é fundamental para haver êxito" nas operações de salvamento.  

     

   Em termos de meios, foi anunciado pelo titular da Defesa que o Instituto  de Socorros a Náufragos (ISN), integrado na Marinha, vai receber mais três  embarcações - uma até ao fim do mês e as outras duas antes do fim do ano  - e ser reforçado com mais 31 elementos.  

     

   A Força Aérea, por seu lado, tem estacionado em Ovar, um helicóptero  para acções de salvamento no litoral Centro e Norte do país, acrescentou.  

     

   Interrogado sobre a manifestação convocada pela mesma comissão de militares  que realizou o "passeio do descontentamento", no final do ano passado, Severiano  Teixeira limitou-se a dizer que era convocada por reservistas e reformados,  salientando que a lei tem que ser cumprida.  

     

   A data do protesto ainda não foi decidida.  

     

   O seu homólogo da Administração Interna escusou-se igualmente a comentar  as notícias de que o serviços secretos militares italianos investigaram  juízes de vários países, incluindo Portugal.  

     

   "O que sei é o que veio nos jornais", disse apenas Rui Pereira.  
"Portugal civilizou a Ásia, a África e a América. Falta civilizar a Europa"

Respeito