Tensão em Timor Leste

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« Responder #390 em: Agosto 08, 2007, 02:37:34 pm »
Xanana propõe "transformação total do sistema"


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O novo primeiro-ministro de Timor-Leste, Xanana Gusmão, apresentou as linhas do que disse ser a "transformação total do sistema", propondo uma reforma "drástica da gestão do Estado".

"Temos forte desejo de corrigir aquilo em que os nossos antecessores falharam", afirmou Xanana Gusmão num discurso de posse em que agradeceu a contribuição dos seus antecessores, em particular do chefe do I Governo Constitucional, Mari Alkatiri.

Uma das tarefas imediatas é a aprovação de um Orçamento de Transição para o período até 31 de Dezembro de 2007.

A curto-prazo, Xanana Gusmão propõe um novo sistema fiscal, segundo as linhas do que foi proposto pelo Presidente da República, José Ramos-Horta.

O novo primeiro-ministro pretende "um sistema fiscal simplificado a favor dos pobres e que incentive o sector privado, o investimento estrangeiro e a criação de emprego".

Do leque de propostas de Xanana Gusmão faz parte a criação de um Tribunal de Contas, de um Banco Nacional de Desenvolvimento e de uma Agência Especializada de Investimento.

O IV Governo pretende ainda aprovar brevemente o Código Penal e outros "documentos legislativos essenciais", instituir a "educação primária capaz e gratuita a todas as crianças de Timor-Leste" e insistir num programa de incentivo ao sector privado.

Xanana Gusmão defendeu a necessidade de uma reforma profunda do sector da Segurança, uma pasta pela qual ele será responsável, apenas com um secretário de Estado que depende directamente do chefe do governo.

"Torna-se urgente implementar as reformas que se aproximam decorrentes do Grupo de Estudos da Força 2020, para a edificação da capacidade institucional das F-FDTL", Falintil-Forças de Defesa de Timor-Leste, disse.

Da Polícia Nacional, Xanana Gusmão pretende que se torne numa força "verdadeiramente profissional, apartidária e merecedora da confiança das pessoas e das comunidades".

O major fugitivo Alfredo Reinado não foi esquecido pelo novo primeiro-ministro, que pretende solucionar esse problema "garantindo desde já que este será um exemplo de que, no nosso país, a justiça poderá tardar mas não falhar".

Xanana Gusmão declarou também que o problema dos peticionários das Forças Armadas deve ser resolvido no curto prazo "analisando e implementando as recomendações do Relatório da Comissão de Notáveis, promovendo o diálogo com as F-FDTL e aplicando medidas de justiça social".

O primeiro Conselho de Ministros do IV Governo reuniu três horas depois da tomada de posse, no Palácio do Governo, onde Xanana Gusmão inspeccionou em detalhe, ao final da tarde, os vários gabinetes e serviços.
 

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comanche

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« Responder #391 em: Agosto 10, 2007, 05:18:11 pm »
Cento e dez casas destruídas em dois distritos de Timor-Leste

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Pelo menos 110 casas foram destruídas nas últimas 24 horas nos distritos de Viqueque e Baucau, leste de Timor-Leste, na sequência dos incidentes violentos iniciados esta semana em Díli, disse hoje à Lusa a porta-voz da polícia da ONU (UNPOL).
 


Kedma Mascarenhas acrescentou que número ainda não determinado de pessoas abandonaram as suas casas, refugiando-se nas montanhas.

"A situação está agora calma em Baucau e Díli. No caso da capital não há registo de incidentes desde quinta-feira de manhã (hora local)", precisou.

Embora tenha sido confirmada a destruição de 110 casas, a UNPOL dispõe de informações que apontam para a destruição, parcial ou total, de 142 casas, com os incidentes a serem marcados por bloqueios de estradas.

Além das mais de 50 detenções efectuadas quarta-feira em Baucau pela Polícia Nacional de Timor-Leste (PNTL) e UNPOL, a UNPOL reportou hoje a detenção de mais quatro indivíduos.

Em Díli, foram feitas 17 detenções, todas relacionadas com apedrejamentos de viaturas civis e das Nações Unidas e confrontos entre grupos de jovens rivais, em incidentes verificados sobretudo a coberto da noite.

Relativamente às pessoas que abandonaram as suas casas, Kedma Mascarenhas disse à Lusa que "por enquanto não há um número", mas adiantou que representantes das agências da ONU "viajam sábado de avião para Baucau, para fazerem uma avaliação da situação e contabilizarem o número real de refugiados".

Os incidentes em Timor-Leste estão relacionados com o impasse que rodeou a designação do primeiro-ministro.

A Fretilin, vencedora das legislativas de 30 de Junho mas sem obter maioria absoluta, rejeitou e denunciou a escolha de Xanana Gusmão como traduzindo um "golpe de Estado constitucional".

O Presidente José Ramos-Horta justificou a escolha de Xanana Gusmão, indicado por uma coligação pós-eleitoral liderada pelo CNRT, a que se juntaram mais três partidos minoritários.

Xanana Gsmão foi empossado quarta-feira no cargo de primeiro-ministro.

Entretanto, a UNICEF apelou à protecção das escolas, algumas das quais foram vandalizadas ou destruídas nesta mais recente onda de violência em Timor-Leste.

Em comunicado enviado à Lusa, a UNICEF receia que a violência ponha em causa o início do ano escolar, formalmente em curso desde o passado dia 06.
 
 

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comanche

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« Responder #392 em: Agosto 15, 2007, 03:04:52 pm »
Situação em Timor continua "volátil e com actos de violência esporádicos"



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A Missão das Nações Unidas em Timor-Leste (UNMIT) informou que a situação no país continua "volátil e com actos de violência esporádicos", após vários dias de tumultos públicos em vários pontos da região.


O sub-director do UNMIT, Eric Huck Gim, declarou em conferência de imprensa em Díli que a atmosfera local está tensa em Baucau e Viqueque, as principais cidades da região oriental do país, e que na capital as coisas tendem a acalmar.

"Em Díli, a situação está relativamente calma, embora subsistam incidentes esporádicos de pessoas atirando pedras em zonas como o Bairro Pite, o porto, Santa Cruz e Comoro", declarou o oficial, um general de brigada de Singapura.

"Quero reiterar que a ONU apoia o direito a manifestações, mas estas devem ser realizadas de maneira pacífica e através dos canais legais adequados", afirmou.

Segundo o responsável das Nações Unidas, "alterar a vida normal do país, como incendiar escolas e edifícios públicos e privados, fazer deslocar pessoas dos seus locais de residência e comprometer a segurança de pessoas não é o caminho para levar o país para a frente".

Os distúrbios em Timor-Leste foram desencadeados no dia 13 quando o Presidente timorense, José Ramos Horta, designou como primeiro-ministro Xanana Gusmão, do Conselho Nacional para a Reconstrução do Timor Leste (CNRT), e não o candidato da Fretilin, o partido vencedor das eleições de 30 de Junho passado.

Xanana Gusmão dirige uma coalição de quatro formações políticas que controla 37 dos 65 lugares do novo parlamento de câmara única, enquanto que a Fretilin, embora vencedora nas eleições, apenas obteve 21 deputados.

Timor-Leste atravessa uma crise política desde Abril de 2006.

 
 

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Lancero

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« Responder #393 em: Agosto 21, 2007, 12:29:19 pm »
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Troops 'desecrate' Fretilin flags



Lindsay Murdoch, Darwin

August 21, 2007


AUSTRALIAN troops in East Timor stole flags of the deposed Fretilin party, tore them up and wiped their backsides with them, Fretilin claimed last night.

The incident had inflamed an already volatile situation in the country and demonstrated the partisan nature of the Howard Government's intervention there, Fretilin vice-president Arsenio Bano said.

A Defence spokeswoman in Canberra confirmed that a group of Australian soldiers took three Fretilin flags without permission on August 18.

But she would not comment on the claim that the flags were torn up and soldiers wiped their backsides with one as they drove off.

Mr Bano said soldiers grabbed the flags in two eastern villages where people were protesting against the formation of a government led by former president Xanana Gusmao.

More than 1000 Australian troops serving in East Timor's International Stabilisation Force and 1600 international police have been struggling to control violent protests by supporters of Fretilin, which had ruled the country since independence in 2002.

Yesterday, East Timor's former prime minister Mari Alkatiri called for Australian troops to return home, accusing them of a lack of neutrality.

Fretilin claims that Mr Gusmao's Government is illegal.

"At Walili (village), two Australian military vehicles full of soldiers tore up a Fretilin flag that had been raised at the roadside, wiped their backsides with it and drove off with the flag," Mr Bano said.

"In Alala village, Australian troops tried to sever a Fretilin flag from its rope and then drove over it," he said.

Mr Bano said the incidents insulted all East Timorese because tens of thousands of Timorese martyrs died fighting under the flag during their 30-year struggle for independence. He said the "cultural insensitivity and arrogance typifies Australian military operations in the Pacific region".

Mr Bano said the incidents could not be excused as the actions of misguided soldiers.

"The soldiers take their cue from their officers, who understand the true objectives of the Howard Government intervention in Timor Leste (East Timor), which has had one overriding aim — the removal of the democratically elected Fretilin government and its replacement with the illegitimate government of Jose Alexandre (Xanana) Gusmao," Mr Bano said.

The Defence spokeswoman said the actions of a small number of International Stabilisation Force soldiers involved in the taking of the flags were "highly inappropriate".

"The removal of any flag without permission is wrong and culturally insensitive," she said.

The spokeswoman said one of the flags was given back to villagers the day it was taken, with an apology. Two other flags were being returned yesterday "with a sincere apology". She said the ISF regretted the incident and was conducting an official investigation.



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Fretilin wants Aussies out of E Timor after flag theft

Posted Mon Aug 20, 2007 7:47pm AEST

Updated Mon Aug 20, 2007 7:56pm AEST

Leaders of East Timor's Fretilin party are demanding the removal of Australian forces after three soldiers were forced to apologise for stealing several Fretilin flags.

One Fretilin official claims the men tore the flags up and made as if to use them like toilet paper, after stealing them from the village of Bercoli, east of Dili, yesterday.

The soldiers later returned the flags and wrote a formal apology, but Australian defence chiefs deny they were damaged.

Australia's Brigadier in Dili, John Hutcheson, says the soldiers' actions were inappropriate and culturally insensitive, but were an isolated incident.

"It's a very serious incident and I guess, as I've already stated, I'm disappointed in the actions of these few soldiers," he said.

"However I'm confident that the larger part of the force, particularly the remaining soldiers and so forth, they are actually doing a very good job."

East Timor's former Prime Minister Mari Alkatiri has again called for Australian troops to return home accusing them of a lack of neutrality.

Mr Alkatiri called the seizure of the flags a provocation and accused the Australian forces of having intimidated Fretilin supporters for some time.

"Portugal civilizou a Ásia, a África e a América. Falta civilizar a Europa"

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comanche

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« Responder #394 em: Agosto 21, 2007, 03:01:00 pm »
“Xanana dará o melhor de si próprio para governar Timor-Leste até ao fim do mandato”

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Agora empenhada nas actividades da Fundação Alola, criada em 2002, Kirsty Sword Gusmão, a esposa do actual primeiro-ministro Xanana Gusmão diz, em entrevista ao PÚBLICO, estar consciente do papel do marido “neste momento crucial para o futuro” do jovem país. Kirsty é uma australiana que nasceu em 1966 na cidade de Melbourne e há sete anos casou-se com o mítico guerrilheiro timorense.

Continua a considerar-se uma primeira dama (agora que o seu marido é o novo primeiro-ministro e que o Presidente Ramos-Horta não se encontra casado)?
Em primeiro lugar, permita-me salientar que as presentes declarações são feitas em meu nome pessoal, como Presidente da Fundação Alola, por mim criada em Março de 2001 e não em nome do meu marido, Xanana, nem tão pouco do Governo.
Claro que já não me considero primeira-dama! O título, aliás, nunca fez sentido na medida em que o estatuto de 'primeira-dama’ nunca foi reconhecido oficialmente nem recebeu qualquer financiamento por parte do Governo. Todo o trabalho desenvolvido pela Alola, em áreas como a advocacia, emprego, educação, saúde materno-infantil e assistência humanitária, tem sido financiado por doadores de todas as partes do mundo, individuais e institucionais.

Como é que vê esta transição de Xanana da primeira para a terceira posição na hierarquia do Estado (depois dos presidentes da República e do Parlamento)?
Encaro o cargo actual de Xanana essencialmente como um acréscimo de responsabilidades e de ocupação do seu tempo, em prejuízo da nossa vida familiar. Mas, é um sacrifício que nós aceitámos sem hesitação, na medida em que estamos conscientes da importância do papel de Xanana neste momento crucial para o futuro de Timor. Nem eu nem Xanana damos muito valor às posições de poder, a nossa maior preocupação é tentar contribuir para a melhoria das condições de vida do povo timorense, a que ele tem dedicado quase toda a sua vida. Xanana deveria estar já a descansar; mas a libertação do seu povo (agora da miséria) continua a ser a sua grande prioridade.

Está convicta de que um Governo com base na AMP (ALiança com Maioria Parlamentar) tem condições para cumprir toda uma legislatura?
Estou confiante que Xanana, bem como as outras pessoas que integram o IV Governo, darão o melhor de si próprias para governar o país até final do seu mandato. Por outro lado, é absolutamente necessário que sejam criadas as condições de estabilidade política e social que permitam mostrar ao mundo que os timorenses são capazes de governar o seu próprio país.

Preocupa-a em particular o grande número de desalojados que ainda há em Timor-Leste?
A questão dos desalojados é muito preocupante, principalmente pelas condições precárias em que os mesmos se encontram, há tanto tempo. É ainda procupante pelo facto da sua existência traduzir a falta de segurança e de estabilidade político-social que se tem vivido no país.

Admite que dentro de dois a três anos o clima económico e social do país possa ser melhor do que é hoje?
Tenho muita esperança que em breve o povo timorense verá as suas condições de vida melhorar e que, a médio prazo, se possa considerar que o clima económico e social do país sofreu realmente um impulso positivo rumo ao desenvolvimento e paz social. Com o empenho de todos – governo, oposição e sociedade civil – na defesa deste grande objectivo nacional, acredito que isso será possível.
Pela minha parte, continuarei a contribuir para melhorar as condições de vida das mulheres e crianças, em particular, através do trabalho que a Fundação Alola vem desenvolvendo no sentido de melhorar a sua educação, saúde e rendimento e apoiando-as na sua luta por uma maior participação na sociedade.

 

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comanche

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« Responder #395 em: Agosto 28, 2007, 03:50:20 pm »
Timor-Leste: SENEC João Gomes Cravinho inicia visita na quinta-feira

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Lisboa, 28 Ago (Lusa) - O secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação de Portugal, João Gomes Cravinho, inicia quinta-feira uma visita a Timor-Leste, em que além de encontros institucionais acompanhará o desenvolvimento de projectos da cooperação portuguesa naquele país.

Na deslocação, de cinco dias, João Gomes Cravinho tem previsto encontros com o Presidente da República, José Ramos-Horta, com o presidente do Parlamento, Fernando Lasama Araújo, com o primeiro-ministro, Xanana Gusmão, e com o representante especial do secretário-geral da ONU, Atul Khare, entre outras entidades políticas e religiosas.

Durante a estada em Timor-Leste, o governante português deslocar-se-á ao distrito de Ermera, para visitar o Programa de Apoio ao Desenvolvimento Rural em Timor-Leste.

Portugal é o principal doador internacional de Timor-Leste e as acções de cooperação, em múltiplas áreas, têm especial relevo nos sectores da educação, justiça, saneamento básico e agricultura.

Nesse sentido, além da deslocação a Ermera, João Gomes Cravinho aproveitará a estada em Timor-Leste para visitar o emissor de Fatuhai, leste de Díli, no âmbito do Programa do Alargamento da Cobertura do Sinal de Rádio e Televisão, e inaugurará, na capital timorense, a segunda fase da Escola Portuguesa de Díli.

Deslocações ao Centro de Formação Jurídica de Caicoli, no centro de Díli, e à ilha de Ataúro, onde inaugurará o Sistema de Abastecimento de Água Potável, completam o programa da visita de cinco dias a Timor-Leste.

Além da forte presença portuguesa no domínio da cooperação bilateral, Portugal mantém estacionado em Timor-Leste um contingente de militares da GNR e de agentes da Polícia de Segurança Pública, que integram a Missão Integrada da ONU em Timor-Leste.

O secretário de Estado português terá oportunidade de se encontrar com os militares e agentes da GNR e PSP, no decurso de uma visita ao quartel da GNR, situado no bairro de Caicoli.

João Gomes Cravinho visita Timor-Leste à frente de uma delegação que integra a vice-presidente do Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento, Vera Abreu, e a directora do Serviço Ásia e Oceânia do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Gabriela Albergaria.

 

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comanche

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« Responder #396 em: Outubro 30, 2007, 07:02:48 pm »
Acordo fronteiriço entre Timor-Leste e Indonésia até Janeiro


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Os ministros dos Negócios Estrangeiros de Timor-Leste, Zacarias da Costa, e da Indonésia, Hassan Wirajuda, anunciaram em Jacarta a assinatura de um acordo fronteiriço entre os dois países até Janeiro.
 


Hassan Wirajuda explicou à imprensa, após um encontro bilateral, que os dois vizinhos concordaram em cerca de 97 por cento do traçado da fronteira terrestre.

"Precisamos de intervenção política porque algumas fronteiras exigem mais do que uma abordagem apenas jurídica. Mas concordámos em finalizar as negociações até Janeiro", explicou o chefe da diplomacia indonésia.

Hassan Wirajuda acrescentou que Timor-Leste e a Indonésia iniciarão negociações sobre as fronteiras marítimas logo que as fronteiras terrestres estejam definidas.

O anterior traçado de fronteiras entre Timor-Leste e a Indonésia remonta à época colonial e ao acordo e decisão arbitral, em 1904 e 1915, entre Portugal e a Holanda.

Hassan Wirajuda referiu esses acordos entre potências coloniais que, em alguns casos, foram contrariados localmente por práticas tradicionais.

O último ponto onde não havia acordo político sobre a definição da fronteira de Timor-Leste e Indonésia foi ultrapassado a 05 de Junho último, em Jacarta.

Nessa reunião participaram o então primeiro-ministro timorense, José Ramos-Horta, actual Presidente, e o chefe de Estado indonésio, Susilo Bambang Yudhoyono, encontro em que a delimitação de fronteiras ocupou o centro da agenda.

Os dois países tinham anunciado já um acordo político sobre duas pequenas porções de território no enclave de Oécussi, onde Jacarta e Díli propõem que os direitos de soberania sejam conciliados com direitos de utilização pelas populações locais, explicou José Ramos-Horta à Lusa.

Um dos locais situa-se no sub-distrito de Passabe, num terreno onde há hortas de camponeses indonésios.

"A Indonésia reconhece este pedaço de território como sendo de soberania de Timor-Leste, mas desde 1962 que o terreno está ocupado por agricultores indonésios", disse, em Jacarta, o Presidente José Ramos-Horta, à Agência Lusa, durante a sua visita oficial.

Uma situação semelhante, e também relativa a uma área "de um campo de futebol", acontece com o ilhéu de Fatu Sinai, território da Indonésia que é usado há várias gerações pelos timorenses de Oécussi para a realização de cerimónias tradicionais.

Na reunião de Junho em Jacarta, ficou definido que, sem disputar a soberania da Indonésia sobre o ilhéu, um acordo posterior deixará assegurados os direitos de utilização das populações timorenses.

"Existe essa solução entre a Indonésia e a Malásia e entre o Iémen e a Eritreia, por exemplo. Foi uma solução semelhante" que o Presidente timorense propôs, assegurou o chefe de Estado indonésio.

 

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Lancero

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« Responder #397 em: Novembro 15, 2007, 09:31:17 pm »
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Timor-Leste: Investigador defende que Portugal não abandonou território em 1975  

    Henrique Botequilha, Agência Lusa  

    Lisboa (15 Nov) - A revelação do consenso em 1963 de quatro potências anglófonas sobre a integração de Timor-Leste na Indonésia permite rever o comportamento de Portugal na sua ex-colónia asiática, defende um investigador de ciências políticas e relações internacionais da Universidade de Lisboa.

     

    "Ao contrário da tese que se generalizou, Portugal não abandonou Timor-Leste em 1975, porque pouco podia fazer", considera Moisés Silva Fernandes, que estudou documentos recentemente abertos ao público, nos arquivos das diplomacias britânica e australiana.  

     

    Vários documentos na posse do especialista demonstram que Austrália, Reino Unido, Estados Unidos da América e Nova Zelândia acordaram secretamente em Washington, em 1963, a integração de Timor-Leste na República Indonésia.

     

    Do ponto de vista histórico, estas revelações "mudam completamente as coisas", diz Moisés Silva Fernandes. "Portugal começou a elaborar em 1974 um plano de descolonização para Timor-Leste", lembra. "Mas os decisores portugueses desconheciam que já existia um consenso ocidental para Timor-Leste desde 1963, nas reuniões secretas de Washinton e para as quais os portugueses não foram convidados nem para um beberete", adianta.  

     

    "Se Portugal soubesse deste consenso ocidental e regional, talvez tivesse existido mais cautela nas reuniões que manteve com a Austrália a propósito do plano de descolonização para Timor, porque a Austrália não estava de boa fé", comenta. A Indonésia, nota, também estava ao corrente das iniciativas de descolonização de Timor-Leste, bem como do posicionamento secreto das potências ocidentais.  

     

    O acordo secreto dos quatro países anglófonos, em 1963, surgiu num contexto em que "a Holanda estava fortemente pressionada a ceder a Papua Nova Guiné Ocidental à Indonésia", afirma o investigador. "Integrando a população à força e com o beneplácito de várias potências, entre as quais o Reino Unido, os Estados Unidos e a Austrália"  

     

    Por outro lado, observa Moisés Silva Fernandes, "também existia o problema da Papua Nova Guiné Oriental, que era uma colónia australiana e que poderia ser reclamada pela Indonésia".  

     

    A diplomacia do Reino Unido, no início da década de 60, sente-se, por seu lado, inquieta com o nacionalismo indonésio e, segundo o especialista da Universidade de Lisboa, teme a reacção de Jacarta à criação de "uma grande Malásia", a partir das suas antigas colónias asiáticas.  

     

    "Para defender os seus interesses na região, os ingleses precisam do apoio do ocidente", diz Moisés Silva Fernandes", e "lembram-se de fazer uma reunião a quatro (com responsáveis políticos dos Estados Unidos, Austrália e Nova Zelândia)", o que sucede, em dois encontros em Washington, em 1963. Em ambos, participaram altos representantes políticos das diplomacias destes países anglófonos.  

     

    No mesmo período, Robert Menzies, primeiro-ministro australiano, e António Oliveira Salazar, chefe do governo português, trocam cartas sobre a questão de Timor-Leste. "Tinham uma excelente relação, Salazar até lhe enviava garrafas de vinho do Porto", adianta o especialista da Universidade de Lisboa.  

     

    Mas já então, diz Moisés Silva Fernandes, "estava escrito em Washington que Portugal era o peão a cair", em nome dos interesses das potências ocidentais no sudeste asiático. "Será que a decisão tomada a respeito de Timor-Leste foi o rebuçado que se deu aos indonésios para não criarem problemas na Papua Nova Guiné Oriental", pergunta o investigador.  

     

    Doze anos mais tarde, havia novos interesses, como os hidrocarbonetos no Mar de Timor, e num contexto de guerra fria, um movimento como a Fretilin era contrário aos propósitos das potências ocidentais na região, lembra Moisés Silva Fernandes. "Só em Março de 1975 Portugal começa a perceber que a Austrália está a dar apoio à Indonésia a propósito de Timor-Leste".

     

    A Indonésia invadiu Timor-Leste em 07 de Dezembro de 1975, numa data em que a administração portuguesa já não se encontrava na ilha. "Sempre tive muitas dúvidas de que os portugueses fossem culpados por esta situação e que as outras potências saíssem ilesas destes acontecimentos", afirma Moisés Silva Fernandes. "Agora sabemos que estava tudo decidido e escrito muito antes."  

     

    "As relações entre Portugal e Austrália sobre Timor-Leste mantêm-se no desconhecimento absoluto", afirma o investigador. "Tenho a certeza de que nos arquivos portugueses e australianos ainda existem coisas que vão deixar as pessoas altamente surpreendidas."  


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Timor-Leste: O território estava "destinado" à Indonésia desde 1963 - académico

   Henrique Botequilha, Agência Lusa  

   Lisboa, 15 Nov (Lusa) - A integração de Timor-Leste na República Indonésia  foi acordada secretamente em Washington por quatro potências anglófonas,  em 1963, revelou à Lusa Moisés Silva Fernandes, investigador de ciências  políticas e de relações internacionais da Universidade de Lisboa.  

     

   Através da análise de documentos da época, Moisés Silva Fernandes verificou  que altos responsáveis políticos do Reino Unido, Austrália, Estados Unidos  da América e Nova Zelândia tiveram dois encontros em 1963, em Washington,  onde "chegaram a acordo sobre a incorporação de Timor-Leste, numa política  de apaziguamento em relação à Indonésia", afirma o investigador.  

     

   "Estes encontros foram secretos, Portugal nunca foi informado de nada",  adianta.  

     

   Um dos documentos analisados por Moisés Silva Fernandes é um telegrama  remetido em 13 de Fevereiro de 1963, pela embaixada australiana em Washington  para o seu ministro dos Negócios Estrangeiros, em Camberra, no qual dava  conta do acordo obtido pelas quatro partes, que nessa data se encontravam  na capital norte-americana para a primeira das suas reuniões.  

     

   "Sobre Timor, todos concordámos que mais tarde ou mais cedo a Indonésia  vai apoderar-se da parte portuguesa da ilha de Timor e todos à volta da  mesa tornaram bem claro que os seus governos não estavam preparados para  envolver forças militares para evitar esta situação", lê-se no relatório  da diplomacia australiana.  

     

   Noutro dos documentos encontrados pelo investigador português no Arquivo  Nacional da Austrália, e recentemente abertos à consulta pública, consta  um outro texto, escrito pelo embaixador da Austrália em Jacarta para o seu  primeiro-ministro, Robert Menzies, datado de 7 de Março de 1963 e com a  classificação "top secret".  

     

   "Devemos ao mesmo tempo convencer os indonésios que não teremos objecções  a uma eventual incorporação do Timor português na Indonésia, desde que isto  venha a ocorrer através do uso de meios aceitáveis", afirma o diplomata  australiano, confirmando o acordo obtido em Washington.  

     

   Em Outubro de 1963, os quatro países anglófonos voltaram a reunir consenso  sobre Timor-Leste em Washington. "O ideal do nosso ponto de vista seria  que os portugueses cedessem Timor de boa vontade e de um modo que a transferência  para a Indonésia não seja o resultado de uma agressão ou de um movimento  cínico apaziguador para o Presidente (indonésio) Sukarno, lê-se num documento  secreto de preparação da diplomacia londrina para o segundo encontro quadripartido  e agora encontrado por Moisés Silva Fernandes no arquivo do "Foreign Office"  britânico.  

     

   Para o investigador português, a interpretação destes novos dados é  clara. "Onde outros podem ver 'realpolitik', eu vejo cinismo", comenta.  

     

   A Indonésia invadiu Timor-Leste em 7 de Dezembro de 1975, 12 anos após  estas reuniões secretas, e, com o silêncio das potências ocidentais, ocupou  o território até à consulta popular de 30 de Agosto de 1999, cujo resultado  conduziu à independência do país asiático de expressão portuguesa.  

     

   Moisés Silva Fernandes vai revelar as suas conclusões, do ponto de vista  académico, sexta-feira, 16 de Novembro, num seminário na Universidade de  Oxford sobre assuntos portugueses e lusófonos.  

     

   Mais tarde, planeia escrever um artigo sobre as suas revelações históricas  a propósito de Timor-Leste, em inglês, na revista científica de estudos  internacionais South European Society & Politics e incluir os novos elementos  históricos, em português, num livro dedicado aos anos de 1974 e 1975 em  Timor-Leste, a lançar em 2008.  

     
"Portugal civilizou a Ásia, a África e a América. Falta civilizar a Europa"

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André

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« Responder #398 em: Novembro 16, 2007, 04:41:20 pm »
Ramos Horta compara acordo secreto à Conferência de Berlim

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O Presidente timorense José Ramos-Horta afirmou hoje em Lisboa que o acordo de quatro potências anglófonas, em 1963, sobre a integração da ex-colónia portuguesa de Timor na Indonésia é comparável à Conferência de Berlim.
Para o Presidente de Timor-Leste, a iniciativa secreta dos Estados Unidos da América, Austrália, Reino Unido e Nova Zelândia «tem paralelo com a conferência de Berlim», que no século XIX levou à partilha do continente africano pelas potências coloniais europeias.

Ramos-Horta, que se encontra em visita oficial a Portugal, a primeira desde que foi eleito chefe de Estado em Maio passado, e que falava numa conferência de imprensa, salientou, no entanto, que a intenção dos quatro países anglófonos «não era séria».

«Não me parece que tenha sido uma intenção séria. Não passou de uma conversa informal de diplomatas, que não teve em linha de conta o factor Portugal. Era impensável que naquela altura Portugal aceitasse esta iniciativa», frisou Ramos-Horta.

A integração de Timor-Leste na Indonésia foi acordada secretamente, sem conhecimento de Portugal, em Washington, em 1963, segundo revelou à Lusa Moisés Silva Fernandes, investigador de ciências políticas e de relações internacionais da Universidade de Lisboa.

Através da análise de documentos da época, Moisés Silva Fernandes verificou que altos responsáveis políticos do Reino Unido, Austrália, Estados Unidos e Nova Zelândia tiveram dois encontros em 1963, em Washington, onde «chegaram a acordo sobre a incorporação de Timor-Leste, numa política de apaziguamento em relação à Indonésia», afirma o investigador.

«Estes encontros foram secretos, Portugal nunca foi informado de nada», adianta.

Um dos documentos analisados por Moisés Silva Fernandes é um telegrama remetido em 13 de Fevereiro de 1963, pela embaixada australiana em Washington para o seu ministro dos Negócios Estrangeiros, em Camberra, no qual dava conta do acordo obtido pelas quatro partes, que nessa data se encontravam na capital norte-americana para a primeira das suas reuniões.

«Sobre Timor, todos concordámos que mais tarde ou mais cedo a Indonésia vai apoderar-se da parte portuguesa da ilha de Timor e todos à volta da mesa tornaram bem claro que os seus governos não estavam preparados para envolver forças militares para evitar esta situação», lê-se no relatório da diplomacia australiana.

Noutro dos documentos encontrados pelo investigador português no Arquivo Nacional da Austrália, e recentemente abertos à consulta pública, consta um outro texto, escrito pelo embaixador da Austrália em Jacarta para o seu primeiro-ministro, Robert Menzies, datado de 7 de Março de 1963 e com a classificação «top secret».

«Devemos ao mesmo tempo convencer os indonésios que não teremos objecções a uma eventual incorporação do Timor português na Indonésia, desde que isto venha a ocorrer através do uso de meios aceitáveis», afirma o diplomata australiano, confirmando o acordo obtido em Washington.

Em Outubro de 1963, os quatro países anglófonos voltaram a reunir consenso sobre Timor-Leste em Washington. «O ideal do nosso ponto de vista seria que os portugueses cedessem Timor de boa vontade e de um modo que a transferência para a Indonésia não seja o resultado de uma agressão ou de um movimento cínico apaziguador para o Presidente (indonésio) Sukarno, lê-se num documento secreto de preparação da diplomacia londrina para o segundo encontro quadripartido e agora encontrado por Moisés Silva Fernandes no arquivo do «Foreign Office» britânico.

Ramos-Horta acrescentou que a iniciativa daqueles quatro países encontra ainda paralelo com a intenção manifestada «logo a seguir à II Guerra Mundial, quando a Austrália quis comprar Timor».

«A iniciativa (dos quatro países) não será muito diferente de uma outra tentativa, logo a seguir à II Guerra Mundial, quando a Austrália quis comprar Timor e pediu a mediação do Reino Unido», disse.

Para o investigador português, a interpretação dos novos dados é clara. «Onde outros podem ver realpolitik, eu vejo cinismo», comenta Moisés Silva Fernandes .

A Indonésia invadiu Timor-Leste em 7 de Dezembro de 1975, 12 anos após estas reuniões secretas, e, com o silêncio das potências ocidentais, ocupou o território até à consulta popular de 30 de Agosto de 1999, cujo resultado conduziu à independência do país asiático de expressão portuguesa.

Moisés Silva Fernandes revela no sábado as suas conclusões, do ponto de vista académico, num seminário na Universidade de Oxford sobre assuntos portugueses e lusófonos.

Posteriormente, tenciona escrever um artigo sobre as suas revelações históricas a propósito de Timor-Leste, em inglês, na revista científica de estudos internacionais South European Society & Politics e incluir os novos elementos históricos, em português, num livro dedicado aos anos de 1974 e 1975 em Timor-Leste, a lançar em 2008.

Diário Digital / Lusa

 

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« Responder #399 em: Novembro 24, 2007, 02:12:52 pm »
Timor-Leste: "O país está dividido" - Mari Alkatiri


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Díli, 24 Nov (Lusa) - O secretário-geral da Fretilin, Mari Alkatiri, afirmou hoje que "o país está dividido" e que o consenso político não pode ser feito à custa do maior partido timorense.

"Concordamos com (a necessidade de haver) sentido de Estado mas isso não pode ser eles ficarem com o Estado e a Fretilin ficar em sentido", afirmou Mari Alkatiri à saída de uma reunião privada com Durão Barroso.

"O país está dividido", alertou o líder da Fretilin.

O ex-primeiro-ministro timorense foi um dos líderes com quem Durão Barroso se encontrou na sua visita oficial de um dia a Timor-Leste.

"Não lhe escondi nada", declarou Mari Alkatiri sobre o encontro."Disse-lhe claramente que quem quer que venha governar e que não consiga resolver os problemas dos peticionários, do major Alfredo Reinado e dos deslocados, não governa o país de certeza", explicou Mari Alkatiri.

"Para ultrapassar isso, a única solução é um governo de grande inclusão", acrescentou Mari Alkatiri. "Isso não lhe dissemos, mas acho que já vamos atrasados", sublinhou o ex-primeiro-ministro. "A parte leste do país não está a ser governada. Nem a parte oeste já. Penso que para mim será mais fácil amanhã ir a Ermera do que ao primeiro-ministro", referiu Mari Alkatiri.

O secretário-geral da Fretilin aludia à presença em Ermera, a oeste de Díli, do major fugitivo Alfredo Reinado, que na quinta-feira passada realizou uma parada com centenas de peticionários expulsos das Falintil-Forças de Defesa de Timor-Leste(F-FDTL). "Tudo virou ao contrário", concluiu Mari Alkatiri sobre a situação.

PRM


 

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« Responder #400 em: Dezembro 02, 2007, 04:32:06 pm »
Timor-Leste: Homenagem à Frente Armada - mais vale cheque do que nunca


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Por Pedro Rosa Mendes, da agência Lusa

Díli, 02 Dez (Lusa) - Timor-Leste homenageou hoje 205 veteranos da Frente Armada. Um deles, de uniforme, foi receber o cheque calçando chinelo num pé e bota da tropa no outro.

O pé esquerdo está doente.

É uma imagem que pode resumir o grupo a quem hoje o Estado timorense agradeceu o sacrifício da luta: velhos combatentes com um pé nas velhas Falintil e outro nas novas Forças de Defesa.

"Para a grande maioria, é a primeira vez, desde há 32 anos, que recebem uma ajuda financeira para fazer frente a profundas carências e poderem realizar desejos antigos", afirmou o primeiro-ministro, Xanana Gusmão.

Cada um dos veteranos recebeu um "reconhecimento" de 9.600 dólares americanos (cerca de 6.500 euros), sob a forma de vale a depositar num dos bancos com agências em Timor-Leste.

Chinelo e bota, em passo coxo e solene diante de um Xanana Gusmão emocionado e cansado, resumem também o país ao largo: o Timor-Leste do presente, nação inquieta entre as feridas antigas da resistência e as feridas frescas da independência.

Havia civis e militares entre os 205 veteranos, todos com mais de 15 anos na Frente Armada ou, como sintetizou um assessor das Falintil-Forças de Defesa de Timor-Leste (F-FDTL), "são 'gentlemen' que comeram muita erva e raízes".

Havia peticionários - 3, e um faltou -, excluídos das Forças Armadas em Março de 2006, incluindo o major Tara Ablai Ana, hoje em traje civil.

Havia um soldado, Armindo Silva "Maukade", condenado há apenas quatro dias no Tribunal de Recurso a 10 anos de prisão no caso do massacre de 8 polícias timorenses em Maio de 2006.

Havia, envolvido na cerimónia, um Governo que senta no Conselho de Ministros antigos resistentes e antigos integracionistas.

Havia um primeiro-ministro que também é o ex-comandante supremo da guerrilha - ou talvez o contrário para os homens que hoje choraram diante dele e as mulheres que lhe fizeram continência.

"Mais vale tarde do que nunca", declarou Xanana Gusmão, de fato e gravata, discursando perante veteranos que conhece e abraça como "Kada Fi" (sic), "Nixon", "Alende", "Maputo", "Cuitado", "Cuba" e uma lista infindável de nomes de código nas várias línguas timorenses.

"Passaram 8 anos sobre o fim da guerra e a grande maioria dos heróis e veteranos da libertação encontra-se ainda a viver na pobreza e sem um mínimo de condições de dignidade", afirmou Xanana Gusmão.

"Sem eles, muitos de nós estaríamos ainda nas prisões de Cipinang ou na diáspora em Moçambique, Lisboa ou Nova Iorque", acrescentou.

Nas bancadas do GMT, o ginásio do "campus" universitário de Díli, a assistência era quase apenas composta por alunos de várias escolas, a quem Xanana Gusmão teve de repreender o mau comportamento e a desatenção.

De resto, as escolas saíram cedo da estufa do ginásio e as bancadas ficaram vazias.

Os mais veteranos dos veteranos da Frente Armada - "que no total não são mais de 250 pessoas", segundo um elemento ligado à organização da homenagem aos 205 de hoje - assistiram à sua própria coroação largamente ignorados pelo resto do país.

Não esteve presente o Presidente da República, José Ramos-Horta.

Na pilha dos cheques dos que não compareceram à cerimónia ficou um em nome do chefe-do-Estado-Maior das F-FDTL, brigadeiro-general Taur Matan Ruak, e outro para o presidente da Fretilin e ex-presidente do Parlamento, Francisco Guterres "Lu Olo".

"Vou construir uma casa com este cheque", afirmou à Agência Lusa um dos veteranos, o septuagenário Matias Magno, que veio à homenagem vestindo a lipa tradicional, uma espécie de pano-saia.

"Timor-Leste é uma nova nação. Nós também temos que arranjar uma nova vida com este cheque", afirmou à Lusa outro veterano idoso, Frederico Araújo.

Também o major Tara pensa numa vida nova em casa nova: "Aquela onde vivo foi queimada em 1999. Arranjei-a só com umas placas de zinco. Agora posso finalmente reconstruí-la", disse à Lusa.

Outros veteranos explicaram o mesmo padrão de prioridades que Francisco da Costa Belo, ex-maqueiro da guerrilha.

"Um bocadinho para guardar. Um bocadinho para a casa. Um bocadinho para a escola do meu filho", explicou o veterano, contando pelos dedos.

"E um bocadinho para uma namorada nova", completou, rindo, outro velho de cheque na mão.

"Cerimónias semelhantes à de hoje deverão ter lugar quando estiver apurada toda a verdade e separados os verdadeiros dos falsos combatentes", explicou Xanana Gusmão aos veteranos.

O apuramento da lista de 205 veteranos "levou cerca de 50 horas de discussões", afirmou um dos seis elementos envolvidos na comissão criada para esta homenagem.

Exemplo da dificuldade, na antevéspera da cerimónia o nome de José Pereira, administrador do subdistrito de Lolotoe, distrito de Bobonaro, teve de ser retirado: esteve 24 anos na resistência, mas em 1999 foi comandante de secção de uma milícia pró-indonésia.

Em Timor-Leste, o passado fica ainda demasiado perto.

 

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Barbarossa

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Lanchas Oecusse e Ataúro
« Responder #401 em: Dezembro 08, 2007, 09:39:21 am »
Citação de: "Nuno Bento"
Esses lanchas estiveram algum tempo inoperacionais por falta de manutenção mas agora já voltaram ao activo


Para dar uma informação actualizada.
As referidas lanchas estão já operacionais e sofreram algumas alterações.
A manutenção foi feita em Surabaya pela empresa PT Dhumas.

Mais alguma coisa sobre este assunto é só perguntar.
 

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« Responder #402 em: Janeiro 09, 2008, 09:39:36 pm »
Timor-Leste: França e Espanha vão abrir uma embaixada conjunta em Díli
9 de Janeiro de 2008, 21:06

Madrid, 09 Jan (Lusa) - Os governos de França e de Espanha vão abrir uma embaixada conjunta em Timor-Leste possivelmente já no decurso deste ano, disseram à Lusa fontes governamentais em Madrid.

O anúncio deverá ser feito na quinta-feira, em Paris, no decurso da cimeira franco-espanhola que decorre na capital francesa, em que participam o primeiro-ministro espanhol José Luis Rodríguez Zapatero e o presidente francês Nicolás Sarkozy.

França mantém actualmente em Timor-Leste um gabinete de cooperação mas os interesses diplomáticos e consulares de Paris e Madrid são exercidos através das embaixadas dos dois países em Jacarta, capital indonésia, segundo o site do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Timor-Leste.

No caso francês o embaixador acreditado desde Setembro de 2003 é o embaixador Renaud Vignal e no caso espanhol, desde Agosto de 2002, o embaixador Dâmaso de Lario Ramirez, ambos a residir na capital da Indonésia.

Além de Portugal, Díli conta actualmente com embaixadas da Austrália, Brasil, China, Coreia do Sul, Japão, Malásia, Reino Unido, Tailândia e Estados Unidos e escritórios de representação da Indonésia, Irlanda e da Comissão Europeia.

ASP.

Lusa/Fim
"[Os portugueses são]um povo tão dócil e tão bem amestrado que até merecia estar no Jardim Zoológico"
-Dom Januário Torgal Ferreira, Bispo das Forças Armadas
 

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« Responder #403 em: Janeiro 29, 2008, 10:37:46 pm »
Ele há coisas fantasticas, não há...  :roll:

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Quem ainda tinha dúvidas sobre a natureza da clique Xanana Gusmão- Ramos Horta, deve tê-las dissipado totalmente com a presença do primeiro no funeral do ditador responsável pela morte de 200 mil timorenses e com as declarações do pateta alegre que se tornou famoso pelo seu lacinho. O porta-voz do Governo de Timor-Leste garante que Xanana Gusmão foi ao funeral do ex-presidente "como expressão de reconhecimento e gratidão do povo de Timor-Leste a Suharto por aquilo que fez de positivo no país durante os 24 anos de ocupação indonésia". As palavras são tão chocantes e ignóbeis que tornam difícil qualquer reacção que não seja temer pela sua sanidade mental. Mas há muito que Xanana passou a fronteira da falta de vergonha e dignidade. Era uma questão de tempo para que o seu carácter ficasse à vista de todos. Não precisava era de ser de uma forma tão crua e despudorada.


zerodeconduta
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« Responder #404 em: Janeiro 30, 2008, 11:17:11 am »
Citação de: "ricardonunes"
Ele há coisas fantasticas, não há...  :evil:
"[Os portugueses são]um povo tão dócil e tão bem amestrado que até merecia estar no Jardim Zoológico"
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