É delicioso dissecar as análises Ocidentais sobre as Revoltas no Mundo Árabe, lembra fatalmente a historiografia, Ocidental, sobre as Santas Cruzadas que contrasta radicalmente com a visão árabe do mesmo acontecimento e o «Santas» das Cruzadas desmoronam perante massacres, purgas e violações, que hoje seriam consideradas como um Crime Contra a Humanidade.
Também seria delicioso ver como os árabes na sua versão «colorida» da História, falam da libertação da Peninsula Ibérica, após a entrada dos exércitos de Tarik no ano de 711.
É impressionante ver como os árabes pintaram a História de cores brilhantes à medida que avançavam e impunham os seus preceitos regras e religião, a gente que não tinha pedido para ser invadida. O que foi a expansão da religião muçulmana pelo mundo a menos que uma cruzada islâmica ?
Nesta História, não há nem santos nem demónios.
Para analisar cabalmente o fenómeno divulgado como «Revolta no Mundo Árabe» é fundamental, em primeira instância, perceber que há o Mundo Árabe e as Nações Muçulmanas
Estas questões por acaso até já têm sido referidas com algum detalhe neste fórum. Que mundo árabe e mundo muçulmano são coisas distintas, é das coisas que tem sido sempre lembrada, quando alguém se esquece do facto.
Se não sabemos porque é que o Hizbulah não fez uma ofensiva no norte de Israel, quando o Estado hebreu bombardeava o Hamas em Gaza, sul de Israel, e quando o Hizbulah e o Hamas são as duas principais organizações armadas visceralmente anti-Israel... estamos longe de compreender o fenómeno revolucionário em curso.
Também já discutimos essas questões aqui, e estamos fartos de saber que o Hezbollah é um movimento Xiita controlado pelos imãs pedófilos das mesquitas de Qom, e pelo regime terrorista do criminoso Ahmadinejad do Irão, enquanto que os terroristas do Hamas são Sunitas.
Os terroristas iranianos apoiam o Hamas apenas por conveniencia. Se não houvesse Israel, matavam-se uns aos outros.
A somar à diferença entre sunitas e xiitas, está o facto de o principal país xiita ser persa e não árabe, quando árabes e persas se odeiam mais que árabes e judeus (embora esse ódio seja disfarçado pelas conveniências).
O famoso efeito dominó revolucionário é uma ficção. A aspiração de Liberdade é a ilusão que o Ocidente pretende ver ocorrer nestes países... em breve surgirá a realidade e o Ocidente compreenderá, finalmente, porque é que os libertários tantas vezes gritaram, e gritam, Allah Akbah.
O efeito dominó existe. Tanto que os países que tiveram até ao momento problemas até estão ao lado uns dos outros. Tunisia, Líbia e Egipto.
A Síria e o Iraque também se incluem neste grupo repúblicas laicas.
Nas republicas laicas, é onde se notará mais o problema dos extremistas islâmicos. Há evidentemente activistas islâmicos em muitos desses movimentos.
O que se deve estudar é a possibilidade de, embora existindo, esses movimentos serem na realidade uma minoria. Além disso, gritar Allah-o-Akbar é ainda mais comum nas repúblicas laicas.
Uma minoria que, no caso do Egipto, foi até apanhada de surpresa.
É evidente que se tiverem toda a liberdade para promoverem as suas teorias de governo islâmico eles podem conseguir vantagens e até ganhar eleições.
É por isso que se fala tanto no modelo turco.
Não porque os turcos sejam árabes (que também não são), mas porque a Turquia ainda tem uma democracia tutelada pelo exército, sendo o exército a garantia de que o extremismo islâmico não acabará por controlar um processo de abertura que será lento.
Na Turquia, a ocidentalização do país demora há quase um século (e o processo turco foi radical, e a expressão mais dramática dessa mudança, está na introdução do alfabeto latino num país islâmico).
Mas na verdade, o que acontece é que parece que há árabes que também acham que a Liberdade é um valor importante.
Já se os movimentos democráticos podem de facto triunfar, é duvidoso. A solução mais lógica, será a da criação de regimes laicos, que instituam regras democráticas, mas que mantenham um controlo por parte do exército (que tem que ser laico).
Isto impedirá que numa eleição um grupo islâmico ganhe, e subverta a democracia.
Tal subversão é por definição anti-democrática, mesmo que tenha maioria.
Nenhum povo tem legitimidade para votar democraticamente o fim da democracia, porque tal voto constitui uma violação da liberdade das gerações futuras, às quais o fim da democracia retiraria a liberdade de escolher.
A democracia tem sempre que ser mantida, porque é uma garantia de liberdade para aqueles que ainda não votam e mesmo para aqueles que ainda não nasceram.