Um relatório de 100 páginas não é nada para uma obra desta dimensão.
É certo e sabido que a Ota requer imensa movimentação de terras mas a margem Sul tem terreno macio e com algumas falhas geológicas. O CTA em particular, é extremamente arenoso. Não há estudos que permitam determinar o tempo e dinheiro necessário para consolidar os terrenos e esses estudos não podem ser feitos em 6 meses como tenho visto ser afirmado por defensores do NAL no CTA.
Não há comparação possível.
A nível de acessibilidades ferroviárias, a Ota necessita de um ramal específico de TGV desenquadrado de todas as linhas previstas. Fazer o aeroporto na margem sul facilita e muito a ligação ao TGV devido à entrada deste em Lisboa pela mesma margem.
Falando de acessibilidades rodoviárias, a ligação do aeroporto da Ota a Lisboa por rodovia, será muito complicada, uma vez que as AE’s actuais (A1 e A8) estão já sem capacidade, obrigando por isso á construção de alternativas num corredor em que os canais de implantação de novas AE’s estão practicamente esgotados, implicando também que a via a construir seja maioritariamente feita através de túneis e viadutos com os elevados custos que essa solução comporta.
Na margem sul (CT de Alcochete) implica a construção de uma nova ponte. Pois bem essa ponte irá sempre ser costruída para a passagem do TGV. É só construir uma ponte adaptada aos dois tipos de tráfego, rodoviário e ferroviário.
A construção de rodovias é incomparávelmente mais barato na margem sul, devido à orografia do terreno.
Falando de falhas geológicas, a Ota também as tem.
Até existe uma falha chamada Falha da Ota, que pertence à zona de falhas do Vale Inferior do Tejo, da qual as falhas da margem sul também fazem parte, creio.
Quanto à qualidade dos terrenos… O facto dos terrenos do CT de Alcochete serem arenosos, pelo que li, a construção de aeroportos tem exigências muito especiais. No caso da Ota, a consolidação das pistas exige… ou o uso de milhares de estacas de betão com cerca de 50 metros, ou a substituição, imagine-se, por areias de todo o material argiloso do leito das ribeiras acima do leito rochoso, à semelhança do que foi feito no aeroporto de Macau, ou a consolidação dos terrenos argilosos por meios mecânicos, processo muito moroso e delicado, logo dispendioso, sobretudo num local sujeito a inundações.
Não sendo um especialista na matéria tenha a ideia que as fundações em terrenos arenosos são menos profundas, em relação aos terrenos argilosos. Será fácil imaginar a dificuldade na consolidação dos terrenos pantanosos da zona da Ota (no séc. XIX toda aquela zona era um paul).
Espero que este despertar para Alcochete, não seja uma forma encapotada de legitimar o aeroporto na Ota. Temo que este aparente recuo tenha sido apenas estratégico, por ser manifesto o mau-estar e o sentimento anti-Ota que se estava a instalar na sociedade portuguesa.
Com uma eleição importante á porta (sintomático o silêncio de António Costa sobre este assunto) e com alguma quebra de popularidade do Governo, esta poderá ser uma forma inteligente de contornar o problema, aceitando discutir a localização, para no fim ficar tudo na mesma.
Todos os organismos que vão analizar o documento entregue pela CIP, são entidades … governamentais, LNEC, INAG, etc.
Conhecida a teimosia de Sócrates e a rédea curta com que o aparelho do partido manobra os diversos departamentos governamentais (vide o caso recente da DREL) o mais provável é o estudo da CIP ser regeitado e ficar tudo na mesma.
Poucas horas depois do documento ser entregue, já estava o ministro Mário Lino a receber o lóbi do municipios da região Oeste, afirmando, segundo os média, que continuava a pensar da mesma maneira,… nem esperando pela conclusão da análise ao documento da CIP, demonstrando a sua “abertura” a uma nova localização do aeroporto.
Ps. Fala-se muito agora no provável aeroporto em Alcochete.
Grande injustiça para o Montijo.
O CT de Alcochete, apesar de ser apelidado de Alcochete, fica na sua quase totalidade nos concelhos de Benavente e do Montijo, ficando a área prevista para a construção do aeroporto na sua totalidade no concelho do Montijo.
E esta, hem,… após rejeitar liminarmente a hipótese Montijo para a localização do novo aeroporto, o Governo volta a discutir o aeroporto do … Montijo.
A ideia de que se poupa dinheiro porque o CTA já pertence ao Estado e não é necessário expropriar terrenos é falaciosa. Se se construir o NAL nos terrenos do CTA, será necessário expropriar terrenos para um novo campo de tiro algures no pais e para uma nova localização para a base do Montijo.
Ota.
Se a Força Aérea abriu mão de Base da Ota sem levantar o problema da necessidade de uma nova base, não vejo qual o problema em "trocar" o Montijo pela Ota.
Razões operacionais pelo tamanho das pistas?
Talvez, não conheço nenhuma das bases.
Quem souber que responda.