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Forças de Segurança e Policiais de Elite => Forças de Segurança => Tópico iniciado por: RicP em Março 07, 2008, 01:49:19 am
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Muitos agentes da PSP colocados em Lisboa esperam impacientemente em camaratas degradadas, pensões baratas ou quartos alugados a permissão para voltar à terra e pôr fim à desmotivação e às depressões que em alguns casos podem levar ao suicídio.
Depois de terminar o curso na Escola Prática de Polícia, em Torres Novas, a maioria dos agentes colocados nos comandos de Lisboa e Porto chega de vários pontos do país, mas com a ambição de voltar à terra de origem, multiplicando os pedidos de transferência que, no entanto, tardam em concretizar-se.
A ausência da família, as dificuldades relacionadas com o serviço e a falta de condições económicas e sociais tornam-se insuportáveis para alguns agentes, podendo em situações extremas levar ao suicídio.
Atentos a estas e outras situações, a PSP e a GNR têm em funcionamento gabinetes de psicologia e linhas telefónicas SOS para prevenir estes casos, levando em Outubro do ano passado o Governo a apresentar um Plano de Prevenção de Suicídios, que revela que, entre 1998 e 2007, se suicidaram 54 elementos das duas forças de segurança.
Em 78 por cento dos casos, os elementos das forças de segurança que se suicidaram tinham tido alterações recentes de vida: profissionais (77 por cento), familiares (56 por cento), financeiros (56 por cento) e legais (56 por cento).
Oriundo de Castelo Branco, o agente João (nome fictício, tal como os dos restantes agentes citados) está desde 1999 a exercer a profissão em Lisboa com os olhos posto no dia em que poderá regressar à sua terra e voltar a viver com a mulher e os três filhos menores, que só consegue visitar nos dias de folga.
"É muito complicado gerir a distância e as saudades. No primeiro dia ´andei a bater mal`, mas depois vamos levando, vivendo um dia de cada vez", disse João, que logo que entrou ao serviço pediu transferência para o comando de Portalegre.
Na altura tinha 78 pessoas à sua frente na lista de transferência, agora são 28. A "saírem a uma média de quatro ou cinco por ano ainda tenho muito que esperar", sublinhou.
Quando chegou a Lisboa João foi viver para uma camarata, depois arranjou casa com cinco colegas, que teve de abandonar recentemente devido à transferência de três companheiros. Os que ficaram não conseguiram suportar as despesas e regressaram às camaratas.
Há escassos meses em Lisboa, o agente Miguel deixou em Braga a mulher, que está a estudar, e duas filhas com menos de dois anos.
Confessou à Lusa que já recorreu ao apoio psicológico para conseguir suportar as saudades, que vai combatendo, recorrendo vezes sem conta a um filme da família que tem no telemóvel.
Tentou ir para uma camarata, mas a "lista de espera enorme" obrigou-o a ir para uma pensão "sem condições" a pagar 200 euros, o que emagrece ainda mais o ordenado de 780 euros.
Acresce a estas despesas a alimentação e o dinheiro que gasta em viagens para Braga, cerca de 100 euros por mês.
"Sempre gostei de uma força de segurança, mas nunca pensei ficar tanto tempo e encontrar estas condições. Se fosse hoje, pensava duas vezes", sublinhou, desabafando que, mesmo assim, não pensa em desistir porque tem dois filhos para criar.
A vida destes polícias assemelha-se à do agente António, que deixou a família e namorada em Évora para abraçar a profissão do seu "sonho", mas a esperança de exercê-la na sua terra é de uma década, uma vez que diz ter meia centena de elementos à sua frente na lista de transferências.
Nos primeiros dias, António ficou em casa de colegas, depois foi para uma camarata que "não tinha condições nenhumas, com tectos a cair, janelas partidas e muita humidade", acabando por alugar uma casa com três colegas.
"Houve colegas que no início ficaram a dormir na esquadra, outros iam para bares para poder passar a noite e houve casos que dormiram no banco do jardim", lembrou.
Conhecedor destas andanças, o agente Pedro conseguiu finalmente regressar ao Porto, depois de "mais de oito anos com o saco às costas".
Apesar de conhecer as dificuldades de quem vai viver para uma cidade longe e o "choque de perder a família", Pedro defende que os agentes deviam preparar-se para esta nova vida porque as "coisas não caem aos pés".
A psicóloga Sandra Coelho, do Gabinete de Apoio Psicológico do Sindicato dos Profissionais da Polícia da PSP (SPP/PSP), disse à agência Lusa que "estão a aparecer muitos polícias novos, com poucos anos de serviço, a pedir ajuda porque já não aguentam" a situação.
"São polícias tristes que não se conseguem integrar neste sistema e estão a pedir algumas estratégias para que consigam ser felizes e fazer o que gostam", disse a psicóloga.
Confrontado com estas declarações, o porta-voz da Direcção Nacional da PSP, Hipólito Cunha, disse apenas que os candidatos quando vão para a polícia têm conhecimento dos ordenados que vão auferir e as circunstâncias em que vão trabalhar.
Por outro lado, acrescentou, os candidatos quando entram para a Escola Prática de Polícia começam logo a receber vencimento de 510 euros por mês.
"Mesmo assim, a própria instituição faz tudo o que está ao seu alcance para tornar o acolhimento dos elementos o melhor possível", sublinhou.
Para melhorar as condições dos agentes deslocados, a Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP-PSP) e o SPP/PSP defendem a criação de habitações em Lisboa e no Porto para albergar os agentes que saem da escola ou um subsídio de deslocação.
O presidente da ASPP-PSP, Paulo Rodrigues, lembrou que há agentes a viver anos em camaratas e outros que para arranjar um "sítio barato vão para bairros sociais cuja localização entra em conflito com a própria missão da PSP", sublinhou.
Para prevenir estas situações, o director do Gabinete de Psicologia da PSP, Fernando Passos, aconselha os candidatos a informarem-se antes de concorreram à polícia.
"Os primeiros anos devem ser encarados com naturalidade e tranquilidade, porque o sistema funciona assim", afirmou, admitindo, contudo, não ter dúvidas de que a separação da família e da terra de origem podem causar alterações a nível emocional e afectar o desempenho dos profissionais.
O responsável lembrou um despacho, criado em 2007 pelo então ministro da Administração Interna António Costa para prevenir estas situações, que determina que seja feita a reavaliação dos novos elementos da PSP.
"Qualquer caso que suceda relativamente a estes indivíduos mais jovens e que nos seja reportado é imediatamente acompanhado por um especialista para tornar a sua integração mais fácil", sublinhou.
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Senhor Ricp,
Aquilo que acabou de descrever chama-se-lhe viver num país de terceiro mundo, viver sem dignidade alguma...é isso que a PSP oferece aos seus elementos, aqui se demonstra o desprendimento pela condição humana, o desrespeito pelo ser humano...esse senhor Hipólito Cunha deveria raciocinar um pouco mas parece que não é capaz disso pois não diria tanta barbaridade...não basta dizer que as pessoas vão para a Instituição sabendo o que vão encontrar isso são balelas de quem pouco mais sabe que escrever o próprio nome...
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Aquilo camaratas?! Nem em Angola...
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http://ww1.rtp.pt/noticias/index.php?headline=98&visual=25&article=331153&tema=27
O nosso estado prefere construir e oferecer casas para os que não são de cá e só dão problemas
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Para prevenir estas situações, o director do Gabinete de Psicologia da PSP, Fernando Passos, aconselha os candidatos a informarem-se antes de concorreram à polícia.
Claro!
Mais um e apenas mais um exemplo do tipico ganir tuga!
Onde é que alguma vez alguém leu, e onde é que leu, que a PSP tem que dar ou se comprometeu a dar alojamento a quem quer que fosse?
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O nosso estado prefere construir e oferecer casas para os que não são de cá e só dão problemas
REVOLTANTE!!!!!!!!!!!!!!!!!!
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viram tambem a reportagem de hoje na TVI?
É o cúmulo numo esquadra com 50 agentes só existirem 2 coletes a prova de bala...
é triste o que fazem aqueles que asseguram a nossa segurança :Palmas:
Cumprimentos a todos
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Boas Ermit
Eu por acaso ainda nao vi,vou tentar ir ao site da tvi para ver se consigo ver,mas faço uma ideia partindo do inicio que é parecida com uma que já vi anteriormente.
Realmente é revoltante estas situações que infelizmente existem:(
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pior ainda, foi o que eu via há umas semanas na TVI, uma esquadra da PSP, que estava a necessitar de remodelações, e como o governo não queria saber os agentes da PSP, puseram mão á obra, depois foi a essa esquadra um ministro(agora não me lembro qual é) a dizer que isto é um bom exemplo, e ainda teve a lata de dizer: assim sim,não é o que país pode fazer pelas pessoas, mas sim o que nós devemos fazer pelo país. sinceramente....
gostava de ver se fosse aquele ministro a ter que fazer obras no seu local de trabalho!! ou então deixar de andar de mercedes, pagos pelo povo e passar a andar de transportes publicos!!!!
enfim.
cumprimentos e uma saudação para todos os membros da policia.
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E deviam, ainda, de trabalhar nas mesmas condições.
Eles falam de apoio psicológico, mas este até à pouco tempo não exitia... havia apoio psiquiatra que é o mesmo que dizer: "vamos entopir o pessoal de medicamentos que toda a depressão acaba por passar mais que não seja ficando um pouco dopados"...
A esquadra onde a minha mãe trabalha andou o ano inteiro de 2007 a anunciar fecho... Tanto anunciaram, que este ano já foi dito que afinal é uma das esquadras que não vai fechar!... Tenho plena consciência que existem esquadras bem piores, mas quando chega o inverno é ver a minha mãe doente quase todo o tempo e chegando o verão é mordidelas de pulga a torto e a direito...
Queria ver os engravatadinhos a trabalharem nestas condições... Não duravam uma semana...
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E realmente não é dito que a PSP vai dar alojamento a alguém...
Mas se existe para uns porque é que não existe para outros?! E estes outros são aqueles que diariamente dão a cara... O que quero dizer é: se os senhores maiorais da PSP (que coitadinhos recebem muito pouquinho) quando são destacados para algum sitio fora da sua residência é lhes atribuida uma casinha. Mas se por ventura não gostarem da dita casinha, escolhem eles uma outra e depois acabam por ir buscar o dinheiro num subsidio de alojamente que lhes é atribuido...
E se se fala em alojamento, não é porque o tenham dito que o dariam, mas porque em tempos havia alojamento, quer nos comandos quer em habitações para policiais. É obvio que antigamente o nº de agentes não é o mesmo de agora mas não é acabando com o pouco que havia que vai resolver o que quer que seja.
Mas é como tudo na vida e em qualquer profissão... os grandes têm direito a tudo e mais alguma coisa, os outros ficam com o q sobra... se é que sobra alguma coisa...
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Dora
Dou-lhe toda a razão...e eu que ando por lá a tentar fazer alguma coisa pela vida de artista do Chapitô policial...