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Outras Temáticas de Defesa => Livros-Revistas-Filmes-Documentários => Tópico iniciado por: Rui Monteiro em Setembro 07, 2008, 10:22:21 pm
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Mouzinho de Albuquerque
Pelos caminhos da Honra, da Glória
Monárquico convicto e conservador, Mouzinho de Albuquerque foi oficial da cavalaria, secretário-geral do governo do estado da Índia, governador do distrito de Lourenço Marques e, mais tarde, de Moçambique.
O êxito militar da captura do Gungunhana e a forma apoteótica como foi recebido na metrópole e nas principais cortes europeias fizeram de Mouzinho um dos grandes políticos do seu tempo. Como consequência desse prestígio, foi nomeado oficial-mor da Casa Real e responsável pela educação de D. Luís Filipe de Bragança. O clima de intriga e de indecisão política que se vivia em Portugal, no início do século XX, fá-lo retirar-se da cena política.
O seu desaparecimento continua envolto num grande mistério, mas Mouzinho de Albuquerque permanecerá como um protagonista maior da História de Portugal.
200 págs.
Preço(c/IVA)
14
ISBN
978-989-555-381-5
1ª Edição
Pode ser adquirido online aqui : http://www.webboom.pt/ficha.asp?ID=183765 (http://www.webboom.pt/ficha.asp?ID=183765)
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Se não me engano é sobre o patrono dar Arma de Cavalaria.
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CULTO DO DEVER
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Mousinho há pouco assentara praça.
Fizera-o por instinto e vocação
Seguindo o exemplo dos da sua raça:
- Tudo por Deus, pelo rei e pela Nação.
Um dia, a avó velhinha – enfraquecida
Menos pela doença do que pela saudade
Doutro soldado, ao qual ligara a vida
Desde os tempos da clara mocidade -,
Mandou-o chamar e disse-lhe: - “Joaquim:
Guardo do teu avô, como sagrada
E suprema relíquia para mim,
A Condecoração da Torre e Espada.
Ganhou-a pela Pátria, altiva e bela,
P’la qual tombou no campo do dever
Honrando o nome, pois morrer por Ela
É a honra maior que pode haver!
Essa relíquia, sempre vida fora
Me acompanhou, tal como a Dor e a Prece.
Hoje, porém, sinto chegada a hora
De lhe dar o destino que merece.
Por isso te chamei; para ver perfeito
O velho e lindo sonho que vivi...
És um soldado. Quero-a ver no teu peito.
Podes levá-la, filho. É para ti.
“Mas... minha avó – articulou o moço
Olhando a nobre insígnia do valor
Da lealdade e mérito – eu não posso
Usá-la... bem o sabe... Com amor
Mas dando à voz um excepcional poder
De sugestão, ela vibrou, baixinho:
- “Pois faz por ganhá-la. É o teu dever
Por que, além de soldado, és um Mousinho”.
Esta história tão simples na aparência,
Que enche as almas de luz e que faz bem,
Quem poderá dizer qual a influência
Que operou no espírito do herói? Ninguém.
Mas Deus sabe, no avanço de Coolela
Na jornada feliz de Manjacaze,
Quantas vezes Mousinho pensou nela;
Que poder teve nessa estranha fase
Da sua vida de guerreiro audaz,
A cujo engenho valoroso e sério
Devemos o prestígio, a glória, a paz
Em todo o território do Império!
Quem há que não conheça em Portugal
O que foi a prisão de Gungunhana,
Levada a efeito no seu próprio Kraal
Com cinquenta homens, causa sobre-humana?!
Chaimite, povoação de simples planta
Erma e silente, como sem ninguém,
Era uma espécie de cidade santa
Dos vátuas, entre morros de muchem.
O Gungunhana ali se recolhera
Com mais de três mil negros insubmissos,
Seguro de vencer quem o vencera
Depois de praticar certos feitiços...
E foi ali nesse lance de temor
Que ainda hoje assombra os mais ousados,
Que o valente Mousinho o foi prender
À frente dos seus homens, mal armados.
Depois deste alto feito de Chaimite
Podia usar, enfim, a Torre e Espada,
- Prémio dado aos heróis, quase limite
Da glória militar tão desejada!
Podia-a usá-la, firme de que tinha
Honrado o nome ilustre, e satisfeito
A última vontade da velhinha
Que lhe dissera: - “Quero-a no teu peito!”
Ela, do céu, devia ter seguido
O rasto dos seus passos pelos caminhos
Da terra e, um sorriso agradecido
Por certo que em seus lábios mirradinhos
Pairou, nesse momento de ventura!
E Mousinho, o soldado de Coolela
E de Chaimite, exemplo de bravura
- Com certeza vibrou pensando nela!
Há sempre um encanto raro, excepcional
Oculto sob as páginas da História
Do nosso bem-amado Portugal!
Esse mistério é que conduz à glória,
Vezes sem conto, o português fecundo
Em rasgos de ternura e de nobreza.
Bendito seja Deus que fez o mundo
E pôs, no mundo, a gente portuguesa!
Silva Tavares
in A.G. do Ultramar de Fevereiro de 1936, “Dia de Mousinho”
Fonte : http://kavalaria.blogspot.com/ (http://kavalaria.blogspot.com/)
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Busto de Mouzinho de Albuquerque na Batalha
(https://www.forumdefesa.com/forum/proxy.php?request=http%3A%2F%2Fi265.photobucket.com%2Falbums%2Fii233%2FAngusTSC%2FTurismo%2FBatalha22-1.jpg&hash=24e474c7b0020de07fc9be3bb928c351)
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Agora estalou outra vez a tese de assassinato e não suicídio.
Não li nada mais sobre o tema, alguém tem mais pormenores?
Um Abraço.
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Um livro que se lê bastante bem e muito interessante a vários níveis. Apesar da escrita breve, julgo ser possível ficar um uma ideia do ambiente político de finais de Oitocentos e do fim da Monarquia.
Julgo mesmo inevitável estabelecer paralelos entre essa época e os últimos 40 anos da nossa história.
Vejo que certas cortinas se abrem.
Ou são as noites que se sucedem.
Para mim valeu bem os €12.60
Recomendo ao nosso Pereira.
PS: Os argumentos e os resultados apontam para assassinato e conspiração carbonária-maçónica. Eventualmente patrocinada pelos ingleses.