Empresas de Defesa Portuguesas

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Malagueta

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Re: Empresas de Defesa Portuguesas
« Responder #225 em: Dezembro 05, 2025, 05:50:01 pm »
https://eco.sapo.pt/2025/12/04/daqui-a-5-anos-gostariamos-de-ter-50-satelites-diz-ceo-da-lusospace/

Daqui a 5 anos gostaríamos de ter 50 satélites”, diz CEO da LusoSpace

Na Constelação de satélites Lusíada, a LusoSpace já está a iniciar testes com a Marinha Portuguesa para utilizarem o sistema de VDES para a comunicação dos seus navios.



Já com um satélite da Constelação Lusíada no espaço e 12 a circular a órbita da Terra em “meados do próximo ano”, Ivo Vieira não quer que a constelação de satélites para comunicações marítimas da LusoSpace se fique por aqui. Em cinco anos, quer ter 50 satélites a orbitar a Terra. Neste momento, a empresa está a levantar 500 mil euros na plataforma da GoParity.

“Vamos ter 12 [satélites], gostaríamos de lançar pelo menos mais quatro satélites com órbitas diferentes para melhorar a cobertura, mas daqui a cinco anos gostaríamos de ter uns 50 satélites, de maneira que tenhamos aqui um serviço muito frequente para os navios”, adianta Ivo Vieira, fundador e CEO da LusoSpace, ao ECO/eRadar.


O atual projeto da Constelação Lusíada prevê o lançamento de 12 satélites para comunicações marítimas, um projeto que exige um financiamento de 15 milhões de euros, dos quais 10 milhões da Agenda New Space do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), que prevê um piloto com a Marinha Portuguesa.

“Isto é um projeto de 15 milhões de euros, um projeto bastante grande, que exige cofinanciamento. Cerca de 10 milhões de euros são financiados pelo PRR e cinco milhões são financiados pela própria empresa. Temos estado a recorrer a várias fontes de financiamento: autofinanciamento, financiamento bancário e capital de risco. Temos uma ronda de um milhão de euros que vai entrar em dezembro“, revela.

Ivo Vieira não quis adiantar nesta fase qual a capital de risco que vai investir na empresa, mas refere que é “uma capital de risco que tem um fundo Sifide e vai ser através desse fundo Sifide que vamos ter esse investimento”.

Mas não só. Através da plataforma da GoParity, a empresa está ainda a procurar levantar 500 mil euros para dar gás à Constelação — até 2 de dezembro já tinha obtido junto a 135 investidores mais de 170 mil euros — e, em breve, lançar os próximos quatro satélites.

“Já lançámos o primeiro satélite. Neste momento temos outros quatro satélites que já chegaram ao local para onde serão depois integrados com o lançador — o Luís de Camões, Fernando Pessoa, Agustina Bessa Luís e José Saramago. Serão lançados com o SpaceX. Já estamos a começar a produzir outros sete, que serão lançados em junho”, diz. Portanto, “em meados do próximo ano, teremos 12 satélites de comunicações marítimas”, sintetiza Ivo Vieira.

‘Waze’ dos oceanos pode valer 100 milhões
Os satélites da Constelação Lusíada podem oferecer um de dois serviços, permitindo desenvolver dois tipos de negócios, com base na tecnologia: o AIS (Automatic Identification System) e o VDES (VHF Data Exchange System).

“O AIS é um sistema que os navios têm, em que emitem um sinal da sua identificação e da sua posição. Os satélites recolhem esses dados para os transmitir para várias entidades como, por exemplo, seguradoras, empresas que estão na Bolsa ou investidores que querem perceber se a carga de mercadoria do navio vai chegar atrasada ou não, ou se há um risco de passar por uma zona com piratas ou com mau tempo”, descreve Ivo Vieira.

“É um negócio maduro e que já existe há 20 e tal anos. Em relação a este negócio, já temos muitos clientes interessados, com quem já fizemos vários contactos e até já temos propostas. Portanto, serão a parte de rendimento principal”, diz. “Para o AIS estamos a esperar à volta de oito milhões de euros por ano”, avança quando questionado sobre potenciais receitas.

Já o VDES não envia só a posição do navio, mas “é um canal de comunicação em que se pode enviar e receber curtas mensagens e ficheiros, que permite, no fundo, fazer aquilo que nós chamamos, criar o Waze dos oceanos”, refere o CEO. Ou seja, a “comunidade marítima vai poder partilhar informações — sobre o tempo, o fundo do mar, icebergs, potenciais piratas… — para a comunidade e, portanto, tornar o mar mais sustentável e mais seguro”, explica.

“É um novo mercado, precisa tempo para crescer. Não consigo dar agora valores definitivos, mas sabemos que com a exploração do ‘Waze dos oceanos’, com os serviços que vamos providenciar, estamos a falar de ordens de grandeza de 100 milhões de euros” de receitas, estima.

Piloto com a Marinha
O foco da LusoSpace tem sido desenvolvimento de tecnologia para uso civil. Mas a Constelação terá um uso dual. “Neste momento nesta Constelação de satélites já estamos a iniciar testes com a Marinha portuguesa para utilizarem o sistema de VDES para a comunicação dos seus navios. Este sistema tem várias vantagens, tem uma encriptação bastante segura que faz com que a largura de banda seja mais baixa, mas para a área militar, preferem ter menos largura de banda mas mais encriptação. Portanto, isso é muito positivo”, destaca.

“Depois é uma constelação nacional. Portanto, para a Marinha portuguesa é uma grande soberania das suas telecomunicações”, reforça

O gestor — que sonhava em ser astronauta e chegou a concorrer duas vezes — fez a sua tese de licenciatura no Po-SAT 1, do professor Carvalho Rodrigues, o primeiro satélite português e, em 2002, lançou a LusoSpace. Na época não era um negócio evidente para obter financiamento. “Quando iniciámos a atividade, já tínhamos um contrato com a Agência Especial Europeia e foi muito difícil conseguirmos empréstimo de bancos. Era mais fácil ter um empréstimo para abrir um restaurante do que para abrir uma empresa nesta área, nem sabiam o que isso era, na verdade”, lembra.

“Seis, oito anos depois já tinha resultados financeiros interessantes e aconteceu o oposto. Como a construção civil e a restauração sofreu muito naqueles anos [da troika] os bancos estavam à procura de clientes e fomos assediados pelos bancos porque viam os rácios os valores”, conta.

Hoje a empresa, com cerca de 35 pessoas — das quais 90% graduadas em engenharia; um terço de doutorados —, tem registado uma subida média anual de 20% na sua faturação, estimando o responsável que, com o contributo do PRR, atinjam os cinco milhões de euros de receitas no final deste ano.

Ivo Vieira olha com otimismo para a evolução do setor espacial português, num momento em que o país aumentou 51%, para 204,8 milhões de euros, relativamente ao período 2026-2030, o seu contributo para a Agência Espacial Portuguesa (ESA).

“A indústria portuguesa tem tido dificuldade em crescer por causa também do dinheiro que é colocado na Agência Espacial Europeia (ESA). Basicamente, o mercado da ESA é ditado pelo dinheiro que os países membros lá colocam. Portanto, esse aumento vai ser muito positivo para as empresas portuguesas crescerem e aumentar a sua capacidade. A Defesa ter entrado neste Ministerial da ESA vai permitir que as empresas portuguesas possam desenvolver produtos e capacidades para a área da defesa a partir do espaço”, destaca o gestor.

“O Espaço, tanto na observação da Terra como nas telecomunicações e até na navegação também, é um domínio por excelência que vai permitir, no fundo, que a economia de Defesa nacional possa desenvolver-se“, conclui.

 
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endimiao

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Re: Empresas de Defesa Portuguesas
« Responder #226 em: Dezembro 05, 2025, 08:57:35 pm »

https://www.publico.pt/2025/06/08/economia/noticia/portugal-matou-industria-defesa-corre-tempo-ressuscitar-2135284

Honestamente pessoalmente como leigo sempre achei que o vender tudo a desbarato foi um crasso erro estratégico (e é um opinião partilhada com muita gente conhecida). Na altura só se pensava na capacidade de resposta rápida, modernizar pequenas brigadas para responder a conflitos distantes para cumprir as nossas obrigações internacionais, etc. Tudo muito bonito.

Mas e num cenário em que corre tudo espetacularmente mal em que seria necessário uma mobilização geral? Fazem o quê, controem stens à pressa? Vão desenterrar as g3 e rezar que funcionem? Custava assim tanto manter uma capacidade básica produtiva só para o caso de?

Não acho mal terem uma componente "elite" e "modernizada". Mas e a parte "sustentavel?".

Querem F-35? Força. Tenham um grupo de elite com alguns brinquedos desses. Mas para coisas rotineiras exista algo que tenham a possibilidade de fabricar e manter como gripen e tucanos (e drones) aproveitando a possibilidade de exportação com parceiros.

Fabrica de munições? Nunca devia ter deixado de existir. Com capacidade de fabrico manutenção de algum armamento basico só para o caso das coisas correrem mal e ter de se equipar e manter de repente umas quantas brigadas por um período imprevisto.

Não temos de conseguir fazer fragatas nem tanques mas manter a produção e manutenção de blindados e barcos de patrulha deveria ser um tema sem discussão. Se paises com muito menos posses conseguem e têm os seus modelos e fábricas, porque é que temos de depender de terceiros para isso com os riscos que isso envolve?
« Última modificação: Dezembro 05, 2025, 09:10:50 pm por endimiao »
 

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Malagueta

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Re: Empresas de Defesa Portuguesas
« Responder #227 em: Dezembro 09, 2025, 09:23:36 pm »
https://eco.sapo.pt/2025/12/09/custos-de-certificacao-afastam-empresas-de-menor-dimensao-do-setor-da-defesa/

Custos de certificação afastam empresas de menor dimensão do setor da Defesa

"Bunkers", pessoal qualificado, inspeções periódicas ou requisitos de rastreabilidade são algumas das exigências para produzir para a defesa. Um processo "muito difícil" que afasta empresas menores

Acertificação para a NATO deu muito trabalho. Tive de fazer um bunker de betão armado na própria empresa para a informação estar lá guardada“, recorda Reinaldo Teixeira, o dono da Carité Calçados, uma das empresas portuguesas do setor do calçado que já produz para o setor da Defesa há vários anos. O testemunho do histórico empresário de Felgueiras ilustra as dificuldades das empresas para obter certificações que lhes permitam colocar os seus produtos junto do setor da Defesa, naquilo que qualifica como um processo “muito difícil”. Um esforço que a AED Cluster defende que deve ser ajudado com instrumentos públicos.

A Carité venceu o seu primeiro concurso para a NATO, quando em 2020 ganhou um concurso para produzir 100 mil pares de botas militares para a organização. Mas, para chegar a esta fase a empresa precisou preparar-se e obter uma certificação, sem a qual não poderia oferecer os seus produtos. “É muito difícil, nem qualquer empresa consegue esse certificado“, comenta o empresário, ao ECO/eRadar, destacando que a manutenção da certificação obrigada a custos que, possivelmente, só podem suportados por empresas médias e grandes.

Mas como foi conseguir este “selo”? Além do bunker que teve de construir — e restringir o acesso a apenas duas pessoas —, Reinaldo Teixeira contratou um escritório “que já tinha feito a certificação para uma têxtil” e ajudou a empresa de calçado a preparar todo o processo, que “demorou à volta de um ano“. Apesar do trabalho e esforços exigidos, o dono da Carité destaca as vantagens de ganhar via verde para o setor: “Se queremos o futuro temos de o preparar.”

No mercado desde 1983, a EID tem vindo “a construir um posicionamento adaptado às necessidades e exigências do setor da Defesa em Portugal e no resto do mundo”, adianta fonte oficial da empresa. Há mais tempo neste setor, onde fornece sistemas integrados de comunicação, a EID já tem o nível de certificação da NATO e, por isso, ganhou acesso a participar em projetos para a NATO Communications and Information Agency (NCIA) e para a NATO Support and Procurement Agency (NSPA).

“A exigência atual prende-se com as certificações que são solicitadas para as pessoas que irão trabalhar nesses projetos, como a Acreditação Nato Secret, um processo que decorre junto do GNS – Gabinete Nacional de Segurança”, explica a mesma fonte. Apesar de os processos de certificação terem acabado “por decorrer de forma tranquila”, “também houve desde logo a consciência coletiva da mais-valia do reconhecimento por parte de uma entidade externa de que os nossos métodos de trabalho são sistemáticos e, em última análise, asseguram que as nossas soluções vão ao encontro das expectativas dos clientes”

O principal desafio para a empresa “foi a necessidade de ultrapassar a resistência natural à alteração do modo de trabalhar, nomeadamente no que respeita à criação e manutenção de registos que, no âmbito de uma certificação, são o meio de evidenciar a robustez e a rastreabilidade dos processos”, explica fonte da companhia.

“Como qualquer empresa que atua na Indústria da Defesa, a EID enfrenta desafios naturais ao posicionar os seus produtos e soluções no mercado internacional, desde ciclos de decisão longos até requisitos técnicos muito específicos“, destaca fonte oficial, acrescentando que uma das suas vantagens é “a enorme capacidade de combinar tecnologias fiáveis, a proximidade com os clientes e uma forte reputação construída ao longo de décadas”. “Isto permite-nos transformar desafios em oportunidades e consolidar a presença da EID em vários mercados estratégicos”, remata a mesma fonte.

Fernando Cunha, CEO da Beyond Composite, que desenvolve e comercializa soluções de proteção balística em materiais compósitos, tanto para proteção pessoal como para plataformas terrestres, navais e aéreas, realça que “num setor como o da Defesa, é fundamental a existência de credibilidade, historial técnico e prova de desempenho real“. “É um mercado que valoriza profundamente a experiência acumulada e as referências internacionais, pelo que a entrada de novos players exige capacidade de demonstração, testes exigentes e um acompanhamento técnico muito próximo dos clientes”, explica o líder da empresa onde a família Azevedo adquiriu uma posição maioritária.

Em termos de certificações, Fernando Cunha explica que podem ser divididas em dois eixos distintos. “Por um lado, temos o licenciamento da empresa: a Beyond Composite está devidamente licenciada pelo Ministério da Defesa Nacional para a comercialização de bens e tecnologias militares. Este processo exige conformidade legal, auditorias e mecanismos de controlo de exportação.”

Por outro lado, os materiais da empresa são testados e certificados segundo a norma STANAG 4569, que estabelece os requisitos de proteção para veículos blindados militares. “Esta certificação comprova que as nossas soluções conseguem proteger plataformas contra munições e ameaças balísticas estandardizadas, garantindo comparabilidade e fiabilidade internacional”, explica o CEO da Beyond Composite, atualmente “em vários mercados europeus e em programas de cooperação transatlântica, com fornecimento de soluções para parceiros em setores terrestre, naval e aéreo”.

Mais do que o processo de certificação em si, o responsável diz que “o verdadeiro desafio não é apenas certificar uma solução, mas sim certificar a melhor solução possível para cada cliente“. “A nossa abordagem é baseada em desenvolvimento iterativo: testamos, ajustamos e otimizamos continuamente”, acrescenta.

Fernando Cunha admite que este é um setor com uma “cadeia de valor altamente estável, onde a credibilidade e a confiança são determinantes”. “Essa estabilidade significa naturalmente uma menor permeabilidade à entrada de novos players, especialmente estrangeiros“, diz, acrescentando que “muitos países mantêm políticas industriais que protegem e priorizam fabricantes locais“.

Ainda assim, o gestor reforça que “quando as empresas demonstram elevada competência técnica, capacidade industrial e conformidade com normas internacionais, é possível conquistar espaço e desenvolver parcerias estratégicas“.

Certificação apoiada com instrumentos públicos
“O reforço do investimento em Defesa na Europa e em Portugal é uma oportunidade única para o nosso ecossistema industrial”, defende José Neves, presidente do AED Cluster Portugal. Segundo o mesmo responsável, “a inserção em cadeias de fornecimento internacionais — incluindo NATO, UE ou OEM (Fabricante do Equipamento Original) globais — exige que as empresas nacionais cumpram padrões robustos de qualidade, segurança e compliance, que são inerentes ao setor da defesa”.

José Neves refere que “a preparação para certificações é um esforço de médio prazo, que deve ser apoiado por instrumentos públicos e alinhado com a estratégia nacional de capacitação tecnológica“.

O presidente do AED Cluster nota que embora cada programa tenha requisitos específicos, há linhas orientadoras que as empresas devem seguir:

Alinhar-se com normas técnicas internacionais, como EN9100, AQAP ou outras certificações de qualidade e segurança reconhecidas no setor;
Reforçar processos internos de rastreabilidade, cibersegurança e gestão industrial, aspetos essenciais para operar em ambientes regulados;
Antecipar exigências de integração nas cadeias de fornecimento, sendo ouvidas e envolvidas antes da assinatura dos contratos, “algo que a AED Cluster Portugal considera crítico para evitar que requisitos sejam definidos sem considerar as capacidades nacionais”;
Trabalhar em parceria com entidades certificadoras, Forças Armadas e OEM, garantindo que requisitos técnicos e operacionais são cumpridos desde fases iniciais de desenvolvimento.
Investir na formação profissional qualificada.
Para José Neves, “o setor da Defesa é, por natureza, um mercado altamente regulado, competitivo e frequentemente protegido, onde os países procuram maximizar a sua base industrial e tecnológica”, um contexto que “cria desafios evidentes para empresas de menor dimensão, como é o caso da maioria das empresas portuguesas“.

Para que a indústria nacional não perca esta oportunidade única, o responsável defende que “a solução passa por construir relações industriais de longo prazo, garantindo que cada grande aquisição nacional abre portas à participação de empresas portuguesas em programas internacionais”. “É essa lógica que permitirá transformar compras militares em verdadeiro investimento económico, reforçando a presença internacional de Portugal e afirmando o país como parceiro credível e competitivo”, remata.

Para José Neves, há uma “falta de visão estratégica integrada”. “Portugal ainda não possui uma política industrial de Defesa clara e duradoura — algo que a AED está neste momento a trabalhar — que dê previsibilidade às empresas”, explica, sublinhando que “sem previsibilidade, a indústria não investe e não escala“.
 

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Duarte

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Re: Empresas de Defesa Portuguesas
« Responder #228 em: Dezembro 11, 2025, 01:48:29 am »
NATO selects Portuguese companies to develop dual-use technologies

https://www.portugalpulse.com/nato-selects-portuguese-companies-to-develop-dual-use-technologies/
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Re: Empresas de Defesa Portuguesas
« Responder #229 em: Dezembro 14, 2025, 03:30:23 pm »
Para uma empresa que pretenda enveredar por contratos militares, qual seria o melhor caminho? Nomeadamente, uma metalomecânica pesada.
 

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Re: Empresas de Defesa Portuguesas
« Responder #230 em: Dezembro 14, 2025, 06:30:46 pm »
Para uma empresa que pretenda enveredar por contratos militares, qual seria o melhor caminho? Nomeadamente, uma metalomecânica pesada.


Citar
Contactar o cluster nacional (idD, AIMMAP, AICEP, etc ) para entrar na rede nacional de contactos e ganhar visibilidade   Competição interna elevada.

Obter certificação NATO/UE para ter acesso direto a concursos nacionais e internacionais   Processo burocrático exigente, mas incontornável.

Procurar consórcios europeus (SAFE/EDF)   Cofinanciamento e escala internacional     Requer alianças estratégicas

Oferecer subcontratação internacional

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Re: Empresas de Defesa Portuguesas
« Responder #231 em: Dezembro 14, 2025, 11:53:33 pm »
Para uma empresa que pretenda enveredar por contratos militares, qual seria o melhor caminho? Nomeadamente, uma metalomecânica pesada.

Explora o exemplo da Rodasa.

https://rodasa.pt/

São uma das principais empresas a trabalhar com o Exército a esse nível.
« Última modificação: Dezembro 15, 2025, 01:06:17 am por HSMW »
https://www.youtube.com/user/HSMW/videos

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Re: Empresas de Defesa Portuguesas
« Responder #232 em: Dezembro 15, 2025, 09:28:19 am »
Para uma empresa que pretenda enveredar por contratos militares, qual seria o melhor caminho? Nomeadamente, uma metalomecânica pesada.


Citar
Contactar o cluster nacional (idD, AIMMAP, AICEP, etc ) para entrar na rede nacional de contactos e ganhar visibilidade   Competição interna elevada.

Obter certificação NATO/UE para ter acesso direto a concursos nacionais e internacionais   Processo burocrático exigente, mas incontornável.

Procurar consórcios europeus (SAFE/EDF)   Cofinanciamento e escala internacional     Requer alianças estratégicas

Oferecer subcontratação internacional


Pois, isso é mais ou menos o que tinha no roadmap, incluindo tentar parcerias com empresas que já trabalhem o mundo da defesa, obrigado  :G-beer2:

Para uma empresa que pretenda enveredar por contratos militares, qual seria o melhor caminho? Nomeadamente, uma metalomecânica pesada.

Explora o exemplo da Rodasa.

https://rodasa.pt/

São uma das principais empresas a trabalhar com o Exército a esse nível.

Vamos por aí também, certo, obrigado!

Por acaso a empresa que falo já tem capacidade de trabalhar Hardox e Armox, e está mais do que habituada a desenvolvimento de produto, e fabricação de implementos pesados, por isso até acredito que haja algum interesse em colaborar.
 

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Re: Empresas de Defesa Portuguesas
« Responder #233 em: Dezembro 16, 2025, 09:15:14 am »
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Empresas de defesa ganham via verde para financiamento na Euronext
A Euronext lançou um instrumento financeiro com o objetivo de atrair capital privado para investimentos em defesa. São obrigações que visam apoiar empresas e dar transparência aos investidores.

Sónia Santos Pereira
Publicado a: 16 Dez 2025, 00:00

As empresas do setor de defesa e segurança ganharam uma via verde para financiar os seus projetos de investimento, numa altura em que o país e a União Europeia estão apostados em reforçar e modernizar as suas forças e equipamentos devido à atual situação geopolítica. O instrumento financeiro intitula-se Defense Bonds (obrigações de defesa) e foi lançado este ano pela Euronext. Empresas como a Critical Software, a Tekever, EID, OGMA, entre muitas outras, têm agora ao dispor uma nova ferramenta para apoiar o crescimento.

Segundo José Carmo, partner da Carmo e Cerqueira - sociedade que atua nas áreas de revisão oficial de contas, consultadoria fiscal e financeira -, as obrigações de defesa demonstram que a Euronext está alinhada com o esforço europeu para garantir a soberania e proteção dos Estados-membros “e que pretende disponibilizar instrumentos que permitam financiar a estratégia de defesa europeia de forma clara e transparente”. E também rápida.

Foi em julho que a Euronext lançou o European Defense Bond Label (Selo Europeu de Obrigações de Defesa), estabelecendo o seu uso para a emissão de obrigações de defesa europeias nos mercados da Euronext. Para José Carmo, a iniciativa “reflete um forte compromisso com o alinhamento estratégico [da União Europeia], a utilização responsável de recursos e a comunicação transparente com os intervenientes do mercado”. Na sua opinião, “o crescimento do financiamento da defesa por esta via representa um passo significativo na aproximação dos mercados de capitais aos objetivos de segurança da Europa a longo prazo”.

A primeira entidade a colocar em bolsa um título com o Selo Europeu de Obrigações de Defesa foi o grupo Banque Populaire Caisse d'Epargne (BPCE), que adquiriu recentemente o Novobanco e tem presença em Portugal desde 2017, através do centro de serviços partilhados do Natixis, o seu banco de investimento. O grupo BPCE lançou, em setembro, 750 milhões de euros em obrigações sénior, com maturidade a 5 anos. Em novembro foi a vez do Bpifrance (banco de investimento público francês) emitir mil milhões de euros em European Defense Bonds, com maturidade em novembro de 2030. Ambas as emissões foram listadas em Paris.

Para José Carmo, estas duas primeiras emissões são uma “sinalização ao mercado” do novo instrumento financeiro e uma forma “de mostrar qual o caminho”. Na sua opinião, os dois bancos vão financiar projetos de empresas das áreas de defesa e segurança através do capital angariado nessas emissões de obrigações. Estes títulos não são mais que uma chamada de capital privado ao investimento em defesa europeia.

Um novo modelo

Uma empresa ou instituição do setor de defesa e segurança com interesse em obter financiamento por esta via tem que apresentar um pedido de classificação à Euronext. Segundo o especialista da Carmo e Cerqueira, os requisitos determinam que pelo menos 85% do valor das obrigações sejam aplicados em projetos de defesa, segurança ou dupla utilização na Europa ou que beneficiem diretamente a Europa. São elegíveis projetos de Investigação & Desenvolvimento, fabrico ou modernização de plataformas militares, ciberdefesa, ISR espacial (Intelligence, Surveillance and Reconnaissance ou, em português, inteligência, vigilância e reconhecimento), infraestruturas críticas e logística ou segurança da cadeia de abastecimento. Os restantes 15% podem destinar-se a outras atividades, desde que não contrariem os objetivos estratégicos da UE.

Obtendo a classificação European Defense Bond Label, os emitentes ganham uma via verde, que permite “uma admissão mais célere do que a normalmente aplicada a emissões obrigacionistas”, realça José Carmo. Como defende, este instrumento dá aos emitentes “um acesso mais rápido ao mercado, uma ferramenta de sinalização clara e potenciais incentivos regulamentares futuros”. Já os investidores obtêm um “quadro transparente e comparável num setor onde os dados são escassos”. E a Europa uma “aceleração da formação de capital para capacidades de defesa críticas, mantendo padrões éticos e legais”, diz.

Empresas com sede na Europa ou que obtenham mais de 50% dos seus rendimentos, realizem investimentos de longo prazo e respondam por um significativo volume de postos de trabalho na União Europeia, Noruega, Islândia, Liechtenstein, Reino Unido e Ucrânia, instituições financeiras licenciadas nestes territórios e organizações soberanas e supranacionais com mandato europeu são possíveis emitentes. O pedido de classificação como defense bond está disponível em todos os mercados Euronext.

https://www.dn.pt/economia/empresas-de-defesa-ganham-via-verde-para-financiamento-na-euronext
Saudações Aeronáuticas,
Charlie Jaguar

"(...) Que, havendo por verdade o que dizia,
DE NADA A FORTE GENTE SE TEMIA
"

Luís Vaz de Camões (Os Lusíadas, Canto I - Estrofe 97)
 
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Re: Empresas de Defesa Portuguesas
« Responder #234 em: Hoje às 10:15:06 am »
https://eco.sapo.pt/entrevista/polonia-e-um-mercado-em-que-a-beyond-vision-quer-expandir-fortemente-no-proximo-ano/

A expandir a capacidade de produção em Portugal, a fabricante de drones Beyond Vision está a apontar Brasil, EUA, Médio Oriente e Polónia entre os seus mercados aposta, adianta o CEO, Dário Pedro.

Depois de investir cerca de cinco milhões de euros na nova unidade de produção em Alverca, aumentando a área de 300 metros quadrados que tinham em Alfragide para 2.000 e, no próximo ano, 4.000 metros quadrados, a Beyond Vision vai ainda investir num novo espaço em Lisboa, no Oeiras Tech Valley, e anda à procura de um espaço a Norte para a empresa fabricante de drones.

“Gostaria que em março, abril do próximo ano tivéssemos o espaço todo construído”, admite Dário Pedro, cofundador e CEO da Beyond Vision no chão de fábrica na nova unidade em Alverca. “Deve-nos triplicar ou quadruplicar a nossa capacidade de produção atual. No próximo ano o objetivo é ficarmos com capacidade de produzir cerca de 500 VTOL, ou seja, drones de asa em multirotor, e cerca de 800 multirotores“, avança.

Hoje com 100 trabalhadores, a empresa quer até ao final do próximo ano chegar aos 250. E não faltam planos de crescimento e não só nos EUA, país onde recentemente fechou um contrato de 15 milhões e há planos de abrir uma fábrica, num investimento de 50 milhões, tal como revelou em primeira mão o ECO. Mas este não é o mercado foco e, muito menos o único, como avança Dário Pedro. Brasil, Médio Oriente e Europa são zonas que a empresa tem na mira de expansão.

“Devemos fechar este ano com cerca de 15 milhões de vendas, o target para o próximo ano é cerca de entre 30 a 40 milhões de vendas, com cerca de 70% ou 80% a ser para o mercado europeu“, revela o CEO.

Fecharam um contrato de 15 milhões nos Estados Unidos e o objetivo é abrir lá uma fábrica.
De 15 milhões, mínimo. Ou seja, tem compras mínimas de 15 milhões, mas o nosso target é que se aproxime dos 30 ou 40 milhões. Já estamos a começar a nossa expansão para lá, para ter um polo lá.

Numa primeira fase será de representação e de business development, numa segunda instância, evoluirá para termos alguma pré-assemblagem nos Estados Unidos, ou seja, uma pequena fábrica. A longo prazo, a ideia é depois expandir essa fábrica para agregar o máximo de tipo de produção, sub-assemblies, entre outros, que façam sentido fazer nos Estados Unidos.

Tendo em conta a dimensão do mercado, o foco nos EUA…
Não é o nosso foco atual, honestamente. Os Estados Unidos nem são dos nossos principais mercados, comparando com a Europa se calhar representa 10%. É um contrato particular para o nosso crescimento aí, mas estamos a fazer o mesmo crescimento no Brasil. Temos feito bastantes vendas para lá, já temos pessoas contratadas e estamos a abrir agora escritórios em São Paulo e a ideia é exatamente a mesma. Ou seja, criar uma primeira linha de sub-assembly e depois ter alguma capacidade de produção lá para a América Latina toda.

Estamos a explorar duas joint ventures para o Médio Oriente, uma na Arábia Saudita e outra nos Emirados. E estamos a abrir múltiplos escritórios em países europeus. Estão a ser estudados Espanha, Alemanha, Polónia. E novos escritórios em Portugal. Estamos a expandir os escritórios de Lisboa, que estão em obras, mas a concluir [a unidade Alverca tem agora 2.000 metros quadrados, mas vai duplicar em 2026]. Temos novas instalações em Aveiro.

No Porto também temos capacidade de produzir alguns componentes e estamos à procura de uns escritórios que nos deem capacidade de ainda contratar mais pessoas e continuar a crescer no Porto, que está exatamente igual como estava há seis meses o nosso espaço em Alfragide, ou seja, a rebentar pelas costuras. Vamos ter um novo espaço a partir de janeiro, semelhante à dimensão deste, em Oeiras, no Oeiras Tech Valley. Estamos a abrir múltiplas outras unidades.

Será um investimento de que ordem, esse espaço em Oeiras?
O do Oeiras Tech Valley vai ser sempre subsequente a este [novas instalações em Alverca], mas se calhar estamos a falar de 500 mil euros a 1 milhão.

Voltando aos EUA, a ideia da fábrica é porque sentem que vai haver muita procura nesse mercado ou também um pouco para evitar as tarifas às importações de Trump?
Acaba por ser um misto, ou seja, há múltiplos vetores da decisão. A tax tarifs claramente são um fator muito importante e quase setor a setor vai ter que se identificar o que é que compensa ou não fazer lá. Existem parceiros que temos lá, que faz sentido ter pessoas a colaborar diretamente a partir de lá. Uma Lockheed Martin, entre outras empresas, em que já colaboramos para alguns projetos. Ter uma equipa a colaborar lá diretamente, faz todo sentido e só vai acelerar o processo de desenvolvimento.

Numa fase inicial será uma equipa reduzida, cerca de 10 pessoas, mas a ideia é chegar rapidamente às 100, a trabalhar a partir de lá. E depois, os Estados Unidos têm muito boas universidades no nosso setor, tendo lá instalações fica muito mais fácil atrair talento nacional de lá para trabalhar para muitos produtos que já estamos a desenvolver.

Referiu o Brasil como outro país onde estão a apostar. Não costuma ser um país generoso com os empresários portugueses.
Estou bastante ciente das dificuldades que muitas outras empresas tiveram a entrar no Brasil e estamos a ir com cuidados redobrados para essa expansão, em particular exatamente por isso. Acho super curioso que o Brasil, sendo do tamanho da Europa praticamente, pelo menos em dimensão, tem muito pouca indústria de drones.

Produtos desenvolvidos no Brasil ainda têm uma muito boa aceitação na América Latina, obviamente sendo um produto europeu tem alguma credibilidade superior. Acho que existe uma oportunidade enorme para o setor dos drones ser desenvolvido no Brasil.

A ideia é ter um parceiro local? Qual será a estratégia nesse mercado?
Estamos a montar uma equipa nossa lá que depois vai explorar parcerias locais, quer com distribuidores, quer para projetos em concreto. Já temos lá drones a operar aos dias de hoje, e tem estado a correr bem. E lá está, vai ser uma coisa gradual.

São clientes do setor civil, militar?
Pertence ao setor civil, mas é vigilância da floresta da Amazónia. Mas há muitos setores que podem ser explorados no Brasil, desde oil & gas, inspeções de postos de média e alta tensão, em que, por exemplo, a própria EDP — com que já temos uma boa parceria em Portugal e tem vindo a crescer este ano — também tem muita infraestrutura no Brasil e faz sentido trabalhar com pessoas contratadas no Brasil, ao setor da defesa.

Muitas das principais grandes cidades do Brasil sofrem de problemas de segurança bastante graves e alguns desses problemas podem ser trabalhados com recurso a drones. Ou seja, existe um mercado enorme que eu acho que não está a ser muito explorado.

O kick-off já aconteceu. Já temos pessoas lá a trabalhar, temos lá vários drones com equipas nossas, pessoas contratadas no Brasil, que estão em permanência a fazer demonstrações, apresentações, porque houve um grande pipeline de pedidos acumulados ao longo deste ano — isto arrancou cerca de agosto, setembro — e agora estamos a apresentar a novos clientes, fazer novas propostas.

E vamos fazer este crescimento gradualmente. Temos já, aos dias de hoje, necessidade de ter um espaço físico, porque muitas reuniões necessitavam disso e estamos à procura do melhor espaço em Guarulhos (São Paulo). Já temos alguns identificados e a decisão será tomada em princípio este mês, o mais tardar em janeiro.

E qual a expectativa em termos do que é que esse mercado possa vir a representar no vosso negócio?
A expectativa é muito semelhante à dos Estados Unidos. Ou seja, o processo de expansão para o Brasil, a nível de roadmap, é muito semelhante à dos Estados Unidos, embora financeiramente estamos com expectativas superiores nos Estados Unidos, sobretudo pelo valor que o mercado de defesa dos Estados Unidos representa na NATO e pelos investimentos que estão a ser feitos agora no setor de defesa, portanto, há duas a três vezes mais retorno expectável dos Estados Unidos do que do Brasil.

Pelo que disse há pouco o outro lado do Atlântico não é o único foco.
Não, não. O principal foco da empresa, diria 60%-70%, é na Europa e depois temos estas novas atividades, estes polos, a acontecer. A internacionalização para uma empresa portuguesa é super importante, porque temos muito boa tecnologia, mas temos um país pequeno e é difícil escalar.

E na Europa, quais os mercados que sentem mais pujantes, que podem…
Claramente todos os países que fazem fronteira com a Rússia, neste momento, são estão mais ativos na procura de equipamentos no setor de defesa, embora países como a Alemanha ou França — sobretudo a Alemanha — estão a aumentar imenso as suas aquisições. Os países que fazem fronteira com a Rússia, como a Polónia ou a Finlândia, acabam tendo uma procura muito superior.

Este ano tivemos muitos pedidos da Polónia, estávamos já com o pipeline completamente cheio e a maior parte deles foram migrados para o próximo ano, mas é um mercado que queremos expandir fortemente no próximo ano.

Temos tentado o máximo que conseguimos trabalhar em contínuo mas o dia só tem 24 horas e chega a uma altura que não dá para crescer mais rápido. Estamos a tentar fazê-lo ao ritmo mais elevado que conseguimos. Este ano deve ter aumentado na ordem entre os 700 e 800%.

A produção?
Global, produção, vendas… O crescimento pessoal não esteve tão elevado, mas estamos a fazer muitos investimentos para tentar atrair mais talento e acelerar o recrutamento, mas é um processo que sinto que também não deve ser feito demasiado rápido, com o risco de se perder um pouco a cultura da empresa e baixar a qualidade do produto entregue no final. É um processo que eu prefiro fazer bem feito do que acelerado.

Na Polónia estamos a falar de contratos com as Forças Armadas?
Neste momento, temos ordens de compra de alguns distribuidores polacos de dezenas de unidades, tipicamente.

Mas para uso militar?
Sobretudo militar, sim. São algumas empresas que fornecem múltiplos tipos de equipamentos de defesa, drones é mais um equipamento.

Além da Polónia, em que outro país vão a abrir?
Abrir, não sei se seria a palavra certa, hoje em dia já operamos em mais de 25 países, mas a França é um país que queremos reforçar as vendas — já trabalhámos alguns projetos até mais no setor civil, com a Capgemini e com a Total, mas nunca trabalhámos no setor da defesa na França, é um setor que queremos começar a trabalhar —, entre muitos outros países em que já temos operações e drones lá e queremos fortalecer a nossa presença.

Estiveram recentemente no Dubai Airshow. Resultou em contratos fechados, leads comerciais animadores? Falou há pouco de joint ventures nessa região.
Já tivemos contratos muito relevantes no Médio Oriente, quer na indústria do oil&gas, quer em projetos na área civil. Estamos agora a explorar a possibilidade de termos joint ventures lá para começar a entrar também no mercado da defesa. Negociações no Médio Oriente são sempre algo que demora algum tempo, mas acho que no futuro pode ser um mercado muito interessante para nós.

Face ao atual momento geopolítico, ter contratos na defesa no Médio Oriente pode ser um constrangimento para fechar contratos na defesa na Europa ou nos Estados Unidos?
Depende de como são feitos. Ou seja, tipicamente quer os Emirados, quer a Arábia Saudita têm boas relações com países da NATO, por isso acaba por não houver um grande conflito.

E trabalhariam com Israel? Há empresas que têm uma ‘no list‘. Vocês também o têm?
Temos uma ‘no list‘, obviamente, na ‘no list’ neste momento intransponível, é países como a Coreia do Norte ou Rússia. Israel não tem sido um país que tenhamos procurado fazer negócio até agora ou que tenhamos tido grande negócio. Tivemos no passado um projeto de investigação na União Europeia em que tinha um parceiro de Israel.

Os nossos drones são totalmente modulares e dentro de alguns payloads já experimentámos integrar payloads de fornecedores de Israel, mas não é um país que tenhamos uma relação muito forte a nível de negócio.

Mas querem desenvolver?
Não está no nosso roadmap, não.

No final de novembro foi entregue em Bruxelas a candidatura portuguesa ao SAFE. No caso dos drones, o ministro da Defesa referiu que a liderança seria portuguesa. Estão envolvidos nisso?
Não estamos diretamente envolvidos, mas estamos indiretamente envolvidos, obviamente, porque Portugal, se há uma área que tem mostrado muitas cartas lá fora nos últimos anos é no setor dos drones. Historicamente nunca tivemos uma indústria de defesa muito forte.

Se olharmos para o desenvolvimento de tanques, jatos, submarinos esse tipo de equipamento, Portugal nunca foi um player com grande representatividade lá fora, mas nos drones está, pela primeira vez, a ser. Acho que temos ao máximo que aproveitar esta oportunidade e vamos ao máximo tentar crescer rapidamente para ser muito relevante nesse projeto.

Um setor com muita concorrência, a Tekever…
Vejo a Tekever muito mais como um parceiro do que propriamente um concorrente. Eu sei para quem olha para drones, é tudo drones, mas, de forma muito simplista, a Tekever desenvolve mais drones de asa a combustão e nós estamos muito mais focados em multirotores elétricos.

O tipo de operação é muito diferente, algumas propostas já fizemos em conjunto, falo com o Ricardo Mendes [CEO e cofundador da Tekever] recorrentemente. Há muitos pontos em que podemos colaborar em conjunto, só temos vantagem em fazê-lo.

Consigo imaginar outras empresas europeias [como concorrentes], sobretudo, por exemplo, uma Quantum Systems [alemã], uma Parrot [francesa], com drones semelhantes aos nossos, mas a Tekever vejo muito mais como uma empresa parceira do que concorrente.

 
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Malagueta

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Re: Empresas de Defesa Portuguesas
« Responder #235 em: Hoje às 10:16:21 am »
continuação

m Portugal, trabalham na área militar, com a Marinha, com o Exército. Têm sentido aumento da procura ou na hora de escolher acabam por comprar a essas outras empresas que referiu?
Tem havido claramente uma procura mais elevada. Quer a Marinha, quer o Exército têm sido impecáveis connosco e um impulsionador do nosso desenvolvimento tecnológico, o seu feedback não tem preço.

É muito importante para nós a proximidade que temos com eles porque são os melhores para testarem e darem-nos feedback do nosso equipamento e para nós é super importante ter quase a validação da nossa tecnologia a nível nacional para depois ter credibilidade quando se leva lá para fora.

Se as Forças Armadas portuguesas não compram o nosso equipamento, depois irmos lá fora tentar vender a outras forças armadas, este processo seria muito…

É o primeiro ‘selo de qualidade’ que o material pode ser usado em ambiente militar.
Recebemos uma carta de recomendação do Almirante Gouveia e Melo, dos drones anteriores que tínhamos em operações com a Marinha, recebemos o ‘selo de qualidade’, digamos assim, do Exército aos nossos drones. Isso para nós é muito, muito, muito importante.

Tivemos também, a nível europeu, no primeiro OPEX da European Defense Agency (EDA), que aconteceu em Itália, pelos drones na área de logística abaixo de 25 kg. Eram apenas três empresas de drones. Recebemos uma elevada distinção pela European Defence Agency. Para nós, é quase a melhor prova que se dá quando depois se chega a outros clientes.

Com o crescimento que estão a ter, o que estima seja a faturação este ano?
Nos últimos 3-4 anos temos tido um crescimento elevado, mas entre os 50% e os 100%, o que eu acho que é muito bom. Era um crescimento sustentável. Grande parte do nosso crescimento na fase inicial também foi bootstrapped, ou seja, apenas por investimento interno.

Recebemos em 2024 a entrada da [sociedade de capital de risco] ActiveCap num deal-by-deal com o Banco de Fomento português: ou seja, 30% de investimento da ActiveCap em obrigações convertíveis e 70% do Banco de Fomento, que também catalisou muito o nosso crescimento. A banca neste momento também está bastante mais permeável em investir no setor da Defesa.

Mas querem mais capital?
Tem-se sempre que analisar, mas para crescer mais rápido, capital é um requisito quase obrigatório, embora, hoje em dia, estejamos muito bem do ponto de vista financeiro. Por isso, estamos mais à procura de investidores que tragam algum network…

O chamado smart money…
Exatamente. Porque mesmo a própria banca, o European Investment Bank, estão muito dispostos a investir nesta área. Por isso, dinheiro por dinheiro, banca ou venture debt é muito mais barato que venture capital. Mas estamos claramente abertos para smart money e a ideia é continuar a aumentar o crescimento da empresa.

Devemos fechar este ano com cerca de 15 milhões de vendas, o target para o próximo ano é cerca de entre 30 a 40 milhões de vendas, com cerca de 70% ou 80% a ser para o mercado europeu.

Entrar no setor de defesa não é propriamente fácil, há uma série de exigências de certificação. O que é que vos foi exigido?
Os nossos drones, desde que os começámos a desenvolver, seguimos as ‘NATO guidelines’, são quase diretrizes de desenvolvimento de produtos da NATO, que seguidas, no final, tem-se um produto de elevada qualidade. Numa fase inicial fizemos isso só para nos distinguir de alguns produtos chineses e para o setor civil, sobretudo, conseguimos entrar com produtos de elevada qualidade.

Depois quando houve a invasão da Rússia à Ucrânia isso fez com que os nossos produtos pudessem ser adquiridos diretamente pelas Forças Armadas, o que não era de todo uma coisa que estava no nosso pipeline ou planeamento, mas que facilitou muito essa entrada.

Realmente vender às Forças Armadas é complexo, requer muito teste, validação para ter um produto de confiança, mas aos dias de hoje está obviamente acelerado pela situação atual da Europa.
 

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PTWolf

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Re: Empresas de Defesa Portuguesas
« Responder #236 em: Hoje às 01:26:58 pm »
Boa entrevista. Obrigado pela partilha  :G-beer2: