Temos aqui uma situação...

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Luso

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« Responder #15 em: Novembro 26, 2007, 10:19:11 pm »
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Se as próprias direcções do Estado não credibiliza o que é seu, e faz repreensões publicas, em vez de as fazer internamente, jamais o cidadão vai respeitar aquilo que o protege as NOSSA PSP e GNR


- Precisamente!
Ai de ti Lusitânia, que dominarás em todas as nações...
 

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lurker

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« Responder #16 em: Novembro 26, 2007, 11:50:42 pm »
Citação de: "LM"
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O facto da GNR encarar o cidadão como inimigo é um facto, característico pela sua natureza militar que, em vez de ser atenuada, está cada vez mais enraizada (temos o exemplo CFS que neste ano foi introduzido as 'marcors' e 'GAM'). A formação desta força está muito áquem de formar orgãos de policia criminal, mas sim de militares, pois é assim que são tratados no dia a dia, quer na sua formação, quer na rotina diária da sua profissão - lamentável.

Como cidadão no dia em que a GNR não for diferente da PSP e perder a sua natureza de força militarizada fico triste e julgo que Portugal perde uma mais-valia - aqui não há melhores/piores mas sim capacidades diferentes... Mas sobre este assunto já existem outros tópicos/post's (inclusive meus), não interessa agora alongar


Caro LM,
acho que há aqui um pouco de confusão causada pelo termo "militar".
A meu ver não está em causa a natureza militarizada da GNR e as valências que advém daí.
O que está em causa é se a GNR tem a formação e doutrina adequada para uma força de segurança. E se a influência do Exército tem ou não efeito negativo nisso.

A meu ver, a natureza militarizada da GNR não é em si um entrave à sua adequação como força de segurança.
O próprio Clemente Lima admite a possibilidade de num hipotético futuro (a seu ver inevitável) em que a PSP e GNR se unifiquem, a força resultante ter um modelo mais próximo da GNR do que da PSP.

Mas não é a primeira vez que vejo pessoas a expressar que não é bom para a GNR ter os seus oficiais a vir do Exército, com formação de soldado e não de policia.
E de facto, tanto quanto sei, é algo único entre as gendarmeries europeias.
 

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golex

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« Responder #17 em: Novembro 27, 2007, 04:17:19 pm »
boas
eu peço desculpa mas esta história de a formação e doutrina militares da gnr serem um obstáculo á prestação de um bom trabalho policial parece-me uma idiotice.
para os senhores oficiais até pode ser verdade que tais principios sejam demasiadamente vincados, mas para 99% dos militares da gnr (sargentos e praças) essa formação não passa de meia duzia de horas de formação. No curso de formação de praças faz-se um mês de formação militar e oito meses de formação policial, só ai são logo oito vezes mais, um militar ao fim de um ano ou dois a trabalhar no serviço territorial já nem se lembra do que lhe foi ensinado de doutrina militar, tem muito mais com que se preocupar.
quanto à questão de os militares confundirem o cidadão com o inimigo não sei se terá tanto a haver com a formação como tem a haver com a hostilidade com que o cidadão se apresenta perante o agente policial seja em que situação for; é que mesmo os senhores magistrados ficam muito aborrecidos quando são apanhados numa simples infracção de transito.
na questão da falta de formação, embora seja verdade que é necessária mais formação isso não significa que os agentes policiais não tenham nenhuma formação, não significa que os agentes policiais são uns ineptos no serviço que prestam às populações. a verdade é que hoje em dia são os proprios policias a procurar formação o que por si só demonstra uma grande mudança de atitude dos elementos das forças policiais. contudo, as declarações do senhor igai são, neste campo, um pouco irresponsaveis. quando se diz : "as forças de segurança necessitam de mais formação de tiro" o cidadão ouve: "as forças de segurança não sabem usar as armas que lhes são distribuidas"; quando se diz: "há para aí muita mentalidade de western" o ciadadão ouve: "todos os policias são uns cowboys", quando se diz: "há incompetência" o cidadão ouve "os policias são todos uns incompetentes". acho estranho que alguem com um cargo com tal responsbilidade não tenha sensibilidade para a quebra de autoridade que tais declarações representam. talvez tal derive do facto de o senhor igai não ter que ir ele próprio lidar com o cidadão comum sem estar protegido pela barra do tribunal e a coberto da segurança da batina.
 

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Shena

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« Responder #18 em: Novembro 29, 2007, 03:54:42 pm »
Boa tarde caros senhores,

A questão de a GNR ser militarizada, ser ou não uma mais valia pra segurança dos cidadãos não me parece ser o problema maior, pois a missão irá sempre ser cumprida seja qual for a sua natureza.
Eu estive no exercito e não me arrependo nada do tempo que lá passei, de que muito me orgulho e do que fui = MILITAR.

Penso que o problema é que a GNR é tratada da maneira que dá mais jeito ao Estado, ou seja, para umas coisas são militares (deveres e punições), pra outras são forças de segurança (a missão que lhes é destinadada) e para outras são funcionários públicos (direitos de saúde e outros).

Como pode haver serenidade para cumprir a missão com tanta falta de definição, afinal como podemos considerar a GNR?? Qual é a missão real dessa força de segurança?? A formação que lhes é administrada é com que intenção?? Estão a formar militares, agente de segurança ou palhaços com pistolas ao coldre??
É triste.

Bem haja a todos
 

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Jorge Pereira

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« Responder #19 em: Dezembro 01, 2007, 01:18:12 am »
Citação de: "LM"
A entrevista é infeliz em alguns pontos e isso marca negativamente a intervenção.

Passa a ideia de um "jurista de gabinete" muito seguro da sua realidade "preto / branco" - não passa uma imagens de orgão isento, draconiano quando há falhas, mas sem preconceitos e/ou com a tendencia de ver as FS como "maus".

Se julga que não se deve tentar capturar quem fuja de operações stop então autorize o uso de lagartas, por ex...

Disfarça mal o preconceito contra a GNR como força militarizada e também devido, talvez, ao peso da história que ela carrega.

Citação de: "Luso"
Penso de igual forma. Também me impressionou a tranquilidade com que, de perninha cruzada, faz esse tipo de comentários durante uma entrevista a um jornal, quando tais comentários deveriam ser transmitidos formalmente respeitando a hierarquia. São afirmações graves e séria que são transmitidas de uma forma leviana.
Não compreendo porque é que tem que haver tanto segredo com os NPO e neste caso a coisa é literalmente vomitada.

Citação de: "acpool"

Boas.

Eu penso que as declarações do Inspector- Geral da Administração Interna, foram um pouco ou senão muito perigosas, ou seja, vieram descredibilizar o trabalho dos polícias.
É certo que alguns serviços prestados pelos policias, poderão não ser prestados com as melhores cordialidades por estes, mas isso não pode estragar a imagem de uma instituição, de um alguns casos não se pode generalizar, se o Inspector- Geral da Administração Interna, queria fazer algum aviso aos agentes e militares das forças segurança, então haveriam meios próprios para o fazer.

Os comentários do IGAI, deveriam ser mais contidos, e o que foi esquecido e que não foi dito, é que as condições das instalações de trabalho da maioria das F.S. são precárias, os próprios cidadãos não tem respeito pelas F.S. só o ganham quando precisam e gritam “POLÍCIA” e lá vem os homens ajudar ou quando alguns familiar próximo entra para estas instituições.

O IGAI, é certo que visitou muitas esquadras, mas então que fosse fazer também serviço e ás três da manha fosse chamado para um bairro F*****, e ao lá chegar era apedrejado e verificava que a chamada era falsa, como acontece em muitos casos a muitos polícias, ou ir fazer uma paragem STOP e o condutor puxar de arma, e depois veríamos se ele também é brando ou bruto.

OS MILITARES DAS FORÇAS DE SEGURANCA TAMBEM TÊM FAMILIA, quando estes fazem perseguições estão a por a sua vida em risco, e não ganham mais por isso, e estes não o fazem por gosto, já que a uma parte dos carros que conduzem não têm condições de segurança.

Os militares das F.S. já não podem fazer muito, daqui a pouco os “mitras” espancam e roubam uma velha de 70 anos, o polícia vai lá prende o “mitra”, e o mitra processa o polícia porque falou alto demais para ele e apertou demais a algema do lado esquerdo.

POR FAVOR chamar incompetentes ás nossas F.S.

Citação de: "golex"

boas
eu peço desculpa mas esta história de a formação e doutrina militares da gnr serem um obstáculo á prestação de um bom trabalho policial parece-me uma idiotice.
para os senhores oficiais até pode ser verdade que tais principios sejam demasiadamente vincados, mas para 99% dos militares da gnr (sargentos e praças) essa formação não passa de meia duzia de horas de formação. No curso de formação de praças faz-se um mês de formação militar e oito meses de formação policial, só ai são logo oito vezes mais, um militar ao fim de um ano ou dois a trabalhar no serviço territorial já nem se lembra do que lhe foi ensinado de doutrina militar, tem muito mais com que se preocupar.
quanto à questão de os militares confundirem o cidadão com o inimigo não sei se terá tanto a haver com a formação como tem a haver com a hostilidade com que o cidadão se apresenta perante o agente policial seja em que situação for; é que mesmo os senhores magistrados ficam muito aborrecidos quando são apanhados numa simples infracção de transito.
na questão da falta de formação, embora seja verdade que é necessária mais formação isso não significa que os agentes policiais não tenham nenhuma formação, não significa que os agentes policiais são uns ineptos no serviço que prestam às populações. a verdade é que hoje em dia são os proprios policias a procurar formação o que por si só demonstra uma grande mudança de atitude dos elementos das forças policiais. contudo, as declarações do senhor igai são, neste campo, um pouco irresponsaveis. quando se diz : "as forças de segurança necessitam de mais formação de tiro" o cidadão ouve: "as forças de segurança não sabem usar as armas que lhes são distribuidas"; quando se diz: "há para aí muita mentalidade de western" o ciadadão ouve: "todos os policias são uns cowboys", quando se diz: "há incompetência" o cidadão ouve "os policias são todos uns incompetentes". acho estranho que alguem com um cargo com tal responsbilidade não tenha sensibilidade para a quebra de autoridade que tais declarações representam. talvez tal derive do facto de o senhor igai não ter que ir ele próprio lidar com o cidadão comum sem estar protegido pela barra do tribunal e a coberto da segurança da batina.


Quatro opiniões que subscrevo na íntegra.

As declarações do Inspector do IGAI são inacreditáveis. Veio pôr em causa de forma pública e imponderada algo tão essencial para os cidadãos como é a confiança nas suas forças de segurança.

Veio ao mesmo tempo tirar ainda mais motivação aos membros dessas mesmas forças de segurança e dar mais dessa mesma motivação e “garantias” àqueles que teimam em fazer do desrespeito à lei e do crime a sua forma de vida.

Com certeza que a autoridade do Estado não se defende a tiro, mas também não ajuda nada a defender essa mesma autoridade deixar assaltantes de bancos armados, apanhados em flagrante pelas forças de segurança, sair em liberdade no mesmo dia da sua captura.


Ultimamente parece que se perdeu o Sentido de Estado e a postura discreta que certos altos cargos deveriam preservar e zelar a todo custo. Agora quase todas as classes (desde Magistrados, Diplomatas, Políticos etc.) parecem estar num frenesim quase provinciano (os beijinhos nas funcionárias no início da entrevista são um exemplo disso) de quererem aproveitar todas as oportunidades para aparecerem, aproveitando qualquer desculpa, nos meios de comunicação social.
Um dos primeiros erros do mundo moderno é presumir, profunda e tacitamente, que as coisas passadas se tornaram impossíveis.

Gilbert Chesterton, in 'O Que Há de Errado com o Mundo'






Cumprimentos
 

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lecavo

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« Responder #20 em: Dezembro 01, 2007, 03:43:07 pm »
Viva!

Acerca desta entrevista, participei numa discussão entre polícias (no Forum da PSP), onde expus a minha opinião acerca do assunto. Por ser mais fácil fazer a transcrição, coloco aqui aquele post que melhor define a minha opinião acerca do assunto. Desde já peço desculpa se algumas das minhas afirmações parecerem descontextualizadas. Isso deve-se ao seguimento das respostas e contra-resposta.

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Citação de: "Lecavo no forum psp"
Começo por dizer, que não sou advogado de ninguém. Não estou aqui a defender as posições ou afirmações que o senhor Inspector Geral proferiu. Estou apenas a comentá-las.

Esta gente não dá ponto sem nó! lembram-se do Sr. Procurador Geral da República? Veio mandar umas bocas acerca das escutas telefónicas, fez uma poeirada danada, um grande ruído e no fim, lá levou a água ao seu moinho.

É que isto de andar a falar para o boneco e ninguém nos passar cartucho é uma coisa que irrita! Acreditem que esta gente não dá ponto sem nó. Estas pessoas sabem muito bem aquilo que dizem e quando as dizem. Quantas recomendações terão sido emanadas por este senhor e, que por obra e graça deste imobilismo que graça na PSP, na GNR e no governo (MAI), acabam por não serem levadas em conta!?

A paciência tem limites... e quando se têm "armas" à mão, há que as usar. Este senhor usou as dele e na minha opinião, muito bem.

Eu pessoalmente não me senti ofendido com as suas afirmações. Não falou para mim! A carapuça a mim, não me serviu!

Reparem nestas afirmações proferidas pelo senhor e depois digam-me se ele tem ou não razão!?

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A ideia que tenho é que as escutas que são feitas nos TIC são muitos "checadas" . É evidente que isso depende do grau de empenhamento de cada um, com tudo. Diria que tem dias. E tem juízes... Mas tenho a certeza de que o grosso da coluna controla...

Há aqui algum ataque à PSP (ele refere-se a ambas as forças de seguranças, PSP e GNR)? Não, bem pelo contrário, está a defender as instituições de acusações recentes.

Citar
Da prática judiciária nunca tive essa percepção. Nunca ouvi barulhinhos nos meus telefones.

Continuamos na mesma onda.

Citar
Um exemplo que me preocupa muito, e que vem das inspecções sem aviso prévio que temos feito, é no atendimento ao cidadão. Há por aí muita impertinência, muita intolerância, muita impaciência da parte da polícia. O que significa incompetência.

Ele refere-se ao atendimento ao cidadão, não a intervenções de rua perante delinquentes. Isto é mentira!? Será que eu não trabalho na mesma polícia que vocês!? Não estou a dizer que é regra, nem me parece que o senhor IG esteja a generalizar, mas que isto não é mentira, lá isso não é!

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E ainda mais intolerável é a atitude das chefias, de alguma tolerância face a estes comportamentos.

Entendo esta "tolerância", como a não implementação de acções de formação. Mais como o "deixa andar". É óbvio que não estou a ver nenhum oficial a deixar passar um caso pontual que observe. Agora que não há acções de formação, lá isso não há! Ou vocês vão a algumas que eu não tenha tido conhecimento que existiram!?

Quando o autodidatismo não consegue ultrapassar certos limites, há que dar formação! Onde é que ela está!?

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Sem dúvida. Problemas mais graves temos na área de intervenção da GNR com perseguições policiais iniciadas por motivos que me parecem inadequados, como por exemplo, por passar um sinal vermelho ou desobedecer a uma ordem de paragem numa operação stop. As forças policiais devem ter consciência que as perseguições policiais criam uma adrenalina própria e geram muitas vezes asneira. Temos tido a esse nível casos recorrentes. Não há uma endemia, há uma patologia. Casos isolados. Mas a repetição de casos isolados preocupa-me. Nos últimos dois anos, na GNR registaram-se sete dos 10 mortos em perseguições...


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Penso. Tem que se fazer a avaliação das situações. Não podemos ter como resultado de uma infracção de trânsito a pena de morte. A passagem de um sinal vermelho não pode ser punida, sem intermediação de um tribunal e sem direito à defesa, com a pena de morte. Até porque a própria perseguição gera perigos. Num meio urbano há terceiros que podem ser atingidos. E isto é inadmissível. Uma coisa é perseguir um indivíduo que se sabe que acabou de cometer um homicídio, outra é perseguir alguém que cometeu uma infracção de trânsito ou uma desobediência. Acho, como disse na altura, que a autoridade não se defende a tiro.

Será que vocês estão em desacordo com esta afirmação!? Isto é bombástico. Imaginem que um filho vosso amanhã ou depois se "lembra" de não parar a um sinal vermelho, e quando se apercebe que a polícia viu e o mandou parar, se assusta com qualquer coisa, e decide não parar. Leva um tiro e morre. Acham que isto faz algum sentido.

Acham que faz algum sentido pôr em risco os restantes utentes da via, durante uma perseguição a alta velocidade dentro de uma localidade, apenas porque alguém desobedeceu a um sinal de paragem!?.

Acham que faz sentido abrir fogo por causa duma coisa destas!?

Vocês discordam disto, discordam desta afirmação que o senhor IG fez!?

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Terá a ver com um padrão militarizado de actuação. Tenho algumas preocupações relativamente à formação dos oficiais na Academia Militar (AM). Há uma sobrevalorização dos conceitos militares relativamente aos policiais. Tem havido situações no território de jovens oficiais da GNR oriundos da AM como uma formação padronizada no "inimigo". Olham para o cidadão como o "inimigo". Talvez consigam fazer a comutação para "adversário" mas isto cria deturpações na relação com o cidadão. Não chega.

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Sobretudo porque isto fica no subconsciente. Quando é adquirido na zona "verde" da formação, quando as pessoas estão em crescimento pessoal, profissional e até psicológico, ficam com estas regras interiorizadas, depois arrasta comportamentos.

E isto, estão em desacordo!? Acham que esta formação da GNR faz sentido. Também estão em desacordo com isto!?

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Há saberes que se têm de adquirir. A criminalidade violenta não pode ser combatida com bisnagas de gás pimenta. Mas isso tem a ver com as conjunturas dos países e com a formação cívica das populações.
Onde é que esta afirmação está incorrecta!?

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Fizemos um estudo sobre as perseguições policiais no qual analisámos caso a caso as mortes de 2005 e 2006. Foi remetido ao Sr. Ministro da Administração Interna. No despacho que enviei, sublinhei que o número e as sequelas dos casos analisados evidenciam e justificam a necessidade de um investimento urgente: na adopção, pelas forças de segurança, de procedimentos uniformes em matéria de recurso a meios coercivos; na análise, no interior de cada uma das forças de segurança, do impacto (também económico) das perseguições policiais; na formação inicial e contínua, neste particular, dos agentes das forças de segurança. Não se pode iniciar uma perseguição de qualquer maneira. Isto tem técnicas. Não pode ser por impulso em de uma maneira improvisada. Os resultados que temos tido não podem acontecer.

Onde está a formação que o senhor recomendou!? Será que o senhor não saberá em que gaveta ela está "guardada"!? Vocês já tiveram alguma formação sobre isto!?

Os ecos desta recomendação já vos chegou aos ouvidos!?

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Não. De todo. Não tenho qualquer dúvida. Agora, o polícia é que tem de saber que não pode entrar assim num sindicato. É uma questão de cultura técnica. Naquele caso, parecia-me inadmissível que aqueles dois rapazes da PSP ficassem crismados por uma infracção disciplinar. Houve inabilidade e algum zelo incorrectamente dirigido.
Onde é que vocês vêem ataque aos polícias. «Naquele caso, parecia-me inadmissível que aqueles dois rapazes da PSP ficassem crismados por uma infracção disciplinar»!!! O homem acabou de os defender!!!! Quando ainda há dias todos os queriam imolar!!!

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Acha que as polícias têm formação suficiente em matérias de direitos fundamentais dos cidadãos?
Acho que não. Acho que há carências absurdas. Nem na GNR, nem na PSP. Nesta última, há poucos dias, um dos inspectores da IGAI que andava no terreno, constatou em duas ou três ocasiões que agentes recém-formados não faziam a menor ideia o que era a IGAI nem a razão da sua existência. Confundiam a IGAI com a ASAE. Isto é preocupante e intolerável. A IGAI é um referencial na defesa de direitos humanos relativamente às polícias e na relação das polícias com o cidadão. Dei nota desta minha apreensão ao Director Nacional da PSP. Acho esta situação absurda.

Mais um recado para quem de direito! Este não é para mim de certeza.

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O seu antecessor às vezes queixava-se que as polícias por vezes demoravam a acatar as recomendações que produzia...
As recomendações da IGAI não têm força vinculativa. No que me parece essencial o que tenho procurado fazer é propor ao Ministro que determine. E aí deixam de ser recomendações, mas ordens do Ministro. No que parece menos essencial, tenho dito o que penso dos assuntos. O espírito que tenho encontrado é de acatamento. Muitas vezes os problemas são provocados pela falta de meios. Por exemplo, aconteceu-me, várias vezes, recomendar que fossem encerrados determinados postos da GNR ou esquadras da PSP. O caso da esquadra do Lagarteiro é flagrante. Não tem condições de trabalho para ninguém. É um contentor no meio de um bairro social para onde atiram tudo, desde lixo a "cocktails molotov". A utilidade social daquela esquadra não é nenhuma.

E isto!? Também estão em desacordo com o que o senhor afirma!?

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Acha que ajudaria se se tivesse ter ido mais longe na reforma da organização do sistema de segurança interna? Uma unificação das polícias seria admissível?
Tem-se assinalado que a dualidade policial traduz uma estrutura mais democrática, com o argumento de que duas forças são menos manipuláveis do que uma só... Ainda assim, numa perspectiva meramente técnica, seguindo referenciais económicos, de gestão, continua a parecer-me mais eficiente e mais barato um modelo de polícia única. É inevitável que isso aconteça no futuro. A polícia única não é uma questão de "se", mas de "quando". Há também que reconhecer que o modelo policial dualista que temos não é linear, mas antes um modelo fragmentado. De qualquer forma, uma maior coordenação das forças de segurança, como será a resultante da criação de um secretário-geral do Sistema de Segurança Interna, é sempre bem vinda.

Bem, aqui poderá haver opiniões contrarias. Eu concordo em absoluto com o que o senhor diz. Para quê duas polícias, que fazem exactamente a mesma coisa!?

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E os argumentos que justificam a existência de uma força militarizada para responder às missões internacionais?
A isso responde-se com valências. Uma polícia única pode ter unidades especiais treinadas para esse efeito. A maior parte do tempo a GNR está a fazer trabalho policial puro no território nacional. Em tese, não considero essencial para um funcionamento eficiente das estruturas policiais uma lógica de militarização.

Mais uma vez, inteiramente de acordo com as afirmações do senhor IG. Vocês discordam!?

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O que mais o surpreendeu durante o seu mandado?
Positivamente há duas coisas a realçar: um grande culto de serviço, vontade de servir bem e os casos de altruísmo assinalável. Propus ao MAI que se crie um prémio de boas práticas policiais, que assinale, pelo menos, uma vez por ano, este espírito.

Então e esta afirmação!? Não a leram!?

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A polícia de hoje é diferente da de há dois anos?
Acho que sim. No que diz respeito à mentalidade, do trabalho ao nível da relação com o cidadão. É preciso todos os dias construir. E temos feito muito trabalho de campo. Nesse aspecto sinto que sairei daqui com sentido de missão cumprida.
Onde é que isto é mentira!?

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É verdade que não vai a festas da PSP e da GNR?
Isso foi outra coisa que também me surpreendeu negativamente. A multiplicação de rituais e de liturgias caríssimas. As festas das unidades, dos comandos, etc., etc.. Vou ao dia da polícia e ao dia da Guarda nos Jerónimos. Vou às Escolas. Percebo mal o dinheiro que se gasta na multiplicação destas comemorações. E percebo mal também, que se façam festas para o interior das instituições, que se multipliquem essas festas, "pim, pam, puns" para o interior das instituições e que não haja porosidade com as populações. Por exemplo, não percebo que nas cerimónias do dia da GNR e da PSP nos Jerónimos, a população esteja a 500 metros de distância. Já não se usa. Para não dizer que às vezes me parece um pouco kitch e de mau gosto.

E estas aberrações!? São mentira!? Será que vocês concordam com todas as festas, com todos estes gastos!? Será que não acham, de igual modo que o senhor, que aquele dinheiro tinha outras aplicações muito mais necessárias!?

Não devemos olhar tanto para o umbigo. se nos distanciar-mos um pouco que seja e tivermos um pouco mais de espírito critico, certamente será mais fácil evoluir.
Um abraço.

--Lecavo
 

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Magnifico

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Caros Cidadãos
« Responder #21 em: Março 17, 2008, 11:36:26 pm »
Cidadãos do Forum



O dr. Clemete Lima foi infeliz nas suas palavras apenas em relação ao contexto em que as proferiu que não deveria de ter sido no espaço público e sim em sede própria e com o objectivo de fazer algo de positivo pelas forças de segurança...esse cidadão tem razão em alguns aspectos sobre os quais tece críticas mas não deve atirar com a responsabilidade para cima dos elementos que todos os dias andam na rua e sim para a estrutura hierárquica que nada quer saber em relação ao que se passa na sociedade e no mundo apenas se preocupam com a próxima promoção e em não beliscar de forma alguma o camiho até lá...os excessos que por vezes são cometidos são fruto dos péssimos gestores que os senhores oficiais de polícia são e resultado do processo de socialização laboral que ocorre no seio da instituição...mais, se querem qualidade têm que pagar como não o fazem a sociedade e o cidadão têm as forças de segurança que merecem de acordo com o ordenado que lhes pagam...os critérios de selecção também não são os melhores pois primam pela quantidade e não pela qualidade e aquilo que deveria de ser feito era, se num curso de 800 agentes só chegassem ao fim dois eram esses dois que ficavam e não andar com paninhos quentes com quem não se esforça...no curso de oficiais a mesmíssima coisa pois é muito estranho nunca chumbar ninguém e passarem sempre todos quando nas faculdades uma pessoa por vezes sente dificuldade em conseguir fazer as cadeiras quanto mais conseguir notas mais altas...vivemos numa sociedade em que quem prevarica é beneficiado pelo legislador que ainda vive atormentado pelo fantasma da PIDE-DGS e enquanto esse fantasma permanecer nas mentes de quem dá vida à legislação compilada e brotada na forma de sapientes códigos nada espereis a não ser "deixá-los fugir dá mais jeito"...dada a conjuntura permissiva da nossa sociedade que possui os seus alicerces numa mentalidade de esquemas e corrupção em que a justiça não funciona de maneira nenhuma, em que quem trabalha como o dr Paulo Macedo é posto a andar penso que as palavras do dr. Clemente Lima estão muitíssimo correctas...