Franco achava os portugueses "cobardes"

  • 94 Respostas
  • 32141 Visualizações
*

Mike23

  • Membro
  • *
  • 109
  • +0/-0
Franco achava os portugueses "cobardes"
« em: Novembro 20, 2007, 03:25:16 am »
Citar
O que Franco pensou sobre o 25 de Abril agora revelado no 'El País'
No Verão Quente (português) de 1975, o ditador espanhol Francisco Franco estava hospitalizado e praticamente já não falava, embora os jornais espanhóis dessem uma ideia completamente diferente: as personagens que visitavam o ditador no hospital diziam-no atento aos problemas do país e do mundo.

Mas não. Num texto publicado ontem no El País, o médico Ramiro Rivera, que acompanhou o ditador espanhol na sua doença, afirma que na maior parte do tempo Franco encontrava-se incapaz de falar e os quatro médicos que o atendiam pouco mais lhe conseguiam ouvir do que monossílabos.

Mas, a dada altura, Ricardo Franco, um dos médicos, perguntou a Franco: "Meu general, está o senhor a par do que se passa em Portugal? Não acredita que ali se vai armar uma grande confusão e vai correr muito sangue?"

Segundo o testemunho de Ramiro Rivera, Franco ficou calado du-rante um bocadinho enquanto todos os médicos o olhavam, expectantes. E em seguida disse: "Não acredi- te nisso, os portugueses são muito cobardes." E o médico Ramiro Ri- vera lembra, em sequência, que "la Revolución de los Claveles" - como os espanhóis chamam à nossa Re- volução dos Cravos, o 25 de Abril, "acabou com quarenta anos de di- tadura sem que tivesse havido vítimas".

Ramiro Rivera revela também, nas suas memórias, o encontro que teve com o actual Rei D. Juan Carlos, no Palácio da Zarzuela, por esses dias e que se desenrolou num clima que "confiança" que surpreendeu o médico. Juan Carlos contou-lhe que não tinha querido aceitar a transmissão de poderes até ter a certeza de que Franco estava de acordo. Registou que estava numa posição "muito incómoda", que lhe tinham atirado para cima "toda a responsabilida- de", mas "nem o presidente nem os ministros o informavam de nada". Juan Carlos não sabia ainda se Franco pensava ou não retomar os seus poderes. Rivera diz que saiu "muito confuso" da entrevista, porque a "franqueza" e "simplicidade" de Juan Carlos lhe pareceram sinto- ma de "uma ingenuidade preocupante" para as suas futuras funções.


http://dn.sapo.pt/2007/11/20/nacional/f ... ardes.html


 :roll:
O Novo Portugal! Mais de 3 Milhões de Quilómetros Quadros!

 

*

Luso

  • Investigador
  • *****
  • 8530
  • Recebeu: 1623 vez(es)
  • Enviou: 685 vez(es)
  • +940/-7286
(sem assunto)
« Responder #1 em: Novembro 20, 2007, 09:27:51 am »
Objectivamente, o que vos parece essa ideia?
Ai de ti Lusitânia, que dominarás em todas as nações...
 

*

HELLAS

  • Perito
  • **
  • 373
  • +0/-0
(sem assunto)
« Responder #2 em: Novembro 20, 2007, 09:55:32 am »
Citação de: "Luso"
Objectivamente, o que vos parece essa ideia?


Pelo menos conosco vais a puder debatir porque nos lemos as coisas e fazemos balance.
Se isso for certo, so posso restar avergonhindo, mas acho que quando faz referemça a Portugueses acho que esta a referir a os contrarios a ele ideologicamente, pois ja foram outros portugueses os que lutaram do seu lado que tenho duvidas que pemsara o mesmo deles.
Pessoalmente, acho que os portugueses pela sua historia, sao valentes.
Emtao, sou franquista, fascista e antiportugues? Nao sei ja. Alguna com mente privilegiada que habitualmente faz copias e pega vai a dizer o que eu sou ja melhor que eu mesmo sei.
Cumprimentos.
 

*

papatango

  • Investigador
  • *****
  • 7494
  • Recebeu: 974 vez(es)
  • +4599/-871
(sem assunto)
« Responder #3 em: Novembro 20, 2007, 09:04:38 pm »
Teriamos que entender a mentalidade dos militares espanhóis para entender este tipo de afirmação.

A afirmação do Franco, não me surpreende minimamente.
Quando dentro de 20 anos se ficar a saber o que os espanhóis de hoje dizem de Portugal, também vai haver gente que vai ficar surpreendida.

Não deixa no entanto de ser curioso, que em 1975 tivesse terminado uma guerra que os portugueses mantiveram contra superpotências durante 13 anos, sendo derrotados por um golpe de estado nas ruas de Lisboa.

Na mesma altura, os militares espanhóis saiam do Sahara Ocidental com o rabinho entre as pernas, sem disparar um tiro e abandonando os Sarauis ao seu destino, coisa que ainda hoje não foi corrigida.

O Franco pode dizer uma coisa, mas neste caso como noutros, a História e a realidade que todos conhecemos, coloca os mentirosos e os tontos no seu devido lugar.

Em todos os confrontos, combates, guerras, conflitos e revoluções em que os portugueses participaram, chamaram-nos de incompetentes, parvos, imbecis, irresponsáveis e mais uma quantidade de coisas, umas com razão outras sem elas.

Mas nenhuma das forças contra as quais Portugal se debateu alguma vez acusou os portugueses de cobardes.

Tinham que ser os espanhóis.

Ontem como hoje, como sempre, a realidade que os próprios espanhois publicam e revelam, acaba por provar a lógica de tudo o que temos vindo a dizer nos tópicos deste forum, por muito desagradavel que seja para os franquistas e para os saramagos da vida...

A verdade é como é. A Espanha e os espanhóis, também são como se espera. Não mudaram nem um centimetro. Quando estala o verniz, vem ao de cima a verdadeira cara de ódio que é a marca civilizacional do império.

Cumprimentos
« Última modificação: Novembro 20, 2007, 10:47:24 pm por papatango »
É muito mais fácil enganar uma pessoa, que explicar-lhe que foi enganada ...
 

*

Luso

  • Investigador
  • *****
  • 8530
  • Recebeu: 1623 vez(es)
  • Enviou: 685 vez(es)
  • +940/-7286
(sem assunto)
« Responder #4 em: Novembro 20, 2007, 09:44:53 pm »
Ao menos o PT dá-me algum alento...
Mas os portugueses de hoje são como os de ontem?
São diferentes, certamente. Não me identifico com eles. Estou a ficar cota a ritmo galopante.
Ai de ti Lusitânia, que dominarás em todas as nações...
 

*

Trafaria

  • Investigador
  • *****
  • 2117
  • Recebeu: 139 vez(es)
  • Enviou: 112 vez(es)
  • +54/-1
(sem assunto)
« Responder #5 em: Novembro 20, 2007, 10:06:22 pm »
Sairam do Sahara sem lutar … o mesmo fizeram em Cuba, nas Filipinas e em muitos outros sítios.
Não, os portugueses também perderam as sua quota-parte de batalhas mas não são conhecidos por fugirem, por virarem as costas ao inimigo.
E Franco bem que o sabia!

Trafaria
::..Trafaria..::
 

*

Luso

  • Investigador
  • *****
  • 8530
  • Recebeu: 1623 vez(es)
  • Enviou: 685 vez(es)
  • +940/-7286
(sem assunto)
« Responder #6 em: Novembro 20, 2007, 10:38:37 pm »
Citação de: "Trafaria"
Sairam do Sahara sem lutar … o mesmo fizeram em Cuba, nas Filipinas e em muitos outros sítios.
Não, os portugueses também perderam as sua quota-parte de batalhas mas não são conhecidos por fugirem, por virarem as costas ao inimigo.
E Franco bem que o sabia!

Trafaria


Bem, eles bateram-se em Cuba. E lutaram no Sahara uns tempos (mas devem ter visto que "aquilo" não valeria a pena. Não foram assim TÃO fracotes. Nem tanto ao mar nem tanto à terra.
Depois, o que nos adianta a nós, portugueses sermos (os nossos antepassados) corajosos na luta para depois tudo perdermos à mão de "almofadinhas"?
É que nós também não somos maus a fazer almofadinhas.
Ai de ti Lusitânia, que dominarás em todas as nações...
 

*

papatango

  • Investigador
  • *****
  • 7494
  • Recebeu: 974 vez(es)
  • +4599/-871
(sem assunto)
« Responder #7 em: Novembro 20, 2007, 10:44:11 pm »
Citar
Mas os portugueses de hoje são como os de ontem?
São diferentes, certamente. Não me identifico com eles. Estou a ficar cota a ritmo galopante.
Todas as gerações olham para a geração seguinte com desalento.

Sempre foi assim.
Mas na verdade, a ideia de que os portugueses de hoje são diferentes dos do passado, não corresponde à verdade.

Somos o mesmo povo, com as diferenças que o tempo impõe, mas com características que são parecidas, afirmo mesmo, trágicamente parecidas.

Os problemas que hoje detectamos, já os detectavam os cronistas do Portugal do século XIV e XV. Camões acabou o último verso dos Lusiadas, com a palavra INVEJA.
Já no século XIV o país não era conhecido no resto da europa que (correctamente) nos via como literalmente o fim do mundo.

Os portugueses que se meteram nas caravelas e nas Naus, eram os imigrantes dos anos 60 do século XX. Gente que não conseguia em Portugal aquilo que queria e que migrava para algum lugar.

E a verdade, é que hoje, infelizmente continuamos a não ser capazes de dar a todos os cidadãos garantias e condições. E hoje, como no século XV, a última palavra dos Lusíadas continua a ser um dos problemas.

Mas a verdade, é que mesmo já tendo passado por periodos muito, mas muito mais graves que o actual, continuamos cá.

Na verdade, acabámos, como acontece com todos os povos, por ser moldados pela geografia e pela história.

Colocados no fim da Europa, os portugueses são um povo que não tem para onde ir. Muitos povos foram empurrados e desalojados. A nós não é possível empurrar-nos para nenhum lugar. Estamos no fim da linha.

Por isso, tivemos ao longo dos séculos que resistir. Provavelmente mais por inevitavel necessidade que por determinação. Mas a determinação em defender o país (que se pode encontrar pelo menos desde o século XIII) também é resultado do facto de sabermos que não temos para onde ir.

No Arte da Guerra de Sun Tzu, há um parágrafo que diz que quando não houver esperança de fugir e o inimigo for superior, então será necessário lutar. E as tropas devem estar conscientes de que estão a lutar pela sua própria sobrevivência, uma vez que não há para onde fugir.

Logo, a coragem dos portugueses é também resultado e imposição da necessidade.

Afirmar que os portugueses são cobardes, quando a própria geografia os forçou a lutar com as costas para a parede não tem qualquer sentido ou lógica.

A frase entende-se como insulto impotente proferido por um general espanhol, perante o povo que provou ao longo da História, que a Espanha de Franco pode ser derrotada e vencida.

Notar que a afirmação de Franco, bate certo com as afirmações que o antigo ministro dos negócios estrangeiros de Salazar deixou escritas nas suas memórias, nomeadamente na sua biografia.

Cumprimentos
É muito mais fácil enganar uma pessoa, que explicar-lhe que foi enganada ...
 

*

comanche

  • Investigador
  • *****
  • 1779
  • Recebeu: 1 vez(es)
  • +0/-0
(sem assunto)
« Responder #8 em: Novembro 20, 2007, 11:53:37 pm »
 

*

Benny

  • Perito
  • **
  • 365
  • Recebeu: 1 vez(es)
  • +0/-0
(sem assunto)
« Responder #9 em: Novembro 21, 2007, 06:05:20 pm »
Creio que esta afirmação balofa de Franco faz tanto sentido quanto chamarmos cobardes aos Espanhóis por terem saído precipitadamente do Iraque depois dos atentados de Madrid.

Benny
 

*

papatango

  • Investigador
  • *****
  • 7494
  • Recebeu: 974 vez(es)
  • +4599/-871
(sem assunto)
« Responder #10 em: Novembro 21, 2007, 06:46:10 pm »
A ideia de que os portugueses são cobardes não é do Francisco Franco, é da sociedade espanola e está na História para quem a quiser ler.

Bastaria ler os relatórios sobre a resistência no tempo dos filipes
Bastaria ver os comentários jocosos dos espanhóis durante a guerra da sucessão espanhola
Bastaria ver os comentários de Godoy antes da guerra das laranjas.

A ideia de que o português é cobarde é explicada justificada e defendida pela visão que se ensina ainda hoja nas academias militares espanholas.

É evidentemente irritante e preferimos pensar que era apenas o Franco e que o Franco estava moribundo.
Mas na verdade, nunca vimos outra coisa que não fosse este tipo de comportamento por parte dos espanhóis. É um comportamento normal.

Franco achava que os portugueses eram cobardes não por ser Franco, mas porque aprendeu história em Espanha numa academia militar.


Não é a mesma coisa que nós acharmos o que quer que seja dos espanhóis, porque na nossa história não temos o hábito de chamar cobardes aos espanhóis. Chamamo-los de arrogantes, como todo resto da humanidade e arredores, mas não de cobardes.

Cumprimentos
É muito mais fácil enganar uma pessoa, que explicar-lhe que foi enganada ...
 

*

Daniel

  • Investigador
  • *****
  • 3136
  • Recebeu: 417 vez(es)
  • Enviou: 208 vez(es)
  • +645/-8625
(sem assunto)
« Responder #11 em: Novembro 21, 2007, 07:16:22 pm »
Meus caros aquilo que esse tipo chamado franco achava ou não achava é me igual, e creio que é assim para a maoria dos portugueses, agora creio que o caro papatango disse tudo, bom só acrescentar que além de arrogantes eles têm queda para o lado oposto :lol:  :wink:
 

*

O Portugues

  • 7
  • +0/-0
(sem assunto)
« Responder #12 em: Dezembro 08, 2007, 04:06:36 am »
O complexo da "padeira de Aljubarrota" vive no coração dos espanhóis, esses sim, pessoas cobardes e cuja história reza mais de pusilanimidades que de feitos heróicos.  Se Portugal fosse o que Franco pensasse, então porque Espanha não tentou recuperar aquilo que os Filipes perderam?
Macau - Cidade de Santo Nome de Deus, Não Houve Outra Mais Leal

Macau - a ‘Última Praça Do Império’ !
 

*

carlos duran

  • 40
  • +0/-0
portugueses "cobardes" ¡¡¡
« Responder #13 em: Dezembro 21, 2007, 03:16:40 pm »
Facia muito tempo que non aparecia neste foro e sinto pena que teña que ser para botar un pouquiño de senso comun neste asunto. Aproveitar un pressunto comentario de un dictador a piques de morrer para ofender o votar unha morea de odio e infamias contra os pobos que forman o estado espanhol e ben triste. Máxime cando Franco foi apoiado por Salazar na guerra civil e un bon número de portugueses pelejaron con os franquistas; na miña opinión Franco non pensaba iso mais non me importa muito o que pensase franco nin salazar nin ningún dictador.Non podo decir nada mais, estou ben certo que a maioria dos portugueses non pensan así. Vou a seguir falando de historia real noutras entradas sob o tema que a min gostame moito, a historia militar, sin meterme en nacionalismos nin trapalladas porque quen sae derrotada en verdade na loita entre o nacionalismo portugues o o español e a verdade histórica.
Como sei que na outra ocasiao que falei neste foro fun ben recibido pois saudos a todos os que gosten de falar de historia militar hispano portuguesa, non para lembrar odios senon para  coñecer noso pasado e termos un futuro de respeto mutuo e boa viziñanza.
A verdade nao ten patria
 

*

Cabeça de Martelo

  • Investigador
  • *****
  • 20285
  • Recebeu: 3002 vez(es)
  • Enviou: 2251 vez(es)
  • +1351/-3467
(sem assunto)
« Responder #14 em: Dezembro 21, 2007, 03:30:41 pm »
Carlos os Portugueses lutaram nos dois lados da barricada. Em relação ao que o dito senhor pensa ou deixa de pensar dos Portugueses...para mim tanto me faz, ele é o passado e nós somos o presente e (espero), o futuro. O pais para o qual Portugal exporta mais é Espanha e Portugal está no top 3 dos importadores de produtos Espanhóis. As unidades Portuguesas vão com muita frequência a Espanha e vice-versa. Não me parece que vamos ter guerra nos próximos anos, decadas e espero sinceramente séculos.

Make love not War. :lol:
7. Todos os animais são iguais mas alguns são mais iguais que os outros.