Tem que ser até ao tutano, pelo menos é isso que espero do processo-crime do ministério público.
Quanto ao processo de averiguações conduzido pelo exército, é uma oportunidade para esta instituição demonstrar a sua credibilidade. Aguardemos, portanto.
http://www.dn.pt/portugal/interior/ministro-recusa-investigacoespara-ingles-ver-5416626.html
Afinal, tal como pensei, quando a clubite não afecta o assunto, comenta como as coisas devem ser comentadas. Nem vou alongar a questão sobre as valências que devem integrar a instrução actual, especialmente de forças de elite que, normalmente, são a 1ª linha de qualquer intervenção.
Comunicações (saber fazer o sitrep, um spotrep, um medvac, etc), nos padrões OTAN, saber operar sistemas de designação de alvos para apoios de fogos ou, pelo menos, saber operar como OA.
Inglês, fundamental para unidades que, a qualquer momento podem e são despachadas para operações conjuntas com forças de outras nações.
Informática, pelas razões apresentadas para comunicações, além de que se opera cada vez mais em rede, inclusive com sistemas integrados de combate a nível de escalões inferiores onde cada militar está em datalink.
Instrução e reconhecimento visual dos equipamentos mais utilizados por possíveis forças opositoras. E poderia continuar por aí fora.
Ser capaz de correr com um Unimog ás costas pode ajudar, mas não ter um mínimo de conhecimento das valências numeradas acima, nos TO's actuais, em que muitas vezes o apoio de fogos é canadiano, o CAS é americano e o Medvac é australiano, vale de nada.
Isto foi entendido na Armada durante as várias missões e intercâmbios. Levou a um aumento no tempo de instrução (passou para 9 meses o CFG) e, no caso especifico da classe FZ levou a que fosse incluído no curso um módulo de comunicações, dado no Grupo 2 de Escolas da Armada, um módulo de inglês e um de Informática.
Esse aumento do tempo de instrução também teve em conta o facto de os jovens de hoje em dia terem as suas capacidades físicas menos desenvolvidas por estilos de vida mais sedentários e regimes alimentares pouco cuidados e/ou saudáveis.
Chega ao ponto de os voluntários não serem capazes de movimentos coordenados tão simples como executar uma cambalhota ou um enrolamento. Isso leva a instrução a ter de iniciar-se de uma forma muito mais básica, ensinando coisas que costumavam vir aprendidas logo desde a infância. Começando de um nível físico tão baixo, o tempo de instrução teve de ser aumentado de modo a que as valências necessárias fosse aprendidas.
Também a capacidade psicológica para aceitar e aguentar certas "rudezas" vem bastante mais minimizada e a taxa de atrito (desistências, lesões, reprovados/excluídos) começou a atingir níveis que colocavam em causa os próprios cursos pois facilmente se chegava a taxas de 50% de desistências e exclusões em 2 a 3 semanas de instrução e cerca de 75% no final do curso. Isso estava a levar a algo extremamente pernicioso para a própria Instituição, ou seja, a ordem para "não pode chumbar mais ninguém".
O tipo de instrução que tive, em que a componente psicológica era intensamente testada, com graus de prontidão nocturnos em que a coisa começava com granadas de fumos e gás a serem enviadas para dentro das cobertas, sairmos para a rua como estávamos entre rajadas, veryligths e o berro dos megafones a sermos informados que a noite só acabava quando X de nós tivéssemos desistido, isto logo de inicio na formação, (além de uns "mimos" como umas biqueiradas, socos e calduços de incentivo aos mais lentos a mover-se) teve de ser levado mais para a frente na instrução, quando os instruendos já têm uma outra tarimba e dado de forma diferente.
Quando afirmo que se notou uma diferença assinalável nos instruendos a partir dos nascidos em 80 a 82, isso parte da observação e conhecimentos empíricos ao logo dos mais de 10 anos que passei no activo, dos quais cerca de metade dei apoio à instrução, isso corroborado com camaradas de todos os ramos.
Noutras países, e a acreditar no que me era dito por militares dessas forças, a coisa começou antes. Isso não tem nada a ver com diminuição das capacidades humanas, caso fosse isso os recordes mundiais de desportos vários não estariam a ser batidos (com drogas ou não mas isso é outra conversa). O que a realidade mostra é que o nível físico dos candidatos é mais baixo, especialmente em força nos grupos superiores (dificuldades nas barras, abdominais, manter-se em cordas e cabos, etc) e que obriga a mais tempo e a uma curva de exigência mais alargada para que atingir o mesmo nível de outrora.
Quanto aos links, eu, na minha área de actividade actual, invisto boa parte do meu tempo a pesquisar e actualizar-me, como creio que seja militar no activo, pode fazer o mesmo, pois existe bastante literatura sobre isso, especialmente oriunda dos USA. Aqui mesmo no fórum há alguns textos de vários foristas sobre isso. No FD brasileiro, quando lá participava, também coloquei bastante literatura sobre as várias facetas da instrução (física, tiro, etc), assim como muitos outros foristas.
Para terminar, já afirmei antes que fui contra a reactivação dos Comandos e fundamentei o porque. Também já disse que agora que a coisa já foi feita, sou contra a sua extinção e enumerei as razões também. Mas também afirmo que coisas destas continuarem a acontecer sem que a Instituição tire daí a ilações e responsabilidades, se calhar o mesmo é melhor fechar. Porque não se trata de uma morte em instrução, coisa perfeitamente normal, pois onde está o Homem, está o risco,
trata-se de 11 homens a precisar de assistência hospitalar, metade deles com gravidade, do qual resultaram 2 mortos. Isso não é um simples acidente e ninguém com 2 neurónios funcionais pode afirmar o contrário, para mais numa força que tem um historial nada limpo.