Governo quer alargar direitos marítimos

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PereiraMarques

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« Responder #15 em: Agosto 31, 2006, 07:08:41 pm »
Neste artigo da wikipedia é interessante ver a nossa posição no ranking de países com maior ZEE, http://en.wikipedia.org/wiki/Exclusive_ ... e#Portugal
 

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pedro

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« Responder #16 em: Agosto 31, 2006, 07:11:43 pm »
La nisso tem toda a razao.
Cumprimentos
 

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TaGOs

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« Responder #17 em: Agosto 31, 2006, 10:41:44 pm »
A ZEE portuguesa neste momento tem 1,727,408 km².
De que tamanho vai ficar quando tiver o alargamento?
 

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Tiger22

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« Responder #18 em: Setembro 03, 2006, 03:19:50 am »
Citação de: "sierra002"
¿No hay respuesta internacional? Como "estranjeiro" me preocupa que Portugal (o cualquier otro país) se apodere de todo el centro del atlántico norte. En un foro español abrí un tópico sobre este tema citando este foro.

De facto o sierra002 ou não percebe nada daquilo que lê em português ou então é outro provocador :roll:  


Citar
O processo que pode garantir a Portugal a extensão da plataforma continental vai ter que ser entregue até Maio de 2009 à Comissão de Limites da Plataforma Continental das Nações Unidas. Esta pretensão tem base no Direito Internacional do Mar e na Convenção das Nações Unidas que enquadra os direitos soberanos dos estados costeiros relativos à prospecção e exploração dos recursos naturais da plataforma continental. Muitos outros países têm vindo a assegurar direitos idênticos sobre águas na continuidade das suas Zonas Económicas Exclusivas.


Como vê, não somos nenhuns piratas como dá a entender nesse tópico que abriu no dito fórum.

Também se farta de dizer que as fragatas portuguesas foram pagas pela NATO, mas não diz que isso foi como contrapartida pela utilização de diversas bases no nosso país.

Olhe que todos na Europa já repararam no ridículo que estão a fazer ao pedir ajuda à União Europeia para travar os “cayucos” com imigrantes que invadem as vossas costas, enquanto gastam miles de milhões em fragatas F-100,  Eurofighters, mísseis Tomahawk e um longo etc.

Se por mim fosse, o nosso navio que está em Cabo Verde nem sequer tinha partido.

Apostem na coesão nacional, luta contra o terrorismo e tráfico de emigrantes. Com isso já têm com que se entreter.
"you're either with us, or you're with the terrorists."
 
-George W. Bush-
 

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sierra002

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« Responder #19 em: Setembro 03, 2006, 04:05:50 pm »
Citar
Como vê, não somos nenhuns piratas como dá a entender nesse tópico que abriu no dito fórum.

En el tópico que abrí en ningún momento  llamé piratas a los portugueses ni a su gobierno actual por pretender aumentar sus aguas de control económico. Critiqué la postura portuguesa y expuse los argumentos que yo creo que pueden ser perjudiciales para otros paises, como España. Ya advertí que podía parecer agresivo y por eso mismo cité el post e invité a todos foristas portugueses de aquí a que expongan su opinión allí y defiendan o critiquen lo que estimen conveniente.

Citar
Também se farta de dizer que as fragatas portuguesas foram pagas pela NATO, mas não diz que isso foi como contrapartida pela utilização de diversas bases no nosso país.
Pues no dejes a los foristas españoles con el error. Aclara la duda.

Citar
Olhe que todos na Europa já repararam no ridículo que estão a fazer ao pedir ajuda à União Europeia para travar os “cayucos” com imigrantes que invadem as vossas costas, enquanto gastam miles de milhões em fragatas F-100, Eurofighters, mísseis Tomahawk e um longo etc.

Se por mim fosse, o nosso navio que está em Cabo Verde nem sequer tinha partido.

Esa es su opinión. Pero le recuerdo que también España ha ayudado a Portugal en otras ocasiones.
 

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Jorge Pereira

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« Responder #20 em: Junho 16, 2007, 12:47:00 am »
Citar
Nações Unidas: Português reeleito para Comissão de Limites da Plataforma Continental

Lisboa, 15 Jun (Lusa) - O português Fernando Maia Pimentel foi hoje reeleito para a Comissão de Limites da Plataforma Continental das Nações Unidas (CLPC), anunciou o Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE).

De acordo com o MNE, Fernando Maia Pimentel foi reeleito com 106 votos na 17ª reunião das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, que decorreu em Nova Iorque.

Em comunicado, o MNE explica que a CLPC é composta por 21 peritos nas áreas da hidrografia, geologia e geofísica, eleitos com base no princípio da representação geográfica, tendo que obter uma maioria de dois terços dos votos dos representantes dos Estados presentes e votantes.

A CLPC tem com competências para avaliar as propostas apresentadas pelos Estados com vista à extensão da plataforma continental para além das 200 milhas náuticas.

A recandidatura do Fernando Maia Pimentel à CLPC foi apresentada pelo Estado português, por proposta do Ministério dos Negócios Estrangeiros às Nações Unidas, após indicação do Ministério da Defesa.

O MNE salienta que a reeleição é "importante", porque o próximo mandato da CLPC (2007-2012) coincidirá com a apresentação e análise de um elevado número de propostas de extensão da plataforma continental.

Segundo o MNE, Portugal deverá submeter à CLPC a proposta de extensão da sua plataforma continental até 13 de Maio de 2009, apresentando as zonas marítimas portuguesas "uma invulgar riqueza de biodiversidade e recursos marinhos", o que prenuncia "substanciais benefícios económicos e científicos"
.

Além de Portugal, foram também eleitos os candidatos da Noruega, Irlanda e Austrália.
Um dos primeiros erros do mundo moderno é presumir, profunda e tacitamente, que as coisas passadas se tornaram impossíveis.

Gilbert Chesterton, in 'O Que Há de Errado com o Mundo'






Cumprimentos
 

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comanche

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« Responder #21 em: Junho 16, 2007, 11:50:53 pm »
Citação de: "Jorge Pereira"
Citar
Nações Unidas: Português reeleito para Comissão de Limites da Plataforma Continental

Lisboa, 15 Jun (Lusa) - O português Fernando Maia Pimentel foi hoje reeleito para a Comissão de Limites da Plataforma Continental das Nações Unidas (CLPC), anunciou o Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE).

De acordo com o MNE, Fernando Maia Pimentel foi reeleito com 106 votos na 17ª reunião das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, que decorreu em Nova Iorque.

Em comunicado, o MNE explica que a CLPC é composta por 21 peritos nas áreas da hidrografia, geologia e geofísica, eleitos com base no princípio da representação geográfica, tendo que obter uma maioria de dois terços dos votos dos representantes dos Estados presentes e votantes.

A CLPC tem com competências para avaliar as propostas apresentadas pelos Estados com vista à extensão da plataforma continental para além das 200 milhas náuticas.

A recandidatura do Fernando Maia Pimentel à CLPC foi apresentada pelo Estado português, por proposta do Ministério dos Negócios Estrangeiros às Nações Unidas, após indicação do Ministério da Defesa.

O MNE salienta que a reeleição é "importante", porque o próximo mandato da CLPC (2007-2012) coincidirá com a apresentação e análise de um elevado número de propostas de extensão da plataforma continental.

Segundo o MNE, Portugal deverá submeter à CLPC a proposta de extensão da sua plataforma continental até 13 de Maio de 2009, apresentando as zonas marítimas portuguesas "uma invulgar riqueza de biodiversidade e recursos marinhos", o que prenuncia "substanciais benefícios económicos e científicos"
.

Além de Portugal, foram também eleitos os candidatos da Noruega, Irlanda e Austrália.


Excelentes notícias!
Estamos no caminho certo.
 

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lurker

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« Responder #22 em: Junho 16, 2007, 11:54:32 pm »
A pretensão de expandir a ZEE não é de agora.
Provavelmente, começou a materializar-se com o concurso para a aquisição dos EH-101 e foi reforçada com o protocolo para a construção dos NPO.

Eu vejo isto como uma necessidade absoluta.
À medida que a população humana aumenta e tecnologia avança, a pressão sobre os recursos maritimos no mar alto tenderá a aumentar também.
É portanto do nosso interesse aumentar a área de recursos sob o nosso controlo.
 

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SSK

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« Responder #23 em: Junho 17, 2007, 05:04:24 pm »
Pois, tem toda a razão lurker, agora só falta a parte do controlo... :?
"Ele é invisível, livre de movimentos, de construção simples e barato. poderoso elemento de defesa, perigosíssimo para o adversário e seguro para quem dele se servir"
1º Ten Fontes Pereira de Melo
 

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comanche

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« Responder #24 em: Junho 17, 2007, 06:59:38 pm »
Citação de: "TaGOs"
De que tamanho é a ZEE de espanha? Tem alguma foto que a mostre?



A ZEE de Espanha é de 1.039.233 km².

Pode ser visualizada nos seguintes link's.

http://www.seaaroundus.org/eez/summaryInfo.aspx?EEZ=724

http://www.seaaroundus.org/eez/summaryInfo.aspx?EEZ=724A
 

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comanche

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« Responder #25 em: Junho 18, 2007, 12:35:21 am »
Citação de: "Farinha"
Realmente se nem meios temos para patrulhar uma zee de 200 milhas,quanto mais alargar para 350...mas pode ser que tenhamos sorte e que haja algum petroleo!

Os dias do petróleo começam a chegar ao fim, segundo algumas estimativas as reservas mundiais não durarão 40 anos.

Um futuro pode estar nos hidratos de metano, os Estados Unidos têm reservas conhecidas nas suas águas suficientes para alimentar o país em questões energéticas durante dois mil anos!

Um dos inconvenientes é o efeito de estufa.


Citar
Hidratos de metano – combustível do futuro ou uma ameaça à humanidade?
O que são os hidratos de metano?



Quando as bactérias digerem a matéria orgânica, no fundo do mar, libertam moléculas de CH4 (metano). Estas moléculas acabam "aprisionadas" por cristais de água, formando os hidratos ou, ainda, combinam-se com o limo e o barro do fundo do oceano, formando bolhas de gás solidificado entre densas camadas de barro.

Umas estruturas normais de hidrato de metano contêm 46 moléculas de água e 8 moléculas de metano. A sua aparência é como o gelo, entretanto, é estável somente a altas pressões e baixas temperaturas. Não existe ligação covalente entre a água e o metano; o hidrato, quando se funde, libera água líquida e gás metano.


O “gelo de metano”, como também são chamados os hidratos deste gás, forma-se naturalmente nas regiões profundas, de alta pressão e baixa temperatura, do oceano, mas geralmente fica enterrado sob o sedimento marino. O Golfo do México é um dos poucos lugares onde pode ser encontrado exposto no fundo do oceano.


Antes de 1970, ninguém sabia que hidratos de metano existiam no fundo do mar, embora estes hidratos não sejam raros: pelo contrario, eles estão por toda à parte, "em todos os sete mares", pois estudos recentes indicaram a presença de grandes depósitos submarinos de hidratos de metano em praticamente todos os oceanos.

As "reservas" já conhecidas de hidratos de metano são imensas!

Obviamente, a descoberta destes hidratos ofereceu uma possibilidade sem precedentes na obtenção de energia para a humanidade, sendo mesmo considerado por muitos o combustível do século XXI. Ninguém tem ainda um inventário completo da quantidade de hidrato de metano existente no mundo.

Em todo caso, estimativas menos optimistas apontam para uma quantidade de energia superior a todas as reservas de hidrocarbonetos conhecidas ate hoje. Mais de 50% de todo o carbono existente no planeta esta no fundo do mar, sob a forma de hidratos de metano. E mais do que todas as reservas de materiais fosseis, todos os seres vivos e todas as minas de carvão somadas.

O metano já contabilizado chega a sessenta vezes o valor de todas as reservas provadas de gás natural hoje existentes. As reservas de hidratos de metano americanas, situadas no Golfo do México, no Atlântico e no Pacifico, alem do Alasca, são gigantescas.


Em 1995, o Serviço de Pesquisas Geológicas (U.S. Geological Survey) estimou estas reservas 9.062 triliões de metros cúbicos. Para termos ideia do que isto representa, basta ver que a produção de apenas 1% deste total poderia suprir a demanda de gás nos Estados Unidos por mais de 100 anos. Poderá ainda passar-se uma década antes que o gás dos hidratos circule nos gasodutos americanos, mas sem dúvida as pesquisas actualmente em andamento farão com que este momento se esteja aproximando. (GTI).


Mudanças climáticas e hidratos de metano – sonho ou pesadelo? É difícil de saber se, realmente, os hidratos de metano se venham a tornar uma fonte de combustível. De qualquer forma, os dias do petróleo abundante estão contados, e as nações necessitarão, em breve, de novas fontes de energia. Os hidratos de metano podem ser essa fonte.


Embora muitos considerem estes hidratos uma excelente fonte de energia, existem cientistas extremamente preocupados: a exploração indevida, acidentes, ou mesmo ocorrências naturais, como um grande terramoto, podem vir a libertar grande parte deste gás para a atmosfera. A temperatura do planeta, em uma situação como esta, iria aumentar drasticamente, as calotes polares iriam derreter e a vida iria tornar-se mais difícil.


Por isso nenhum país, ainda, começou com força total a exploração dos hidratos de metano, embora existam muitas pesquisas em curso. No início deste ano, a Japan National Oil Company começou a construção da primeira plataforma para extracção de hidratos de metano do fundo do mar Caspio.


O estudo de sua utilização está, portanto, apenas no inicio, tanto no que diz respeito à sua implicação nas mudanças climáticas quanto pelo seu interesse, a longo prazo, como fonte de energia. O metano é um gás que causa o efeito estufa, e informa-se que o mesmo é de 20 a 25 vezes mais potente que o CO2, para esse efeito (estufa).


Na melhor das hipóteses, o metano na atmosfera, se oxida e gera CO2. Alguns estudiosos do clima acreditam que a produção natural de metano pelos oceanos é a origem de diversos períodos de reaquecimento ocorridos na história geológica da Terra.


Paulo F. Nogueira – Engenharia Ambiental

 



http://www.freewebs.com/drchaves/opinio.htm
 

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lurker

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« Responder #26 em: Junho 18, 2007, 01:57:20 am »
Citação de: "SSK"
Pois, tem toda a razão lurker, agora só falta a parte do controlo... :?

Em absoluto. Até porque o reconhecimento internacional da ZEE está sujeito a termos a capacidade de patrulhar e efectuar SAR nessas àguas.
 

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SSK

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« Responder #27 em: Junho 18, 2007, 01:59:24 pm »
Nem na área actual quanto mais numa área ainda maior... :oops:
"Ele é invisível, livre de movimentos, de construção simples e barato. poderoso elemento de defesa, perigosíssimo para o adversário e seguro para quem dele se servir"
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zocuni

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ZEE
« Responder #28 em: Julho 01, 2007, 01:23:57 pm »
Tudo bem,

Portugal,pelo que vejo está-se articulando para conseguir o aumento de 150 milhas à nossa ZEE,muito bom saber disso.Penso que deve ser até uma questão de Estado.Aqui nem vou pelo lado se temos ou não condições de patrulhamento,penso que com essas 8 NPO em fase de construção,teremos muitos mais meios,se suficientes não sei.Se vamos decobrir grandes jazidas de recursos minerais de grande valor económico,vejo como um objectivo mas não como uma meta.Aqui na minha opinião o ponto da questão e de uma forma mais simplista,se refere no âmbito das pescas,importante sector económico de nosso país,onde emprega 25.000 pessoas,num país com altos índices de desemprego,outra coisa o nosso consumo per capita de peixe é quase o dobro em relação à europa,e apesar de pescarmos perto de 300.000 toneladas,ainda temos de importar.
Mais nossos vizinhos espanhóis,já começam e estrecuchar,só não sei se já se constacta ser o "estrebuchar do morto",essa frase idiota agora está na moda em Portugal.Temos até aqui um ilustre forista espanhol,profundamente desagradado com a ideia de sermos "os donos",do Atântico Norte,azar o dele.Só espero não avistar espanhóis a pescar em nossas águas territoriais como hoje infelizmente se passa.Os espanhóis se estão tão preocupados,em saber quem é dono do quê,poderiam reparar que têm em seu território,uma região que nos pertence "Olivença",não gosto desses moralismos de saco roto.
Ou seja,por todos os motivos devemos lutar por isso.Deixo agora alguns links.

http://www.dg-pescas.pt/mercados/indicadores.pdf


http://www.agroportal.pt/x/agronoticias/2005/11/03g.htm


Abraços,
Zocuni
zocuni
 

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comanche

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« Responder #29 em: Agosto 05, 2007, 01:39:25 pm »
Portugal é o primeiro país do mundo a ter jurisdição sobre uma área superior a 200 milhas náuticas


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Portugal voltou a desbravar o mar. Tornou-se o primeiro país a ter jurisdição sobre uma área para lá das 200 milhas náuticas, onde o mar é de todos. No novo pedacinho de Portugal, para os lados dos Açores, existem fontes de água quente, a 2300 metros de profundidade, onde a luz do sol nunca chega.

Para que quer um país um mundo destes? Porque, entre outras coisas, as fontes hidrotermais são oásis de vida marinha, alguma bem esquisita. Ela adaptou-se a condições extremas, como temperaturas elevadas e um ambiente tóxico, com enxofre, metais pesados, dióxido de carbono ou metano em excesso. Não depende da luz solar e da fotossíntese, mas da síntese que diversas espécies de bactérias fazem de elementos químicos oriundos das fontes hidrotermais, para obterem os nutrientes de que precisam. É nessas invulgares bactérias que assenta a cadeia alimentar: servem de refeição a outros seres vivos, que servem de refeição a outros...

Ao adaptarem-se às condições das fontes, bactérias e outros organismos podem ter desenvolvido moléculas úteis à medicina ou à indústria. Na biotecnologia, as fontes hidrotermais do mar profundo são vistas como um mundo admirável, de onde podem sair produtos industriais ou farmacêuticos surpreendentes.



Metade da cidade do Porto



"Rainbow" é o nome do novo pedaço de Portugal. Situa-se a 40 milhas do limite da zona económica exclusiva (ZEE) dos Açores. A ideia de proteger a riqueza biológica deste campo hidrotermal foi o início de uma história de conquista, em versão pacífica.

Portugal começou por propor, em Outubro de 2006, que o Rainbow fosse uma área protegida sob jurisdição portuguesa, no âmbito da Convenção para a Protecção do Ambiente Marinho no Atlântico Nordeste (OSPAR).

Para esta candidatura, entrou em cena a equipa da Estrutura de Missão para a Extensão da Plataforma Continental (EMEPC), incumbida pelo Governo de provar pela ciência, até 2009, que a parte continental do território português se prolonga mar adentro para lá das 200 milhas da costa (370 quilómetros). Se o provar, Portugal pode esticar-se - mas só pelo leito e subsolo do mar, como estabelece a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (CNUDM), em vigor desde 1994.

Mas a EMEPC quis apressar as coisas. Defendeu que o Rainbow fosse já reconhecido, formalmente, como parte da plataforma continental portuguesa, com base na informação científica disponível. "Portugal podia, e devia, exercer sobre ele os direitos previstos na CNUDM - ou seja, direitos de soberania sobre a plataforma continental para exploração e aproveitamento dos recursos naturais", refere uma nota de imprensa.

O sim veio no final de Junho, numa reunião dos Estados-membros da OSPAR na Bélgica. Consideraram o Rainbow como área marinha protegida ao abrigo daquela convenção regional e referiram "claramente" que está na "plataforma continental portuguesa alargada, ou seja, dentro da jurisdição nacional", diz a nota.

O novo bocado de chão português tem 2215 hectares: uns 4000 campos de futebol ou cerca de metade da cidade do Porto. Simbólico, mas talvez prenúncio de um país que vai crescer muito mais. Assim o espera Manuel Pinto de Abreu, o engenheiro hidrógrafo e oceanógrafo físico que chefia a EMEPC. Desde meados de 2005 que a sua equipa trabalha para alargar o fundo do mar português.

Até à ZEE, os países têm direito de explorar o que se encontrar na coluna de água e no fundo do mar. Transpor essa "fronteira", embora já só para o fundo do mar, dá trabalho.

Os cientistas têm de reunir uma imensidão de dados (geológicos, geofísicos, hidrográficos...) que provem que a plataforma continental dos seus territórios se prolonga, realmente, para lá das 200 milhas. Portanto, têm de saber onde os fundos marinhos deixam de ter características continentais e já têm características oceânicas. Para encontrar essa transição, usam-se como pistas a morfologia do fundo (um declive acentuado) e a geologia (o fim da continuidade dos materiais geológicos entre a parte emersa e a submersa). O problema, nalguns casos, é que esse limite não é óbvio.



O continente vezes 15?



 Portugal, ilhas incluídas, tem 92.083 quilómetros quadrados e uma ZEE de 1,6 milhões de quilómetros quadrados. Até agora, os dados científicos indicam que Portugal poderá alargar-se em cerca de 240 mil quilómetros quadrados, em redor da ZEE do continente e da Madeira, diz Pinto de Abreu. Tirando os 4000 campos de futebol do Rainbow, os Açores ainda não entram nas contas, porque os levantamentos oceanográficos começaram agora. Está lá o navio Almirante Gago Coutinho e, em Setembro, seguirá o D. Carlos I.

No cenário optimista, o fundo do mar português poderá alargar-se em 1,3 milhões de quilómetros quadrados - o que é 14,9 vezes a área de Portugal continental. O cenário menos favorável é o dos 240 mil quilómetros quadrados já prospectados (2,6 vezes a área continental).


Agora, os cientistas correm contra o tempo, um esforço que custará, incluindo missões de navios, 15 milhões de euros. Até 13 de Maio de 2009, o processo de extensão da plataforma tem de estar concluído e toda a documentação tem de ser entregue na Comissão de Limites da Plataforma Continental. Se as suas recomendações forem favoráveis, Portugal poderá então exercer o acto de soberania que é fixar os limites do país. Que surpresas reservarão essas novas parcelas às gerações actuais e futuras? Petróleo? Gás? Metais? Recursos genéticos, de fontes hidrotermais ou não?

"Há quem diga que a plataforma continental é o novo Tratado de Tordesilhas para Portugal, tal a vastidão da área que pode ficar sob jurisdição nacional. Na União Europeia, Portugal já tem a maior ZEE. Com o alargamento da plataforma, passará a ser dos países com maior jurisdição marítima do mundo",  
diz o jurista Tiago Pitta e Cunha, que coordenou a estratégia portuguesa para os oceanos.

Quando se pergunta qual o significado do Rainbow, Pinto de Abreu sublinha: "É o reconhecimento da jurisdição nacional nessa área, sem sequer termos concluído o processo de extensão da plataforma."

O passo seguinte no Rainbow é gerir e regular a investigação e exploração dos recursos. Se os cientistas de outros países quiserem lá ir, têm de comunicar a Portugal. "É normal que partilhem parte do material recolhido", diz Pinto de Abreu. "Quando há um limite traçado, há uma barreira que geralmente é respeitada."

A incógnita, agora, é saber onde haverá mais bandeiras com as cores portuguesas no chão do Atlântico.




Portugal é grande!