A entrega dos Pumas ao SNBPC, a meu ver, será a criação de mais uma fonte de desperdício de verbas.
À primeira vista parece uma excelente ideia, mas analisando bem, há várias questões que vão para lá da simples entrega dos helicopteros e que ainda não foram abordados.
A entrega dos hélis ao SNBPC para outros fins que não o combate a incêncidios, é despropositada.
Não há nenhum serviço prestado pelo SNBPC que justifique a utilização de helicópteros do porte do Puma.
O custo da operação destes aparelhos será sempre desproporcionado para as necessidades operacionais a que estarão sujeitos.
No combate a incêndios levanta-se outro problema...
As células dos Pumas já têm uns anos.
Se tivessem capacidades operacionais por muitos mais anos, a FAP não teria necessidade de renovar a frota.
O esforço a que a célula de um helicóptero está sujeita durante o combate a um incêndio é muito superior em relação à utilização que a FAP normalmente dava aos Pumas.
O esforço estrutural a que uma célula de um helicóptero está sujeito é mais acentuado ao levantar e ao pousar, em vôo esse esforço é etenuado.
Numa utilização normal da FAP o Puma, além de ter uma manutenção apurada, os vôos que os Pumas efectuavam normalmente consistiam em levantar,...período de vôo mais ou menos prolongado, a uma altitude estabilizada sem grandes perturbações,...pousar,.... recolher passageiros militares ou civis, ...levantar vôo, ...seguir para o destino,.... largar os passageiros, ...e voltar à base.
No combate a incêndios um helicóptero levanta, e fica sujeito a uma utilização extrema.
Levanta da base e normalmente até esgotar a reserva de combustível, é um sobe e desce constante, com um balde com algumas toneladas de água suspenso, vôos a baixa altitude, mudanças de direcção bruscas, pairar sobre um qualquer reservatório de água para reabastecer o balde, subir com umas toneladas de água suspensas, vôo a baixa altituda e baixa velocidade,... e isto repete-se vezes sem conta.
Pergunto quanto tempo é que as células dos Pumas vão aguentar este tipo de utilização?
Talvez não seja por acaso que a FAP já descartou a possibilidade de efectuar a manutenção e manifestou-se indisponível para fornecer pilotos, talvez por não os ter...
Isto são observações de um leigo que já teve o macabro previlégio de assistir a este tipo de operação de combate a um grande incêndio que houve há uns anos na floresta que circunda a barragem de Castelo de Bode (estava lá acampado).
Mesmo à minha frente reabasteciam de água 2 hélis (um com balde, outro com tanque) num vaivém constante, descarregando a água a poucas centenas de metros, mais ao largo reabastecia um Canadair.
Dava para ver o esforço estrutural a que um helicóptero está sujeito numa utilização destas.
Outra questão que já coloquei por aqui e que nunca ninguém soube responder: Há pilotos no mercado civil credenciados para pilotar Pumas?
Não sei muito bem como funcionam as regras que regem as certeficações para pilotar certo tipo de aeronaves...