Esta aconteceu no Congresso Internacional de Serviços de Espionagem, Segurança, Inteligência e Polícia realizado num grande, na verdade, no maior, imenso, grandioso, enorme, retumbante e plácido país sul-americano.
Como em todo congresso, havia as apresentações de teses, novidades, equipamentos, workshops, demonstrações e tudo o mais. Um dos principais momentos era a apresentação de técnicas de identificação e captura de criminosos. Cada país e cada polícia que se esmerasse mais na sofisticação e na eficiência dos procedimentos utilizados.
Numa das demonstrações, estavam envolvidos a CIA, o MI-5 e a polícia do país sede do congresso.
A demonstração consistia no seguinte. O presidente do Comitê de Demonstrações iria soltar um coelho branco numa reserva florestal próxima, chamada Tijuca e mediria o tempo decorrido desde a soltura do animal até o instante em que ele fosse capturado e trazido à comissão julgadora.
O presidente soltou o animal e coube à CIA a primeira demonstração. Seus agentes se espalharam pela floresta, interrogaram informantes, vasculharam grutas, ocos de árvores, olharam sob as pedras, usaram equipamentos da mais alta tecnologia e duas horas, quinze minutos e dezesseis segundos depois trouxeram preso pela orelha o assustado coelho branco.
Depois foi a vez do MI-5. O presidente do Comitê de Demonstrações soltou o coelho branco e o MI-5 entrou em ação. Seus agentes se espalharam pela floresta, ouviram informantes, vasculharam grutas, ocos de árvores, olharam sob as pedras, usaram equipamentos da mais alta tecnologia e duas horas, quinze minutos e dezessete segundos depois trouxeram de volta o assustado coelhinho branco.
Aí chegou a vez da polícia do país sede. O presidente do Comitê de Demonstrações soltou o coelhinho branco e a polícia entrou em ação. E o tempo foi passando. Duas horas e meia depois, nem notícia da polícia nem do coelhinho.
Começou a anoitecer e nada. Nenhuma notícia.
Anoiteceu.
No dia seguinte, por volta do meio dia, chegaram os policiais, felizes da vida, carregando um enorme porco preto. O porco estava todo ensangüentado e sujo de lama. Tinha um olho roxo, duas pernas quebradas e faltava-lhe uma orelha. O porco estava a gritar apavorado com uma voz cada vez mais fraca:
"EU SOU UM COELHINHO BRANCO, EU SOU UM COELHINHO BRANCO..."