Bom... As pessoas falaram e está falado.
O que aconteceu nas eleições de ontem não é diferente do que aconteceu noutros países europeus, o que curiosamente nos mostra que, afinal não somos assim tão diferentes dos outros.
A esquerda parlamentar atingiu cerca de 41,6% dos votos, o que não é o pior resultado de sempre já que em 1987 a esquerda parlamentar teve 39,3%
O partido ADN consegue votos resultado da falta de atenção e de uma população envelhecida. Não é de agora, já aconteceu em outros casos.
O PAN, ao contrário do que muitos dizem, não esteve assim tão mal já que aumentou a sua votação em Lisboa.
Em 2022, a candidata ficou até à última freguesia à espera para ser eleita, ontem, ainda faltava atribuir muitos deputados e o Boby e o Tareco já tinham voz no parlamento garantida.
O PCP, na sua senda para o extermínio, atolou-se na lama da Ucrânia. O Livre, em Setúbal e Lisboa, abocanhou deputados do PCP. Os comunistas perderam dois deputados, o Livre ganhou três deputados. O Livre conseguiu capitalizar com uma versão mais soft da esquerda, e por não estar aparentemente ligado aos extremistas da Climaximo.
O Bloco, ficou na mesma, o que implica que à esquerda do PS, foram eleitos praticamente os mesmos deputados que nas últimas eleições. O voto útil manteve-se em favor do PS.
A IL, saiu de Lisboa para tentar ganhar votos no resto do país, e o resultado foi que perdeu votos e perdeu um dos quatro deputados que tinha. Foi recupera-lo em Aveiro, ainda que com uma votação periclitante.
O Chega, teve uma votação superior ao que algumas sondagens previam, mas não é correto (nunca é) dizer que as sondagens se enganaram, porque as sondagens são o que são.
Havia sondagens na sexta-feira que insistiam em dar ao Chega 16% dos votos, com margem de erro de 2%.
Não surpreende o resultado e em cada circulo eleitoral vemos razões diferentes para justificar as votações, desde o caso do Algarve, na freguesia de Ferreiras, com problemas de habitação graves, até aos lugares mais deprimidos, como freguesias que são tradicionalmente de esquerda ou aos casos do Alentejo, onde existem problemas endémicos com os ciganos. É de forma clara, o voto de protesto, onde cada um vota em protesto contra uma coisa diferente
O Chega, a título de curiosidade supostamente um partido anti-emigração, abre o parlamento aos brasileiros, com a bancada evangélica aparentemente ligada ao partido de Jair Bolsonaro ( e de Tiririca), a eleger deputados.
O PS, perdeu claramente as eleições, ainda que mais uma vez, as sondagens não tenham acertado no resultado de empate técnico. No continente, o PS acabou por ganhar as eleições, perdendo-as por causa dos votos das ilhas, onde a coligação PSD+CDS não é a mesma.
Mas o tom monocórdico do sr. Nuno Santos, vem lembrar que todos os lideres que deixaram crescer a barba para parecerem mais velhos, deram-se sempre mal (Francisco Lucas Pires e Francisco Rodrigues dos Santos são exemplos).
A AD, não ganhou para o susto e na realidade a soma de PSD + CDS acabou por salvar alguns deputados, mas não foi capaz de garantir outros que perdeu por pequenas margens, que provavelmente teria ganho não fosse o caso ADN.
Teria feito mais sentido dar outro nome à aliança e isto mostra algum amadorismo.
A AD vê-se ultrapassada pelo Chega e colocada no terceiro lugar, em vários circulos eleitorais, nomeadamente no sul do país. Seria de esperar mais, mas a verdade é que, as sondagens não previam algo de radicalmente diferente do que realmente aconteceu.
O norte do país, como sempre continua a votar muito mais à direita que o Sul, mas o partido mais à direita do espectro político, tem as suas votações mais elevadas nos círculos eleitorais do sul do país, como Faro, Beja, Portalegre, Santarém e Setúbal, e as piores, no norte, em Braga, Porto e Aveiro e também em Coimbra.
Ao contrário do que o deputado Tili do Chega previa, o Venturistão não foi a Norte, foi a Sul.
E isto, é mais um indicio claro, de como o partido que ontem ganhou mais votos, não se entende a si mesmo.
Os problemas do mundo, nem foram tocados em nenhum dos discursos da noite eleitoral. Portugal continua amorfo, a olhar para o umbigo, sem entender o que aí vem e os problemas que um aumento nas despesas de defesa vão implicar se houver intenção de fazer alguma coisa.
Algo me diz que, para evitar crises, serão despesas que não serão feitas...
Esperemos para ver