ForumDefesa.com
Outras Temáticas de Defesa => Área Livre-Outras Temáticas de Defesa => Tópico iniciado por: JoseMFernandes em Abril 28, 2005, 02:06:19 pm
-
A Valonia (regiao belga de lingua francesa) lança 'um verdadeiro projecto industrial para produzir bio-etanol a partir de beterraba e cereais.As 240 000 tons de bioetanol a produzir anualmente mobilizarao uma superficie cultivavel de cerca de 100 000 ha, milhares de exploraçoes agricolas serao afectadas a este programa, que constituira um valor de peso para o futuro', segundo o ministro da Agricultura e Ambiente francofono.Trata-se de um projecto das Refinarias Tirlemont (açucareira) e sera certamente para os agricultores da regiao uma saida e diversificaçao interessante para enfrentar a dificil reforma mundial que se prepara para o sector açucareiro."Aumentaremos a nossa autonomia energética, reduziremos custo dos transportes e respectivos problemas ambientais e criaremos emprego sustentavel" acrescentou o ministro.No entanto havera a principio algum investimento em pesquisa cientifica, subvencionado pela Regiao, com o fim de melhorar o potencial de qualidade energética das variedades de beterraba e cereais adaptaveis as condiçoes de cultura locais.
Segundo um estudo frances, cada 100 000 toneladas de biocarburante geram 63 empregos, ou seja 8 vezes mais que o petroleo.A zona belga em referencia beneficia desde ja de uma vantagem consideravel, pois esta ligada por pipeline a enormes unidades de recepçao de beterraba, e a partir dai a vias de comunicaçao excelentes(fluviais,viarias e ferroviarias).Esta ja em finalizaçao um estudo que permitira incentivos fiscais que permitam uma rentabilidade normal dos investimentos.
Ao ler isto nos jornais de hoje, lembrei-me que Portugal tem certamente condiçoes excelentes ( e uma infelizmente maior dependencia energética do petroleo) para avançar sériamente com um programa semelhante, e que a crise (duravel) nos mercados mundiais so vem reforçar a urgencia.
Sei que se falou ja neste assunto em Portugal, mas nao tenho a certeza do estado em que se encontra de momento.Penso contudo que teremos condiçoes para produzir em maior quantidade (por exemplo toda a Bélgica tem a dimensao do Alentejo) e meios de comunicaçao e transporte poderao facilmente ser concluidos ou melhorados, a partir do momento que a produçao esteja previsivel.Se alguem tiver uma informaçao mais concreta sobre o avanço destes planos energéticos em Portugal, agradecia que divulgasse.
Cumprimentos
-
Procurem pelo Programa E4 sobre Energia para Portugal.
Leiam-no e depois não me critiquem quando lerem as minhas linhas mais cínicas e pessimistas.
E já agora agradeço ao Zezoca pelo excelente exemplo que nos trouxe.
Para os fanáticos do liberalismo (e eu sou de direita!):
- Quando a economia não funciona a bem da comunidade, o Estado tem que agir como regulador. Com isto quero dizer que o Estado que promova a produção de biodiesel se nenhum privado estiver interessado.
E que tome posse de terrenos abandonados...
-
- Quando a economia não funciona a bem da comunidade, o Estado tem que agir como regulador. Com isto quero dizer que o Estado que promova a produção de biodiesel se nenhum privado estiver interessado.
E que tome posse de terrenos abandonados...
Bravo Luso :Palmas:
Como tudo seria tão diferente se o governo adotasse essas medidas
-
Luso, qual é o problema do tal programa? (Não o estou a defender, quero mesmo saber em que consiste) De qualquer forma, a não ser que o novo governo já o tenha voltado a aprovar, a informação que encontrei sobre o programa é que o governo de Durão Barroso o cancelou.
-
Existe terra o suficiente para produzir este bio-diesel e ainda pruzir alimento na Europa? Pois a impressão que temos, é que não há tanta terra disponível (viável) na Europa para este fim!
-
"Luso, qual é o problema do tal programa?"
O problema não está no programa (pelo menos aos meus olhos). É ambicioso e coloca metas bem definidas. Mas quase nada se fez ou se faz. O que interessa é o mercado ibérico de energia para as grandes negociatas (Pina Mouras e quejandos) e o resto que se dane.
Além disso é de VITAL importância que seja aplicado. Mesmo que o Durão Burroso tenha cancelado tal programa, pessoalmente considero-o ainda a MINHA bitola para a minha intervenção ao nível do planeamento do território.
A questão da energia é muito séria e é daquelas que para as quais não deveria haver pão para malucos.
O que estou a descobrir é que eu não devo mesmo ser de direita (estão-me a sair uns bons canhões): sou é nacionalista.
Enfim, rótulos...
-
Existe terra o suficiente para produzir este bio-diesel e ainda pruzir alimento na Europa? Pois a impressão que temos, é que não há tanta terra disponível (viável) na Europa para este fim!
Só nos terrenos abandonados aqui na minha terreola já se poderia tornar Portugal independente em biocombustível!
E depois paga-se aos agricultores comunitários para não produzir ou outras aberrações do género (destruir colheitas, multas a quem produz batata demais, etc)...
Portanto, em vez da batata produza-se "gasoil"...
-
O problema não é assim tão simples. Nem todos os solos são adequados para a cultura da beterraba e como bem observa o J. Ricardo em Portugal não abundam os solos agrícolas de qualidade. Por isso produzir etanol a partir de beterraba é capaz de ficar caro e provavelmente não se conseguirão produzir grandes quantidades devido à exiguidade dos nossos terrenos agrícolas.
Mais interessante parece ser a tecnologia que permite produzir etanol a partir de materiais de origem florestal. Neste caso as áreas do nosso território com aptidão florestal são maiores. De qualquer modo, utilizando qualquer uma destas tecnologias, dificilmente de produzirão grandes quantidades a preços concorrenciais.
-
Existe terra o suficiente para produzir este bio-diesel e ainda pruzir alimento na Europa? Pois a impressão que temos, é que não há tanta terra disponível (viável) na Europa para este fim!
Não passam o tempo todo a serrazinar-nos os ouvidos sobre os subsídios à produção de alimentos, e que se não fosse isso e as barreira proteccionistas até podíamos comprar alimentos importados mais baratos? Então, produzimos energia e compramos comida, não havemos de morrer por isso. ;) (ao que sei, a produção europeia de açúcar é baseada em beterraba).
Mas há por aí muito terreno mal aproveitado, sem dúvida. Não sei até que ponto poderíamos suprir todas as nossas necessidades energéticas, mas alguma redução na dependência de energia importada seria bem-vinda. E penso que a única forma de que as energia renováveis tenham sucesso será apostar em todas as frentes. Solar, eólica, biomassa... Será preciso um pouco de cada para produzir o suficiente para uma substituição importante dos combustíveis fósseis. Mas como diz o fgomes, no caso de Portugal a energia biomassa sólida provavelmente funcionará melhor.
http://www.energiasrenovaveis.com/
-
Interessante texto....não é so biomassa, à que não esquecer usinas nucleares...Portugal tem um dos maiores jazigos de urânio do mundo que não é aproveitado para produção, é simplesmente vendido a Alemães e Francêses por um preço mixuruca.
-
Neste caso as áreas do nosso território com aptidão florestal são maiores. De qualquer modo, utilizando qualquer uma destas tecnologias, dificilmente de produzirão grandes quantidades a preços concorrenciais.
É bem verdade. Mas resta saber quem é que calcula esses preços de modo a demonstrar a sua não competitividade. E se nada se fizer...
Por exemplo, alguém sabe qual a quantidade de óleos alimentares eliminados anualmente neste país?
Alguém também sabe quanto se pouparia aumentando a eficiência e a cobertura de transporte ferroviário, face ao uso de automóveis ligeiros?
... também é verdade que é agindo em ambas as frentes que a dependência energética se reduz.
-
Hoje em dia andar de transportes públicos para quem só precisa de um ou dois autocarros simplesmente não compensa. O preço tem tido um comportamento galopante nos últimos tempos devido ao preço dos combustiveis. Eu noto no trânsito ultimamente, está muito pior... Se for criada uma alternativa barata ao gasóleo (ja vi por aqui autocarros ecológicos de teste que nunca mais apareceram... pouca rentabilidade?) A partir daí sim, haverá uma reduçao drástica no trânsito, poluição, procura do petróleo, e logo queda do seu preço.
Eu acredito que alternativas com imenso potencial sejam constantemente postas de parte por uma questão de interesses, afinal quem tem dinheiro é quem manda, e quem tem dinheiro é os senhores do ouro negro...
Fico contente por ver cada vez mais vontade por parte de certos fabricantes de construir versões híbridas (Diesel+Eléctrica) de cada vez mais modelos de automóveis , aos poucos, a dependencia do petróleo vai sendo diminuida.
-
Gostava de ver um estudo de viabilidade económica das energias endógenas bem calculadinho, com todas as externalidades lá metidinhas e acompanhadas por factores multiplicativos...
Sobretudo gostava de ver estes cálculos efectuados pela "gente do ambiente", mas esses (Quercus) só trabalham para encomendas feitas pelo Estado, depois de fazerem muito barulho...
-
Complemento de informaçao, de algum modo relacionado com o assunto em referencia.
"BIODIESEL A PARTIR DO OUTONO
...a partir do proximo Outono, normalmente voces ja nao encontrarao a minima gota de gasoleo na Bélgica.Mas tranquilizem-se, pois poderao abastecer-se da mesma maneira que antigamente.E isto, porque por um toque de 'varinha magica', o vosso fornecedor o tera substituido por outro gasoleo menos poluente, no qual esta incluido 3% de um composto biologico, compativel com todos os motores actuais, e portanto sem necessidade de adaptaçao.
Este carburante tem um custo superior na produçao " mas o consumidor nao notara a diferença de preço na bomba" disse o ministro das Finanças Didier Reynders "Faremos o mesmo que em 2001 quando instauramos o carburante com fraco teor de enxofre; vamos adaptar as taxas".
Ou seja, na pratica as taxas sobre o biodiesel serao diminuidas.Por outro lado as do diesel normal serao aumentadas, com o objectivo de as 'bombas' passarem rapidamente para o diesel menos poluente.Esta decisao foi adoptada sexta-feira em Conselho de Ministros.
No que respeita a gasolina 'bio' o governo pretende deixar uma margem até ao mes de Outubro/2006, a fim de permitir lançar um concurso para o fornecimento de bio-etanol, e dar tempo as Regioes para tomarem as disposiçoes de ajuda ao desenvolvimento desta substancia.Para o biodiesel porém, a partir de 'colza' importada tudo pode avançar muito rapidamente.
No que respeita ao bio-etanol, ja estao em curso dois projectos em Gand e Wanze(a partir de beterraba), e cuja produçao sera muito importante, pois o governo decidiu começar a incorporar imediatamente 7% de componente biologica na gasolina, em lugar dos 2% iniciais do gasoleo.De resto os produtores bem precisam dessa medida, com vista a garantir a rentabilidade do projecto."
O texto do jornal belga 'DHeure' de hoje(28/5/05) determina que "o diesel actual tera totalmente desaparecido das estaçoes de serviço até ao fim deste ano".
Portanto a calendarizaçao de medidas a respeito de energia avança mais rapidamente que o previsto, se bem que que a partir de valores nao muito elevados.Mas avançam... e isso é o fundamental, a meu ver.
Como nota à parte, refiro, que a Bélgica, é um pais autonomo em energia (basicamente nuclear até hoje) sendo de longe, um dos maiores exportadores europeus, nessa area.
-
Sobre a produção de biodiesel, nomeadamente através de algas:
http://www.unh.edu/p2/biodiesel/index.html
-
Actualizaçao do tema.PUBLICO 13/11/2005
Brasil investe 8,55 mil milhões de euros na produção de etanol
Vão ser plantados milhões de hectares de cana de açúcar, construídas novas fábricas e melhoradas infra-estruturas
O Brasil vai investir 8,55 mil milhões de euros nos próximos sete a oito anos para duplicar a sua produção de etanol de modo a satisfazer os elevados níveis de procura que o chamado "petróleo verde" tem vindo a ter no mercado nacional brasileiro e internacional. Com este montante, a União da Indústria Agrícola da Cana de Açúcar (Unica) prevê conseguir "aumentar a produção de álcool e açúcar entre 60 a 70 por cento", disse à AFP o presidente, Eduardo Pereira de Carvalho.
O investimento irá permitir plantar milhões de hectares de cana de açúcar, construir novas fábricas de produção de álcool, mas também melhorar as infra-estruturas necessárias para o transporte e armazenamento do etanol como terminais portuários, oleodutos e depósitos. O objectivo é aumentar a produção de etanol dos actuais 16 mil milhões de litros para os 30 a 32 mil milhões em 2013, adiantou o presidente da Unica. Meia centena de novas fábricas estão já em projecto, que se juntarão às 320 já existentes e que serão alargadas.
Embora a exportação seja hoje quase nula, a intenção é, em 2013, encaminhar um quarto da produção de etanol para os Estados Unidos, Colômbia, Europa, China, Japão, Índia
Com o aumento rápido do preço do crude, a indústria automóvel brasileira acabou por mostrar que o etanol é uma boa alternativa, depois de alguma hesitação inicial. Em Outubro, 70 por cento das viaturas produzidas no país estavam já equipadas com motores bi-fuel (gasolina e álcool). Apenas dois anos e meio depois do lançamento deste bi-fuel, há já um milhão de automóveis nas estradas brasileiras que podem consumir, indiferentemente, etanol ou gasolina. Até ao fim do próximo ano, mais de 90 por cento dos veículos saídos das fábricas brasileiras serão bi-fuel, prevê o presidente da Unica. Mesmo com a duplicação da produção não haverá problemas de escoamento, diz. Hoje, a gasolina brasileira já contém um quarto de álcool puro - a 100 por cento.
Segundo Rogelio Golfarb, presidente da Associação dos Construtores de Automóveis, este é um mercado regido "pela oferta e não pela procura". "O ritmo das matrículas de veículos bi-fuel depende do ritmo de lançamento" de novos modelos, afirmou.
Além disso, o Brasil começou a produzir este ano em série o primeiro avião a álcool do mundo, o Ipanema, usado para fumigação agrícola, e quer equipar os pequenos aviões com motores a etanol.