É sem dúvida uma questão interessante e devo admitir que fiquei a pensar nela.
Tendo em conta a FAP actual, possuímos, no que diz respeito a transportes, as seguintes frotas:
- C-130H
- CN-212-100 ( os CN-212-300 são uma questão diferente )
- FTB-337
Tomando como exemplo outros países da NATO com dimensão e capacidade mais "semelhantes" à nacional ( como a Noruega, Dinamarca e Bélgica ) podemos observar que estes operam apenas uma frota de C-130.
O Aviocar na FAP, tal como o papatango indica, para transporte de pouco serve. Logo o seu suposto substituto teria de representar um acréscimo de capacidade.
O C-130H, e isso posso garantir-lhe, faz poucos voos em que vem vazio. Aliás, de voos de apoio aos Açores vai sempre a abarrotar, seja de material militar, manteiga "maria inês" ( sim, inventei o nome
Logo temos pela frente esta nova opção. Eliminar a frota de Aviocar ( e prescindir do seu substituto ) e todo o seu serviço de apoio e logística, e apostar numa frota apenas de C-130J.
Esta opção traria várias vantagens:
- Uma manutenção e logística mais fácil. Manter 1 C-130J é bem mais fácil do que manter 2 CN-295 ou 2 C-27J. É algo lógico e inerente. É um conceito matemático. A probabilidade de algo "correr mal" aumenta com o nº de indíviduos analisados. O mesmo acontece com a manutenção. Iria exigir mais treino de pessoal, mais disponibilidade e mais instalações.
- Treino e operação de um número mais reduzido de pilotos. A falta de pilotos ainda existe e um PILAV custa ao estado cerca de 6 000 000 €€€ a formar ( os valores relativos a PIL desconheço ). Esta não é um questão fundamental mas é algo a ter em conta.
- O aumento da capacidade estratégica portuguesa. Portugal iria ficar com um maior número de aeronaves com capacidades estratégicas.
- Melhoria do apoio às tropas aerotransportadas ( Paras ) que passariam a dispor de mais aeronaves de onde "saltar para o desconhecido".
A grande desvantagem desta opção seria, como o papatango referiu, a possibilidade de por vezes o C-130J ser utilizado abaixo das suas capacidades.
A operação de uma frota de pequenas aeronaves de transporte é justificável num país com grande actividade militar aérea ( onde o transporte entre bases de material é algo do dia-a-dia ) ou num país bastante disperso ( Indonésia por exemplo, com as suas intermináveis ilhas ).
O Aviocar é uma herança da guerra colonial onde existia a necessidade de transporte, dentro das colonónias, de material entre aerodromos "pequenos" e "mal preparados" ( em comparação com a metrópole )
No Portugal moderno ( e mesmo no nosso triângulo atlântico Portugal-Açores-Madeira ) essa questão deixou de exisitir.
Isto leva-nos a outras questões.
O que fazer com os FTB-337, e como se efectuaria o treino do pessoal destinado aos C-130J.
Vou-me apoiar na opinião do nosso membro FFAP, que há uns tempos dizia que, face à inevitável substituição dos FTB-337 ( que tem como missões o transporte de cargas ligeiras e a manutenção das horas mínimas de voo de alguns pilotos ) se deveria começar a pensar no Beechcraft ( já não me lembro do modelo que referiste FFAP, por favor relembra-me ) para essas funções. Ora, o beechcraft é uma excelente aeronave de treino para pilotos destinados a aeronaves bi-motor ou quadra-motor de hélice ( aliás, já é utilizado em muitos países com essa função ). Seria mais um trunfo da uniformização.
Resta-nos referir o CN-212-300 de SIFICAP e guerra electrónica. Estas aeronaves têm, pelo menos, mais 15 anos de operação, daí que não seja uma preocupação actual, mas concebo a sua substutição no futuro por qualquer outro tipo de aeronave. Devo dizer que os FALCON 900 SURMAR franceses me causam uma boa impressão.
Depois disto tudo e tendo como principal argumentação a uniformização e facilidade de manutenção dos meios, também devo dizer que, face ao binómio C-130J/C-27J tal argumentação não funciona pois ambos usam os mesmos aviónicos e os mesmos motores.
Sendo assim, e até parece que estive a falar para nada, continuo a defender ( por agora ) a operação de uma frota C-130J/C-27J.
Mesmo assim devo admitir que a opção de operação única do C-130J ( num número que seria provavelmente de 10 ou 11 aeronaves ) é muitíssimo interessante e algo que tem de ser ponderado seriamente.
Cumprimentos