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Força Aérea Portuguesa / Re: Substituiçao dos F-16's
« Última mensagem por aasg em Novembro 05, 2025, 08:59:19 pm »Boa tarde a todos. Fiz um pequeno exercíco no Grok (foi a melhor resposta que obtive) sobre os custos de aquisição e operação, comparando gripen e f-35. Não é de todo uma apologia do Gripen, mas apenas uma análise custo benefício e consideração de diferentes cenários.
A pergunta foi a seguinte:
Considering the amount of money Portugal will likely spent on 27 F-35, how many saab gripen e could Portugal purchase and what would be the operating costs of both fleets considering a median flight training time of 120 to 140 hours per year per pilot, with a ratio of 1,4 pilots per aircraft? Is that gripen e fleet capable of face the Russian, Belarussian and Algerian air forces?
A mesma pergunta ao Claude com pensamento prolongado. Limitada a 15000 caracteres.
Link para a resposta completa bem mais extensa e com links bibliográficos. (https://claude.ai/public/artifacts/07b8e57b-407b-48d7-88eb-c9fe4d5a814e)
Análise Comparativa: F-35A vs Gripen E para a Força Aérea Portuguesa
Contexto da Aquisição
Portugal enfrenta uma decisão de €5,5 mil milhões que definirá a sua defesa aérea nos próximos 30 anos. A Força Aérea anunciou em novembro de 2023 planos para adquirir 27 aeronaves F-35A Lightning II no âmbito da iniciativa "Força Aérea 5.3" para substituir 28 F-16AM/BM envelhecidos. Contudo, em novembro de 2025, nenhum pedido formal foi submetido e o programa enfrenta ventos políticos contrários.
O Ministro da Defesa Nuno Melo declarou em março de 2025 que a aquisição do F-35 era "improvável" devido a preocupações sobre a fiabilidade política dos EUA sob a administração Trump. Apesar disso, o Chefe do Estado-Maior da Força Aérea, General João Cartaxo Alves, reafirmou em abril de 2025 que o F-35A permanece "a única opção" de 5.ª geração, enfatizando o alinhamento necessário com aliados NATO.
Portugal tem avaliado alternativas europeias: Saab Gripen E/F (negociações confirmadas em abril 2025), Dassault Rafale e Eurofighter Typhoon.
Custos de Aquisição: Diferença Substancial
F-35A (27 aeronaves):
Custo total: €5,5 mil milhões ($5,9-6,0 mil milhões)
Custo unitário completo: €204 milhões (~$222 milhões) por aeronave
Inclui: aeronave, treino, equipamento de apoio, infraestrutura e peças iniciais
Estrutura de pagamento: distribuída ao longo de 20 anos
Primeira entrega: 7 anos após assinatura de contrato
Gripen E (27 aeronaves):
Aquisição básica: $2,3 mil milhões ($85M × 27)
Programa padrão: $3,78 mil milhões ($140M × 27)
Pacote completo: $5,94 mil milhões ($220M × 27)
Estimativa realista: $3,5-4,5 mil milhões
Poupança: $1,5-2,5 mil milhões comparado com F-35
Para o mesmo orçamento de €5,5 mil milhões, Portugal poderia adquirir 43 aeronaves Gripen E (59% mais caças) usando o custo de programa padrão, possibilitando uma frota significativamente maior com melhores taxas de disponibilidade.
O Abismo nos Custos Operacionais
A diferença nos custos operacionais é ainda mais dramática que a aquisição:
Custo por hora de voo:
F-35A: $34.000/hora (dados do Congressional Budget Office 2024)
Gripen E: $8.000/hora (dados operacionais da Força Aérea Sueca)
Rácio: F-35A custa 4,25 vezes mais
Custos operacionais anuais (27 aeronaves, 130 horas/ano por piloto):
F-35A: $119,34 milhões anualmente
Gripen E: $28,08 milhões anualmente
Poupança anual com Gripen E: $91,26 milhões (redução de 77%)
Ao longo de 20 anos:
F-35A: $2,39 mil milhões em operações de voo
Gripen E: $562 milhões em operações de voo
Poupança total: $1,83 mil milhões
Custos de manutenção anuais:
F-35A: $6,6 milhões por aeronave (combustível, manutenção, pessoal, depósito)
Gripen E: Estimados $2-3 milhões por aeronave
Os revestimentos stealth complexos do F-35, requisitos proprietários de manutenção e dependência de contratantes impulsionam custos significativamente mais elevados
Taxas de Disponibilidade: Vantagem Decisiva do Gripen
Crise de disponibilidade do F-35A:
51-55% taxa de disponibilidade para missões (dados 2023-2024)
Descida face ao pico de 71,4% em 2020
Apenas ~30% totalmente operacional (pode executar TODAS as missões atribuídas)
Falhou objetivos de prontidão por 6 anos consecutivos
Problemas principais: escassez de peças sobressalentes, dependência de contratantes, formação inadequada de técnicos
Excelência operacional do Gripen E:
90-95% disponibilidade em operações da Força Aérea Sueca
Concebido especificamente para alta disponibilidade e operações dispersas
Tempo de preparação de 10 minutos para reabastecimento/rearmamento ar-ar
10 horas-homem de manutenção por hora de voo vs 20+ horas estimadas do F-35A
Pode operar a partir de pistas rodoviárias de 500 metros com apoio mínimo no solo
Para uma frota de 27 aeronaves:
F-35A: 14-15 aeronaves tipicamente disponíveis para missões
Gripen E: 24-26 aeronaves tipicamente disponíveis para missões
Isto significa que Portugal precisaria de quase o dobro de F-35As para manter o mesmo número de aeronaves operacionais que uma frota Gripen E—um multiplicador de custos oculto que mina fundamentalmente a proposta de valor do F-35 para forças aéreas mais pequenas.
Eficácia Contra Ameaças Regionais
Contra a Força Aérea Bielorrussa (~32 caças: MiG-29BM e Su-30SM): Gripen E seria dominante. Classificação de eficácia: 10/10.
Contra a Força Aérea Argelina (63-70 Su-30MKA, 39 variantes MiG-29, 24 Su-35S encomendados): Gripen E mantém fortes vantagens qualitativas. O Su-30MKA, apesar de formidável, sofre com uma enorme secção radar de 20m² e transporta mísseis R-77 inferiores com alcance de ~80-120km. O radar AESA ES-05 Raven do Gripen E proporciona resistência superior a interferências e capacidade multi-alvo, enquanto a suite integrada de guerra eletrónica Arexis derrota sistemas russos mais antigos. Classificação: 9/10.
Contra a Força Aérea Russa (900+ caças incluindo 110+ Su-35S, 120+ Su-30SM, 250+ MiG-29/35): Em operações defensivas integradas na NATO, o Gripen E seria excelente com classificação 8-9/10. A combinação de sensores avançados, ligação em rede com AWACS NATO e defesa aérea terrestre, e armamento superior cria uma barreira formidável. Contudo, em operações ofensivas isoladas, a superioridade numérica russa e ameaças de longo alcance (mísseis R-37M, interceptores MiG-31BM, defesa aérea S-400) representariam desafios sérios. Eficácia global: 8/10 em cenários defensivos NATO realistas.
O Míssil Meteor: Vantagem Decisiva
O diferenciador de capacidade mais importante é o míssil ar-ar MBDA Meteor alimentado por estatorreactor, que o Gripen E pode transportar até 7 unidades simultaneamente. O alcance do Meteor >200km e velocidade sustentada de Mach 4 ao longo do voo criam uma zona sem escapatória 3-6 vezes maior que mísseis alimentados por foguete como o R-77-1 russo.
Ao contrário de mísseis convencionais que queimam o motor de foguete nos primeiros segundos e depois planam sem energia até ao alvo (perdendo energia), o estatorreactor do Meteor fornece propulsão durante todo o combate. Isto significa que um caça russo tentando evadir a longo alcance enfrenta um míssil que ainda está a acelerar e manobrar com energia total—alterando fundamentalmente a dinâmica do combate BVR.
O F-35A atualmente não pode empregar o Meteor—a integração está atrasada até 2027. O F-35 depende do AIM-120D AMRAAM (alcance 180km, alimentado por foguete), que é altamente capaz mas carece da vantagem de energia sustentada do Meteor. Isto cria uma janela onde o Gripen E tem letalidade BVR superior mesmo comparado com o mais caro F-35A.
Fusão de Sensores e Trabalho em Rede
A arquitetura de fusão multi-sensor do Gripen E integra o seu radar AESA ES-05 Raven, sistema de busca e rastreio por infravermelhos Skyward-G (IRST), suite abrangente de guerra eletrónica e múltiplos datalinks numa imagem tática unificada.
Capacidades de guerra centrada em rede:
Link 16 datalink táctico padrão NATO
Comunicações por satélite para conectividade de longo alcance
"Trabalho em rede silencioso" onde uma aeronave transmite radar enquanto outras permanecem passivas, partilhando dados
Coordenação em tempo real de lançamentos de mísseis multi-aeronave
Integração com AWACS NATO, controlo terrestre e F-35s
Em operações conjuntas, o Gripen E complementa excepcionalmente o F-35: Exercícios recentes entre F-35s dinamarqueses e Gripen Es suecos (março 2025) demonstraram como os sensores stealth do F-35 podem detetar e localizar alvos, passar informação de targeting ao Gripen via datalink, e então o Gripen lança mísseis Meteor sem revelar a posição do F-35. Esta combinação proporciona deteção stealth + poder de fogo em massa + presença custo-eficaz.
Custos de Ciclo de Vida: A Realidade Crua
Análise de custo total de propriedade ao longo de 30 anos:
Ciclo de vida F-35A (por aeronave):
Aquisição: ~$208 milhões
Operações 30 anos: ~$150-200 milhões
Total: ~$400+ milhões por aeronave ao longo de 30 anos
Ciclo de vida Gripen E (por aeronave):
Aquisição: ~$140-220 milhões
Operações 30 anos: ~$70-90 milhões
Estimativa Ministério da Defesa Sueco: $139 milhões por aeronave ao longo de 30 anos (sistema completo)
Total: ~$230-310 milhões por aeronave ao longo de 30 anos
Para a frota de 27 aeronaves de Portugal ao longo de 30 anos:
Custo total F-35A: ~$10,8 mil milhões
Custo total Gripen E: ~$6,2-8,4 mil milhões
Poupança de ciclo de vida: $2,4-4,6 mil milhões com Gripen E
Quando o Stealth é Decisivo
A diferença fundamental entre estas plataformas é stealth. A secção radar muito baixa do F-35 (estimada 0,001-0,005 m²) permite-lhe penetrar espaço aéreo contestado onde o design convencional do Gripen E não pode ir sozinho.
Quando stealth F-35 proporciona vantagem decisiva:
Ataques de penetração profunda contra adversários pares com defesa aérea integrada
Missões de supressão de defesas aéreas inimigas no primeiro dia de guerra
Ambientes de alta ameaça com cobertura S-400, S-500 sobreposta
Reconhecimento em áreas negadas
Quando Gripen E proporciona capacidade suficiente:
Policiamento aéreo e missões de soberania em tempo de paz
Operações contra-aéreas defensivas integradas NATO
Conflitos regionais contra adversários sem defesa aérea avançada integrada
Operações sustentadas de alta taxa de sortidas
Missões onde presença numérica e disponibilidade importam mais que penetração stealth
Para o ambiente de ameaça realista de Portugal e compromissos NATO, a questão torna-se: Com que frequência Portugal precisará de conduzir ataques independentes de penetração profunda em espaço aéreo fortemente defendido? As missões primárias de Portugal são provavelmente:
Rotações de Policiamento Aéreo Báltico (compromisso NATO)
Soberania aérea da Península Ibérica
Contribuições para defesa coletiva NATO
Apoio a operações aliadas em quadros de coligação
Nestes cenários, a custo-eficácia do Gripen E permite uma força maior, mais disponível e mais sustentável que pode gerar taxas de sortida mais altas, manter melhor proficiência de treino com mais horas de voo, e integrar perfeitamente com sistemas NATO—tudo enquanto transporta o míssil Meteor superior que muitos F-35s não empregarão até 2027.
Conclusão
Portugal enfrenta uma escolha estratégica entre supremacia tecnológica e sustentabilidade operacional. O F-35A oferece stealth e fusão de sensores de 5.ª geração incomparáveis mas a um custo: $6 mil milhões de aquisição, $34.000 por hora de voo, 51-55% disponibilidade, e $1,83 mil milhões de custos operacionais adicionais ao longo de 20 anos. O Gripen E oferece desempenho 4.5-geração altamente capaz com mísseis Meteor superiores, excelente fusão de sensores e trabalho em rede abrangente a $3,5-4,5 mil milhões de aquisição, $8.000 por hora de voo, 90-95% disponibilidade, e custos sustentáveis a longo prazo.
O Gripen E proporciona dissuasão credível contra todas as ameaças realistas que Portugal enfrenta—forças aéreas russas, bielorussas e argelinas—com classificações de eficácia de 8-10/10 em cenários defensivos. Quando integrado com sistemas NATO, o Gripen E torna-se um multiplicador de força que pode complementar F-35s mantendo custos operacionais 77% mais baixos e disponibilidade 40 pontos percentuais superior.
A questão não é se o F-35 é superior em termos absolutos—claramente é para certas missões de alto nível. A questão é se os requisitos de defesa de Portugal, integração NATO, restrições orçamentais e ritmo operacional tornam o prémio de custo operacional 4x e penalização de disponibilidade de 40 pontos valer a capacidade de penetração stealth que raramente precisará de empregar independentemente. Os dados sugerem que para a maioria dos aliados NATO na posição de Portugal, o Gripen E oferece valor superior: mais aeronaves disponíveis mais frequentemente, com melhores armas para cenários realistas, a uma fração do custo de ciclo de vida.
Obrigado pela análise. Tornou a questão mais elucidativa. Considerando todos os gastos operacionais que as renovações de meios das FA trará, e considerando os grandes problemas no Exército e sobretudo na Marinha, não sei se uma abordagem mais realista e balanceada dos meios disponíveis se impõem. De nada servem aeronaves de combate se não temos armamento para o seu emprego ou capacidade de os manter operacionais e as tripulações proficientes. Em todo o caso, entre o Gripen e modernizar o F-16 e instalar o sistema Arexis em pod ou como sistema integrado de EW, prefereria este último. Sempre sai mais barato e o dinheiro restante ser usado para entrar em programa de 6º geração com I&D e produção também nossa. Ou iniciar um programa com o Brazil para desenvolver um substituto do C-295 e tentar replicar o sucesso do C-390. Ideias...

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