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Outras Temáticas de Defesa => Área Livre-Outras Temáticas de Defesa => Tópico iniciado por: ricardonunes em Agosto 12, 2008, 07:25:11 pm

Título: E só falta.......
Enviado por: ricardonunes em Agosto 12, 2008, 07:25:11 pm
........... amanhã ter que sair de casa com um pires na tola  :toto:

Rua de Lisboa cortada ao trânsito a pedido da embaixada israelita

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O trânsito cortado na rua António Enes (cruzamento com a Filipe Folque), baralha as contas dos condutores. Muitos deles ficam alguns segundos no meio da rua a repensar o itinerário. Paragens repentinas que dão origem a buzinadelas. Há também quem estacione em segunda fila, a poucos metros de distância, apenas para observar a diversificada sinalética da rua da embaixada. O sinal de proibição colocado nas cancelas automáticas (uma mão branca sob um fundo vermelho) é o mais 'sui generis' e, aparentemente, não está regulamentado em Portugal. Os vários 'pilares' antibomba que circundam os vinte metros de asfalto fechados ao trânsito causam também estranheza entre os transeuntes. Curiosidade: servem também de vasos para plantas. "São regados com a água do nosso condomínio, que é paga pelos moradores", queixa-se Virgínia Barbosa.Os mais condescendentes chamam-lhe "check-point". Os mais irados preferem usar expressões como "bunker" ou 'faixa de Gaza'. Na zona das avenidas novas, em Lisboa, ninguém fica indiferente à barreira de segurança instalada há quatro meses em frente ao edifício da Embaixada de Israel. Duas cancelas automáticas e vários pilares antibombas, vigiados por agentes da PSP e da Mossad (a 'secreta' israelita), impedem a passagem de veículos numa das zonas mais movimentadas da cidade.

E até os moradores do nº 16 da Rua António Enes (entre a Praça de Espanha e a Maternidade Alfredo da Costa) têm restrições de circulação. "Não tenho livre acesso à minha própria casa", queixa-se a mais antiga moradora do prédio, Virgínia Barbosa. A arquitecta, que tem um ateliê no andar de baixo ao da embaixada, confessa-se farta das burocracias dos seguranças: "Conhecem-me há tantos anos, mas continuam a obrigar-me a esperar pela autorização da embaixada para entrar com o carro". Virgínia, que já foi multada na garagem, deixou de convidar uns clientes da Tunísia: "Eram constantemente barrados. Agora reunimo-nos num hotel".

O medo domina o dia-a-dia de Ivete Canto de Noronha, que vive no prédio vizinho ao da embaixada. "Tal como os israelitas afirmaram em 1979, depois do atentado à embaixada, nós, os moradores, somos o seu escudo humano. Nada mudou. Já fomos evacuados de casa três vezes por ameaças de bomba", afirma a professora. Ivete chegou a ser mandada parar por um dos polícias só porque carregava uma pasta. Eram exames e não bombas. Há pouco tempo ia sendo impedida de entrar no perímetro de segurança: "Vinha de uma urgência do hospital num táxi, de madrugada. Foi com uns berros de desespero que convenci os seguranças a deixarem-me passar."

A rua não foi fechada aos peões, mas os lojistas queixam-se de que os clientes passaram a ter receio de circular no meio do aparato securitário. "Vou fechar a minha loja de antiguidades no final do ano. Desde que montaram as cancelas, isto está às moscas", queixa-se António Rodrigues. Ele garante que os restaurantes e as garagens das redondezas vão seguir o mesmo caminho. "Já enviámos cartas de protesto para a autarquia. Nada. Vamos pedir ajuda ao provedor de Justiça", desabafa o comerciante que não se conforma com a perda de vinte lugares de estacionamento para o pessoal da embaixada. "Seremos lisboetas de segunda?"

Lisboa de Terceiro Mundo?


A Embaixada de Israel diz não fornecer informações acerca dos seus procedimentos de segurança à comunicação social. E argumenta "não ser a única que goza de medidas especiais por parte das autoridades locais". O Ministério dos Negócios Estrangeiros e o da Administração Interna negam ter participado neste projecto. O Expresso sabe que as "medidas especiais" foram autorizadas pela Câmara Municipal de Lisboa (CML), em Março de 2006, a pedido dos diplomatas israelitas. Carmona Rodrigues, então presidente da autarquia, diz não se recordar do acordo. Foi a ex-vereadora da Mobilidade, Marina Ferreira, quem deu a luz-verde, por proposta da Direcção Municipal da Protecção Civil, Segurança e Tráfego. "Havia graus preocupantes de segurança. Tentámos uma solução de compromisso que não pusesse em causa a vida normal de Lisboa".

Os israelitas queriam impedir a passagem de peões em frente à embaixada. "Seria uma verdadeira zona-tampão, como no Médio Oriente", diz um responsável camarário no anonimato. PSD, PCP e Bloco de Esquerda não concordam com a 'fortaleza' israelita. "Se é uma questão de alta segurança, então a embaixada não deveria estar numa zona residencial", defende Margarida Saavedra, vereadora social-democrata. "Além disso há um claro abuso de ocupação do espaço público", acrescenta.

Ruben de Carvalho, do PCP, corrobora: "E se todas as outras embaixadas se sentissem de repente ameaçadas? A Câmara fecharia outras ruas da cidade? A situação deve ser discutida em reunião de Câmara a seguir ao Verão. Não é irreversível". Ainda mais contundente, o 'bloquista' Pedro Soares, considera "terceiro-mundista" que uma autarquia permita fechar uma rua central da cidade por causa de uma embaixada. "É caso único na Europa".

O porta-voz da Câmara contra-argumenta: "Outras soluções menos intrusivas talvez existissem noutro local mas não compete à CML determinar o local onde estão situadas as representações estrangeiras em Lisboa, nem os respectivos graus de segurança". Para Jorge Bacelar Gouveia, professor de Direito Constitucional que preside à Comissão de Fiscalização das 'secretas', a embaixada deveria mudar de local, como fez a dos Estados Unidos: "Até porque eles não têm propriamente dificuldades financeiras".

Expresso (http://http)