Estamos a falar de um ataque de um exército convencional, equipado com 180 tanques M-48, quase 400 tanques M-47, 36 caças F-4 «Phantom», 30 Mirage-III e 70 F-5.
Do ponto de vista convencional não havia grande coisa a fazer.
Mas quem se lembra da explosão que foi a chegada da Liberdade em 1974, pode pensar o que é que os portugueses fariam se a opção fosse voltar a uma situação idêntica.
Como se não bastasse tratar-se de uma invasão espanhola (e é dificil imaginar algo que seja mais repulsivo para os portugueses) ainda por cima seria uma invasão fascista.
Nenhum dos lideres das facções que se opunham ao PCP teria cara para defender o Franco, pelo que qualquer ataque espanhol acabaria por dar em nada.
Parece que os espanhóis se queixavam da pouca importância que os restantes países europeus davam à evolução da situação portuguesa, mas neste caso, parece que esse Arias Navarro não entendia que tipo de negociações e pressões os sectores anti-comunistas em Portugal exerciam sobre a França, a Grã Bretanha e a Alemanha.
O perigo de uma invasão espanhola faria Portugal virar ainda mais à esquerda e todos os principais países europeus estavam ao corrente disso, via ligações do Mário Soares à internacional Socialista e aos governos dos países da Europa Ocidental.
O que torna ainda mais quixotesco o planeamento dos espanhóis e retira qualquer credibilidade à tese de que pretendiam lutar contra o comunismo.
O que eles queriam era "Lo de siempre" :roll:
Qualquer invasão, ao mesmo tempo, ajudaria a reforçar a posição de domínio espanhol sobre Portugal. Vejam o que os espanhóis afirmam:
«... Somos um país forte e próspero e podemos invadir sozinhos, mas queremos ter o aval dos Estados Unidos...»
Numa situação de transição, em que Portugal perdia o Império, a Espanha afirma a sua posição tutelar sobre Portugal, determinando em Waqshington e nas capitais europeias, que Madrid tem que ser ouvida na solução da questão portuguesa.
Na realidade, a verdade é que a Espanha acabou por ser de relevância quase nula, exactamente por ser uma ditadura.
Foi apenas refugio de generais golpistas e de agentes da PIDE, que aproveitaram a cobertura que os seus correlegionários lhes deram.
Curiosamente, mesmo depois do advento da Democracia, a Espanha continuou a proteger os PIDES até ao fim.
Para alguma coisa serviu manter as estruturas do regime durante a transição...