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Outras Temáticas de Defesa => Área Livre-Outras Temáticas de Defesa => Tópico iniciado por: Luso em Agosto 11, 2004, 11:09:26 pm
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Solicito a amável colaboração aos meus caros companheiros de fórum, no sentido de aqui colocarem fotografias sobre a seguinte temática:
Uso de Sniders; Kropatschek 1886; Mannlicher 1896; Vergueiro 1904; Enfield Pattern 14 e Armalite AR10.
Fotografias de Moçambique (Pauíla e Balama) dos anos de 1970 a 1975.
Um exemplo...
(https://www.forumdefesa.com/forum/proxy.php?request=http%3A%2F%2Fimg.photobucket.com%2Falbums%2Fv249%2FLuso308%2F13Janeiro72.jpg&hash=b5ef7113100aafe645974e3ef9e4cf44)
Já agora, o meu pai é o da boina...
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Very interesting Luso!
I can't wait to see more pictures.
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(https://www.forumdefesa.com/forum/proxy.php?request=http%3A%2F%2Fimg.photobucket.com%2Falbums%2Fv249%2FLuso308%2F6Maro72.jpg&hash=afdb36af2a31bac52485e0469b5c7204)
(https://www.forumdefesa.com/forum/proxy.php?request=http%3A%2F%2Fimg.photobucket.com%2Falbums%2Fv249%2FLuso308%2F12.jpg&hash=9b262083610cd1a4918a12fd289b7cd1)
(https://www.forumdefesa.com/forum/proxy.php?request=http%3A%2F%2Fimg.photobucket.com%2Falbums%2Fv249%2FLuso308%2F23.jpg&hash=fcd5938cf394c7c92d2e44454df5bd0f)
(https://www.forumdefesa.com/forum/proxy.php?request=http%3A%2F%2Fimg.photobucket.com%2Falbums%2Fv249%2FLuso308%2F70.jpg&hash=fc2078c5af4fd33dec860f406edfa39a)
(Mina)
(https://www.forumdefesa.com/forum/proxy.php?request=http%3A%2F%2Fimg.photobucket.com%2Falbums%2Fv249%2FLuso308%2F71.jpg&hash=09da5328c1e9b7040a59a7f0ee980332)
(Procurando minas)
(https://www.forumdefesa.com/forum/proxy.php?request=http%3A%2F%2Fimg.photobucket.com%2Falbums%2Fv249%2FLuso308%2F79.jpg&hash=420b0e34ec4cfce5af3f338b315fb3ef)
(Quando o Luso nasceu... 8) )
(https://www.forumdefesa.com/forum/proxy.php?request=http%3A%2F%2Fimg.photobucket.com%2Falbums%2Fv249%2FLuso308%2F103.jpg&hash=31ff9a9acd8b54950a6c909ec4e25572)
(https://www.forumdefesa.com/forum/proxy.php?request=http%3A%2F%2Fimg.photobucket.com%2Falbums%2Fv249%2FLuso308%2F145.jpg&hash=76cb1a969aa3b8a33ce38f755f6d923d)
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Caro Luso
Aqui vão algumas fotografias da minha comissão em Moçambique. A minha companhia esteve em Moatize, na Zona Operacional de Tete (ZOT), entre 1972 e 1974. O batalhão era o de Caldas Xavier. A área operacional da minha companhia era bastante extensa, ía desde os arredores do aeroporto de Tete, até ao cruzamento para Caldas Xavier, na picada Moatize-Zobué, que depois seguia para o Malawi e o rio Zambeze.
Mudança de picadores
(https://www.forumdefesa.com/forum/proxy.php?request=http%3A%2F%2Fimg24.exs.cx%2Fimg24%2F5599%2Fmudana-picagem.jpg&hash=83936d9573cd25913f57bc5fe70680be)
Coluna Moatize-Zobué (A coluna começava na Rodésia e acabava no Malawi)
(https://www.forumdefesa.com/forum/proxy.php?request=http%3A%2F%2Fimg67.exs.cx%2Fimg67%2F893%2Fmo_coluna1.jpg&hash=128b030584e29a589d027a6f2dcc0ac1)
Rebentamento controlado de uma mina anti-carro TM-46
(https://www.forumdefesa.com/forum/proxy.php?request=http%3A%2F%2Fimg44.exs.cx%2Fimg44%2F2333%2Fmo_rebt-mina.jpg&hash=6e617900263beb8e0faed151b39490ec)
Para finalizar uma foto de moi (A porta aberta no edifício, era a entrada para a sala do comando).
(https://www.forumdefesa.com/forum/proxy.php?request=http%3A%2F%2Fimg56.exs.cx%2Fimg56%2F9%2Fmo_moi1.jpg&hash=534e76fe92ccb2e921e0da1db0076fd7)
Se acham que vale a pena posso por mais fotografias.
Cumptos
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Alguém sabe-me explicar porque ficaram as fotografias com aquele aspecto? E com aquele tamanho?
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Fantásticas fotos Luso e JLRC, não parem de postar :wink:
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Caro JLRC:
Aceite os meus cumprimentos, assim como o meu obrigado pela contribuição que deu ao País!
No entanto peço-lhe mais um esforço: melhore a qualidade das fotografias que aqui colocou. O JLRC merece e serão mais documentos históricos disponíveis!
Obrigado!!
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Já agora, de que canhão se trata aquele montado no Alouette?
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Canhão de 20mm alemão MG151.
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Fantásticas fotos Luso e JLRC, não parem de postar :wink:
Obrigado Komet
Já estive a trabalhar nas fotografias e penso que já resolvi o problema do tamanho. Quanto à qualidade de imagem, já as melhorei mas ainda não está como deve ser. O problema foi que instalei o Windows XP e ao instalar o Scanner devo ter alterado as especificações. De qualquer maneira penso que já está melhor. Assim que tiver o problema resolvido, volto a poe mais fotografias.
Caro Luso
Obrigado pelas suas palavras. Como já acima afirmei, estou a tentar resolver o problema. Tem de ser por tentativas mas penso que estou no bom caminho.
Cumptos
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Vamos a ver se desta vez vai correr tudo bem. Antes queria explicar o que eran as colunas.
A ligação entre a Rodésia (agora Zimbawe) e o Malawi era através de Moçambique. O transito era mais ou menos livre até à minha companhia e daí, até à fronteira com o Malawi, as viaturas formavam uma coluna e eram escoltadas até à fronteira. Nós, a princípio, escoltavamo-las desde Moatize até ao cruzamento para Caldas Xavier e aí, entregavamos a coluna à companhia do Zobué. Mais tarde, foi colocada outra companhia a meio do caminho, em Capirizange (já não me lembro se é assim que se escreve) e nós passámos a ir até aí e fazermos a entrega da coluna ao Zobué em Capirizange. A coluna passou a realizar-se num dia em vez dos habituais 2. O trajecto era todo feito em picada (só para o fim a estrada começou a ser esfaltada) e tinha que ser feito todo com 4 picadores à frente à procura de minas. Só para ficarem com uma ideia, um dia encontramos 4 minas anti-carro e mais de 40 anti-pessoal.
As colunas eram formadas muitas vezes por mais de 100 viaturas comerciais e ligeiras. Para escoltarmos todos estes carros muitas vezes só dispunhamos de uma Berliet à frente, e um Unimog à retaguarda. As Berliets, como iam à frente, eram protegidas com sacos de areia para resistirem às minas. Depois começámos também a colocar água nas camaras de ar, o que minimizava os efeitos das explosões. Quando dispunhamos de 3 Berliets, colocava 1 à frente com cinco homens (era a rebenta minas), depois vinha a 2ª com o grosso das forças e a terceira vinha na retaguarda com a força de reacção e perseguição. Vou-vos mostrar agora as viaturas de uma coluna.
Berliet preparada com sacos de areia
(https://www.forumdefesa.com/forum/proxy.php?request=http%3A%2F%2Fimg65.exs.cx%2Fimg65%2F2484%2Fmo_berliet-sacos.jpg&hash=91551794d5c50e514aa7dd8480aca7e1)
Imagem parcial da viatura da frente
(https://www.forumdefesa.com/forum/proxy.php?request=http%3A%2F%2Fimg22.exs.cx%2Fimg22%2F3770%2Fmo_coluna2.jpg&hash=a077488a523cb56621e79d76b57094c6)
Rebentamento controlado de uma mina anti-carro
(https://www.forumdefesa.com/forum/proxy.php?request=http%3A%2F%2Fimg24.exs.cx%2Fimg24%2F4135%2Fmo_mina2.jpg&hash=74d595505f931754083a5d5472f1b7c3)
Unimog da retaguarda da coluna
(https://www.forumdefesa.com/forum/proxy.php?request=http%3A%2F%2Fimg24.exs.cx%2Fimg24%2F6262%2Fmo_unimog.jpg&hash=0d25e3a194fd92fdba5983f7007af041)
Espero que não tenha abusado da vossa paciência
Cumptos
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Espero que não tenha abusado da vossa paciência
Só pode estar a gozar :?
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Não consigo deixar de pensar que essas colunas me parecem tão vulneráveis... não havia um único blindado? 
Caro Komet
Quando nos foi entregue o quartel de Moatize, de material rolante foi-nos passado uma Berliet velhinha (que acabou por ser minada 2 vezes e sempre recuperada), 3 Unimogs e 4 Pinchas (Unimog 411, conhecidos em Angola por burros do mato) e 2 Jeeps. Estou a falar em viaturas em estado de andar. Chegámos a ter para a coluna só 2 Unimog. É claro que a coluna era muito vulnerável. Estendia-se por vezes por vários quilómetros. Tinha que parar frequentemente para reagrupar a coluna. Ficava particularmente fulo quando um condutor resolvia parar para urinar ou outra coisa e a coluna partia-se. Só sabia quando a viatura da retaguarda comunicava que estavam parados. O ideal seria ter 4 Berliets. 2 á frente, 1 ao meio e 1 à retaguarda. Lá para o fim da comissão recebemos outra Berliet, de 3 rodados, que passámos a colocar no fim e eu, quando me calhava comandar a coluna, pedia uma emprestada à Companhia de Transportes da ZOT e fazia a coluna com 3 Berliets. Era uma festa. Tinha de me comprometer a não arriscar a viatura e por isso colocáva-a na retaguarda e as nossas 2 à frente. Blindados era coisa que não existia, nem eram precisos. As Berliet, com os sacos de areia, forneciam protecção suficiente, eram os nossos blindados. Em caso de emboscada, nem saltávamos da viatura porque as bermas podiam estar minadas. Era uma guerra de tesos. Não sei se o Komet sabe, mas tinhamos que justificar todos os tiros que dávamos e as cápsulas de cobre sempre que possível, eram recuperadas e enviadas para Lisboa. Nós tinhamos um lança granadas que só tinha duas munições, a Dreyse não funcionava, das MG 42 só uma disparava, salvavam-se as HK 21. Eu, nas minhas colunas, enchia as Berliet com todo o material que tinhamos, disparasse ou não e fazia uma passagem pela vila para que todos vissem o material e pensassem que íamos armados até aos dentes. Era tudo só bluff, mas eles não sabiam. Curiosamente, não me lembro de terem alguma vez atacado as viaturas civís das nossas colunas. Aliás, tivemos poucas emboscadas, o IN preferia atacar a coluna quando era escoltada pela companhia do Zobué. Esses sim, tiveram graves problemas com as emboscadas, com mortos e feridos. Os nossos 2 únicos mortos (e foram demais) foram provocados por minas, 1 anti-pessoal e o condutor de 1 Bedford que passou por cima de uma mina anti-carro.
Um destes dias ponho imagens de algumas viaturas minadas.
Cumptos
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Deveras impressionantes tais factos, que desconhecia, sempre soube que estivemos em guerra sempre no limite do possível, e ás vezes do impossivel, á boa maneira portuguesa, mas era o que havia na altura...
Obrigado pelo enriquecimento que tem dado a este fórum
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Obrigado por contar as suas experiências JLRC e pelas imagens, continue a pôr mais imagens e a contar as suas experiências sempre que quiser, é um prazer "ouvi-lo".
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Caros companheiros
Ao ver a imagem, que o Luso pôs, do heli-canhão (era assim que conheciamos aquele tipo de helicóptero, não sei se era o nome da FAP), veio-me à memória um episódio acontecido em Moatize, que vou compartilhar com vocês. Primeiro deixem-me situá-los.
Moatize era uma vila com relativa importância, que ficava não muito longe da margem esquerda do rio Zambeze. Havia uma estrada asfaltada que ligava Moatize a Tete e como Tete ficava na margem direita, era necessário atravessar uma ponte suspensa (ponte 25 de Abril em miniatura) inaugurada pouco antes de nós chegarmos. Entre Moatize e Tete ficava o aeroporto de Tete, o AB 7 (não tenho a certeza), onde estavam estacionados 2 Fiat e alguns helicópteros Alouette III e Puma. Moatize tinha alguma importância por 2 motivos. 1º porque possuía os mais importantes jazigos de carvão de Moçambique, explorados por uma companhia belga, e porque em Moatize terminava a linha de caminho de ferro que vinha da Beira. Havia muitas vivendas dos funcionários superiores (e não só) da Carbonífera (era assim que a companhia era conhecida), um pequeno hospital com médico permanente (também da Carbonífera) e por via do caminho de ferro, havia o clube dos ferroviários que possuía um cinema com bar, um ringue de patinagem usado para futebol de salão e uma magnífica piscina.
Imagem da rua principal de Moatize (a fotografia está muito escura)
(https://www.forumdefesa.com/forum/proxy.php?request=http%3A%2F%2Fimg30.exs.cx%2Fimg30%2F152%2Fmo_moatize.jpg&hash=c95870294c3f7abfb10bfae563d82401)
Piscina de Moatize. O edifício ao fundo é o cinema e entre o cinema e o edifício de apoio da piscina, vêem-se uns postes com lampadas, que suportavam umas redes que estavam por detrás das balizas do campo de futebol de salão.
(https://www.forumdefesa.com/forum/proxy.php?request=http%3A%2F%2Fimg29.exs.cx%2Fimg29%2F5899%2Fmo_piscina.jpg&hash=a56bd261a25b0e13f1dda3424400d008)
Esta imagem é da equipa do meu pelotão no tal ringue que era utilizado para o futebol de salão.
(https://www.forumdefesa.com/forum/proxy.php?request=http%3A%2F%2Fimg30.exs.cx%2Fimg30%2F217%2Fmo_equipa.jpg&hash=3574efed16a30fc06c27fd26f92384a8)
Era frequente os helicópteros exibirem-se por cima da piscina, especialmente aos fins de semana, em que a piscina estava cheia. Gostavam sobretudo de subirem e depois descerem rapidamente e fazerem um voo razado sobre a piscina. As pessoas gostavam muito de ver estes acrobacias e batiam palmas o que encorajava ainda mais os pilotos.
Certa tarde, já passava das quatro (anoitecia cedo, pouco depois das seis da tarde), estava a beber uma Manica fresquinha na messe de oficiais (na altura era eu o gerente da messe), quando houvi um grande estrondo. Vim à porta e vi uma grande coluna de fumo a elevar-se perto do local da casa do 1º sargento. Um soldado disse : os turras mandaram a casa do primeiro pelos ares (ninguém gostava do 1º sargento e eu inclusivamente, tinha-o ameaçado recentemente de participação). Estávamos nesta dúvida quando alguém grita, caíu um heli no campo de futebol de salão. O campo ficava na outra extremidade da vila, a mais de 1 km de distância e quando lá chegámos vimos um heli-canhão despenhado e a arder. O atirador tinha sido projectado e puxámo-lo rapidamente para fora da zona de perigo, mas o piloto ainda estava entre os destroços. tentámos ir retirá-lo mas as munições do canhão de 20 mm, com o calor, começaram a rebentar e tornávasse quase impossível lá chegar. Começámos a rastejar com as munições a passarem por cima e com trajectórias aleanatórias, e por mais de uma vez tivemos que recuar porque as explosões não nos deixavam aproximar. Finalmente lá conseguimos aproximarmo-nos o suficiente para lhe agarrar um braço e puxámo-lo então para fora. A roupa estava toda queimada e houve um camarada que a quiz tirar mas a pele veio toda agarrada e parámos. Já era noite e os feridos foram finalmente evacuados para Tete. Mais tarde viemos a saber que o piloto não tinha resistido aos ferimentos.
Contaram-nos então, que o piloto andava a fazer acrobacias por cima da piscina e em certa altura fez uma descida acentuada, da qual não conseguiu recuperar e foi chocar com as redes por detrás da balisa, despenhando-se ao lado do campo
O heli-canhão era em tudo semelhante ao da imagem que o Luso pôs.
Era esta a estória que lhes queria contar. Estória triste, como são quase todas as estórias de guerra.
Cumptos
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Excelentes "estórias" caro JLRC.
1 grande e sentido abraço!
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Não é preciso uma batalha para haver perdas destas... isto são estórias para se ter á volta da fogueira com uma cerveja na mão JLRC,
continue a contá-las.
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Fotos interessantes. É das coisas mais complicadas, encontrar imagens sobre a guerra em África. Ainda ando á cata de imagens sobre as Berliet e as Unimog, para mais uma ficha para colocar no site, e é complicado, porque fotos digitalizadas de um livro têm sempre qualidade inferior, além de serem mais complicadas de digitalizar.
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Quanto á guerra em si, as imagens e os factos de que o JLRC nos falou, mostram em grande medida, como foi a guerra travada por Portugal em África.
Li algures que no início dos anos 70 um emigrante português nos Estados Unidos foi colocado perante uma situação: Ou cumpria o serviço militar nos Estados Unidos, e ía para o Vietname, ou então era deportado para Portugal, e provavelmente ía para África. Os americanos no entanto disseram-lhe: Se fores para Portugal, lembra-te que lá, eles atam a bala á espingarda com um cordel, para poderem aproveitar a munição outra vez.
Claro que o indiviuo escolheu o Vietname.
Ao mesmo tempo a guerra em África tem características engraçadas, porque foi uma guerra assimétrica, com uma guerra de contra-guerrilha igualmente assimétrica.
Esta crónica falta de meios - do meu ponto de vista, claro - acabou fazendo com que os estrategas soviéticos tivessem dores de cabeça, porque estavam a lutar contra um exército de um país ocidental, seguindo as tácticas de guerrilha, mas esse exército, na maíoria dos casos respondia com tácticas que não eram as esperadas.
Por outro lado, o desenrascanço, á portuguesa, expresso nesse veículo de altíssima técnologia chamado Berliet-rebenta-minas, também impediu que a guerra em África se tivesse transformado numa catástrofe.
É sempre interessante ouvir os relatos de quem passou pelas situações ao vivo.
Cumprimentos.
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"Não é preciso uma batalha para haver perdas destas... isto são estórias para se ter á volta da fogueira com uma cerveja na mão JLRC, continue a contá-las."
Não seja por isso!
(https://www.forumdefesa.com/forum/proxy.php?request=http%3A%2F%2Fimg.photobucket.com%2Falbums%2Fv249%2FLuso308%2F146.jpg&hash=e8c8e0fd9b826cf2893e2659b8f9fdef)
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LOL e o belo do camarão! Ah bom petisco.. já ia
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Mais umas poucas...
(https://www.forumdefesa.com/forum/proxy.php?request=http%3A%2F%2Fimg.photobucket.com%2Falbums%2Fv249%2FLuso308%2F47.jpg&hash=cdd7af893a501debb3eb777326ff3a79)
(https://www.forumdefesa.com/forum/proxy.php?request=http%3A%2F%2Fimg.photobucket.com%2Falbums%2Fv249%2FLuso308%2F117.jpg&hash=0abb97b774a3d98a3a5cc6cdb86ca8cb)
(https://www.forumdefesa.com/forum/proxy.php?request=http%3A%2F%2Fimg.photobucket.com%2Falbums%2Fv249%2FLuso308%2F1Outubro71.jpg&hash=a64fccfb92c0cacf0cd3bd23eddb9309)
(https://www.forumdefesa.com/forum/proxy.php?request=http%3A%2F%2Fimg.photobucket.com%2Falbums%2Fv249%2FLuso308%2F111.jpg&hash=5c0e909b5597578efbeb7b206b050aba)
Não sei o que se passou com o avião. Parece-me um Ventura...
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(https://www.forumdefesa.com/forum/proxy.php?request=http%3A%2F%2Fimg.photobucket.com%2Falbums%2Fv249%2FLuso308%2F101.jpg&hash=ca45075680500e2a9f53f8384187e7a4)
Outro acidente em Pauila (Dornier?)
Agora para o Komet...
(https://www.forumdefesa.com/forum/proxy.php?request=http%3A%2F%2Fimg.photobucket.com%2Falbums%2Fv249%2FLuso308%2F27.jpg&hash=bc62388a0b7ce305ba49712f2239e72e)
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Correcto Luso, um Dornier Do-27.
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Fotos impressionantes, a do heli-canhão (Lobo Mau) é demais...
Meu pai esteve em Angola em 64-66. Os seis primeiros meses fez os na metropola, seu batalhão (725 de caçadores) estava todo equipado com a Mauser, faziam numerosos exercicios de tiro com FN e G3, mas as manobras no terreno eram feitas com a Mauser.
Chega em Angola, a sua companhia é destinada a guarnecer Nambuongongo durante 13 meses, rende outra companhia que lhes entregam suas FNs, e levam as Mausers de volta para a Metropola.
Passado 13 meses vão para a zona de Malange para mais 13 meses de comissão, as FNs estavam em pessimo estado de tanto fogo que tinham dado, são devolvidas para ser refeitas na fabrica, e trocadas pela G3.
Pelo visto o JLRC e o pai do Luso efectuaram suas comissões nos anos 70, em meados de 60 o ambiante era outro. As munições eram a farta, quando saiam para o mato para operações que duravam 3-4 dias, cada soldado levava :
- 5 cargadores 7.62 e mais munições na mochila,
- 4 granadas de mão,
- 2 granadas de morteiro 60
- 2 granadas de bazuca
- rações, etc...
O pessoal era revistado a saida do quartel pelos oficiais e sargentos, para terem a certeza que levavam esse minimo. A tendencia dos homens era de levar o menos possivel (4 dias a pé com 30-40kg as costas...), mas podiam levar mais se quisessem.
Alem das espingardas as armas dum pelotão (25-30 homens) eram : um bazuca, um morteiro de 60 sem placa base nem bipé, e uma mauser equipada com o sistema energa que so servia para aquilo.
Não levavam MG, no seu lugar preferiam uma G3 de cano reforçado que era julgada suficiente.
Tinham algumas Bredas e MG42s, mas eram so usadas montadas nos veiculos.
Quanto ao gasto das munições "era so fazer vontade ao gatilho", seguinte a expressão de meu pai.
Vou ver se ponho algumas fotos mas não prometo nada, porque não as tenho comigo e parecem-me de pessima qualidade para passar num scanner.
Cumprimentos
Rogério
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Agora para o Komet...
(https://www.forumdefesa.com/forum/proxy.php?request=http%3A%2F%2Fimg.photobucket.com%2Falbums%2Fv249%2FLuso308%2F27.jpg&hash=bc62388a0b7ce305ba49712f2239e72e)
Oh Luso, com esta conversa toda o pessoal ainda pensa que sou um bêbado :lol: :lol:
Numa das suas fotos o soldado (seu pai?) está segurando a famosa "balalaika", q política havia em relação a usar armas capturadas?
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"Oh Luso, com esta conversa toda o pessoal ainda pensa que sou um bêbado"
Não te preocupes que eu também entorno bem! :wink:
Caramba, pelos vistos que mais "posta" sou eu!
Mas dá para ver que tenho orgulho no Sr. Carlos, não dá?
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Caros companheiros
Conforme prometido vou-lhes contar como foram os meus primeiros dias em Moçambique.
Nós fizemos a viagem Lisboa-Beira, num Boeing 707 dos TAM. Saímos de Lisboa já de noite do dia 26/11/72. Para mim e para a maioria de nós, senão a totalidade, foi a primeira vez que andámos de avião. Foi óptimo. O mesmo não posso dizer da disposição de muitos de nós, pois não íamos propriamente para uma viagem de férias. O avião contornou África pelo mar, pois a maioria dos países africanos não deixavam que sobrevoássemos o seu território (e muito menos um avião militar), passámos ao largo da Guiné, ainda vimos ao longe as luzes de Bissau e ao fim de 8 h (se a memória não me falha) aterrámos em Luanda. Ainda era noite e não saímos do aeroporto. Julgo que a paragem foi só para reabastecer o avião. A TAP fazia o mesmo trajecto, só uma vez é que, no trajecto Beira-Lisboa, aterrei em Salisbury, hoje Arare (era de noite e o aeroporto eram só barracões e as hospedeiras de terra eram umas inglesas já na casa dos 50 e muito pintadas, parecia um filme de terror, só faltou o Drakula). Retomando a viagem, partimos de Luanda, atravessámos o continente por cima da África do Sul (Bechuanalandia) e da então Rodésia do Sul e aterrámos na Beira 4 h (julgo não me enganar nas horas) depois de partirmos de Luanda.
Ficámos instalados na messe de oficiais e aproveitámos a tarde e a noite para darmos umas voltas pela cidade. Aconselharam-nos um restaurante para jantarmos, o Grego, onde comemos uns carangueijos recheados que estavam divinais. Depois demos uma volta pela Beira e passámos pelo Mira Mortos, que era um edíficio grande, o centro da prostituição da Beira e ficava sobranceiro ao cemitério, portanto dele tinha-se uma boa vista para os mortos. Foi quando regressámos à Messe, que ficava perto da praia, que recebemos a notícia que nos deixou em estado de choque. Nós deviamos partir no dia seguinte (28/11) de manhã, de comboio, para Moatize. A viagem era directa e demorava cerca de 1 dia. Mas o comboio foi minado e a linha destruída em grande parte e enquanto não arranjassem a linha não havia comboios. A notícia parecia boa, não era? Mais uns dias de férias na Beira. Puro engano. Íamos partir na mesma, mas de machibombo (camioneta de passageiros) e a viagem ía durar 3 dias, em parte por zona de guerra. Nem queríamos acreditar. No dia seguinte lá fomos para os adidos, recebemos uma G-3 novinha em folha, numa embalagem de plástico e rações de combate para 3 dias. Embarcámos então nos machibombos e partimos para a que foi, a pior viagem da minha vida.
(https://www.forumdefesa.com/forum/proxy.php?request=http%3A%2F%2Fimg54.exs.cx%2Fimg54%2F916%2Fmo_beira.jpg&hash=49c171253dee0b931d0da58fd0777914)
eu e um dos meus furriéis, o Barros, à frente dos machibombos
Se pegarem num mapa de Moçambique tentem seguir o nosso trajecto. Beira, Vila Machado, Vila Pery, Vila Gouveia, Tete e Moatize. Parte da viagem foi feita com escolta. Passei parte da 1ª noite a matar melgas, não fosse alguma delas ser a da malária!!
Nós só pensávamos no que nos aconteceria se houvesse um ataque. Sentados dois a dois, nos bancos do machibombo, como se fossemos para o Bom Jesus, ver Braga pelo canudo, só que íamos ao encontro da guerra e alguns de nós talvez não voltassem (como infelizmente veio a acontecer). Dois anos depois fizemos o mesmo percursso de regresso, só que foi mais rápido e não havia guerra. A única coisa boa da viagem foi que fiquei a conhecer parte dos Distritos da Beira e de Tete.
Este foi o nosso primeiro contacto com Moçambique, e não foi nada animador. Começámos a perceber que era uma guerra muito estranha.
O Luso disse que tem pena que o pai não fale de Angola. Penso que esta é a primeira vez que conto estas estórias, por isso não me admiro que o seu pai não as conte.
Um abraço
JLRC
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Relato impressionante... já que o desfecho não foi muito bom, pergunto-me até que ponto estaremos a ser razoáveis em expor estes acontecimentos aqui, não quero sentir que ao pedir que conte mais, esteja a por em causa o respeito pelos que já não estão entre nós, ou pensar que estou a fazer alguém sofrer em pensar sequer no assunto...
Por ter isso em consideração agradeço sinceramente ao JLRC por ter tido essa coragem, mas não o volte a fazer se achar que isso é mau para si.
Um abraço.
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Relato impressionante... já que o desfecho não foi muito bom, pergunto-me até que ponto estaremos a ser razoáveis em expor estes acontecimentos aqui, não quero sentir que ao pedir que conte mais, esteja a por em causa o respeito pelos que já não estão entre nós, ou pensar que estou a fazer alguém sofrer em pensar sequer no assunto...
Por ter isso em consideração agradeço sinceramente ao JLRC por ter tido essa coragem, mas não o volte a fazer se achar que isso é mau para si.
Um abraço.
Caro Komet
Obrigado pelas suas palavras. Sabe, para se falar é preciso que haja quem queira e saiba ouvir. Por vezes não é fácil começar mas depois as palavras saem em torrente. E acredite, para mim até faz bem contar estas coisas. É como se estivesse a exorcitar fantasmas. Estas coisas tem que ser contadas para que não se repitam.
Eu disse que alguns não voltaram porque houve dois mortos na minha companhia embora um deles fosse um condutor adido à companhia. Também houve alguns feridos e pelo menos um deles que me lembre, foi evacuado para a metrópole e já não regressou. Mas na viagem, felizmente, não houve nada. Eu tenho poucas fotografias porque nas minhas primeiras férias, comprei em Lisboa uma máquina de projectar filmes super 8 e mandei vir uma máquina topo de gama da África do Sul, que saíu baratíssima. A partir de Julho de 73 passei então a filmar. Ainda tenho os filmes só que com o passar dos anos já não estão em condições de serem vistos. Ando a ver se os passo para vídeo mas até agora ainda não o fiz. Ainda tenho que descobrir quem me faça o trabalho.
Já agora, a geito de informação, nós fazemos todos os anos um almoço de confraternização, com as famílias incluídas e é sempre uma grande festa o reencontro. Este ano foi na Figueira da Foz e para o ano é na Anadia. Em 2001 fui eu que organizei, em Fernão Ferro, na Quinta Valenciana.
Brevemente contarei mais algumas estórias.
Cumptos
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"O Luso disse que tem pena que o pai não fale de Angola"
Angola não! Moçambique!
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(https://www.forumdefesa.com/forum/proxy.php?request=http%3A%2F%2Fimg.photobucket.com%2Falbums%2Fv39%2Fpapatango%2FMap_152.jpg&hash=b7d044fb9588f8fc4de65d75b166ef13)
Pelas minhas contas, descreveu-nos este precurso.
É interessante, que muitas das pessoas que estiveram em África, principalmente em Angola e em Moçambique, referem sempre, porque é a experiência mais traumática, a primeira viagem em África.
Em muitos casos há gente que vem de Trás-os-Montes, das Beiras, e mesmo de pequenos lugares no Minho, na Extremadura ou no Alentejo, mas que práticamente nunca saiu de casa. De repente viram-se num avião, e muitos num barco, chegam a uma terra estranha, recebem uma G-3 novinha num saco de plástico e mandam-nos num machimbombo, ou numa berliet, por uma picada algures numa terra que fica literalmente no fim do mundo.
As distâncias em África, para quem está habituado a Portugal, são um choque. Muita gente não mede as distâncias em quilómetros, mas sim em horas de viagem.
Segundo o JLRC diz, foi para o Tete de autocarro/ónibus, portanto pelo menos havia algum tipo de rede de transportes minimamente organizada.
Em alguns lugares, nem havia autocarro. Em Angola, segundo me contaram, quem ía para o Huambo (Nova Lisboa) e daí para Sul, não tinha avião, e eventualmente tinha ligação de Luanda para o Huambo de autocarro (se houvesse e se fosse seguro) depois eram mais uns dois ou três dias de caminho por uma estrada que ás vezes não existía.
Sobre o mapa de Moçambique está um mapa de Portugal, que nos permite ter uma idéia da distância, tendo no entanto em consideração que as estradas no interior de Moçambique estavam muito, mas muito longe de ser auto-estradas.
Cumprimentos
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Caramba, este papatango é mesmo o maior!
Não podes mesmo ser Secretário de Estado, se sabes fazer estas coisas todas!
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Pelas minhas contas, descreveu-nos este precurso.
Exactamente Papatango, o percurso foi esse. Grande parte foi feito em estrada alcatroada, e parte era a estrada internavional que ligava a Rodésia ao Malawi. A parte dessa estrada que saía de Moatize para o Zobué e daí para Blantyre no Malawi era em terra batida e era portanto o local de eleição para as minas e emboscadas. A ligação Moatize Tete, era em estrada alcatroada, com o aeroporto de Tete pelo meio e nunca houve problemas nela. Era percorrida dia e noite por carros civis (ligeiros e de carga) e militares.
É interessante, que muitas das pessoas que estiveram em África, principalmente em Angola e em Moçambique, referem sempre, porque é a experiência mais traumática, a primeira viagem em África.
A viagem de machibombo foi traumatizante porque íamos para uma zona de guerra como se fossemos para um pic-nic. É claro que agora, a esta distância temporal, reconheço que a possibilidade de um ataque era remota, mas lá, naquela altura, essa possibilidade não estava afastada. Chegámos mesmo a sermos escoltados em parte do caminho, o que aumentou a apreensão. Quanto aos machibombos, não era nenhuma carreira regular, foram alugados de propósito para nos levar. Já agora só mais um pormenor interessante. Nós não éramos muitos, o meu pelotão no total, contando com os especialistas (graduados, transmissões, maqueiro, cozinheiro, condutores e atiradores), pouco ultrapassava os 20 (julgo que éramos 24). Retirem 1 alferes 3 furriéis, 1 transmissões, 1 cozinheiro, 1 maqueiro, 1 cabo condutor e 4 condutores e vejam quantos atiradores restavam. Nos outros pelotões passava-se o mesmo. O resto dos atiradores eram soldados do complemento da província, recrutados muitos deles à força e longe também de Tete. Não me lembro se vieram connosco da Beira ou se reuniram-se a nós em Moatize, mas foram eles que complementaram os pelotões. Além deles havia também 5 cabo-verdianos. Vieram connosco de Lisboa. Eu tinha 3 e devo reconhecer que eram umas máquinas. Sempre que havia algum problema e precisava de reunir um grupo de soldados, eles eram os primeiros que escolhia porque tinha grande confiança neles e porque eram na realidade umas máquinas.
As distâncias em África, para quem está habituado a Portugal, são um choque. Muita gente não mede as distâncias em quilómetros, mas sim em horas de viagem.
É verdade Papatango, a minha noção de distâncias mudou em África. O que cá se mede em km, lá mede-se em horas e normalmente em horas de avião. Para irmos a Cabora Bassa, alugava-se em Tete um taxi aéreo e ía-se de avião. Para se ir à Beira, apanhava-se o avião da DETA. Eu passei 10 dias em Lourenço Marques e aluguei um carocha (VW). Serviu para dar as voltas na cidade e fui nele até à Ponta do Ouro. Não sei quantos Km foram, sei que foi 1 dia, quase sempre por picadas em mau estado. Quando cá cheguei, parecia-me tudo pequenino, as terras todas em cima umas das outras. Para desespero da minha família, resolvia ir beber o café depois do jantar a Setubal (moro em Almada), que para eles era muito longe mas para mim estava ao virar da esquina. Essa noção de distância ainda hoje perdura.
Sobre o mapa de Moçambique está um mapa de Portugal, que nos permite ter uma idéia da distância, tendo no entanto em consideração que as estradas no interior de Moçambique estavam muito, mas muito longe de ser auto-estradas.
Excelente comparação pois permite ter uma melhor noção da distância. As estradas por onde passámos, mesmo as estradas alcatroadas, estavam muitas delas em mau estado, algumas eram mesmo picadas. Picadas são estradas de terra batida. Verdade seja dita, algumas estradas cá, também são autenticas picadas
!!
Cumptos
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Caros companheiros
Ao rever alguns posts antigos, revi a fotografia do pai do companheiro Luso em que ele e alguns dos seus camaradas seguravam uma minas anti-carro, salvo erro TM-46. Inspirado nela decidi contar-lhes a estória das minhas primeiras minas.
Primeiro quero contar-lhes uma coisa que se calhar desconheciam. As minas em Moçambique, pelo menos na minha zona operacional, a ZOT (Zona Operacional de Tete), eram pagas. As minas anti-pessoal valiam 500$00 escudos para quem as descobriam e 1.000$00 escudos para quem as destruíam e as anti-carro valiam 1.000$00 para quem as descobriam e 2.000$00 para quem as destruíam. O dinheiro era paga rapidamente e em escudos moçambicanos. Normalmente o dinheiro que me calhava era utilizado para pagar um jantar a todos os militares que íam na coluna. As refeições eram baratas. Por 20$00 almoçava-se bem.
Como a estrada (picada) que atravessava a zona de acção (quadrícula) da minha companhia, era uma estrada internacional que fazia a ligação da Rodésia do Sul (actual Zimbabwe) ao Malawi, era frequente a estrada estar minada e haverem emboscadas pois era intenção da guerrilha (Frelimo) cortar a estrada internacional. Na minha zona de acção foram mais as minas que as emboscadas.
Fotografias de algumas viaturas minadas :
(https://www.forumdefesa.com/forum/proxy.php?request=http%3A%2F%2Fimg21.exs.cx%2Fimg21%2F5347%2Fmoambique_berliet011.jpg&hash=225b06d3fb12d91dc0824128b43385a8)
(https://www.forumdefesa.com/forum/proxy.php?request=http%3A%2F%2Fimg21.exs.cx%2Fimg21%2F5043%2Fmoambique_berliet021.jpg&hash=ed8384a18a3305fb4011cfe390145d67)
(https://www.forumdefesa.com/forum/proxy.php?request=http%3A%2F%2Fimg21.exs.cx%2Fimg21%2F1755%2Fmoambique_berliet031.jpg&hash=851ab45136c6291ccc5d472f09170162)
(https://www.forumdefesa.com/forum/proxy.php?request=http%3A%2F%2Fimg21.exs.cx%2Fimg21%2F5109%2Fmoambique_mina041.jpg&hash=f5b3ef86cceb7acdec77c852b86eaad4)
(https://www.forumdefesa.com/forum/proxy.php?request=http%3A%2F%2Fimg108.exs.cx%2Fimg108%2F4672%2Fmoambique_mina051.jpg&hash=b03879658ae1598b4c7bbdde27f456dd)
(https://www.forumdefesa.com/forum/proxy.php?request=http%3A%2F%2Fimg108.exs.cx%2Fimg108%2F9273%2Fmoambique_chacala.jpg&hash=ab0c8fbace4c358a2adc3c80f174dd13)
Em nenhum destes acontecimentos houve mortos, mas houve alguns feridos graves.
A dotação da minha companhia em Berliets era de 3 mas quando chegámos, a companhia que íamos render tinha acabado de minar uma (1ª fotografia) e nós minámos outra pouco depois (2ª e 3ª fotografias), ficando só com uma Berliet velhinha, de um só rodado trazeiro.
Ao longo da picada, até ao cruzamento com a picada que vinha de Caldas Xavier, onde estava a CCS do Batalhão, havia 3 pontos de referência. O 1º era Chacala, onde havia umas ruínas e onde chegámos a ter um destacamento, um pelotão de canhões adido à minha companhia (última fotografia), o 2º era o km 57 onde havia as ruínas do que foi em tempos um entreposto de uma empresa de construção de estradas (ainda existiam as ruínas de algumas casas e destroços de viaturas rodeados por um muro) e o 3º era a casa da mosca, que era uma ruína de uma casa onde dantes se fazia o despiste e desinfestação da mosca Tsé-Tsé, que provocava a chamada doença do sono. Claro que com a guerra deixou de se fazer a procura da mosca.
Agora que estão bem situados vamos aos factos.
Foi uma coluna em Dezembro. Tinha chovido de noite mas quando a coluna partiu estava um lindo dia de sol e de calor, pois como devem saber, a época das chuvas coincidia com a época de calor. Era a minha segunda coluna se não estou em erro. Assim que saímos do alcatrão à saída da Vila de Moatize, coloquei 4 picadores à cabeça da coluna e assim fomos progredindo a passo de caracol. Passámos Chacala e quando íamos em direcção ao km 57, um dos picadores gritou para mim para ir ver a estrada. Saltei da Berliet e cuidadosamente aproximei-me do local onde estava o picador que me tinha chamado. Olhei para o que ele me indicava e no meio da estrada, sobressaindo da terra molhada, estava uma grande rodela de terra seca. Imediatamente vi que se tratava de uma mina anticarro. Gritei para ninguém se mexer e olhámos à volta. Rapidamente vimos à nossa volta outras 4 rodelas de terra seca, mas mais pequenas que a primeira. Eram 4 minas antipessoal. Mandei recuar as viaturas até uma distância segura e retirei os picadores. Resolvi então ficar com a minha primeira mina. Estávamos proíbidos de levantar as minas mas decidi levantar aquela. Como por vezes estavam armadilhadas, algumas até com bombas de avião, resolvi levantá-la à distância. Na berma da estrada estavam restos de fios de telefone e de electricidade arrancados dos postes e cortei um bocado com cerca de 50 m. Atei uma ponta à pega da mina (se olharem para a fotografia do pai do Luso vão ver que a mina tem uma pega) e à distância de 50 m puxei pela outra ponta. A mina saíu do buraco e então desenrosquei a rosca que se encontra ao centro e retirei a espoleta e o detonador. Guardei a mina na Berliet e fui rebentar as minas antipessoal com 100 g de trotil cada uma. Quando regressei à companhia foi uma festa pois foram as primeiras minas que detectei e por ter corrido tudo bem. Dei graças por ter sido bom aluno no curso de minas e armadilhas (fui 8º em cerca de 200) e por ter tido a calma suficiente para resolver o problema sem pânico. Como resultado, sempre que apareciam minas na picada, pelo menos nos primeiros meses, pediam-me sempre instruções pelo rádio, porque só éramos 2 especialistas em minas e armadilhas, eu e um furriel. No fim da comissão já todos eram peritos. Depois destas muitas mais descobrimos e algumas rebentaram sem serem descobertas, mas estas ficaram para sempre gravadas na minha memória.
Espero não ter abusado da vossa paciência.
Um abraço
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AR-10 em acção. Nota-se também a mira telescópica na arma e a granada energa.
(https://www.forumdefesa.com/forum/proxy.php?request=http%3A%2F%2Fhome.earthlink.net%2F%7Elpleme%2Fsitebuildercontent%2Fsitebuilderpictures%2Far10inaction.jpg&hash=48e0e91e12525a6ee6130f0a45ce6a6f)
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Excelente imagem!
A melhor que já vi e uma das poucas que documenta a o uso de miras telescópicas em África (já vi G3).
Janus, em 2000 foi contactado atravez de um fóum da shooters.com por um cavalheiro que pretendia escrever uma monografia sobre a AR10. Forneci-lhe umas poucas fotos, mas mais nada. Creio que a História dos Paraquedistas Portugueses apresenta mais uns dados mas ainda não encontrei essa obra.
AR10. Essa eu nunca terei na minha colecção.
O Janus é que pode!
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Luso,
Sim, eu também penso que será díficil encontrar uma AR10! Se bem que aqui no mercado americano ainda “flutuam” algumas.
O único livro que conheço exclusivamente sobre a AR10 é de autoria de um Maj Sam Pikula. Não tenho o livro aqui comigo neste momento, mas penso ser anterior a 2000.
Nunca vi uma fotografia de G3 com mira telescópica em uso pelas forças em África! Onde posso visualizar essa fotografia que mencionou? Presumo que a mira seja a Hensoldt?
Como sabe, a AR10 testada por Portugal também tinha um baioneta fabricada pela AI (Artillerie Inrichtingen) na Holanda. Como indiquei previamente, essa baioneta é semelhante, principalmente no cabo, à tal baioneta desconhecida que ainda não consegui identificar. Porém não há dúvida que esta última não foi feita para a AR10.
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ola :(
Vi tudo e ainda hoje ouço a explosão e os disparos que se seguiram após a queda do helio, os rebentamentos e disparos n paravam. Foi brutal.
belisa
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Agradeço a quem tiver fotos de Tete dos anos 1970 a 1973, que queira enviar, para colocação em filme sobre a ZOT e militares em Tete, obrigado.