POW

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Rui Elias

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« em: Abril 30, 2004, 01:37:45 pm »
Os americanos estão cada vez mais humilhados e vingam-se nos prisioneiros.

Parecem querer concorrer com o que se contava dos POW dos vietcongs.

Mas agora não há um "desaparecido em combate" que lhes valha.

As imagens que correm mundo e que até já chocaram Blair, o mais acérrimo seguidor da política aventureirista de Bush e seus conselheiros são a prova disso.

Mas pergunto.

Que legitimidade têm para fazer prisioneiros, se esta guerra é ilegal?

A propósito:

Ouvi dizer que os camones meteram a viola no saco em Faludja, o que não se percebe.

Afinal eles cercavam a cidade e não a controlavam.

Pelos vistos levantaram o cerco.

Não há armas que verguem a vontade e determinação de um povo que se quer soberano.
 

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Ricardo Nunes

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« Responder #1 em: Abril 30, 2004, 03:01:08 pm »
Já conhecia a notícia.

É de facto lamentável. Em todos os exércitos existem, infelizmente casos destes. O próprio exército americano já retirou ao serviço 17 militares ( incluindo um general ) e pôs sobre custódio uns tantos outros até um inquérito formal estar concluído.

Espero que os responsáveis sejam punidos exemplarmente.

Editado: afinal foi o general que se demitiu e não foi descomissionado. Os outros soldados sim.
Ricardo Nunes
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Rui Elias

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« Responder #2 em: Abril 30, 2004, 03:15:22 pm »
Ricardo Nunes

Será que vão enviar esses militares que desconsideraram a bandeira americana para Guantanamo?

:lol:  :lol:  :lol:
 

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Re: POW
« Responder #3 em: Maio 03, 2004, 09:42:00 pm »
Citação de: "Rui Elias"
Os americanos estão cada vez mais humilhados e vingam-se nos prisioneiros.


Os vergonhosos episódios de torturas e humilhações a prisioneiros iraquianos pelos soldados americanos captados naquelas fotos reportam-se a Novembro e Dezembro. Os soldados infractores não são provenientes das formações que têm combatido no terreno, são reservistas, e grande parte deles até são guardas prisionais na vida civil. Não me parece que tenham feito aquilo por estarem marcados psicologicamente (stress, colegas mortos em combate, etc) por combates recentes.

Citar
Que legitimidade têm para fazer prisioneiros, se esta guerra é ilegal?



Esta está boa, está. Eis a nova Doutrina Elias: só nos conflitos autorizados por resolução do CS da ONU é que os beligerantes podem fazer prisioneiros de guerra; em todas as restantes guerras podem-se sumariamente executar todos os soldados inimigos capturados. Quantas vidas não se salvaram graças ao estatuto de prisioneiro de guerra em todos os conflitos não sancionados pela ONU?

Só mais uma coisa Rui: então você que é o primeiro a condenar e a lastimar a execução de dirigentes fanáticos do Hamas, não tem meia dúzia de palavras para dedicar a uma mulher grávida e quatro crianças israelitas assassinadas por "resistentes" palestinianos?

Cumprimentos
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dremanu

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« Responder #4 em: Maio 04, 2004, 02:16:12 am »
O mais rídiculo de toda esta estória é a desculpa esfarrapada dos soldados, a dizerem que não conheciam as leis da convenção de Genéva.

É preciso até ensinar a essa gente a ser humanos, para entenderem como lidar com prisioneiros. Qualquer pessoa com um pouco de inteligência deveria saber, por sí próprio, estabelecer certos limites na forma como vai tratar outros seres humanos, mesmo que estes sejám o inimigo.

A forma como os soldados americanos se comportaram, merece uma forte punição.
"Esta é a ditosa pátria minha amada."
 

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« Responder #5 em: Maio 04, 2004, 01:37:40 pm »
Sem dúvida Dremanu. Também ouvi no "60 minutes" da CBS um dos soldados implicados a desculpar-se, dizendo que não haviam regulamentos nem directrizes vindas das chefias e dos superiores militares, e que eles (os guardas da prisão) não tinham instruções claras sobre o modo como deviam tratar os prisioneiros. Ora, esta desculpa não cola nem por nada. Eu não conheço pormenorizadamente as Convenções de Genebra, nem preciso de uma instrução especializada para saber que aquilo que vimos nas fotos não se faz a ninguém, ninguém! Qualquer pessoa tem consciência que aquilo não se faz. Esses soldados americanos são pura e simplesmente animais, e a expulsão do exército é pouco tendo em conta a gravidade dos factos e o grau de culpa dos implicados (a satisfação patente nos rostos enquanto humilhavam os iraquianos).
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emarques

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« Responder #6 em: Maio 04, 2004, 02:13:52 pm »
A parte mais interessante dessas declareções é o indivíduo que as faz. Que foi colocado no serviço de guarda prisional porque a sua profissão quando não está mobilizado é ... guarda prisional!

Será que é assim que se tratam os prisioneiros nas penitenciárias americanas, e à falta de outras indicações ele cumpriu a missão como estava habituado?
Ai que eco que há aqui!
Que eco é?
É o eco que há cá.
Há cá eco, é?!
Há cá eco, há.
 

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Rui Elias

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« Responder #7 em: Maio 05, 2004, 12:09:50 pm »
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Sobre o que se passa na Palestina infelizmente parece que a morte e a insanidade ganhou.

Os extremistas de ambos os lados tomaram as rédeas, e não estão dispostos a ceder um milímetro das suas convicções aos mais moderados.

Foi por isso de Rabin foi assassinado em 95.

Sharon só se segura no poder graças à violência e ao medo que o povo de Israel sente dos palestinianos, e para isso tem que cercear todos os movimentos à AP que apesar de tudo é a facção mais moderada dos palestinianos, para que desta forma possa ter sempre a desculpa para mais uma execução sumária e extra-judicial.

Julgo que no estado em que colocou Arafat, o proccesso de paz não tem pernas para andar, bem como por motivos contrários, com Sharon no poder o processo também não tem pernas para andar.

O problema é que o povo israelita nunca teve tanta falta de segurança como desde que o talhante Sharon tomou conta do poder.

Irónico, não?

P.S.

Claro que lamento o atentado, como todos os atentados, sejam de palestinianos radicais, seja o terrorismo de estado de Telavive.
 

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« Responder #8 em: Maio 05, 2004, 08:41:42 pm »
Rui, estou de acordo consigo quando diz que "os extremistas de ambos os lados tomaram as rédeas", mas isso infelizmente não é de agora. Já não concordo consigo quando diz que o processo de paz não pode avançar sem Arafat. Você chama "talhante" a Sharon, também não tem um nome para Arafat? Esses dois velhos guerreiros estão bem um para o outro, têm as mãos sujas com o sangue de inocentes. Arafat nunca fará parte de um futuro processo de paz; já teve a sua oportunidade e não a soube agarrar. Preferiu andar a meter ao bolso o dinheiro que a UE mandava para a AP para obras sociais e deixou o Hamas assumir-se como governo "de facto" para os assuntos civis e os seus homens armados controlar as ruas. E recentemente andou a hostilizar os PMs palestinianos mais reformistas.

Outra coisa que me deixa abismado: os membros do Likud foram a votos para decidir se aprovavam a retirada unilateral de Gaza e de alguns colonatos da Cisjordânia, e chumbaram a medida. Porque raio o referendo não foi nacional? Afinal de contas, é por causa dos colonos que o resto dos israelitas sofrem atentados e ataques. Se morrem por causa dos colonos de extrema-direita, então deveriam ter uma palavra a dizer. Segundo vi no jornal, 60 por cento dos israelitas votariam a favor do plano de Sharon. Se por um lado sou a favor da retirada israelita de Gaza e Cisjordânia (de todos os colonatos sem excepção), por outro lado era preferível que isso acontecesse no âmbito do Road Map que o Quarteto parece querer revitalizar.
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Rui Elias

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« Responder #9 em: Maio 06, 2004, 12:50:23 pm »
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O Sharon pretende ceder Gaza para poder manter o status quo na Cisjordânia, e os próprios EUA já disseram que era irrealista que as fronteiras actuais da Cisjordânia sejam respeitadas integralmente se um dia se concretizar um estado palestiniano.

É a teoria do facto consumado, porque quem pode, manda.

Quanto a Arafat, se ele já foi terrorista no passado, não o pode ver visto como tal agora, já que os EUA e Israel já no passado negociaram com ele.

Simplesmente ele não poderia ceder em Camp David, nas conversações com Barak e Clinton, porque os termos em que lhe punham as coisas fariam, caso ele as aceitasse, com que o povo palestiniano deixasse de acreditar nele.

Esse plano, para alem de uns hectares de terras a mais no Neguev, não dava nada de substancial aos pelestinianos.

Nomeadamente deixava em aberto, para as calendas o estatuto de Jerusalem, para além da questão irresolúvel dos refugiados.
 

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Ricardo Nunes

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« Responder #10 em: Maio 08, 2004, 10:16:25 am »
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«Assumo a responsabilidade», diz Rumsfeld
07-05-2004 22:24
PD   Sara Marques

Teve conhecimento de torturas a prisioneiros, mas não conseguiu reconhecer gravidade. Conheça as descrições dos terríveis actos
 
O Secretário de Estado da Defesa norte-americano, Donald Rumsfeld pediu desculpas pelos abusos cometidos pelos soldados norte-americanos a prisioneiros iraquianos. «Aconteceu sob o meu comando, e eu assumo toda a responsabilidade», disse Rumsfeld.

O secretário de Estado da Defesa estava a discursar numa conferência no Senado sobre a forma como a Administração Bush lidou com o escândalo. E, a esse propósito, disse ainda que as fotografias publicadas mostram actos «sádicos e cruéis» contra prisioneiros de guerra iraquianos, mas que foi incapaz de reconhecer a gravidade do escândalo.

Rumsfeld reconheceu também ter errado ao não informar atempadamente o presidente George W. Bush sobre o assunto.

O secretário de Estado da Defesa foi ouvido perante uma comissão das Forças Armadas do Senado e depois pela Câmara dos Representantes, numa audição se prolongou pelo menos por quatro horas.

Donald Rumsfeld terá ainda afirmado que se demitiria imediatamente se achasse que não podia continuar a cumprir as suas funções, mas não o fará por razões políticas.

"Ter-me-ia demitido imediatamente se pensasse que já não podia cumprir as minhas funções. Mas não me demito só porque as pessoas tentam criar (no caso dos maus-tratos aos detidos iraquianos) um caso político", declarou Rumsfeld à Comissão das Forças Armadas do Senado.

Apesar deste reconhecimento agora, as autoridades norte-americanas foram informadas de torturas a prisioneiros iraquianos já em Janeiro passado. Nessa altura, o Comando Central iniciou uma investigação e emitiu um comunicado interno.

Apesar do comunicado, há senadores que se queixam de não terem sido informados de relatos de tortura no Iraque. Também George W. Bush afirma só ter tido conhecimento de sevícias a iraquianos através da divulgação das fotografias na televisão.

No entanto, a cadeia de televisão norte-americana CNN, divulgou, no dia 26 de Janeiro de 2004, a existência de relatos de tortura e do início da investigação. Já nessa altura a televisão americana falava de relatos de soldados que revelavam a existência de fotografias de prisioneiros iraquianos (homens e mulheres) maltratados e humilhados.

O chefe das forças armadas, General Richard Myers, disse que as fotos eram tão potencialmente danosas que ele pediu aos media para não as publicar.

Powell em defesa de Rumsfeld

O secretário de Estado norte-americano, Colin Powell, saiu hoje em defesa de Donald Rumsfeld afirmando que «o secretário da Defesa fez um trabalho muito bom».

Numa altura em que algumas vozes se levantam defendendo a demissão de Rumsfeld, Powell sublinha: «Antes de se começar a falar em fazer rolar cabeças é necessário conhecer todos os factos e garantir que compreendemos bem o que se passou».

As torturas inflingidas

Representante do Partido Democrata norte-americano afirma que a investigação foi concluída em Fevereiro, no entanto, os militares acusados só foram detidos já em Março, altura em que foi divulgado o relatório da investigação.

Neste documento estão descritas as torturas inflingidas pelos soldados norte-americanos aos prisioneiros iraquianos.

Entre as acusações estão ameaçar com arma de fogo, deitar água fria nos prisioneiros despidos, ameaçar os homens de violação, agressões com vassouras e cadeiras, sodomizar os detidos com vários objectos, ameaçar com cães-militares, prender fios eléctricos em todas as extremidades do corpo, incluindo o pénis, acusar os prisioneiros de serem homossexuais e forçar os detidos nus a colocar-se em situações comprometedores.

Se estas situações são humilhantes em qualquer cultura, convém realçar que os árabes não andam nus, nem em frente à sua família, o que torna a humilhação ainda maior.



Ricardo Nunes
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Guilherme

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« Responder #11 em: Maio 08, 2004, 11:48:13 am »
Rui Elias, li num site de notícias que Bush voltou atrás, e está pressionando Sharon a retirar-se dos territórios ocupados em 1967. Parece que ele quer melhorar a imagem dos EUA no mundo islâmico.
 

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emarques

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« Responder #12 em: Maio 09, 2004, 12:08:50 am »
Às vezes os políticos são um pouco apressados a demitir-se (outras não se demitem nem à lei da bala...). O que me incomoda principalmente é quando estala um escândalo, e alguém assume a "responsabilidade política" e se demite. Acho bem que se demitam, mas não imediatamente. Primeiro geriam e resolviam a crise pela qual se responsabilizam, e depois é que se demitiam. Uma demissão imediata dá-me sempre a impressão de que estão a "passar a batata quente" a outro infeliz qualquer...
Ai que eco que há aqui!
Que eco é?
É o eco que há cá.
Há cá eco, é?!
Há cá eco, há.
 

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Fábio G.

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« Responder #13 em: Maio 09, 2004, 06:11:51 pm »
Marcado o primeiro julgamento de um soldado americano devido ás torturas nas prisões iraquianas, o soldado irá a Tribunal Marcial no dia 19 Maio.
 

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Fábio G.

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« Responder #14 em: Maio 11, 2004, 12:30:15 am »
O Pr. Bush deslocou-se hoje ao Pentágono para ver todas a fotografias
existentes sobre os maus tratos a prisioneiros iraquianos. Na
conferencia de emprensa dessa visita o Pr. Bush rectificou-se nas
criticas a Donald Rumsfeld (por não o ter informado dessas torturas)
e afirmou que todos os americanos devem estar gratos a Donald R. por
tudo o que tem feito na "guerra contra o Terrorismo".