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Economia => Portugal => Tópico iniciado por: P44 em Setembro 30, 2010, 12:01:21 pm
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Todas as medidas da nova vaga de austeridade
Margarida Vaqueiro Lopes
29/09/10 20:50
Aumento de impostos e corte nos salários da função pública estão confirmados. O subsídio de Natal sobreviveu.
REDUÇÃO DA DESPESA
1. Congelamento do investimento até ao final do ano (já em 2010)
2. Corte de 5% dos salários da Função Pública
3. Redução da despesa com ajudas de custo, horas extraordinárias e acumulação de funções, bem como impossibilitar a acumulação de salários públicos com pensões (já em 2010)
4. Congelamento das pensões durante o ano de 2011
5. Redução em 20% com o Rendimento Social de Inserção
6. Redução da despesa com indemenizaçoes compensatórias e subsídos às empresas
7. Congelamento de promoções e progressões na carreira
8. Redução em 20% na frota automóvel do Estado
9. Congelamento das admissões e redução do número de contratados na Função Pública (já em 2010)
10. Congelamento do abono de família para os rendimentos mais elevados (já em 2010)
11. Redução das transferências para os fundos e serviços autónomos, para as autarquias e para as regiões.
12. Reduzir as despesas no âmbito do Serviço Nacional de Saúde, nomeadamente com medicamentos e meios complementares de diagnóstico (já em 2010)
13. Reduzir os encargos da ADSE (já em 2010)
14. Reduzir as despesas com o PIDDAC
15. Extinguir/fundir organismos da Administração Pública directa e indirecta
16. Reorganizar e racionalizar o sector Empresarial do Estado reduzindo o número de entidades e o número de cargos dirigentes
AUMENTO DA RECEITA
1. Aumento da taxa máxima do IVA para 23%
2. Revisão das tabelas anexas ao Código do IVA
3. Imposição de uma contribuição ao sistema financeiro em linha com a iniciativa em curso na UE
4. Revisão das deduções à colecta do IRS
5. Revisão dos benefícios fiscais para pessoas colectivas
6. Convergência da tributação dos rendimentos da categoria H com regime de tributação da categoria A
7. Aumento em 1 ponto percentual da contribuição dos trabalhadroes para a Caixa Geral de Aposentações (já em 2010)
8. Código Contributivo
9. Outras receitas não fiscais previsíveis resultantes de concessões várias: jogos, explorações hídricas e telecomunicações
* Principais Medidas de Consolidação Orçamental - OE 2011
download de documento na íntegra
http://economico.sapo.pt/public/admin/t ... OE2011.pdf (http://economico.sapo.pt/public/admin/tinymce/jscripts/tiny_mce/plugins/filemanager/files/MedidasConsolidacaoOrcamentalOE2011.pdf)
http://economico.sapo.pt/noticias/conhe ... 00350.html (http://economico.sapo.pt/noticias/conheca-as-novas-medidas-de-austeridade-definidas-pelo-governo_100350.html)
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Legalizem a prostituição que é mais uma fonte de rendimentos!!
Enfim!! Esquecem-se que o país não é so o Estado!!!
sinceramente, não sei o que é melhor.. Este orçamento ser aprovado ou o governo cair e ficarmos á deriva mais um tempo e começar-mos do zero.. Sinceramente!
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Hurray, lá vamos nós imitar a Irlanda...
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Fernando Ruas alerta para "mistura explosiva" das novas medidas
14h01m
O líder da Associação Nacional de Municípios Portugueses alertou hoje, quinta-feira, que a redução nas transferências para as autarquias e o aumento da carga fiscal dos cidadãos que o Governo pretende são uma "mistura explosiva".
Fernando Ruas considera que, mesmo que o Orçamento do Estado para 2011 não tivesse impacto directo nas autarquias, a preocupação em relação aos cidadãos já seria grande.
Isto porque, justificou, quando as medidas "têm impacto nos cidadãos, como vão ter com esta carga brutal, isso vai-se ressentir nas autarquias".
Na sua opinião, o aumento do IVA para 23% "é uma medida que se faz quando as medidas de gestão fracassam", deitando mão "a um imposto que começa logo a pingar".
"Naturalmente que, se a juntar a esta carga nos cidadãos, houver redução dos meios para as autarquias, é uma mistura explosiva", frisou, considerando que irá "atirar cada vez mais autarquias para o reequilíbrio financeiro".
O também presidente da câmara de Viseu considera que como o aumento do imposto diminui o rendimento disponível dos cidadãos, o número daqueles que recorrem às ajudas das autarquias "vai ser cada vez maior".
"É uma mistura explosiva porque vamos ter menos meios e mais gente a abordar-nos. E não é gente anónima. É gente com rosto, da qual a maioria das vezes conhecemos o nome, sabemos onde moram. É mais complicado dizer não", acrescentou.
Já em Julho, as autarquias tinham deixado claro que não aceitariam qualquer corte nas transferências, uma vez que consideram não ter contribuído para a situação em que se encontram as contas públicas.
"Podem até pesar na balança e achar que é melhor acabar com as autarquias e com os governos civis, por exemplo. Cada um tem que tomar as decisões que entender, agora não podem é pedir às autarquias que faça mais pão com menos farinha. Isso não é possível", sublinhou Fernando Ruas.
O autarca social-democrata lembrou que as medidas foram anunciadas de forma genérica e que a ANMP vai ficar à espera de as conhecer concretamente para "as analisar nos órgãos próprios e tomar as posições de acordo com aquilo que for avançado".
http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Economi ... id=1675172 (http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Economia/Interior.aspx?content_id=1675172)
IVA a 23% terá impacto "muito grave" nas regiões de fronteira
14h05m
O aumento do IVA para 23% vai ter um "impacto muito grave" nas regiões fronteiriças, advertiu o representante em Elvas da Associação de Comércio, Indústria e Serviços de Portalegre, Fernando Carona.
"Estamos com uma diferença de cinco pontos percentuais relativamente a Espanha, onde o IVA é de 18%. Em regiões fronteiriças como é o caso de Elvas, esta situação vai ter um impacto muito grave", salientou Fernando Carona, em declarações à Agência Lusa.
Quando o IVA aumentou em 1%, recordou, "nós, empresários, ainda podíamos suportar, mas agora com esta nova subida é impossível", garantiu.
O comércio da cidade raiana de Elvas sempre foi procurado por espanhóis, no entanto, com as novas medidas, os empresários locais temem o pior.
"Os espanhóis vão fazer menos compras aqui, porque os bens e serviços são mais caros, e, por outro lado, perdemos também os clientes portugueses porque têm Espanha mesmo ali ao lado, onde podem comprar tudo o que precisam com uma taxa de 18% de IVA", explicou Fernando Carona.
O representante da Associação de Comércio, Indústria e Serviços de Portalegre estima que praticamente todos os serviços serão afectados. "A procura às gasolineiras vai aumentar do lado de Espanha, o comércio em geral, como o vestuário, electrodomésticos e até os grandes distribuidores vão ser penalizados".
http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Economi ... id=1675173 (http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Economia/Interior.aspx?content_id=1675173)
Imprensa europeia notícia "medidas drásticas" no "país mais pobre da Europa"
11h46m
As medidas de austeridade "drásticas" anunciadas pelo primeiro-ministro do "país mais pobre da Europa" foram noticiadas, hoje, quinta-feira, pela Imprensa europeia, em diferentes tons.
Os jornais alemães são os mais acutilantes na análise, os franceses entoam os despachos de agência, enquanto os britânicos cumprem os serviços mínimos, valorizando mais a situação da vizinha Irlanda. Também a Imprensa espanhola dá mais atenção ao que lhe é mais próximo e que no caso é mesmo Portugal, caído em desgraça austera. "Os bolsos dos cidadãos portugueses ver-se-ão novamente prejudicados, poucos meses depois do primeiro pacote de medidas extraordinárias aprovado pelo Executivo português", escreve o espanhol ABC.
"O país mais pobre da Europa Ocidental anunciou inesperadamente mais drásticas medidas de poupança e, como parte dos novos esforços para superar a crise da dívida pública, incluem-se reduções salariais na função pública e um novo aumento do Imposto sobre o Valor Acrescentado", escreve o matutino germânico "Frankfurter Allgemeine".
Ainda em alemão, o jornal económico "Handelsblatt" explica que as medidas de austeridade foram anunciadas poucas horas depois de a União Europeia ter pressionado os países membros mais endividados a intensificar as poupanças.
A explicação que também é avançada pelo francês "Le Figaro", que, sem grande análise e numa referência bem mais discreta do que a degradação da notação da dívida soberana de Espanha pela agência Moody's ou as contingências orçamentais da Irlanda.
A imprensa espanhola refere-se ao "drástico plano" de medidas que o Governo português. "Trata-se, sem dúvida, de uma semana em que tudo são más noticias para a economia portuguesa", escreve o ABC, recordando o relatório da OCDE.
O "El Mundo" destaca as medidas portuguesas que considera um "duro plano de contenção", recordando também o último relatório da OCDE sobre as perspectivas da economia portuguesa e relembrando que Sócrates terá agora uma "tarefa difícil" no parlamento para convencer a oposição a apoiar o orçamento.
Na imprensa britânica, o assunto é praticamente um rodapé das notícias do dia. O "Financial Times" fala do "pacote de austeridade" apenas na edição 'online', deixando o artigo fora do jornal em papel. Antecipa o Financial Times que as medidas têm ainda de ser aprovadas pelo parlamento "com tricas políticas em pano de fundo" com o PSD, que recusa o aumento de impostos sugerido pelo governo socialista.
No "Guardian" o assunto nem rodapé é, mas uma simples menção a meio de uma notícia dedicada às manifestações realizadas em vários países europeus na véspera. "Enquanto se realizavam os protestos, o Governo de centro esquerda convocou uma sessão de emergência para tentar desbastar mais à despesa pública, que luta com uma crise de dívida e défice", assinala o diário britânico.
http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Economi ... id=1675054 (http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Economia/Interior.aspx?content_id=1675054)
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Adeus, caros foristas, Portugal vai-se desabar.
Interior mais dependente de Espanha; cortes na Saúde; a figura de Portugal a degradar-se no exterior; reduções dos salários de milhares de euros têm um corte baixissimo e que devia ser um corte maior, e outras coisas quaisqueres quaisquer.
Ou será uma revolução seguida por uma ditadura bolchevique, um golpe de Estado seguido por uma ditadura de
extrema-direita dos militares ou será a perda total da soberania portuguesa face a Castela ou face à UE.
Entre eles, venha o Diabo e escolha, porque com regimes parlamentares deste, Portugal nunca poderá ter o peito erguido.
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Adeus, caros foristas, Portugal vai-se desabar.
Interior mais dependente de Espanha; cortes na Saúde; a figura de Portugal a degradar-se no exterior; reduções dos salários de milhares de euros têm um corte baixissimo e que devia ser um corte maior, e outras coisas quaisqueres quaisquer.
Ou será uma revolução seguida por uma ditadura bolchevique, um golpe de Estado seguido por uma ditadura de
extrema-direita dos militares ou será a perda total da soberania portuguesa face a Castela ou face à UE.
Entre eles, venha o Diabo e escolha, porque com regimes parlamentares deste, Portugal nunca poderá ter o peito erguido. 
As hipóteses de um golpe de estado feita pelos militares é nula, uma revolução comunista é nula, uma revolução feita por seja quem for...é nula.
O pessoal fala, fala, fala, mas no momento de agir não faz nada. Vai haver umas greves, uns discursos mais inflamados e pouco mais do que isso.
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Não se pode fazer uma revolução sem €€ para a gasolina.
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O pessoal fala, fala, fala, mas no momento de agir não faz nada. Vai haver umas greves, uns discursos mais inflamados e pouco mais do que isso.
Cavaco Silva em 1994, "buzinão na ponte"? Parece um "déjà vu"...só falta vir o António Costa apanhar os "cácos" do PS (tipo Fernando Nogueira)...e como o "sonasol lava mais branco", daqui a 10 anos ainda temos o Sócrates com PR
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...e como o "sonasol lava mais branco", daqui a 10 anos ainda temos o Sócrates com PR
Não será antes "Sonangol lava mais branco"?
(certo é "Sonangol lava mais preto", but I digress)
Efectivamente, o Cavaco levou com o Buzinão e toda a imprensa nele malhou. Agora os "jornalistas de causas" andam muito bem comportadinhos com este FDP do Sócas. Diria que só têm coragem para atacar a "oposição".
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E o Rendimento Mínimo?
Eu sou um acérrimo defensor deste subsídio de incentivo à preguiça.
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E o Rendimento Mínimo?
Eu sou um acérrimo defensor deste subsídio de incentivo à preguiça.
nesse ninguém toca, vai tirar-se o abono de familia a familias com rendimentos superiores a 630€/mês (UMA FORTUNA!!!!) para continuar a sustentar os parasitas!
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E o Rendimento Mínimo?
Eu sou um acérrimo defensor deste subsídio de incentivo à preguiça.
nesse ninguém toca, vai tirar-se o abono de familia a familias com rendimentos superiores a 630€/mês (UMA FORTUNA!!!!) para continuar a sustentar os parasitas!
O que mais me dói é saber que os benificiários desse subsidio são estrangeiros--africanos,ciganos,etc...
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E o Rendimento Mínimo?
Eu sou um acérrimo defensor deste subsídio de incentivo à preguiça.
nesse ninguém toca, vai tirar-se o abono de familia a familias com rendimentos superiores a 630€/mês (UMA FORTUNA!!!!) para continuar a sustentar os parasitas!
O que mais me dói é saber que os benificiários desse subsidio são estrangeiros--africanos,ciganos,etc...
está enganado meu caro, existe muito bom PORTUGUESINHO DE GEMA a mamar do RSI!!!!!
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Existe também muito portuguesinho de gema a mamar do subsidio de desemprego, da reforma (sim porque também é um subsidio de não um PPR), baixas médicas etc. A questão central é que em todos eles há fraudes, lembro-me que antes do RSI o mais falado eram as falsas baixas médicas que ainda hoje existem, mas já não captam atenção dos media. Vamos pôr todos na linha e não apenas discriminar.
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Depois de ler este tópico e os comentário adjacentes estou convencido que a melhor solução é mesmo emigrar. E custa-me porque afinal, este é o país que todos os dias nós ajudamos a construir ou pelo menos ajudamos a tentar tirar da fossa. Cá para mim, deviam era haver cortes orçamentais em salários de ministros e reajustamentos em que modelos de carros se adquirem para os senhores deputados. Sempre os queria vêr a ganhar o salário mínimo mês após mês...é pena que os cortes venham muitas vezes cheios de boas intenções mas com direcção errada, nnão devuda ser de cima para baixo mas horizontalmente.
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Bem penso que não pude deixar de citar esta excelente entrevista a Henrique Neto, aparentemente um grande Português, publicada hoje no Publico online:
Governo "dificilmente evitará a vinda do FMI"
Austeridade "não toca na gordura do Estado e nos interesses da oligarquia"
04.10.2010 - 07:27 Por Cristina Ferreira
Henrique Neto tem 74 anos e é militante do PS há cerca de 20. Mas é também um empresário da Marinha Grande, tendo criado a Iberomoldes em 1975, uma exportadora de moldes, de componentes para automóveis e de engenharia de produtos.
Em entrevista ao PÚBLICO, voltou a não poupar críticas às políticas económicas deste Governo. Diz que só os estadistas sabem ouvir os "críticos" e acrescenta que o chefe de governo utilizou um optimismo "bacoco e inconsciente" para esconder os problemas.
Desde o Governo de António Guterres, tem participado nos congressos do PS apresentando moções críticas para as políticas na área económica, por as considerar desajustadas das necessidades do país. Como vê a actual situação?
Com grande preocupação. Como português que gosta muito do seu país, não posso deixar de lamentar as oportunidades perdidas e os erros cometidos. Infelizmente, os nossos governantes não sabem da importância de ouvir os críticos, que é uma qualidade que está apenas ao alcance dos estadistas.
Como é que explica que, apesar dos avisos, o Governo tenha ignorado o impacto que a crise financeira iria ter na economia nacional?
Não há uma resposta simples para essa questão. Penso que é um misto de falta de sentido de Estado, de ignorância, de voluntarismo e de teimosia e, porventura mais importante, de falta de convicção sobre o interesse geral a que muitos chamam patriotismo.
Como avalia as linhas gerais propostas pelo Governo para reduzir o défice do Estado em 2011?
Pelo que se ficou a saber, certo é apenas que os portugueses pagarão, em 2011 e nos anos seguintes, os erros, a imprevidência e a demagogia acumulada em cinco anos de mau Governo. É por isso que, nestas circunstâncias, falar da coragem do primeiro-ministro e do ministro das Finanças, como alguns têm feito, é um insulto de mau gosto a todos os portugueses que trabalham, pagam os seus impostos e vêem defraudadas as suas expectativas de uma vida melhor. As medidas propostas, sendo inevitáveis, dada a dimensão da dívida e a desconfiança criada pelo Governo junto dos credores internacionais, não tocam no essencial da gordura do aparelho do Estado e nos interesses da oligarquia dirigente. Mas o pior é que estas medidas, pela sua própria natureza, não são sustentáveis no futuro e não é expectável que, com este Governo, se consiga o crescimento sustentado da economia.
Acredita na execução orçamental de 2010?
Tanto quanto se sabe, o Governo não cumpriu as medidas acordadas com o PSD, do lado da despesa, no PEC (Plano de estabilidade e Crescimento)1 e no PEC 2. Mas, como todos sabemos, a contabilidade governamental é elástica e algumas das medidas agora apresentadas terão efeito ainda este ano, pelo que seria um absurdo indesculpável o Governo não cumprir o objectivo do défice para 2010.
Quais os efeitos das medidas anunciadas na economia real?
Os livros de Economia ensinam que estas medidas matam qualquer economia, e essa é uma razão adicional para as evitar em tempo útil, com bom senso e boa governação. Em qualquer caso, temos a vantagem de ser um pequeno país e acredito que as empresas têm condições para salvar a economia portuguesa. Mas, para isso, precisam de uma estratégia nacional clara e coerente, um Estado sério e competente que defenda o interesse geral e uma profunda reforma ao nível da exigência educativa. O objectivo principal terá de ser subir na cadeia de valor através da inovação e de recursos humanos mais qualificados.
Continua a haver risco de Portugal necessitar da intervenção do FMI?
Um Governo que deixou chegar as finanças à presente situação, dificilmente evitará a vinda do FMI.
Partilha da opinião dos que defendem que o melhor contributo que o Governo pode dar à economia é consolidar as contas públicas?
A consolidação das contas públicas é uma condição necessária mas não suficiente. Apenas o crescimento sustentado da economia abrirá novas perspectivas aos portugueses. Mas, neste domínio, José Sócrates iludiu, durante cinco longos anos, todos os reais problemas da economia através de um optimismo bacoco e inconsciente.
Não o fez apenas por ignorância, mas para servir os interesses da oligarquia do regime, através da especulação fundiária e imobiliária, das parcerias público-privadas, dos concursos públicos a feitio, das revisões de preços e de uma miríade de empresas, institutos, fundos e serviços autónomos, além das empresas municipais. Regabofe pago com recurso ao crédito e sem nenhum respeito pelas gerações futuras.
Como se resolve o dilema: estimular a economia e equilibrar as contas públicas?
Nas actuais condições de endividamento, dificilmente se conseguirão ambas as coisas. Por isso a dívida pública que os últimos governos deixaram acumular deveria constituir crime público. Porque nos tornou dependentes dos credores internacionais e coloca em causa o bem mais precioso de qualquer país, que é a independência nacional. Que, no caso de Portugal, tem mais de oito séculos e custou muito sofrimento. Aliás, por isso, e talvez não por acaso, infelizmente, são cada vez mais frequentes as tiradas vindas de alguns sectores apregoando que o país não é viável e que os portugueses não se sabem governar, ou que a solução dos nossos problemas passaria por uma qualquer união ibérica.
É possível cumprir as metas orçamentais sem aumento de impostos que permitem receitas imediatas?
Teria sido possível se a previsão fizesse parte do léxico do Governo de José Sócrates. Mas como, a três meses do final do ano, o ministro das Finanças ainda precisa de medidas adicionais e pede à oposição que lhe indique onde cortar na despesa, a resposta é não, no curto prazo, os impostos adicionais são inevitáveis.
Das declarações do Governo, ficou com ideia de que ele deixou cair o investimento público associado às grandes obras, TGV e aeroporto?
A ideia com que se fica é que o primeiro-ministro não leva em conta o interesse nacional, mas os interesses dos grupos de pressão dos sectores financeiro e das obras públicas, o que é a única explicação para a dimensão dos erros cometidos. Estamos a construir mais auto-estradas que ficam vazias e sem carros e um TGV com um traçado que não favorece a economia, ao mesmo tempo que nada foi feito para termos um porto de transhipment e transporte ferroviário de mercadorias para a Europa, investimentos cruciais em logística, para podermos ambicionar atrair mais investimento estrangeiro e desenvolver uma verdadeira capacidade exportadora. Em qualquer caso, contra toda a sanidade económica e financeira, o Governo não parou a maioria das obras programadas e utilizará o fantasma das indemnizações aos empreiteiros para as não parar.
Durante as últimas eleições, Passos Coelho desalinhou com a liderança do PSD da altura e veio também defender os grandes investimentos públicos como o TGV?
Infelizmente, Portugal está na senda de escolher jovens primeiros-ministros que não sabem do que falam. O que é agravado pela inexistência de uma estratégia nacional integradora das grandes decisões de investimento público. Desta forma, os investimentos são encarados como obra pública avulsa, o que conduz a cada cabeça cada sentença. Pedro Passos Coelho é parte desse problema, que, além disso, permite as constantes mudanças de opinião.
O que diz é que o jogo político entre as altas figuras que lideram o PS e o PSD se tem sobreposto ao desenvolvimento do país?
É inegável que existe um bloco central inorgânico na política portuguesa, que defende interesses privados ilegítimos e permite a acumulação de altos e bem pagos cargos na administração do Estado e nas empresas do regime. O que é facilitado pelo chamado centralismo democrático praticado nos diversos partidos políticos e pela habitual passividade e clubismo do povo português. Nesse capítulo, atingimos o ponto zero da moralidade pública e não vejo como será possível colocar a economia portuguesa no caminho do progresso e do crescimento, com algumas das principais empresas e grupos económicos a poderem ter relações privilegiadas com o poder político e a ser-lhes permitido fugir da concorrência e dos mercados externos, por força do clima de facilidade e de privilégio que detêm no mercado interno.
Nos últimos anos, chamou várias vezes a atenção para a promiscuidade dos grandes interesses privados com altas figuras do Estado. O cidadão tem a ideia de que não paga essa factura. O facto de o cidadão ser chamado agora a pagar a factura vai ter consequências?
Não sei quando é que os portugueses dirão "basta!". Mas sei que o maior problema resultante da imoralidade das classes dirigentes é a pedagogia de sinal negativo que isso comporta. Infelizmente, muitos portugueses têm a tentação de pensar que, se alguns enriquecem de forma fácil e rápida por via da sua actividade política, isso também lhes pode acontecer a eles no futuro. Fenómenos como o BPN e o BPP têm muito a ver com esta amoralidade geral reinante. Por outro lado, como pode o cidadão comum combater a corrupção, se o próprio Governo não fizer o que deve e pode para encabeçar esse combate, como ainda aconteceu recentemente?
Cumprimentos
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Ou seja - e resumindo - governa-se como se não houvesse amanhã.
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Previsão (act.2)
S&P: Economia portuguesa contrai 1,8% em 2011
Pedro Latoeiro
04/10/10 16:15
A agência de 'rating' S&P esmagou a previsão do Governo para o crescimento da economia portuguesa em 2011.
Enquanto José Sócrates e Teixeira dos Santos projectam uma progressão de 0,5% do PIB no próximo ano, a Standard & Poor's (S&P) prevê uma contracção de 1,8% da economia nacional nesse período. Para 2012 é projectada uma estagnação.
Na primeira reacção à última onda de austeridade, a agência norte-americana escreve que as exportações serão provavelmente o único propulsor do PIB nos próximos dois anos.
"A projecção da S&P de que o PIB português vai recuar em cerca de 2% no próximo ano reflecte a nossa previsão de que o consumo se vai retrair como consequência da austeridade e também por causa da contracção no crédito", escreve a agência.
No mesmo documento, a S&P assume que "dois terços da consolidação prevista na última ronda de consolidação orçamental vão, provavelmente, ocorrer via cortes na despesa" e diz esperar que o Orçamento de 2011 seja aprovado no Parlamento, apesar da oposição do PSD a uma nova subida de impostos.
http://economico.sapo.pt/noticias/sp-ec ... 00707.html (http://economico.sapo.pt/noticias/sp-economia-portuguesa-contrai-18-em-2011_100707.html)
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Depois de ler este tópico e os comentário adjacentes estou convencido que a melhor solução é mesmo emigrar. E custa-me porque afinal, este é o país que todos os dias nós ajudamos a construir ou pelo menos ajudamos a tentar tirar da fossa. Cá para mim, deviam era haver cortes orçamentais em salários de ministros e reajustamentos em que modelos de carros se adquirem para os senhores deputados. Sempre os queria vêr a ganhar o salário mínimo mês após mês...é pena que os cortes venham muitas vezes cheios de boas intenções mas com direcção errada, nnão devuda ser de cima para baixo mas horizontalmente.
Eu também poderia emigar, como exilado político visto que sou monárquico, mas amo demasiado este país, apesar de o seu lado patriótico ter morrido à 100 anos. Defensores de Portugal como eu simplesmente não podem abandonar a sua pátria.