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Área Livre-Outras Temáticas de Defesa / Re: Justiça
« Última mensagem por PTWolf em Hoje às 01:32:08 pm »
Ministério Público investiga ajustes diretos na Marinha envolvendo Gouveia e Melo

Os investigadores detetaram uma excessiva concentração de ajustes diretos à empresa Proskipper.



 O Ministério Público (MP) de Almada está a investigar vários ajustes diretos aprovados por Henrique Gouveia e Melo enquanto comandante Naval da Marinha (2017 a 2020). Apesar do perdão do Tribunal de Contas, em 2024, relativamente a eventuais infrações financeiras, o processo 40/17 mantém-se em inquérito no Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Almada.

A investigação foi atribuída à Polícia Judiciária Militar (PJM), que há quatro anos entregou um relatório pericial e um relatório final ao MP. Entre outras conclusões, os investigadores detetaram uma excessiva concentração de ajustes diretos à empresa Proskipper, entretanto dissolvida em outubro de 2022. A PJM identificou 57 contratos suspeitos, que foram aprovados pelo atual candidato à Presidência.

https://www.jornaldenegocios.pt/economia/justica/detalhe/ministerio-publico-investiga-ajustes-diretos-na-marinha-envolvendo-gouveia-e-melo

Independentemente de se gostar do homem ou não (confesso que ainda não faço ideia em quem vou votar em Janeiro), mas alguém tem dúvidas de que este assunto, a dias das eleições é propositado para manchar o homem?
É estranha esta justiça que só se mexe quando alguém passa a ter mais visibilidade!

Tenho a ideia que na altura isto já tinha sido comentado aqui no forum da má lingua.
O que lamento não é a investigação, é estas noticias serem publicadas em momentos estratégicos e não propriamente com o fim de apenas informar
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Área Livre-Outras Temáticas de Defesa / Re: Apetece-me gritar bem alto, FO...
« Última mensagem por P44 em Hoje às 01:15:31 pm »
Várias cidades por todo o mundo cancelaram ou alteraram as habituais celebrações de Ano Novo devido a preocupações de segurança.

Saiba mais: https://www.publico.pt/2159225

VIVA O MULTICULTURALISMO
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Força Aérea Portuguesa / Re: Substituiçao dos F-16's
« Última mensagem por Lampuka em Hoje às 12:27:33 pm »
Minha opinião...
Ponto 1, não vais ter apenas F35, nem apenas made in USA. Os abrigos serão para os F35.

Ponto 2, o segundo caça,  provavelmente EF, será apenas para defesa/ supremacia aérea,  daí ser colocada uma esquadra na BA4. O isolamento,  num raio 1500km, por si só,  já os protege... desde que outros meios complementares estejam disponíveis.
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Mundo / Re: EURO
« Última mensagem por Viajante em Hoje às 11:27:33 am »
Bulgária prepara-se para entrar na Zona Euro na sombra de (mais) uma crise política

O país prepara-se para eleger o oitavo Governo desde 2021 e vê-se a braços com campanhas de desinformação russas que têm minado a confiança na moeda única europeia.



 Desde o verão que a data está marcada: a 1 de janeiro de 2026, a Bulgária vai juntar-se ao grupo de países que utilizam o euro como moeda única, tornando-se o 21.º país da Zona Euro. Mas agora que a data se aproxima, a confiança dos búlgaros vacila, minada por uma crise política e uma campanha de desinformação russa.

Um escândalo de corrupção encheu as ruas de protestos, culminando na demissão do primeiro-ministro, Rosen Zhelyazkov, este mês - a poucas semanas da tão aguardada mudança do lev búlgaro para o euro. Zhelyazkov estava no cargo há menos de um ano, com um Governo minoritário. Agora, o país terá de ir a votos pela oitava vez desde 2021.

O colapso de mais um Executivo foi o saldo dos maiores protestos registados nas últimas décadas - contra o orçamento para 2026, que muitos viram como injusto e motivador de aumentos de impostos, mas também, em termos mais amplos, por uma profunda insatisfação com o sistema e o que entendem ser um problema crónico de corrupção.

Este cenário de tensão política está a contagiar o abertura dos búlgaros em relação ao euro. Em junho, quando a adesão à Zona Euro foi aprovada pela Comissão Europeia, deputados do partido de extrema-direita pró-russo Renascimento reagiram de forma violenta, impedindo mesmo o acesso ao pódio da Assembleia Nacional da Bulgária - quando outros deputados, de outros partidos, tentaram desbloquear o acesso, foram empurrados e gerou-se um confronto físico.

Para lá de posições partidárias mais acessas, muitos búlgaros receiam que o euro vá fazer subir os preços, num país onde o salário médio é de cerca de 1.200 euros. Um inquérito recente do Ministério das Finanças, citado pelo Guardian, indica de 51% dos cidadãos estão a favor da adoção da moeda única, 45% estão contra.

 Em Bruxelas, a expectativa é que o euro dê força à economia da Bulgária, um dos países mais pobres da União Europeia. Ursula von der Leyen, a presidente da Comissão Europeia, afirmou que com o euro, o país terá mais comércio, mais investimento e mais "empregos de qualidade e redimentos reais". A entrada na Zona Euro é também vista como uma forma de reforçar o percurso pró-Ocidente da Bulgária, numa altura em que a ofensiva russa na Ucrânia gerou incerteza e tensão geopolítica.

Sem surpresa, há dados que indicam que a Rússia tem tentado interferir no processo. Campanhas das redes sociais, levadas a cabo por uma rede russa, têm tentado minar o apoio ao euro e espalhar desinformação. Questionado sobre a influência russa na opinião pública no que toca ao euro, comissário europeu para a economia Valdis Dombrovskis não hesitou em dizer que  "não é segredo" que a Rússia está a levar a cabo uma guerra híbrida contra a Europa. "Trata-se de provocações, atos de sabotagem, violação do espaço aéreo europeu, interferência nos processos políticos da União Europeia e também de outros países, além da disseminação de desinformação, afirmou.

https://www.jornaldenegocios.pt/economia/detalhe/bulgaria-prepara-se-para-entrar-na-zona-euro-na-sombra-de-mais-uma-crise-politica#loadComments

Para comprovar a interferência russo, até entre nós, basta ler os comentários desta notícia no próprio Jornal de Negócios........
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Área Livre-Outras Temáticas de Defesa / Re: Justiça
« Última mensagem por Viajante em Hoje às 11:17:06 am »
Ministério Público investiga ajustes diretos na Marinha envolvendo Gouveia e Melo

Os investigadores detetaram uma excessiva concentração de ajustes diretos à empresa Proskipper.



 O Ministério Público (MP) de Almada está a investigar vários ajustes diretos aprovados por Henrique Gouveia e Melo enquanto comandante Naval da Marinha (2017 a 2020). Apesar do perdão do Tribunal de Contas, em 2024, relativamente a eventuais infrações financeiras, o processo 40/17 mantém-se em inquérito no Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Almada.

A investigação foi atribuída à Polícia Judiciária Militar (PJM), que há quatro anos entregou um relatório pericial e um relatório final ao MP. Entre outras conclusões, os investigadores detetaram uma excessiva concentração de ajustes diretos à empresa Proskipper, entretanto dissolvida em outubro de 2022. A PJM identificou 57 contratos suspeitos, que foram aprovados pelo atual candidato à Presidência.

https://www.jornaldenegocios.pt/economia/justica/detalhe/ministerio-publico-investiga-ajustes-diretos-na-marinha-envolvendo-gouveia-e-melo

Independentemente de se gostar do homem ou não (confesso que ainda não faço ideia em quem vou votar em Janeiro), mas alguém tem dúvidas de que este assunto, a dias das eleições é propositado para manchar o homem?
É estranha esta justiça que só se mexe quando alguém passa a ter mais visibilidade!
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Mundo / Re: União Europeia
« Última mensagem por Viajante em Hoje às 11:09:02 am »
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Das internetes:

A realidade do declínio económico, político, tecnológico, social e civilizacional da Europa, torna pertinente a partilha do texto abaixo. Desconheço o nome do autor, mas fingir que está tudo bem deixou de ser opção.

De um Golf para um Dacia: o retrato cruel da “Europa moderna”

Em 2000, o carro mais vendido na Europa era o Volkswagen Golf — o símbolo de uma Europa industrial, produtiva e confiante.

Um carro sólido, fabricado por operários bem pagos, com aço europeu, motores feitos na Alemanha, e orgulho na engenharia.

Em 2025, o carro mais vendido é o Dacia Sandero — feito na Roménia, com componentes espalhados entre a Turquia, Marrocos e a China.

Eis o progresso europeu.

Passámos de produzir o que o mundo comprava, para comprar o que o mundo produz.

De fábricas cheias, para “centros de inovação” cheios de PowerPoints.

De engenheiros de motores, para gestores de “sustentabilidade” e “inclusão”.

A Europa transformou-se no continente dos relatórios bonitos — e das carteiras vazias.

A destruição do setor industrial europeu

Em 2000, a indústria representava quase 20% da economia da zona euro.

Hoje ronda 13%, e em países como França caiu para menos de 11%.

A produção de aço — base de qualquer economia sólida — caiu 30% desde 2008, segundo a World Steel Association.

Entre 2023 e 2024, a produção industrial da zona euro caiu mais 2,2%, segundo dados do Eurostat.

Mas os políticos continuam a repetir o mantra: “Estamos a liderar a transição verde.”

Claro que estamos — diretamente para o desemprego verde.

O resultado é simples:

As fábricas foram para a China, Índia, México e Vietname — onde há energia barata, menos burocracia e governos que ainda sabem o que é proteger a produção nacional.

Nós ficámos com o que sobra: as reuniões do Parlamento Europeu, e a sensação de superioridade moral.

Fechar o campo, importar a comida

O setor primário europeu — aquele que alimentava o continente — também foi “modernizado”.

Entre 2010 e 2020, fecharam mais de 3 milhões de explorações agrícolas na União Europeia.

Os agricultores foram esmagados por burocracia, metas de carbono, e uma avalanche de regulamentos.

Agora importamos fruta do Chile, cereais da Ucrânia e legumes de Marrocos — tudo em nome da “sustentabilidade”.

A lógica é brilhante: deixamos de produzir localmente para reduzir emissões, mas trazemos os mesmos produtos de barco e camião, vindos de 5.000 km de distância.

Genial.

A China agradece

Enquanto nós discutíamos “identidade de género” e “quotas climáticas”, a China comprava a Europa — pacientemente, empresa a empresa.

Hoje, eis alguns exemplos:

Volvo pertence à Geely (China).

MG pertence à SAIC Motor (China).

Pirelli tem capital maioritário chinês.

Mercedes-Benz e Volkswagen têm acionistas estatais chineses (BAIC e FAW, respetivamente).

E as baterias elétricas da nova era verde europeia vêm... da CATL (China).

As importações da UE da China representam 21% de tudo o que compramos fora, mas só 8% das nossas exportações vão para lá.

Resultado: dependência, défice e vulnerabilidade.

A Europa entrega o seu know-how, a China entrega os produtos — e os lucros.

O poder de compra evaporado

Com fábricas a fechar, salários estagnados e impostos em alta, o europeu médio perdeu aquilo que tinha de mais valioso: o poder de compra.

Hoje, para muitos, o sonho de ter um carro novo é o Dacia Sandero — simples, barato, funcional.

Não é culpa do Dacia; é o sintoma de um continente que já não consegue produzir o seu próprio Golf.

Mas continuamos convencidos de que “somos ricos”.

Ricos em dívida, em taxas, em energia cara, e em ilusões.

O europeu moderno acha-se desenvolvido porque tem Netflix, painéis solares e delivery vegan,
mas já não tem independência económica, nem indústria, nem segurança alimentar.

A ironia do “progresso”

A Europa passou 25 anos a lutar contra tudo o que a tornava forte:

Contra a agricultura (“polui”).

Contra a indústria (“não é sustentável”).

Contra o carvão, o gás, o nuclear (“não são verdes”).

Contra a propriedade (“é privilégio”).

E agora olha à volta e pergunta-se:

“Porque é que estamos a ficar mais pobres?”

Talvez porque confundimos progresso com autoflagelação económica.

Conclusão: o caminho errado com orgulho

Em 2000, comprávamos o Golf — feito na Europa, por europeus, para europeus.

Em 2025, compramos o Dacia — feito na Roménia, montado com peças chinesas e vendido como ‘europeu acessível’.

A diferença não está no carro. Está em nós.

O velho continente tornou-se o novo cliente.

E enquanto a China fabrica, a Índia cresce e a América se reindustrializa, nós continuamos a discutir quantos “géneros” existem e quantas vacas é que emitem CO₂ a mais.

Parabéns, Europa.

Conseguimos o impossível: empobrecer com orgulho!

Também concordo com muito do que está escrito no texto P.
Mas as afirmações em si são contraditórias e muitas das escolhas são feitas pela população!

Passo a explicar, o texto no fundo apela ao proteccionismo! Eu também defendo até certo ponto o proteccionismo por parte de quem toma decisões do país e da UE (poder político). Mas depois vamos a casos concretos, o caro P se precisar de comprar o que quer que seja, compra chinês (mais barato) ou compra produto nacional? Essa é a verdadeira questão que cada um de nós deve colocar!

De que vale eu ter um discurso virado para os outros! De que vale eu ter um discurso proteccionista e depois vou comprar o que for mais barato (chinês), sem ter nenhuma dessas preocupações?

Vivemos numa sociedade, em especial na época da geringonça, em que ser empresário é quase um ser criminoso e vigarista, que explora o trabalhador!!!!! Nós exigimos mais salários, mais direitos, menos horas de trabalho...... e depois na hora de gastarmos o nosso salário, esquecemos as "nossas" empresas que pagam cá os salários e vamos comprar o que for mais barato (pagando miseravelmente aos seus trabalhadores e com muito menos direitos), não é assim P?

E por fim em tom de provocação, eu então depreendo do P que é contra o acordo com o Mercosul, para evitarmos destruir ainda mais a agricultura Europeia, certo?  :mrgreen:
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Portugal / Re: Reformar e Modernizar as Forças Armadas
« Última mensagem por Charlie Jaguar em Hoje às 11:04:36 am »
Continuação:

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Pedro Pessanha, presidente da Comissão de Defesa Nacional e deputado do Chega

Aposta na área da Defesa: um imperativo nacional

Vivemos um período marcado por elevada incerteza estratégica. O ambiente internacional de segurança deteriorou-se de forma evidente, marcado pelo regresso da guerra convencional de alta intensidade, pelo agravamento das tensões geopolíticas, pela proliferação da desinformação e pela afirmação de ameaças híbridas e disruptivas. A utilização crescente de sistemas não tripulados, em todos os domínios operacionais, é apenas um dos sinais de que os paradigmas tradicionais da defesa estão a ser rapidamente ultrapassados.

Perante este cenário, considero que o primeiro grande desafio nacional passa por rever, com sentido de urgência, a documentação estratégica que enquadra a Defesa Nacional. Os Conceitos Estratégico de Defesa Nacional e Militar, bem como o Sistema de Forças, devem ser atualizados à luz desta nova realidade securitária.

Essa revisão, designadamente este último documento, deve considerar, de forma clara, as missões atribuídas às Forças Armadas e os compromissos assumidos por Portugal no seio da NATO, nomeadamente no que diz respeito aos capability targets definidos pela Aliança.

A verdade é que anos de desinvestimento deixaram marcas. Hoje, as Forças Armadas enfrentam algumas lacunas importantes no seu sistema de forças, tanto ao nível dos meios como do pessoal. A recuperação e edificação de capacidades deixou de ser uma opção para se tornar uma necessidade estratégica. Sem meios adequados e sem recursos humanos qualificados e em número suficiente, não é possível garantir a credibilidade da defesa nacional.

No entanto, importa sublinhar que o simples aumento do investimento financeiro não constitui, por si só, uma solução eficaz. Um dos maiores desafios nacionais reside na capacidade de executar esse investimento. Produzir ou adquirir sistemas de armas modernos e, em simultâneo, atrair, formar e reter militares com as competências exigidas pelo contexto atual é uma tarefa complexa.

Ainda assim, esta dificuldade deve ser encarada como uma oportunidade. As empresas nacionais podem e devem assumir um papel mais ativo, liderando ou integrando consórcios, desenvolvendo subsistemas e reforçando a base tecnológica e industrial de defesa. Do mesmo modo, a academia nacional tem condições para contribuir de forma decisiva nos domínios da investigação, do desenvolvimento e da inovação.

Ao nível europeu, têm sido dados passos importantes no reforço da cooperação em matéria de defesa. A Autonomia Estratégica Europeia, frequentemente debatida, pretende traduzir-se num maior investimento na indústria de defesa e numa cooperação militar mais estreita entre os Estados-membros. Ainda assim, é essencial reconhecer que os Estados Unidos continuam a ser um pilar fundamental da segurança coletiva no espaço euro-atlântico. O seu potencial militar faz da NATO a principal garantia de paz e estabilidade neste espaço estratégico.

Acredito que a sinergia entre a Europa e os Estados Unidos é indispensável para enfrentar não apenas as ameaças no espaço euro-atlântico, mas também as disrupções globais que colocam em causa a ordem internacional. Essa sinergia exige uma NATO coesa e credível, assente num elevado nível de interoperabilidade entre as suas Forças Armadas. A interoperabilidade não se decreta; constrói-se. Exige planeamento, coordenação e treino conjunto. Quando efetivamente alcançada, torna-se um fator decisivo para uma Aliança mais resiliente, mais preparada e mais proativa. Em minha opinião, a segurança que procuramos só será possível se mantivermos unida a Aliança que construímos ao longo de décadas. Num mundo cada vez mais instável, só juntos conseguiremos garantir a paz, a liberdade e a estabilidade que desejamos legar às próximas gerações.


Hélder Sousa Silva, membro da Comissão de Segurança e Defesa do Parlamento Europeu, eurodeputado do PSD

Entre orçamento e prontidão: o desafio da Defesa Nacional entre 2026 e 2035

A NATO informou os Estados-Membros que, até 2030, teremos uma Rússia reconstituída militarmente e capaz de testar a Aliança Atlântica. Até lá, todos os Estados-Membros, e particularmente Portugal, têm de cumprir os seus compromissos e assegurar um contributo fiável para a defesa coletiva. Entre 2026 e 2030, na área da Defesa, Portugal vai ter de transformar orçamento e disponibilidade financeira em capacidade operacional.

O dinheiro está na mesa: 5,8 mil milhões de euros previstos no âmbito do programa SAFE, para investir até 2030 em equipamento militar. Se a este valor se adicionar parte do valor do EDIP (1,5 mil milhões para a UE) para apoio às indústrias de defesa, os valores previstos no novo Quadro Financeiro Plurianual para a defesa e espaço (131 mil milhões no âmbito do Fundo Europeu para a Competitividade) e os valores dos orçamentos nacionais, previstos na Lei de Programação Militar, estamos perante um desafio e uma oportunidade que não existe par na memória recente.

A questão é executar com critério, escolher os sistemas certos, integrá-los com aliados e garantir que ficam operacionais e relevantes na próxima década. O desafio de 2026 é materializar planos em contratos e contratos em prontidão. Neste sentido, serão necessários concursos públicos rápidos, mas rigorosos, e compras completas: formação, treino, equipamentos sobressalentes, manutenção, munições e infraestruturas, quando necessário.

Em paralelo, a trajetória de investimento em defesa, preconizada pela NATO, entre 2 e 5% do PIB, até 2035, tem de ser estável e financiar também equipamento e infraestruturas de duplo uso, onde a mobilidade militar e a proteção civil têm papel preponderante. Porém, existe um risco que pode travar tudo: o capital humano, as pessoas. Sem recrutamento e retenção, os novos meios chegam sem efetivos.

2026 tem de trazer medidas para carreiras mais atrativas, progressão previsível e formação tecnológica relevante. Se especializarmos capacidades, onde Portugal possui um valor acrescentado europeu, do Atlântico à ciberdefesa, o investimento pode gerar externalidades positivas na indústria e ligar mais empresas portuguesas às cadeias de valor europeias. Se 2030 é o horizonte do risco, 2035 o horizonte do pleno investimento de 5% do PIB em defesa, 2026 tem de ser o ano do início da execução. A margem é curta. Não podemos falhar.


Luís Dias, deputado e coordenador do PS para a Defesa

Desafios internos e oportunidades estratégicas

Com 2026 está à porta e é crucial definir a postura de Portugal na área da Defesa. Sabemos que os primeiros investimentos do Programa SAFE estão a caminho para modernizar as Forças Armadas, mas ainda não está claro onde e como serão aplicados. Existe preocupação se o Governo manterá a tendência de ocultar informações sobre processos fundamentais para a Defesa Nacional.

É certo que o paradigma mudou radicalmente nos últimos 2 anos para a Defesa Europeia e para a Defesa Nacional. Exigiram-no o contexto internacional; a escalada dos conflitos - nomeadamente a evolução da guerra da Ucrânia; também a alteração de administração nos EUA (e a alteração de postura em relação à aliança euro-atlântica, passando de parceiros cooperantes, a adversários estratégicos).

Assim, fica claro que temos novas ameaças à segurança europeia, para as quais se criaram oportunidades únicas de investimento. Oportunidades que começaram a ser materializadas em 2026 o que nos traz, por acréscimo, tempos desafiantes ao nível político europeu e nacional.

Portugal enfrentará, no próximo ano, o desafio de aproveitar o financiamento do SAFE, com os primeiros quase 900 milhões de euros a entrar nas contas do Estado para modernizar as nossas Forças Armadas, para atender potenciar as Indústrias de Defesa Nacional e para se afirmar na inovação, com o contributo da academia Portuguesa.

A obsolescência de alguns equipamentos, a necessidade de integração de novas tecnologias e a criação de respostas às ameaças híbridas - com reforço na Ciberdefesa e o uso da inteligência artificial -, exigem visão estratégica e investimentos constantes. A candidatura de Portugal ao Programa SAFE da União Europeia, que representa o maior montante financeiro disponível em décadas. Quase 6 mil milhões de euros representam uma oportunidade crucial para financiar essa modernização, especialmente em áreas como tecnologia e infraestrutura.

Uma das principais dificuldades que Portugal enfrenta é a necessidade de criar um amplo consenso político e social em torno dos grandes investimentos para a defesa. O debate sobre a estratégia para a área, a forma como vamos aproveitar as oportunidades financeiras europeias e o seu impacto na economia portuguesa e no sistema inovador nacional, deve ser promovido de forma a unir diferentes partidos e cidadãos na defesa de uma visão comum.

Além disso, é essencial garantir a transparência na gestão dos recursos destinados à defesa para aumentar a confiança da sociedade e evitar dúvidas sobre a utilização dos fundos públicos. O alerta tem vindo a ser dado pelo Partido Socialista, a que se juntou agora o Sr. Presidente da República, após o último Conselho Superior de Defesa, de dia 19 de dezembro.

Surgem as questões óbvias: como é possível nomear um Grupo de Trabalho para preparar a candidatura portuguesa ao SAFE sem se conhecerem os seus intervenientes? Como é possível não se apresentar à Assembleia da República a estratégia política do Governo para atingir os 2%, em 2025, nem os 5% em 2025? Como é possível esconder a candidatura feita?

A pergunta que teremos mesmo de colocar é essa: em 2026, com a postura que o Governo tem tido para com o Parlamento e para com os Partidos Políticos que o compõem - de falta de transparência, de ausência de respostas, de esconder tudo o que são decisões políticas -, com o maior envelope financeiro na mão e com procedimentos simplificados ou quase inexistentes, como espera o Governo que não surjam dúvidas?

2026 será ainda decisivo para aumentar os efetivos de militares em cada um dos ramos. A atração e retenção de jovens talentos para as Forças Armadas é um desafio significativo, especialmente num mercado de trabalho competitivo. As oportunidades para inovar nas estratégias de recrutamento e nos programas de formação, além de oferecer uma carreira atrativa, são essenciais para manter uma força de trabalho qualificada. Programas de sensibilização e parcerias com instituições de ensino podem ajudar a reforçar a imagem das carreiras militares como uma opção viável e desejável.

Se assim não for, de nada nos servirão os milhares de milhões de euros em equipamentos, porque os aviões não se pilotam sozinhos (ainda), porque as fragatas precisam de ser manobradas para navegar, porque o exército não existe sem homens e mulheres a envergar a farda nacional, prontos para defender Portugal.

https://www.dn.pt/sociedade/defesa-em-2026-as-vises-do-governo-exrcito-marinha-fora-area-psd-chega-e-ps
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Portugal / Re: Reformar e Modernizar as Forças Armadas
« Última mensagem por Charlie Jaguar em Hoje às 11:03:32 am »
Também na edição de hoje do "Diário de Notícias".

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Sociedade
Defesa em 2026: as visões do Governo, Exército, Marinha, Força Aérea, PSD, Chega e PS

Em discurso direto, Nuno Melo, Mendes Ferrão, Nobre de Sousa, Cartaxo Alves, Pedro Pessanha, Hélder Sousa Silva e Luís Dias.

Valentina Marcelino
Publicado a: 29 Dez 2025, 10:19

Entramos em 2026 com uma lufada de otimismo para as Forças Armadas nacionais. O maior investimento de uma só vez - 5,8 mil milhões de euros - em equipamentos estruturantes para o sistema de forças, tecnicamente escolhidos pelo Exército, Marinha e Força Aérea, vão reforçar a Defesa Nacional, através do programa SAFE, um financiamento especial europeu. Com envolvimento da indústria nacional e o efetivo finalmente a começar á inverter o ciclo de queda, o Governo e os Chefes dos Ramos têm motivo de confiança. Mas para cada oportunidade há também responsabilidade e dever de transparência nas decisões. Porque a confiança dos cidadãos assim o exige.


Nuno Melo, ministro da Defesa Nacional

Construindo as Forças Armadas do futuro

O início do ano 2026 confirmará as pessoas, os homens e mulheres ao serviço das Forças Armadas, como a prioridade do mandato do Ministério da Defesa Nacional. Em Janeiro acontecerá um novo aumento do Suplemento da Condição Militar, reforçando-se o quadro retributivo de Oficiais, Sargentos e Praças e entrará em vigor uma nova comparticipação na compra de medicamentos pelos Antigos Combatentes, que assim os terão totalmente gratuitos.

Em 2026 serão também subscritos os contratos que permitirão o maior programa de investimento conjugado em democracia nas Forças Armadas, abrangendo todos os domínios, Espaço, Terra, Mar e Ar. Por via deles, 5.8 mil milhões de Euros do Safe serão mobilizados para a aquisição de fragatas, veículos blindados e outros, satélites, meios de defesa antiaérea, reservas de munições, radares e drones, fundamentais para o cumprimento cabal de Missões militares e de apoio à população civil, dentro e fora de fronteiras.

A escolha dos equipamentos coube a um Grupo de Trabalho constituído por representantes do Estado-Maior-General das Forças Armadas, Marinha, Exército, Força Aérea, Secretaria-geral do Ministério da Defesa Nacional, Direção-geral de Política de Defesa Nacional, Direção-geral de Armamento e Património da Defesa Nacional e da idD Portugal Defence. Por seu lado, as opções tiveram coerentemente em consideração o Sistema de Forças, os compromissos NATO, o documento “Visão estratégica Militar para as Forças Armadas Portuguesas 2022 / 2024” aprovado em Conselho de Chefes, o ciclo de vida, especificidades logísticas e tecnológicas e prazos de entrega.

Relevando o actual contexto geopolitico e a necessidade de reforço do Pilar Europeu de Defesa da NATO, os projectos selecionados, assentarão em relações Estado a Estado, como imposto no referido instrumento financeiro, fixando parcerias com Itália, França, Finlândia, Alemanha, Espanha e Bélgica. Em 2026, outros contratos serão celebrados para que a Economia Nacional beneficie como poucas vezes no passado, do esforço de modernização das Forças Armadas. Em causa não estará apenas a compra de equipamentos, mas sim de ciclos de vida, com empresas portuguesas a serem envolvidas na respectiva produção e/ou manutenção.

O Arsenal do Alfeite terá o maior investimento dos últimos 50 anos, em acções de dragagem, equipamentos, infraestruturas e formação de pessoal, devolvendo-se-lhe a capacidade de prestar serviços à Marinha e de operar no mercado, com capacidades do século XXI. Em Portugal será criada uma empresa que produzirá veículos blindados de última geração, nascerá uma fábrica que devolverá ao país a capacidade de produzir munições e outra que terá o espaço como destino, produzindo satélites.

Também em 2026, espera-se, ficará definida a possibilidade de instalação de uma unidade industrial em Beja, que produzirá aviões militares “de A a Z”, não apenas reforçando o cluster aeronáutico, mas assegurando a par, um forte e positivo impacto social no interior do país. Centenas de postos de trabalho serão criados, com salários acima da média e contributo relevante para o PIB. Em 2026 continuaremos ainda a recuperar edifícios devolutos que serão reconvertidos em habitações de baixo custo para a família Militar, a investir no Hospital das Forças Armadas e a recuperar património histórico.

Simultaneamente, aumentarão as Missões ao serviço da NATO, ONU, UE e Frontex, para que os jovens militares portugueses corram mundo e partilhem experiências, enquanto defendem os valores da democracia e da liberdade em 4 continentes. Numa desejada relação de cauda e efeito, espera-se que 2026 confirme finalmente a inversão da queda dos números de recrutamento e de retenção dos militares nos 3 Ramos das Forças Armadas, começada em 2024 e 2025. Trabalhamos, para que as Forças Armadas portuguesas estejam à altura dos desafios do presente e do futuro, valorizando a Condição Militar e construindo o futuro.


General Eduardo Mendes Ferrão, Chefe do Estado-Maior do Exército

Antecipar 2026 para a Defesa de Portugal

O Exército entra em 2026 com uma certeza: a prontidão não se proclama, demonstra-se! No atual contexto estratégico, a prioridade é reorganizar e modernizar para atingir uma capacidade real, sustentada e fiável, de acordo com os compromissos assumidos por Portugal no âmbito da OTAN e das necessidades decorrentes do novo Sistema de Forças Nacional.

Este caminho integra-se na visão e no conceito da Força Terrestre 2045, uma força tecnológica, moderna e flexível, com mais mobilidade, poder de fogo e capacidade de comando. A dimensão humana será decisiva. Recrutar, qualificar e manter militares motivados, com uma liderança firme, próxima e responsável, capaz de alinhar a exigência operacional com elevados níveis de coesão, de disciplina e de bem-estar.

Treinar com realismo, certificar forças e garantir padrões de segurança e interoperabilidade, são condições para a nossa afirmação junto dos nossos aliados como um parceiro credível. O próximo ano exigirá rigor e accountability, com a chegada dos novos sistemas não tripulados, viaturas táticas médias e o primeiro helicóptero Blackhawk. Haverá continuidade nas iniciativas no âmbito da Inovação onde o ARTEx26 (campanha europeia de Experimentação Operacional), vai assumir uma relevância acrescida com a ligação ao ecossistema europeu de inovação (HEDI), acelerando o ciclo “testar–treinar–certificar” e aproximando a inovação ao emprego operacional.

Este esforço vai requerer investimento, sendo fundamental a revisão da Lei de Programação Militar, a expansão do orçamento do Exército e o cumprimento das metas de 2% e 3,5% do PIB. Requalificar infraestruturas é imperativo, tal como a expectativa de revisão do EMFAR e das propostas para melhoria dos suplementos, reforçando condições e atratividade da carreira. Em 2026 o Exército reafirma a sua vocação e o compromisso: pronto para servir Portugal, preparado para combater. Antecipar 2026 é garantir que a defesa começa hoje.


Almirante Jorge Nobre de Sousa, Chefe do Estado-Maior da Armada

Consolidar projetos estruturantes da Marinha Portuguesa

A Marinha vive um ciclo de transformação, com exigências operacionais crescentes, num contexto internacional volátil e de grandes desafios. Neste quadro, o ano de 2026 será muito relevante, pela consolidação de projetos estruturantes e pela necessidade de responder eficazmente às missões. Em termos de reequipamento, materializa-se, em 2026, o Instrumento SAFE, com a adesão aos programas europeus visando a edificação de capacidades militares prioritárias: fragatas de nova geração, viaturas blindadas ligeiras para os Fuzileiros e sistemas aéreos não tripulados. A Marinha encontra-se focada na concretização desta oportunidade, com enorme potencial transformacional.

O ano de 2026 assinalará, também, a chegada da plataforma multipropósito D. João II, que funcionará como navio-mãe de sistemas não tripulados, laboratório de experimentação operacional e elo entre a Marinha, a indústria e a academia, apoiando o desenvolvimento tecnológico nacional e a realização de missões científicas, de segurança marítima e de cooperação internacional. E, se para cumprimos a missão o reequipamento é importante, não o é menos a necessidade de dispormos de militares motivados e qualificados. O recrutamento mantém-se relevante, mas a retenção assume um carácter ainda mais urgente. Para isto, torna-se indispensável continuar a valorizar a carreira militar, diminuindo desigualdades ao nível da pensão de reforma entre as diversas gerações de militares, reconhecendo o pessoal que presta serviço embarcado e melhorando o apoio social à família naval.

No plano operacional, a par das missões permanentes, no âmbito da segurança e autoridade do Estado no mar e das ciências do mar, em 2026 teremos mais de 850 militares em missões da NATO, da UE e bi- ou multi-laterais, incluindo unidades navais, fuzileiros e mergulhadores, dessa forma contribuindo para a estabilidade, a segurança e a paz internacionais. A Marinha continuará, pois, presente, a cumprir as suas missões, onde e quando for necessário, ao serviço de Portugal e dos Portugueses.


General João Cartaxo Alves, Chefe do Estado-Maior da Força Aérea

A Força Aérea em transformação e desafios para 2026

O ano de 2025 deu-nos a confiança necessária para projetar 2026 como um verdadeiro ano de transformação para a Força Aérea. Se por um lado confiamos que as nossas pessoas continuarão a crescer em número como também em competências, acreditamos, igualmente, que estamos perante uma Força Aérea, mais moderna, dotada de novos meios e, sobretudo, de maiores capacidades.

Nos últimos anos, cimentámos alicerces sólidos que nos permitirão, em 2026, conquistar de forma eletiva e efetiva o quinto domínio operacional – o Espaço – com o lançamento dos primeiros satélites. Um novo desafio que a Força Aérea assume com determinação, competência e visão, integrando o Ar e o Espaço na missão e contribuindo, simultaneamente, para que o País permaneça na vanguarda da inovação e da tecnologia, lado a lado com as nações mais avançadas.

Ao operar nos cinco domínios – terra, ar, mar, ciberespaço e espaço – teremos condições ainda mais consolidadas para cumprir, com maior rigor e precisão, missões essenciais como a defesa aérea, a busca e salvamento, o apoio ao combate aos incêndios, a antecipação de fenómenos naturais, entre muitas outras. A transformação em curso para uma Força Aérea de 5.º geração vai, contudo, ainda mais longe. Perspetivamos para 2026 um novo sistema de defesa aérea mais moderno, mais robusto e com novas capacidades, garantindo o reforço de novas missões ao serviço da população, acrescentando mais segurança e maior capacidade de resposta. Com a certeza de que estamos preparados e confiantes nas nossas capacidades, para 2026 prometemos uma Força Aérea a voar mais alto, mais longe e mais rápido do que nunca.

https://www.dn.pt/sociedade/defesa-em-2026-as-vises-do-governo-exrcito-marinha-fora-area-psd-chega-e-ps
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Portugal / Re: Reformar e Modernizar as Forças Armadas
« Última mensagem por Charlie Jaguar em Hoje às 11:00:44 am »
Na edição de hoje do DN.

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Economia
Chuva de milhões na defesa faz soar alarmes contra a corrupção

Portugal terá 5,8 mil milhões até 2035 para se reequipar militarmente, mas tem “risco elevado” de corrupção no setor. Autoridades estão alerta e Oposição critica falta de transparência nas decisões.

Carla Aguiar
Publicado a: 29 Dez 2025, 08:20

A viragem do ano vai marcar a entrada numa nova era para a defesa nacional e europeia, à medida que a ameaça militar russa se intensifica e que a aliança com os Estados Unidos se degrada. Um volume gigantesco e inédito de dinheiro para investir em defesa e segurança vai entrar em Portugal já a partir de 2026, num total de 5,8 mil milhões de euros. Mas a chuva de milhões sem precedentes está já a fazer soar alertas sobre a necessidade de reforçar os mecanismos de transparência e prevenção da corrupção, tanto na UE como em Portugal, num setor que tem um nível de risco particularmente elevado, devido aos montantes em causa e ao sigilo militar. E, agora mais do que nunca, porque face à invocada ‘urgência’ de capacitação militar europeia, as contratações ao abrigo deste instrumento financeiro ficam isentas dos procedimentos habituais, como o concurso público internacional.

“Obviamente que traz preocupações sobre o risco de corrupção a entrada de um volume financeiro desta envergadura, que só tem algum paralelo com o PRR”, disse o presidente do Mecanismo Nacional Anticorrupção (MENAC), José Mouraz Lopes, em declarações ao DN. Por isso, garante que, embora o plano de atividades de 2026 daquele organismo ainda não esteja publicado, “o setor da defesa será seguramente uma prioridade”. Até porque, no passado, aquisições militares neste setor foram alvo de ilegalidades várias, com um processo ainda em julgamento, lembrou aquele juís conselheiro.

Portugal é classificado como tendo um risco elevado de corrupção neste setor no último Government Defense Integrity Index, de 2024, relativo a 2020, lembrou Tiago Rosa Gaspar, diretor executivo da Transparência Internacional Portugal, em declarações ao DN. “Nas questões relativas à contratação de pessoal o risco é moderado, mas alto no plano financeiro”, explicou aquele responsável. A propósito, Tiago Rosa Gaspar saúda a legislação sobre lobying, porque permite, justamente, maior transparência. Mas o que pode o Menac fazer concretamente para precaver esse risco? “Pode fazer ações de fiscalização e começar por pedir às entidades que apresentem os seus planos de prevenção de risco de corrupção e solicitar que identifiquem alguns detalhes das aquisições”, explicou Mouraz Lopes.

Essa é, de resto, uma preocupação transversal a outros países europeus. Nas últimas semanas ocorreram reuniões entre organismos congéneres ao Menac de Itália, França e Grécia, em que se ponderou a criação de uma entidade de controle destas agências. “Vamos avançar com ações conjuntas e concertadas a nível europeu”, revelou.

Sobre a ideia de se criar uma subcomissão parlamentar de acompanhamento a este programa, dentro da Comissão de Defesa, o presidente do Menac mostrou-se favorável. “Acho que todas as medidas que reforcem o controle e transparência são importantes, e essa teria a legitimidade da Assembleia da República”, considerou. Mas o pedido apresentado nesse sentido pelo PS foi, no entanto, chumbado pelo PSD e CDS, com abstenção do Chega.

Do lado do Governo, quando o ministro da Defesa, Nuno Melo, anunciou este mês que o SAFE vai permitir um investimento “histórico” nas Forças Armadas portuguesas, “o maior de uma só vez”, também revelou que será criada uma estrutura para fiscalizar a execução dos contratos, a ser aprovada em Conselho de Ministros, dotada de poder e autonomia. Porque, disse, "transparência e escrutínio são essenciais neste plano".

Mas ainda a candidatura nacional não foi validada por Bruxelas – aguarda-se para janeiro _ e já há queixas da Oposição de falta de transparência por parte do gabinete do ministro. Em causa está a constituição do grupo de trabalho que terá já selecionado e escolhido alguns dos equipamentos a adquirir. “O processo de candidatura ao fundo é opaco, não se conhecem os especialistas que fazem parte do grupo de trabalho que orientou a decisão”, disse Luís Dias, o deputado socialista da comissão parlamentar de Defesa, em declarações ao DN.

Em causa estão vários equipamentos, sendo que a maior fatia deverá privilegiar a Marinha, com novas fragatas. Segundo o ministro, para o exército está prevista a aquisição de veículos médios e ligeiros de combate e para a Força Aérea vão ser adquiridos satélites e drones. Reiterando que o critério de escolha foi racional, Nuno Melo divulgou apenas a origem das empresas que foram escolhidas para fornecerem Portugal: Itália, França, Finlândia, Alemanha, Espanha e Bélgica.

O ministro sublinhou ainda que para as opções tomadas foram consideradas contrapartidas que tivessem em conta o "retorno para a economia e o envolvimento da indústria nacional". E deu como exemplo, no caso da Marinha, um investimento em equipamentos, infraestruturas e formação de pessoal para o Arsenal do Alfeite para assegurar a manutenção durante o ciclo de vida das novas fragatas. A isto soma-se a criação de uma fábrica de munições; de uma unidade industrial para produção e manutenção de veículos blindados; e de uma unidade de produção de satélites.

Mas as explicações não satisfazem o PS, tendo em conta que, no caso português, o SAFE é um empréstimo a 15 anos, que vai penhorar o erário público por um período que deverá abranger mais do que um governo . O deputado Luís Dias critica ainda alguns défices de informação:” tinhamos o plano de cumprir um investimento em defesa de 2% do PIB este ano e não sabemos se ele foi aplicado ou não, assim como também não conhecemos o plano para investir 5% do PIB em defesa até 2035”.

https://www.dn.pt/economia/chuva-de-milhes-na-defesa-faz-soar-alarmes-contra-a-corrupo
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Área Livre-Outras Temáticas de Defesa / Re: Cartoons
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