O QUE É REALMENTE GRAVE NO NOSSO EXÉRCITO !

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Mar Verde

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« Responder #30 em: Outubro 28, 2005, 05:24:36 pm »
Citação de: "Artífice"

1º Eu nunca disse q sou militar, se fosse será q podia estar aqui a trocar pontos de vista ???

parecia...mas é irrelevante as observações continuam válidas


2ºBombeiro Voluntário não é uma profissão é uma ocupação, comparece à chamada quem quer e recebe as horas que faz, bombeiro sapador é que é uma profissão.

pior ainda, não acha !!  os sapadores são uma minoria comparado com os voluntários, os bombeiros desempenham uma missão importantissima e a maior parte nem sequer  são profissionais, fazem-no por voluntarismo

3ºVocê não sabe qual o meu vencimento nem quais as minhas regalias sociais. Uma coisa lhe garanto, os militares trocavam de bom agrado os supracitados com os bombeiros sapadores !

tocou num ponto importante aqui: então porque que não o fazem !!??

se calhar as regalias e vencimento compensa estar onde está


4º É um erro muito comun pensar-se que TODOS os militares têm trabalho de secretária ou pertencem à banda... ... ...

eu não penso isso...basta ver os telejornais e ver as missões dos militares na Bósnia, Afeganistão, Timor..as operações de SAR no atlântico, o resgate de portugueses na guiné...

agora que há MUITOS que parece que "têm trabalho de secretária ou pertencem à banda" parece.




Riscos ??? Náááá !!!

- Não há risco nenhum em desenterrar (com as mãos) um projéctil de 155mm enterrado a cerca de 1 metro de profundidade que foi disparado e não rebentou, cuja espoleta está danificada sem se saber em que condições está o detonador, o reforçador e a carga de tnt de cerca de 8 kilitos... ... ... Para depois lhe colocar uma carga junto ao sítio adequado e fazer rebentar tudo em segurança...

- Também não há risco nenhum em desencravar uma peça de 20 ou 40mm, cuja munição explosiva com misto tracejante foi introduzida e percutida mas a carga não deflagrou e ficou entalada entre a câmara e a culatra e o meu amigo, sózinho, vai la meter as mãozinhas, bater com jeitinho e esperar q tudo corra bem ...

são situações bastante arriscadas as que mencionou....e vai-me dizer que estas situações acontecem diariamente nas FA e com qualquer militar, independentemente da sua unidade ou patente ?

com 2/3 do orçamento gasto com o Pessoal não sobra muito para gastar em treinos e exercicios


 

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balburdio

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Re: O QUE É REALMENTE GRAVE NO NOSSO EXÉRCITO !
« Responder #31 em: Outubro 28, 2005, 07:14:53 pm »
Esse problema é de facto um falso problema.

Qualquer nova arma tráz, é certo, a necessidade implícita de adaptação a ela, contudo não se dá o caso das armas modernas serem radicalmente diferentes das anteriores.

No geral uma G-36 é bastante similar a uma G-3, aqui não há grande incompatibilidade, até porque, ao contrário do que muitos dizem , o calibre não é de todo um problema, ainda é um calibre padrão OTAN, largamente utilizado em todos os países da aliança em muitos sistemas de armas, incluindo armas ligeiras.

Em termos de comunicações Portugal é até uma referência no tocante à qualidade dos equipamentos mais modernos, que aliás são de fabrico e projecto nacionais.

Quanto à formação, não sei de onde tirou essa ideia, os novos equipamentos não representam em regra uma maior dificuldade na formação e adaptação, pelo contrário.
Por exemplo é muito mais difícil a instrução da tripulação de um M-60 do que a de um Leopard II que já possui sistemas integrados de apoio à instrução e treino.

O salto tecnológico tráz apenas facilidades e vantagens, nunca desvantagens, o que aliás é óbviamente natural. Em regra progride-se e não o contrário!

O equipamento moderno é mais ergonómico, mais fácil de utilizar, mais integrado com o soldado, etc. A formação é sempre mais fácil e vem incluida no pacote de aquisição dos equipamentos.
Não é a mesma coisa que ir ao centro comercial, comprar um equipamento, levá-lo pra casa e desenrrasque-se com ele!

Acresce ainda que estamos nas mesmas condições em que estavam os outros países que utilizavam equipamento como o nosso e que se modernizaram. Aliás estamos melhor, temos mais opções, temos maior conhecimento prévio desse equipamento, em muitos casos é equipamento que já conhecemos.

Além disso não me parece que a nossa situação actual seja assim tão má.
Temos, na G-3, uma das melhores armas individuais que já se concebeu, fiável, robusta, precisa, potente, uma arma de confiança.
Além disso há muito que são utilizadas armas em calibre 5,56mm como a Galil, M-16, SG-543, G-36E

A nossa MG-3 / MG-42 é talvez a melhor metralhadora universal de sempre. Temos uma má metralhadora ligeira na HK-21 mas a maioria das unidades utiliza a MG-3 em substituição.

Há vários anos que temos equipamentos modernos como os Stinger, Milan, F-16, Meko, radares de artilharia e campanha, sistemas modernos C3I, etc.

Para terminar convém esclarecer que os resultados finais, longe de estarem "pelas ruas da amargura", são em regra excelentes, como se tem verificado nos muitos exercícios internacionais em que participamos.
 

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balburdio

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« Responder #32 em: Outubro 28, 2005, 07:50:09 pm »
Citação de: "papatango"

Os oficiais americanos fizeram um “retrato” do oficial português, demonstrando as razões da ineficácia. A separação quase racial, entre oficiais, sargentos e praças, uma burocracia tenebrosa e kafkiana, erguida para defender as chefias e ao mesmo tempo impedir a ascenção dos mais novos.
Curiosa essa descrição!! Acenta como uma luva no exército americano pós-guerra! Aliás no exército americano no Vietname.

Citar
Acima de tudo, o que saltava à vista era a total e absoluta incapacidade operacional das Forças Armadas, principalmente do exército. Portugal não era na altura (práticamente como hoje) capaz de efectuar manobras com unidades de escalão superior ao batalhão, sem que de imediato aparecessem problemas de base, como carros sem combustível, e tropas a passar fome no campo, por impossibilidade de distribuir comida.
Fico assim ansioso que me explique como conseguiu um tal exército manter 3 teatros de guerra durante 11 anos.
Já agora pode também incluir na explicação a razão de sermos sempre alvo de menções honrosas nos exercícios internacionais em que participamos.


Citar
O serviço de saúde, é outra dor de cabeça. Não há um número suficiente de médicos, enfermeiros e pessoal auxiliar para efectuar sequer evacuações de emergência e intervenções primarias. No entanto, os Hospitais Militares Principais, estão equipados e têm médicos para atender as familias dos senhores oficiais, até a filha de um senhor oficial, com 60 anos de idade, que continua a ter direito a assistência médica militar, porque nunca casou e é filha de um Oficial do Exército.
Não é muito diferente dos hospitais civis portanto!

Citar
No inicio dos anos 50, quando os americanos perguntam aos oficiais portugueses o que é que eles querem para modernizar a nova Força Aérea, os nossos oficiais pedem os modernissimos aviões  P-51 Mustang, para substituir os Hurricane e os Spitfire.
Isso é uma anedota de caserna, há quem as confunda com a realidade é claro.

Citar
Os americanos ficam de olhos arregalados, de espanto. Não dizem nada, e acabam por explicar aos orgulhosos mas patéticos portugueses, que os aviões a hélice são coisas do passado desde 1944, quando o ME-262 começou a ser utilizado operacionalmente.
O que não impedia a aviação militar americana da época de estar equipada maioritariamente com aparelhos a hélice.


Citar
A FAP nunca será equipada com o P-51, mas sim com F-82 e mais tarde com F-86. Mas graças aos americanos, e só aos americanos.
Sim, aliás todos os pilotos eram americanos... ou será que não??

Já agora recebemos o F-84G Thunderjet e não o F-82 que era na verdade uma variante da série "mustang", o chamado "twin mustang".

E na realidade chegámos mesmo a receber aviões a hélice interinos, 50 P-47D "Thunderbolt"

Citar
Nem a propósito, sabe que Portugal já podia ter os Leopard-II A4 em vez de continuar com os M-60A3TTS?
Sabe porque é que não os tem?
Se calhar é porque são alemães 
Ou porque custam dinheiro, vá-se lá saber essas coisas!!


Citar
É um facto. Mas se andarmos trinta anos para trás (1975) sabe o que é que encontramos nas Forças Armadas portuguesas?
Eu respondo:

- Tanques M-47
- Viaturas Panhard ETT e AML
- Alguns V-200 Chaimite
- Carros de combate sobre rodas Saladin e Panhard EBR
- Caças F-86 e aviões de ataque FIAT G-91 (R4 com metralhadoras 12.7, porque os FIAT com canhões só chegam a Portugal mais tarde)
- Artilharia da segunda guerra mundial
- Dos nossos navios de guerra, nenhum tem mísseis

Há 30 anos estávamos tão ou mais atrasados que o que estamos hoje.
E além disso, a quase totalidade das nossas Forças Armadas estavam vocacionadas para um tipo de guerra completamente diferente do que era suposto existir na Europa.
Já para não falar que nessa altura as nossas FA ainda não se tinham livrado do mau costume de derrubar regimes.


Citar
Mas estou de acordo com a afirmação de que existe um  “technological gap” considerável.
Eu iria mais longe e punha a hipótese de haver mesmo um "atraso tecnológico"!!

Citar
Embora, nem em todos os ramos isso ocorra. Há, como sempre houve “ilhas”.  Mas acabámos com o SMO há pouco tempo, e só com o tempo e com o treino de novos militares a situação pode melhorar.
E em que é que o fim do SMO vem beneficiar a situação?


Citar
Há muito para fazer. Mas é inevitável que o que for feito, começe a “levantar” cada vez mais protestos de dentro das Forças Armadas, porque há demasiada gente, sentada, ao canto, a encolher os ombros e a rezar para que não o chateiem.

Isso já é politiquice!
Não vejo qualquer tipo de protesto contra a modernização e melhoramento das FAs, apenas contra o tradicional desinteresse e desrespeito com que os governos tratam os militares.

Cumprimentos!

 :D
 

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« Responder #33 em: Outubro 28, 2005, 08:01:30 pm »
Citar
o dinheiro atribuido ás FA pelo poder politico está em linha com os outros paises da Europa (em termos de % do PIB), de quem é a responsabilidade que 2/3 desse dinheiro seja gasto com o Pessoal ?
dos governos!

Citar
Por ex. de quem foi a responsabilidade de comprar os Humvee para Timor e depois viu-se que eram completamente desadequados para aquele ambiente?
Do governo da altura.

Citar
Porque que tivemos que comprar á pressa o modelo espanhol blindado do humvee para levar para o Afeganistão?
Porque que a logistica falhou e os Comandos receberam 7 toneladas de alimentos estragados quando lá chegaram?
Acontece frequentemente, e a logística não falhou, afinal os alimentos, estragados ou não, chegaram lá.

Citar
eu não partilho deste discurso que a culpa é sempre do governo...é um discurso muito á função pública....os professores, os juizes também dizem sempre que não é nada com eles

Em Portugal onde a descentralização executiva é praticamente nula a culpa é mesmo, garantidamente, do governo.
 

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papatango

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« Responder #34 em: Outubro 28, 2005, 08:03:03 pm »
Citação de: "Artifice"
Caro papatango, acha que isto mudou ???
- Não me parece, e aínda lhe devemos acrescentar uns dias de licença concedidos por lei para o tal soldado ir estudar... ... ...
-Por outro lado, o tal feedback que se obtinha de todos os licenciados e técnicos incorporados no SMO agora perdeu-se...


Eu acho que mudou sim. Porque o soldado de que eu estou a falar, se tivesse tido treino continuado, e se em vez de seis semanas de instrução básica e seis semanas de instrução de especialidade, tivesse mais seis meses de treino, ou contacto com os equipamentos, sería provavelmente um militar minimamente capaz, em vez de um pobre coitado reservado a fazer guardas  à unidade.

O fim do SMO, permite dar mais experiência aos militares. Uma das criticas que se fazia na altura em que estive na tropa era a de que "...Quando começam a aprender é que se vão embora..."

Não era por serem licenciados, que alguns oficiais milicianos eram assim tão mais competentes. Há muita gente que não tem um curso superior e que dá água pela barba a quem o tem.

= = =

Também comparto a ideia de que, havento um atraso técnologico, há no entanto  sectores em que as Forças Armadas podem dar exemplos. O problema é que a maioria das pessoas não as conhece minimanente, e por isso fica com a ideia de que os mlitares estão todos à sombra a coçar alguma parte do corpo.

Por esta razão ainda me insurjo mais contra os "golpistas", que em vez de defenderem a instituição militar, acabaram por lhe dar golpes de que não precisava.

A questão dos Leopard II (e não dos Leopard I, porque o M-60A3TTS que o exército tem, lhe é superior) tem a ver com a possibilidade que (não oficialmente) existiu de efectuar a substituição, mas o problema eram os custos enormes que isso teria.

Os custos principais não são com o pessoal, mas sim com toda a nova linha de apoio logístico dos veículos. A passagem do M-48 para o M-60 foi relativamente simples, porque essencialmente M-48 e M-60 são praticamente iguais (aliás, essa critica foi feita por deputados na Comissão Parlamentar de Defesa).

Já o Leopard.II, implicava alterações maiores, que vão desde os veículos de recuperação aos veículos de treino, e a uma miriade de novos equipamentos eléctricos, opticos e electrónicos que era necessário passar a conhecer.

Capacidade técnica do pessoal nunca foi um problema. O problema são os custos envolvidos com toda a mudança.

Portugal já não precisa de um exército de recrutas, pura e simplesmente porque esse exército de "carne para canhão" é nos dias de hoje, completamente inutil.

a única vantagem, seria dispor de militares capazes de resistir de forma não regular, mas de resto, o SMO, era uma perda de tempo e um desperdiçar de recursos.

= = =

Não quero dizer com isto que ache que o actual sistema seja o ideal e que tudo esteja a correr bem, que não está.
No entanto, já se fez bastante, e este é o único caminho lógico.
Nós não precisamos de um grande numero de recrutas que nem sabem o nome da arma, porque não foram devidamente treinados, mas podemos utilizar os mesmos recrutas (voluntários) para os treinar de forma eficiente.

Um recruta com seis anos de escola, e treino na utilização de armas, pode aprender mais devagar que um licenciado, mas com um pouco de mais  tempo vai aprender. E vai ser tão ou mais eficiente que aquele.

Como dizem os americanos: "Practice makes perfect".

Cumprimentos
É muito mais fácil enganar uma pessoa, que explicar-lhe que foi enganada ...
 

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« Responder #35 em: Outubro 28, 2005, 08:08:34 pm »
Citação de: "Mar Verde"
P: No estado democrático, quem escolhe o Governo ?

R: O Povo

Conclusão: a culpa é de todos nós

se não formos um pouco mais pragmáticos, a discussão não sai daqui


Nas democracias quem escolhe o governo são os meios de comunicação social.
O povo só tem o governo que quer nas monarquias populares em que é ele que coroa o rei, como em 1385
 

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PereiraMarques

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« Responder #36 em: Outubro 28, 2005, 08:13:59 pm »
Citação de: "balburdio"
O povo só tem o governo que quer nas monarquias populares em que é ele que coroa o rei, como em 1385


E no século XXI, o que é que o Rei tem a ver com o governo do país...só se for na Arábia Saudita... :roll:

Cumprimentos
B. Pereira Marques
 

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Mar Verde

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« Responder #37 em: Outubro 28, 2005, 08:20:09 pm »
Citação de: "balburdio"
Citação de: "Mar Verde"
P: No estado democrático, quem escolhe o Governo ?

R: O Povo

Conclusão: a culpa é de todos nós

se não formos um pouco mais pragmáticos, a discussão não sai daqui

Nas democracias quem escolhe o governo são os meios de comunicação social.

claro! tinha-me esquecido o quanto o povo é estúpido e burro, e facilmente manipulável por meia dúzia de jornais e televisões

O povo só tem o governo que quer nas monarquias populares em que é ele que coroa o rei, como em 1385

pois claro, e todos sabemos porquê: não existiam televisões nem jornais em 1385

 

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papatango

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« Responder #38 em: Outubro 28, 2005, 08:41:30 pm »
Citação de: "Balburdio"
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Os oficiais americanos fizeram um “retrato” do oficial português, demonstrando as razões da ineficácia. A separação quase racial, entre oficiais, sargentos e praças, uma burocracia tenebrosa e kafkiana, erguida para defender as chefias e ao mesmo tempo impedir a ascenção dos mais novos.
Curiosa essa descrição!! Acenta como uma luva no exército americano pós-guerra! Aliás no exército americano no Vietname.
No entanto é a imagem que os americanos têm, e que os ingleses também corroboram.
Além disto, é feita por oficiais do país que ganhou a segunda guerra mundial.


= = =

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Acima de tudo, o que saltava à vista era a total e absoluta incapacidade operacional das Forças Armadas, principalmente do exército. Portugal não era na altura (práticamente como hoje) capaz de efectuar manobras com unidades de escalão superior ao batalhão, sem que de imediato aparecessem problemas de base, como carros sem combustível, e tropas a passar fome no campo, por impossibilidade de distribuir comida.

Fico assim ansioso que me explique como conseguiu um tal exército manter 3 teatros de guerra durante 11 anos.
Já agora pode também incluir na explicação a razão de sermos sempre alvo de menções honrosas nos exercícios internacionais em que participamos.
É absolutamente simples.
Entre 1945, quando acabou a guerra, e quando os americanos já trabalhavam para modernizar as F.A. portuguesas, e 1974, decorrem 29 (vinte e nove anos). Os oficiais mais antigos começam a ser "postos de parte" e substituidos por oficiais mais novos, entre 1950 e 1960. Logo, a guerra e, África, é feita exactamente pela nova geração que foi criada e instruida pelos americanos. É essa nova geração que começa a guerra, e é essa geração que a começa a planear ainda em 1958.

Mas eu arrisco mesmo dizer-lhe mais
:

Havia em África, entre as unidades operacionais um espirito de corpo decorrente da necessidade, que fazia com que em grande parte dessas unidades as diferenças quase monarquicas que existem entre oficiais, sargentos e praças, (e que os americanos consideraram como um cancro) fossem em grande medida erradicadas.

Isto acontece, porque quem combatia em África, e cada vez mais lá ficava, eram os milicianos, porque muitos dos senhores do Quadro Permanente, começaram a entender os "esquemas" e em 1973, já se sabia como "escapar" de ir para uma unidade operacional.

Em 1974, havia um tremendo mal estar nas Forças Armadas, sabe porquê?

-Porque muitos oficiais e sargentos do QP,não gostavam do facto de os milicianos os estarem a ultrapassar na preferência para promoções, porque quem estava a limpar o pó às cadeiras nos Estados Maiores, não tinha tanta facilidade em ser promovido, porque havia muita gente que ficava irritada por ser preterida na promoção, mas esquecia-se que as promoções de milicianos decorriam da falta de homens para ir para a guerra, arriscar a vida.


====

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O serviço de saúde, é outra dor de cabeça. Não há um número suficiente de médicos, enfermeiros e pessoal auxiliar para efectuar sequer evacuações de emergência e intervenções primarias. No entanto, os Hospitais Militares Principais, estão equipados e têm médicos para atender as familias dos senhores oficiais, até a filha de um senhor oficial, com 60 anos de idade, que continua a ter direito a assistência médica militar, porque nunca casou e é filha de um Oficial do Exército.

Não é muito diferente dos hospitais civis portanto!

Estava tudo bem, se fosse suposto os médicos militares servirem para fazer consultas de odontologia e ginecologia, ou para fazer operações às amigdalas.

Os hospitais militares e os medicos militares devem servir para operar feridos decorrentes de operações militares, e mais nada que isso.

Lembro-me de um caso em que por mandar um recruta para um hospital civil, me disseram que o pobre coitado do  recruta devia ter sido mandado  com uma perna partida, para um hospital em Lisboa, a muitos mais quilometros de distância, porque disseram-me "...Nós temos os nossos proprios hospoitais, não temos que andar a pagar aos hospitais  civis..."

Cabe na cabeça de alguém que coisas simples como arrancar um dente, curar uma gripe, sejam coisas a tratar nos Hospitais Militares, quando não temos médicos capacitados à altura para operações em situação de meergência?


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No inicio dos anos 50, quando os americanos perguntam aos oficiais portugueses o que é que eles querem para modernizar a nova Força Aérea, os nossos oficiais pedem os modernissimos aviões P-51 Mustang, para substituir os Hurricane e os Spitfire.

Isso é uma anedota de caserna, há quem as confunda com a realidade é claro.
Eu sou daqueles que até aprecia os livros de Antonio José Telo, e isto está no livro Portugal e a Nato, de autoria dele.
Se tem algum dado que prove que é piada de caserna, talvez fosse interessante revelar. :D



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Já agora recebemos o F-84G Thunderjet e não o F-82 que era na verdade uma variante da série "mustang", o chamado "twin mustang".
Erro meu. Sempre confundirei os dois. Peço desculpa pela minha mania da poupança


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Há muito para fazer. Mas é inevitável que o que for feito, começe a “levantar” cada vez mais protestos de dentro das Forças Armadas, porque há demasiada gente, sentada, ao canto, a encolher os ombros e a rezar para que não o chateiem.

Isso já é politiquice!
Não vejo qualquer tipo de protesto contra a modernização e melhoramento das FAs, apenas contra o tradicional desinteresse e desrespeito com que os governos tratam os militares.

A verdade, é que também nunca vimos nenhum protesto contra a obsolescência dos meios, e os unicos protestos que vemos, são quando os interesses, o médico para a familia, e a idade da reforma são postos em causa.

Ficamos com a ideia de que ocorre a mesma coisa que com os juizes. Todos sabem que está tudo um nojo, mas enquanto receberem as benesses que lhes permitem calar o bico, calam-se " É la nave vá".

Quando lhes retiram as benesses que serviam de rolha para que se calassem, saltam que nem bailarinas. e gritam que nem virgens ofendidas, como se por acaso não tivessem colaborado com 30 anos de silêncio, na pouca vergonha que andaram a tolerar.

Na mesma estão as corporações de militares revoltosos.

Cumprimentos
É muito mais fácil enganar uma pessoa, que explicar-lhe que foi enganada ...
 

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Artífice

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Re: O QUE É REALMENTE GRAVE NO NOSSO EXÉRCITO !
« Responder #39 em: Outubro 28, 2005, 10:04:40 pm »
Citação de: "balburdio"
Esse problema é de facto um falso problema.

Qualquer nova arma tráz, é certo, a necessidade implícita de adaptação a ela, contudo não se dá o caso das armas modernas serem radicalmente diferentes das anteriores.

No geral uma G-36 é bastante similar a uma G-3, aqui não há grande incompatibilidade, até porque, ao contrário do que muitos dizem , o calibre não é de todo um problema, ainda é um calibre padrão OTAN, largamente utilizado em todos os países da aliança em muitos sistemas de armas, incluindo armas ligeiras..

Portanto, está a referir-se às modernas e simples armas ligeiras certo ?

-Então e os modernos sistemas de armas mistos ou simples (canhão/míssil) de defesa aérea por Ex. com sistemas radar  de aquisição e tiro integrados ou separados, que sofreram uma evolução abismal nos últimos anos, dos quais nenhum passou por cá e já têm várias gerações de desenvolvimento.
E os sistemas míssil/radar de defesa costeira para substituír a extinta artilharia de costa ???

Citação de: "balburdio"
Em termos de comunicações Portugal é até uma referência no tocante à qualidade dos equipamentos mais modernos, que aliás são de fabrico e projecto nacionais.

- Concordo, mas daí a terem sido adquiridos e distribuídos...

Citação de: "balburdio"
Quanto à formação, não sei de onde tirou essa ideia, os novos equipamentos não representam em regra uma maior dificuldade na formação e adaptação, pelo contrário.
Por exemplo é muito mais difícil a instrução da tripulação de um M-60 do que a de um Leopard II que já possui sistemas integrados de apoio à instrução e treino..

- Sim, em termos de tripulação tudo bem, mas, e o resto ?
Aquilo que não se vê e que está por trás da operacionalidade do carro ?
Pois, a manutenção, o pessoal formado e actualizado em optica/electrónica, hidraulicos/motores, armamentos... E as modernas instalações para esses trabalhos ?

Citação de: "balburdio"
Além disso não me parece que a nossa situação actual seja assim tão má.
Temos, na G-3, uma das melhores armas individuais que já se concebeu, fiável, robusta, precisa, potente, uma arma de confiança.
Além disso há muito que são utilizadas armas em calibre 5,56mm como a Galil, M-16, SG-543, G-36E

-Ok em termos de armas ligeiras estamos de acordo, embora que era indispensável um pequeno upgrade para a G 3 ter mais 30 anos de vida.

Citação de: "balburdio"
A nossa MG-3 / MG-42 é talvez a melhor metralhadora universal de sempre. Temos uma má metralhadora ligeira na HK-21 mas a maioria das unidades utiliza a MG-3 em substituição.

A MG-42 ? aquela que aínda tem as àguias alemãs gravadas nas peças ?
- É uma maravilha não há dúvidas, mas sabe quantos anos de serviço tem ? Se há quem diga que a G 3 é velha então a MG 42 o q será ? Para além de que é um bacalhau de tal tamanho que no mato consegue mesmo ser um estorvo. E não há assim tantas MG 42  ao serviço como pensa.
-A HK 21 é má ? Não senhor, logo aqui começa o q eu queria dizer com o meu tópico, por ser + complicada q a MG, passou a ser má, principalmente por ser mal alimentada.


Citação de: "balburdio"
Há vários anos que temos equipamentos modernos como os Stinger, Milan, F-16, Meko, radares de artilharia e campanha, sistemas modernos C3I, etc.

-O stinger é moderno sim senhor, mas não implica muitos conhecimentos nem tecnologia para ser utilizado e mantido.
-Radares? Quais radares o FAAR? De que ano é?
Os restantes sistemas sendo de outros ramos...

Citação de: "balburdio"
Para terminar convém esclarecer que os resultados finais, longe de estarem "pelas ruas da amargura", são em regra excelentes, como se tem verificado nos muitos exercícios internacionais em que participamos.


De facto a capacidade inventiva Portuguesa é notória, para o bem e para o mal, e enquanto houver arame...

-Os resultados finais nunca por mim foram postos em causa, nem nunca o farei, pois eu conheci militares estrangeiros e... Por amor de Deus, dêem-me 2 ou 3 Portugueses motivados e a barraca vem abaixo !!!

Saudações aos patriotas.


"Eles andam aí... E são cada vez mais Burros !"
 

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papatango

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« Responder #40 em: Outubro 28, 2005, 10:47:31 pm »
Citação de: "Artifice"
-Radares? Quais radares o FAAR? De que ano é?
Os restantes sistemas sendo de outros ramos...
É uma questão que já discutimos neste fórum várias vezes.
Não temos uma protecção anti-aérea movel eficaz. O radar AN/MPQ49 FAAR. é o radar adequado para os sistemas CHAPARRAL. Não faz sentido ter outros radares se não alteramos os misseis.

Mas não acredito que não sejamos capazes de operar sistemas mais modernos, como o NASAMS, e as suas unidades de comando controlo e vigilância. Afinal, a marinha também passou das Pereira da Silva para as Vasco da Gama. E isso sim, foi um salto tecnológico monstro. No entanto, a marinha opera com eficiência as Vasco da Gama.

Os meios mais antigos servem pelo menos, para permitir um eventual salto futuro para outras tecnologias.

Citar
O stinger é moderno sim senhor, mas não implica muitos conhecimentos nem tecnologia para ser utilizado e mantido.

Cada vez mais, os militares vão ser militares de playstation.
É um facto, que cada vez mais, os equipamentos são mais sofisticados, mas também mais simples de utilizar, embora também reconheça, que também têm modos de operação novos, que podem ser mais complexos.

Ou seja:
as novas armas são fáceis de utilizar por quem utiliza as mais antigas, mas os seus novos modos de operação, precisam de ser testados até à exaustão.
Ao não o fazer, cria-se no utilizador a ideia de queo equipamento funciona mal, porque a sua operação é diferente, e há sempre alguma resistência à adaptação a novos métodos, porque implicam alterações doutrinarias que muitas vezes são dificeis de implementar.

No entanto, não é nada que seja impossível.

Se fossemos pelo caminho de achar que está tudo mal, e que não valia a pena fazer nada, ainda tinhamos os tanques Valentine.

Cumprimentos
É muito mais fácil enganar uma pessoa, que explicar-lhe que foi enganada ...
 

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« Responder #41 em: Outubro 28, 2005, 11:01:43 pm »
Citação de: "papatango"
...os unicos protestos que vemos, são quando os interesses...

-Favor recuar uns (poucos) anos..

Citação de: "papatango"
...o médico para a familia...

-Esta lembra-me aquela que aínda há pouco tempo as pessoas pensavam àcerca das senhas de gasolina e supermercados para militares...
- Não acredito que isto exista, tratamento diferenciado, talvez, aliás, como acontece na nossa sociedade civil...

Citação de: "papatango"
Na mesma estão as corporações de militares revoltosos.


Esta é muito forte,e acho que tal não existe, isto foi o q os media quiseram fazer passar, embora q num "ajuntamento" se alguém grita MATA logo a coisa pode degenerar em ESFOLA, mesmo q o alguém q gritou mata seja um azul-escuro disfarçado de azul-claro. É a psicologia das massas.


Cumprimentos


"Eles andam aí... E são cada vez mais Burros !"
 

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« Responder #42 em: Outubro 28, 2005, 11:20:23 pm »
Citação de: "papatango"
Não faz sentido ter outros radares se não alteramos os misseis.

Por acaso até acho que faz sentido, um sistema radar que permita um empenhamento misto de sistema míssil/canhão (baixas e muito baixas altitudes). Portanto o enpenhamento de múltiplos sistemas de armas em múltiplos alvos.
Qualquer coisa como o sistema oerlikon/contraves que, esse sim teria sido um garante de evolução ao longo destes anos, e aínda não está desactualizado.

Citação de: "papatango"
No entanto, não é nada que seja impossível.
Se fossemos pelo caminho de achar que está tudo mal, e que não valia a pena fazer nada, ainda tinhamos os tanques Valentine.


-Atenção que eu nunca referi a palavra impossível, aliás como já disse, e tendo conhecido militares estrangeiros e os nossos... ... dois Portugueses motivados e ...

Mas volto a referir q os sistemas de armas per si não se mantêm operacionais, é aqui que entra a cultura tecnológica e o tal fosso que referi.

Cumprimentos


"Eles andam aí... E são cada vez mais Burros !"
 

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balburdio

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« Responder #43 em: Novembro 02, 2005, 09:32:04 pm »
Citação de: "Artífice"
Mas volto a referir q os sistemas de armas per si não se mantêm operacionais, é aqui que entra a cultura tecnológica e o tal fosso que referi.
Cumprimentos


Voltamos à ideia de que é mais difícil operar, com tudo o que isso implica, meios modernos do que meios mais antigos.
Ideia totalmente errada, acrescente-se.

As empresas que desenvolvem sistemas de armas não andam a dormir na forma, interessa-lhes vender, e talvez por isso desenvolvem sistemas cada vez mais simples de operar em TODOS os aspectos, menos talvez no custo inicial de aquisição!

Tomemos por exemplo um F-16 e um A-7P
O reactor do F-16 tira-se e volta-se a colocar em 15 minutos, um sistema de teste integrado elabora um relatório de todos os problemas com o reactor, se existirem. Um aplicativo informático de apoio à manutenção faz correesponder cada problema a um conjunto de passos simples de resolução dos problemas, que se traduz em tirar e pôr componentes de forma muito fácilitada pela própria concepção do sistema.

Num A-7 o caso era outro, tirar o motor era um guerra só por sí, pelo que muitas vezes trabalhava-se com o motor ainda dentro do avião, agora com os F-16, se tivermos, como temos, outro motor, podemos usar o avião enquanto o motor é revisto ou reparado.
A manutenção dos motores do A-7 exigiam um elevado nível de conhecimento técnico e perícia por parte dos mecânicos.
Manter os aviónicos a funcionar era outro pesadelo, agora é só executar um auto-teste e substituir ou reparar com assistência informática, eventuais módulos avariados.
Mesmo no aspecto da pilotagem as coisas evoluiram no sentido da simplificação.
O motor do A-7 representava para o piloto uma carga de trabalho pelo menos igual á necessária para controlar o aparelho aerodinâmicamente que diga-se envolvia algun esforço físico.
Nos F-16 o sistema FADEC retira a maior parte desa carga, o que é acompanhado por uma ausência de esforço resultante dos comandos "fly-by-wire"
 

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psychocandy

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« Responder #44 em: Novembro 02, 2005, 09:53:54 pm »
Um A-7 nos 4G's dava direito a revisão geral.. alem de que spare parts era boca, para nao falar do custo absurdo de cada uma.
"The nation which forgets its defenders will be itself forgotten."