Portugal pode ser fornecedor da indústria automóvel sul-africana
Alexandra Machado
A África do Sul quer fortalecer a sua indústria de automóveis, tendo a recente visita da vice-presidente, Phumzile Mlambo-Ngcuka, a Portugal, sido aproveitada para promover encontros nessa área.
A indústria de componentes e a de moldes são dois sectores em que Portugal pode assumir ligações com o país africano. Paulo Fernandes, que dirige a AIDC (Automotive Industry Development Centre), uma agência governamental sul-africana para a indústria automóvel, esteve em Portugal com a comitiva da vice--presidente e aproveitou para ter encontros com a AFIA (Associação dos Fornecedores da Indústria Automóvel) e com os industriais dos moldes. Paulo Fernandes, em entrevista ao DN, explicou que o seu instituto não tem competências na captação de investimentos, mas como é uma agência especializada no sector automóvel, trabalha com outras instituições que têm essa incumbência. Paulo Fernandes explica que a África do Sul quer aumentar a integração de componentes produzidos no país. Nos 600 mil automóveis fabricados na África do Sul, 60% dos componentes ainda são importados. O objectivo é inverter esse peso, passando a incorporar nesses automóveis 70% de componentes locais. Por isso, Paulo Fernandes garante que "há uma grande oportunidade de crescimento para instalar fábricas na África do Sul e contribuir mais para o conteúdo local". Nas reuniões mantidas em Portugal falou-se da oportunidade de a indústria nacional ligada ao sector automóvel fazer uma visita à África do Sul, embora não tenha ficado agendada. Aliás, a ligação com os moldes portugueses já não é de hoje, reconhecendo a África do Sul que Portugal é um modelo a seguir neste sector.Aqui "há uma grande oportunidade, mais para a África do Sul do que para Portugal, para aprendermos o que os portugueses fizeram".
A África do Sul fabrica 600 mil automóveis, mas 75% são para exportação. Os principais construtores - BMW, Volkswagen, Mercedes, Fiat, Toyota, Nissan, Ford e General Motors - estão instalados naquele país africano, que tem um total de 400 fornecedores, responsáveis por um volume de negócios de 2,5 mil milhões de dólares. Os principais componentes existentes na África do Sul são de assentos, rodas de alumínio, catalisadores e motores, admitindo Paulo Fernandes que alguns dos principais défices são de materiais com maior valor acrescentado, tais como componentes de vidro (pára-brisas, faróis), componentes de segurança ("são preciso níveis de tecnologia que não temos"), ou seja, "subir na cadeia de valor".
A AIDC, criada em 2000, é uma agência governamental que tem três objectivos: apoiar a indústria automóvel ao nível logístico (estão a ser criados parques industriais), de métodos de gestão e de formação.
Fonte:
http://dn.sapo.pt/2006/12/05/economia/p ... ria_a.htmlO facto de ser um Português a estar à frente da Automotive Industry Development Centre Sul-Africana, pode facilitar e muito os negócios!
