Como já disse esse trabalho da AM merece uma leitura - para além de mostrar a triste realidade (não só das faltas nos Pandur / BIMec(R), mas também de vários problemas mais gerais... para além de demonstrar termos "no papel" 3 BIMec a 2 CAt como exército (para além do grupo de CC,. de unidades de apoio às brigadas, dos Paras e Comandos, etc).
Mas, justiça seja feita, demonstra também que muitas das falhas que nós aqui identificamos e das soluções são bem conhecidas do corpo de oficiais.
O problema é que as falhas já foram identificadas e ate as soluções estão na LPM.
Agora vamos ver é que percentagem das falhas vão ser corrigidas ate 2030.
Até porque existe cada vez mais pressão da modernização das forças pesadas/lagartas.
Já li o trabalho há algum tempo, mas julgo que a LPM não considera soluções para tudo... algumas vão demorar tempo e talvez não seja no âmbito da LPM (falta de pessoal em unidades operacionais, falta de "curso de chefe de viatura Pandur a todos os cabos com esta responsabilidade (cabos apontadores de MP das SecAt), não se encontrando em ação devido ao elevado volume de formandos graduados, estando contemplado apenas três cursos de chefe de viatura no Plano Anual de Formação (PFA). A esta dificuldade acrescem os contratos de praças a seis anos, não sendo viável os gastos na formação"; outros problemas:
"Secção VCB está equipada com quatro VTL, que rebocam um radar de localização de alvos móveis (ANTPQ 35/36), não existindo de momento radares suficientes para equipar os dois batalhões, encontrando-se alguns em estado avançado de deterioração."
"O PelMortP constituído por um comando com dois Postos de Comando de Tiro (PCT), encontra-se guarnecido em QO por oito VBR Porta Morteiros de 120mm, tendo sido cancelada a sua aquisição por problemas de ordem financeira. Como solução a curto prazo, para efeitos de treino e possível empenhamento futuro, o PelMortP encontra-se equipado com viaturas táticas de transporte até 5 toneladas (Iveco), rebocando os morteiros 120mm versão Tampella ou Standard existentes. Esta situação causa sérias dificuldades no deslocamento, manobra e apoio de fogos num batalhão equipado com viaturas Pandur"
"Importa salientar, que está preconizado no quadro de material a existência de um sistema sensor remoto VCB, no comando da companhia, sendo uma indefinição quanto à tipologia e aquisição."
"Releva-se a capacidade ACar definida, em que cada SecAt deve possuir um Anti-Tank Guided Missile Short Rage (ATGM SR) e dois Anti-Tank Guided Missile Medium Rage (ATGM MR) por cada secção canhão. A aquisição destes sistemas, encontra-se a cargo de um grupo de trabalho sob a liderança da DPF, recaindo sobre o Carl Gustav devido ao baixo custo, necessitando de variados upgrades a serem analisados no comando da logística."
"A maior lacuna identificada encontra-se na área do apoio de combate, em que possuímos meios modernos e com elevada capacidade de projeção, mobilidade e poder de choque, em dissonância com meios rebocados (PelMortP), pouco flexíveis (PelACar) e obsoletos (SecVCB)"
"A idealização transpõe para a aquisição das viaturas da tipologia Pandur, do qual a realidade monetária não se compadece, por restrições orçamentais. A aquisição da Pandur Porta Morteiros acarreta um custo aproximado de três milhões por unidade, sendo imperativo diminuir o nível de ambição e adquirir sistemas mais baratos. A solução poderá passar por adquirir viaturas 4x4 denominadas de JLTV (Joint Light Tactical Vehicle), tendo de cumprir os requisitos NATO e garantir uma mobilidade idêntica à versão Pandur. Encontrando-se o Exército Americano a desenvolver uma viatura com estas características, resta precaver os seus custos, apoio logístico diferenciado, capacidade para garantir um sistema de tiro indireto automatizado e eficiente, um míssil ACar de 3ª/4ª/5ª geração e radares VCB com capacidade idêntica ao existente no Grupo de Reconhecimento (GRec). Pese embora as dificuldades na aquisição da viatura e material, o conhecimento quanto à sua utilização e planeamento mantêm-se, correndo o risco de se perder"
"Relativamente à aquisição de ATGM SR e MR, desde 2006 que têm sido efetuados estudos sobre a sua aquisição, com grande prevalência para os misseis da família Spike. No entanto, foram efetuados testes ao Carl Gustav durante a NRF2016, na Lituânia e mais recentemente na RCA. De encontro com a realidade Portuguesa, o Carl Gustav torna-se a escolha mais acertada, sendo necessários upgrades à sua estrutura, conforme relatório enviado à SAAB pelo Comando de Logística, a solicitar melhorias significativas no sistema de pontaria e peso (SAAB, 2017). Em todas as situações de treino, foi referida uma grande dificuldade do seu transporte no interior da viatura com as respetivas munições. As possibilidades passavam pela colocação da arma ao centro da viatura entre os elementos, dificultando o “desembarcar”, ou no exterior da viatura, necessitando de um sistema de acomodação exterior (J. Pais, entrevista presencial, 27 de dezembro de 2018). Importa referir, a criação de um sistema engenhoso para utilização do MILAN na Pandur, nunca aprovado, não fazendo sentido por estar anunciada a sua extinção em 2025"
"Em todas as situações foram reportadas lacunas nas comunicações. Os rádios utilizados para comunicações internas até ao nível SecAt são os Marconi PRR-H485521. Estes rádios não são interoperáveis com as montagens nas Pandur, pois trabalham na banda UHF, enquanto que o rádio 525 da viatura trabalha na banda High Frequency (HF)/Very High Frequency (VHF)."
"Para além da necessidade global em adquirir um sistema C4I, o interior das Pandur não está equipado com colunas, obrigando a ter o capacete Combat Vehicle Crewman (CVC) envergado permanentemente. As Pandur Command Post Vehicle (CPV), por sua vez necessitam de um transformador para ligação dos computadores portáteis que garanta a transmissão de dados.
A outra lacuna anteriormente identificada, é a proteção do apontador da MP nas Pandur ICV. Na preparação da sua projeção para o Afeganistão foi iniciado um processo de estudo, produção e aquisição pelo comando de logística para a montagem de uma proteção, tendo estagnado, na preferência pelo aluguer das Mine-Resistant Ambush Protected (MRAP). Retomou com a projeção de duas Pandur ICV para a RCA, ao qual devido aos elevados custos decorrentes da produção de uma torre de proteção nova, optou-se pela adaptação da que equipa os High Mobility Multipurpose Wheeled Vehicle (As torres de proteção foram retiradas a dois HMMWV que estavam inoperacionais, sem terem sido efetuadas alterações à estrutura da viatura.
Apesar das limitações tem vindo a cumprir, tendo já sido utilizadas em combate. Nesta mesma operação, verificou-se que as Pandur RWS são as ideais para o apoio de fogos, evitando riscos desnecessários para a guarnição"
"A unanimidade é patente entre todos os entrevistados e relatórios produzidos, sendo essencial equipar as Pandur ICV com o sistema RWS, principalmente o PelRec, devendo a torre de proteção ser uma opção de último recurso.
Em todos os empenhamentos foi referido a falta de espaço no interior da viatura Pandur. Na Lituânia devido ao Carl Gustav e na RCA ao morteirete 60mm, não sendo possível colocar no exterior da viatura.
Foi detetada a necessidade premente para todos os elementos da SecAt, de aparelhos de visão noturna AN-PVS 14 com arnês de capacete, em especial para os chefes de viatura
Identicamente a necessidade de uma equipa sniper para o caso de existência de alvos remuneradores ou proteção circunstancial do batalhão.
Ao nível do apoio logístico, a viatura Auto Pronto Socorro M816 apresenta problemas mecânicos devido à sua avançada idade (aquisição em 1978), sendo extremamente difícil a aquisição de sobressalentes, carecendo a sua substituição. A equipa de manutenção deverá possuir uma “tenda oficina” com as dimensões suficientes para a tipologia Pandur, tendo sido verificado em 2017 na Lituânia, que a tenda 16P não possuía as dimensões suficientes que permitissem trabalhar sob condições atmosféricas adversas"