A Alemanha tem um excedente económico gigantesco que acumulou ao longo destes anos, portanto isso não será problema para eles, até há meses eram criticados por não reinvestir na economia. Chegou o momento de investirem.
O resto dos países é que sofrem do mal do costume.
A Alemanha está a sofrer enormes pressões, também internas, de pessoas muito influentes como Michael Hüther, o responsável do instituto de pesquisa patronal, o líder do IFO, Clemens Fuest, e o dirigente do Instituto de Política Marcroeconómica, Sebastian Dullien, entre outros e pedem a emissão de eurobonds equivalentes a 8% do PIB da Europa, ou seja mil biliões de euros. Se a Alemanha aceitar, a emissão avança mesmo que não participem os outros países que discordam da medida.
Para perceberem a grande diferença desta medida, é como se desaparecesse da dívida de cada país, 8% do valor do PIB, porque essa dívida não seria atribuída directamente a cada país, mas a uma entidade acima, como o BCE por exemplo ou o ESSM.
Para além desse muito importante contributo, pelo facto das dívidas dos países não agravarem (até esses 8%), ainda conseguiriam uma enorme vantagem económica contra qualquer outro país que era a injecção massiva de dinheiro sem aumentarem a dívida!!!! O BCE até podia eliminar essa dívida facilmente..... não é preciso explicar-lhes que eles sabem como se faz
Caro Viajante não querendo pedir muito, mas uma vez que trabalhas nessa área, poderias explicar melhor o que é o eurobonds?
O tópico tem alguma complexidade, daí a demora do viajante, mas acho que posso dar uma achega.
Em primeiro lugar é preciso distinguir eurobonds de Eurobonds. Eurobonds sao titulos de divida numa divisa diferente do país onde foram emitidos.
Eurobonds com "E" maiusculo sao titulos de divida emitidos pela uniao Europeia (nao sei se apenas pelos países da zona euro ou toda a EU). A grande vantagem das Eurobonds é que os países com economias mais fracas terao acesso a juros mais baixos do que se financiassem individualmente. Em 2012 juros da Alemanha estvam muito perto do 0 quando os da divida portuguesa estavam acima dos 10%; Se existissem Eurobonds, Portugal teria poupado imenso em juros, mas alguem (neste caso os outros todos) teriam de os pagar. A desvantagem é que o preco de financiamento das economias mais fortes vai aumentar. Como a UE nao é um estado federal, os estados do norte nao querem estar a financiar
copos e mulheres para os estados do sul, uma vez que nao vao poder interferir nas medidas para controlar o defice e a longo prazo afetará a sua economia.
Uma das coisas que se poderá fazer é castigar os países no acesso de eurobonds. Quem nao cumpre com o os defices estabelecidos, tem de se financiar sozinho. No fundo será o mesmo que temos agora, com a diferença das Eurobonds deixarem de ser uma miragem, para passarem a ser algo que alguns países tendo algum deslize, muito dificilmente conseguirao alcancar.
Neste contexto especifico do CV-19, lançar Eurobonds servirá de facto para permitir o acesso facil ao capital e despejá-lo na economia, mas nao resolverá o problema principal, que é o facto da Espanha e a Italia estarem sobrendividadas. ( Portugal também está, mas a nossa divida sao trocos). E a questao volta a colocar-se: em que sectores vai ser despejado o dinheiro, para reactivar a economia o mais rápido possível, e como, quem e em que circunstancias se decide isso.
Os 8% de divida nao desaparecerao, apenas tera um nome diferente e um novo credor, que com o passar do tempo vai-se esquecendo
pois pequenos ajustes serao feitos pediodicamente ou emprestimos a empresas privadas .
Para mim, melhor que as Eurobonds, era o banco central oferecer um cheque de €500 ou €700 ao pessoal do norte da Europa (acima de frança) que só poderia ser usado se passassem 15 dias de ferias em Espanha ou Italia ( apresentaçao da factura do hotel seria mandatória).