Portugal terá capacidade de Defesa credível?

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papatango

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« Responder #30 em: Agosto 07, 2005, 10:11:19 pm »
A capacidade de dissuasão, é a capacidade de atacar o inimigo para além de um ponto em que ele ache que qualquer ataque é demasiado caro, por causa da resposta.

Naturalmente o maior dissuasor, é aquilo que é conhecido como DMA ou Destruição Mútua Assegurada. Ou seja a bomba atómica.

No caso português, nós não temos forças com capacidade de dissuasão porque foi considerado que a nossa defesa próxima, esta assegurada pela politica de alianças. Aliás foi essa politica de alianças que garantiu em alguns momentos a independência do país.

A dissuasão contra os PC's obtém-se não com grandes obras e grandes armas, mas sim com forças móveis, com um sistema de comunicações eficiente.

De nada nos serve ter aeronaves. Nem F-16 nem Harriers, nem helicopteros. Esses seríam sempre os principais alvos, e dificilmente conseguiriamos obter o controlo dos ares, mesmo que destruissemos três aviões inimigos por cada um que perdessemos.

No entanto, a resistência é possível.

Bastaria lembrar a situação no Kosovo, em que as principais baixas da Sérvia foram aviões MIG-29. Quando se assinou a paz no entanto, a NATO apanhou um susto, quando percebeu que o exército Sérvio estava intacto, porque estava absolutamente dissimulado.

No Iraque, os satélites e os aviões espiões funcionaram por causa das características do terreno, mas onde existir vegetação, isso é muito mais dificil. Com vegetação adequada (os fogos não têm ajudado nada a camuflagem) e armamento anti-aéreo, e a possibilidade de ataques fortes contra qualquer força invasora, os custos inerentes ao ataque seríam demasiados.

= = =

Quanto aos fortes, são de facto ideias ultrapassadas com a guerra moderna. A única vantagem de um ponto forte é atrasar o inimigo num determinado ponto, se for possível resistir noutro, ou para permitir negociações de paz.

Foi o que aconteceu na guerra das laranjas.
Os espanhóis entraram pelo Alentejo dentro, mas como não conseguiram tomar Elvas, não se arriscaram a continuar a penetração até Lisboa, porque tinham parte do exército a cercar Elvas. O resto do exército Espanhol, poderia ter sido destruido pelas tropas a norte do Tejo e se as tropas que cercavam Elvas fossem em auxilio, arriscavam-se a ser cercadas pelas tropas que estavam em Elvas e que eram bastantes.

A fortaleza portanto, cumpriu a sua função. No entanto nos dias de hoje, a rapidez de movimentos e o papel do poder aéreo, nomeadamente no que respeita a tropas aerotransportadas  alteram a importância dos pontos fortes.

Cumprimentos
É muito mais fácil enganar uma pessoa, que explicar-lhe que foi enganada ...
 

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typhonman

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« Responder #31 em: Agosto 08, 2005, 12:19:03 am »
Daqui a uns anos temos de mudar a cor das fardas para cinzento e preto... :roll:
 

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Cabeça de Martelo

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Portugal/Espanha
« Responder #32 em: Agosto 09, 2005, 01:58:46 pm »
E eu pensava que era um tanto ou quanto anti-espanhol! Agora vejo que até sou bastante moderado. Ó pessoal a Espanha por muito que nos custe É NOSSA ALIADA! Ambos os países são membros da UE, Nato e outras organizações. Não percebo qual é a necessidade de andar sempre a ver a nossa política de defesa numa perspectiva de agressão externa. Se ela acontecer será um ataque terrorista como aconteceu em Madrid e em Londres. Só espero que tal coisa não aconteça e para isso conto com a insignificância que Portugal tem na política mundial. Se Portugal ainda existe e é um dos países mais antigos do mundo (mais velho que Espanha) foi porque ao longo da sua história sempre soube escolher os seus amigos. Eu sei que os ingleses nos pilharam e que os americanos apoiaram a UPA mas ao mm tempo foram eles que nos ajudaram em inúmeras ocasiões. O mesmo acontece com Espanha a partir do mesmo momento em que nos tornámos membros da UE. Todos os conflitos entre os dois países a partir de agora vão ser resolvidos na mesa de negociações.
7. Todos os animais são iguais mas alguns são mais iguais que os outros.

 

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papatango

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« Responder #33 em: Agosto 09, 2005, 02:16:42 pm »
Citar
Todos os conflitos entre os dois países a partir de agora vão ser resolvidos na mesa de negociações.


Deixe-me ser um pouco irónico:

E vão chover petalas de rosa, perfumadas, e os espanhois, que praticamente nunca respeitaram um tratado com Portugal, vão de repente transformar-se no povo mais honesto do mundo. Vão exalar, paz eterna pelas narinas, e compreensão universal pela boca.

Cabeça de Martelo:
A Espanha, junto com Portugal, é membro da UE há menos de 20 anos.
20 anos não é absolutamente NADA em termos históricos.
Já tivemos periodos de paz com os espanhóis muito superiores a 20 anos. No entanto, quando menos se esperava, as ideias anexionistas re-apareceram.

Não adianta de nada dizer que a maioria dos espanhóis não quer saber de Portugal. Isso é verdade hoje, como era verdade em 1801 ou em 1580.
O povo, não quer saber. O problema são as elites que definem uma sociedade. As nossas elites, andam tontas, mas as elites espanholas têm feito o seu trabalho.

Não devemos entrar em paranoias anti-espanholas apenas por entrar. Devemos, isso sim, estar alerta. E não devemos confundir os alertas, como os que eu aqui tenho lançado com paranoia patrioteira pateta. O problema, não é, NUNCA FORAM os povos dos vários países peninsulares. O problema sempre foi a elite castelhana. Os pensadores, os historiadores (falseadores ou não) nunca abandonaram a ideia peregrina de Hispanidad. Mesmo os repúblicanos, durante a guerra civil, avançavam com o conceito de confederação (há qual não escapava Portugal).

Lembro que um dirigente da República Espanhola  (creio que o Negrin) disse sobre a revolta de Franco, que Portugal era a parte mais revoltada (ou rebelde) de Espanha.

O pior que podemos fazer é baixar todas as defesas, acreditando que do outro lado, quase mil anos de História, acabaram em 19 anos de União Europeia. A realidade geográfica é a que é. Nenhum outro país do mundo pode atacar directamente o território português. Apenas a Espanha o pode fazer. Contra este facto, não há qualquer argumento.

Nem tanto ao Mar nem tanto à Terra. Não nos devemos enganar a nós próprios.


Cumprimentos
É muito mais fácil enganar uma pessoa, que explicar-lhe que foi enganada ...
 

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Rui Elias

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« Responder #34 em: Agosto 09, 2005, 02:25:49 pm »
Colega cabeça-de-martelo (o seu nick é demais  :lol: )


É exactamente por causa da diversidade de ameaças e imprevisibilidade, que hoje os interesses e segurança dos Estados se devem defender por vezes a milhares de quilómetros de distância, e não já em Vilar Formoso, ou em Elvas.

Mesmo perante ameças clássicas, como numa pouco provável agressão de Espanha, Portugal não teria hipóteses para resistir e defender a sua parte continental por mais que algumas horas.

Mas poderia e deveria ter meios dissuasórios suficientes para tornar essas ameaças mais improváveis, porque como disse outro colega acima, os custos dessa agressão seriam muito altos para o atacante e inaceitáveis para a sua opinião pública.

Por isso seria necessário que Portugal adoptasse uma simetria proporcional na quantidade e qualidade dos dispositivios de Defesa relativamente a Espanha, para que se mantivesse uma proporção estratégica a nível peninsular.

Quanto ao resto, os meios de projecção de poder e de forças servem exactamente para defender os interesses de um Estado a muitos KM de distância, mas isso é coisa que Portugal não possui também.

Comparativamente com Espanha (2 LPD's, mais o PA PdA, e o futuro LHD) terá uma capacidade de projecção notável, até para os padrões ocidentais, ao contrário de Portugal que para já nada possui, nem a nível naval nem aéreo.

Nem se prevê que venha a ter, se exceptuarmos a possibilidade do NavPol para 2010/2012.

Ora sem esses meios de projecção, e outros meios que garantam uma cadeia logística, para nada servem as muitas fragatas que aliás não temos, ou a sua qualidade (que é muito mediana).

Infelizmente.
 

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typhonman

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« Responder #35 em: Agosto 09, 2005, 02:42:28 pm »
Papatango é isso mesmo :wink:
 

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Cabeça de Martelo

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Espanha/Portugal
« Responder #36 em: Agosto 10, 2005, 12:58:29 pm »
Meus senhores se Espanha tem o armamento que tem foi porque o governo desse pais investiu. Se eles investem é porque têm dinheiro, se eles têm dinheiro então têm algo que nós não temos!
Eu quero as nossas FA armadas com o bom de do melhor, mas no entanto eu sei que o nosso pais mal tem dinheiro para pagar as contas. No meu serviço (sou funcionário público) nós para conseguirmos fazer o nosso trabalho temos que fazer milagres todos os dias para conseguir coisas como papel, tinteiros arranjar o material que se estraga, etc. Sendo assim eu fico sempre muito reticente quando se fala em gastar milhões de € em coisas como armamento. Pessoalmente acho que em primeiro deve se olhar para os recursos humanos. Há militares que estão anos a fio na mesma patente, etc.
7. Todos os animais são iguais mas alguns são mais iguais que os outros.

 

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Miguel

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« Responder #37 em: Agosto 28, 2005, 08:11:32 pm »
Capacidade para se defender???

Nem sequer temos capacidade para nos defender dos fogos

eu até acredito que o melhor era entregar Portugal a espanha :roll:

quando os politicos pouco se importam que a nação esteja a arder, e que até gozem férias nos safaris, então acabou-se a nação

eu estive durante duas semanas no meio dos fogos, em Viana do Castelo até vi o hospital a ser parcialmente evacuado

e qual era a unica ajuda ??? hein  1 canadair espanhol, e bombeiros profissionais franceses que vieram por seus proprios custos durante as suas férias, e até conseguiram complicar a vida aos homens com burocracia de mer...
 

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manuel liste

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« Responder #38 em: Agosto 29, 2005, 07:44:26 am »
El asunto de los incendios forestales debe tener mucha importancia para ustedes, que lo comentan en todos los foros aunque sean de tema completamente distinto.

Citar
Capacidade para se defender???

Nem sequer temos capacidade para nos defender dos fogos

eu até acredito que o melhor era entregar Portugal a espanha


Si quieren entregarse a alguien, busquen mejor un país más rico, como Luxemburgo  :roll:

En serio, no comprendo ese pesimismo y tampoco comprendo que vinculen a España con él. España es sólo un país, no es una amenaza para Portugal, pero tampoco supone su salvación. El problema de los incendios tiene unas causas concretas que hay que solventar, pero no supone un fracaso colectivo de su país como a veces sugieren de forma en exceso pesimista, según mi punto de vista.

Por supuesto, tengo mi opinión sobre la causa y el remedio de los incendios forestales, que por otra parte mi país también padece.

Y lo primero a considerar es que el clima de toda la Península Ibérica está dominado por la tendencia mediterránea. Es decir, por unos veranos secos y calurosos. Cuando un país con ese clima abandona los campos a las plantas silvestres y a los cultivos madereros (pino, eucalipto), es normal que los incendios forestales sean cada vez más virulentos. Creo que es obvio.
 

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NVF

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« Responder #39 em: Agosto 29, 2005, 06:52:17 pm »
Manuel, os portugueses estao tao desesperados e desanimados que, parece-me, ja' nao conseguem racionalizar. Estamos a precisar de uma mudanca qualquer... de preferencia uma mudanca colectiva de mentalidades.
Talent de ne rien faire
 

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Yosy

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« Responder #40 em: Agosto 29, 2005, 07:54:43 pm »
Citação de: "NVF"
Manuel, os portugueses estao tao desesperados e desanimados que, parece-me, ja' nao conseguem racionalizar. Estamos a precisar de uma mudanca qualquer... de preferencia uma mudanca colectiva de mentalidades.


Realmente ajudava. Ajudava mesmo muito.
 

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Miguel

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« Responder #41 em: Agosto 29, 2005, 08:08:23 pm »
euhhhh

Se no Safari in Kenya era Santana Lopes, qual seria as reações da comunicação ?
 

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C. E. Borges

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« Responder #42 em: Setembro 01, 2005, 01:36:36 pm »
A obsseção com Espanha - a propósito de racionalidade - provém directamente da justificada falta de confiança em nós próprios. Na área militar, (é essa a minha mais profunda convicção) foram os militares os responsáveis por esse estado de coisas. Como é que é possível aguardar 26 anos - vinte e seis ! -  pelos estudos, preparação e finalmente renovação de uma esquadrilha de dois submarinos ? Expliquem-me lá isso, pelo amor de Deus !!!
 

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Luso

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« Responder #43 em: Setembro 01, 2005, 01:56:04 pm »
Plenamente de acordo, CE Borges.
Olhemos para dentro.

Os nossos militares de alta patente sobem como?
Fazendo ondas?
Reclamando? Propondo alterações?

Têm muitas responsabilidades. Muitas.
Ai de ti Lusitânia, que dominarás em todas as nações...
 

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C. E. Borges

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« Responder #44 em: Setembro 01, 2005, 03:28:58 pm »
Desculpem (eu nunca me desculpo a mim mesmo em matéria ortográfica) : Escreve-se «obsessão».
Obrigado, Luso, pelo seu comentário.
O meu receio é que, com esta crise das finanças públicas, que é grave, volte a "sobrar" para os re-equipamentos previstos, quando não mesmo já em fase de aquisição.
Não se "lhes" mexe as pálpebras, todavia, quanto à Nação gastar estúpidamente os 100 milhões de euros previstos só na propaganda das próximas eleições autárquicas ... isto é, em 20 dias, gastar-se-á metade do que o próprio Ministro das Finanças disse que o Estado pouparia em quatro anos - em quatro anos ! - com a reforma das aposentações da Administração Pública, etc, etc.
Este País não existe ! Não existe !