AS ALTERNATIVAS PARA O F-X

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J.Ricardo

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AS ALTERNATIVAS PARA O F-X
« em: Março 31, 2005, 09:40:51 pm »
fonte: www.defesanet.com.br
AS ALTERNATIVAS PARA O F-X

COSME DEGENAR DRUMOND
Diretor de Redação da Revista Tecnologia & Defesa
          degenar@sti.com.br

A decisão do governo de cancelar o processo de seleção do FX, projeto que se destinava a otimizar a defesa aérea do País, surpreendeu o mercado. Porém, essa decisão era previsível, conforme consta na Request For Proposal (RFP) da concorrência. Com o fim do processo, a Força Aérea Brasileira (FAB) deverá adotar uma solução alternativa (Fill Gap) para substituir o Mirage IIIE (F-103) de Anápolis, que em dezembro próximo fechará o seu ciclo de mais de três décadas de operação no Brasil, com excelentes resultados.

A FAB tem prioridades materiais pendentes há anos, cujo atendimento exige, hoje, recursos de mais de dez bilhões de reais (em 2000, o governo FHC aprovou cerca de três bilhões e meio de dólares para atender o plano de reaparelhamento da Força Aérea). "É muito dinheiro para se gastar num momento como esse que o País está vivendo", disse à T&D, no fim do ano passado, um brigadeiro do Alto-Comando da Aeronáutica, referindo-se, claro, ao ajuste da economia nacional e aos projetos sociais mais urgentes; na ocasião, o FX agonizava. "Mas, de uma forma ou de outra, teremos de reequipar a FAB", sublinhou.

Para substituir o F-103, uma das alternativas está dentro da própria Força Aérea: os aviões Northrop F-5 que estão sendo modernizados na Embraer. Segundo opiniões no meio militar, essa opção não exigiria o custo projetado para o FX, de quase dois bilhões de reais. "Eu cantei essa bola no início de 2001, quando estava na ativa", diz um ex-integrante do Alto Comando da Aeronáutica. "A solução do F-5 daria à FAB tempo de folga para ela se definir mais adiante por um caça de defesa aérea novo".

Outro brigadeiro de quatro estrelas garante que a FAB encontrará uma boa solução, afinada com as condições econômicas do País e com a segurança de vôo. "Um avião seguro é fundamental. O mais importante é ter um excelente radar e mísseis BVR. O resto é luxo", declarou ao Defesanet, no início de março, o brigadeiro José Carlos Pereira, do Comando-Geral de Operações Aéreas (COMGAR).


AS OPÇÕES


Para analisar as alternativas que lhe foram apresentadas pelo mercado internacional, a FAB enviou ao exterior grupos de oficiais que viram de perto as condições dos aviões ofertados. No início do ano, um grupo de aviadores e engenheiros esteve em Israel para avaliar o caça israelense Kfir C-10, fabricado pela Israel Aircraft Industries (IAI). Tempos antes, outro grupo esteve em viagem para examinar o caça sul-africano "Cheetah".

Em março último, a IAI enviou correspondência ao governo brasileiro apresentando uma nova oferta sobre o Kfir. Na verdade, trata-se de uma complementação à proposta que a empresa fez em abril de 2003, oferecendo a aeronave para aluguel ou venda, suporte logístico e contrapartidas comerciais. O embaixador de Israel no Brasil tem acompanhado o assunto

Para o Cheetah, as chances são remotíssimas, por não possibilitar a FAB nenhuma vantagem tecnológica e até operacional, já que se trata de um modelo de aeronave velho demais. O aproveitamento do Cheetah no Brasil só seria possível se o governo impusesse essa alternativa, o que não deverá acontecer. Os contatos foram iniciados por políticos dos dois países. Na Força Aérea, ninguém acredita que o governo possa privilegiar o interesse político, neste caso, em detrimento da parte técnico-operacional. O Cheetah, portanto, é tido como carta fora do baralho. Segundo um brigadeiro da reserva que acompanha o assunto, a aceitação dessa oferta "acarretará forte atraso tecnológico para a FAB".

A Holanda também possui aviões das primeiras versões do norte-americano F-16, da Lockheed-Martin, disponíveis. A Suécia tem o Gripen, da Saab; a Rússia, o Su-27, da Sukhoi; e a França, o Mirage 2000, da Dassault. A maior parte das alternativas seria como leasing (aluguel), com opções de compra.

Quanto ao F-16A/B, existe ainda uma oferta adicional a FAB de aviões pertencentes a Guarda Nacional norte-americana. Mas as condições estruturais e dos equipamentos dessa frota são bem inferiores às dos mesmos modelos disponíveis na Holanda, que passaram por upgrade de meia vida no final da década passada. Há ainda excedentes de aviões F-16A/B na Bélgica e na Dinamarca.

Os suecos oferecem 12 Gripen novos, que poderiam ser disponibilizados pela decisão de redução da frota da Força Aérea Sueca. Os aviões Mirage 2000, também 12 aparelhos, poderiam vir do Oriente Médio, possivelmente Emirados Árabes, que pretende substituir a frota, ou mesmo da França. Na Operação Cruzex, em dezembro, realizada em Natal (RN) e Recife (PE), pilotos da FAB voaram o caça francês. A Rússia também tem avião militar para pronta-entrega e possui grande número de Su-27SK em operação e disponível para venda, aluguel ou empréstimo.

Segundo comentário que corre no mercado (não confirmado oficialmente), durante a visita do secretário de Defesa norte-americano Donald Rumsfeld ao Brasil, na penúltima semana de março, os temas F-16 e míssil BVR (além do alcance visual) fizeram parte das conversas do visitante com autoridades brasileiras. Os comentários vão longe: o governo norte-americano estaria propenso a abrir o software de armas inteligentes, caso o Brasil adquira o F-16. "É preciso ser São Tomé para acreditar nessa história", desdenha uma fonte da indústria. "Temos exemplos no continente de que isso não é viável", complementa.


DECISÕES À VISTA


O Programa de Fortalecimento do Espaço Aéreo Brasileiro (PFCEAB) prossegue, consolidando-se vagarosamente, de acordo com as condições econômicas do País. A compra de helicópteros pesados foi descartada, assim como outros projetos menores. Mas a FAB adquiriu o A-29 Super Tucano, em operação, receberá proximamente o Northrop F-5 modernizado e já foi iniciada, embora lentamente, a atualização dos jatos subsônicos AMX. Os três programas somam, juntos, cerca de um bilhão de dólares. O Projeto F-X BR tinha custo inicial de 700 milhões de dólares.

No dia 28 de dezembro, o governo publicou no Diário Oficial o extrato da dispensa de licitação para a compra de doze aviões leves de transporte e o respectivo suporte logístico para cinco anos, e um simulador de vôo. Publicou também a dispensa de licitação para a modernização de oito aeronaves P-3 Orion adquiridas da Marinha dos Estados Unidos por cerca de sete milhões de dólares. Os dois programas serão executados pela EADS CASA, da Espanha, e correspondem a US$ 298.730.000,00 e US$ 423.380.000,00, respectivamente.

No dia 18 de fevereiro, o ministro Antônio Palocci, da Fazenda, encaminhou ao presidente exposição de motivos sobre à operação de crédito externo a ser firmada com o consórcio de bancos europeus (Bilbao Vizcaya, Paribas e Santander), no valor de até US$ 698.730,000, para atender os dois programas. O ministro ressaltou que nos contratos com a empresa espanhola está incluído acordo de Off Set de, no mínimo, cem por cento do valor do contrato, conforme exigência do Comando da Aeronáutica.

Informando "não haver óbice legal à contratação da presente operação" (a matéria cumpriu a burocracia do Ministério da Defesa, Secretaria do Tesouro e Procuradoria-Geral da Fazenda), o pedido de contratação da operação financeira foi encaminhado pelo governo ao Senado Federal. O relator do processo, senador Romero Jucá, semanas depois foi nomeado para ministro do governo. A matéria encontra-se aguardando novo relator. A previsão é de que seja apreciada no mês de abril.

Nos planos de reaparelhamento da FAB, falta agora a alternativa do caça de defesa aérea. O Alto Comando da Aeronáutica planejou uma reunião para escolher o "novo" caça. A reunião deveria ter acontecido em março, mas foi adiada. Existe a expectativa de que, em abril, a questão seja, enfim, decidida pelos brigadeiros.

Comentários de bastidores apontam que a decisão vai favorecer o F-5 modernizado, já que não acarretaria qualquer tipo de risco quanto a manutenção logística das plataformas e não implicaria custo adicional. Seriam, portanto, 46 jatos, com possibilidade de compra, mais para frente, de mais alguns exemplares de F-5 no mercado mundial para completar a frota. O primeiro F-5 modernizado será entregue no início de abril, em cerimônia oficial nas instalações da Embraer, em Gavião Peixoto, no interior paulista.

Portanto, o mês de abril poderá trazer novidades para a Força Aérea Brasileira.
 

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Paisano

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« Responder #1 em: Julho 15, 2005, 06:06:04 pm »
Brasil compra 12 aviões Mirage usados da França

Fonte: Folha de São Paulo - 15/07/2005 - 11:10 Horas

Citar
O governo brasileiro comprou 12 aviões Mirage-2000 usados da França, segundo anunciou hoje o governo francês.

O acordo foi assinado pelo ministro Celso Amorim (Relações Exteriores), que participa da comitiva que acompanha o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Paris.

Os aviões comprados são a versão mais antiga do caça Mirage-2000, a C/B. Pelas aeronaves o governo brasileiro pagará 60 milhões de euros (cerca de R$ 171 milhões) mais um valor ainda não determinado por peças, treinamento e armamento.

Os caças vão substituir os Mirage IIIEBR da Força Aérea Brasileira, que deixarão de voar no final deste ano.

O governo chegou a estudar durante os últimos cinco anos a compra de caças mais modernos para a FAB, com o chamado projeto F-X.

Devido a pressões políticas e o alto custo do projeto F-X (estimado em ao menos US$ 700 milhões), entretanto, a concorrência acabou sendo sucessivamente postergada pelos governo FHC e Lula, até que foi extinta.

A proposta francesa, então, foi aceita pelo governo brasileiro.
Lula está em Paris desde quarta-feira e participa das cerimônias de 14 de Julho, data em que os franceses comemoram a Queda da Bastilha (1789).


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papatango

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« Responder #2 em: Julho 15, 2005, 09:40:56 pm »
Bom, de qualquer maneira sería sempre necessário um avião para colmatar o "furo" criado pela saída dos Mirage-III e a vinda de um outro avião.

Avião "interino" sería sempre necessário. O Mirage-2000C não é um mau avião, no entanto, o F-16AM/BM da Holanda é superior.

O problema, com aeronaves americanas, é o de sempre. Mas acho sinceramente que para 12 aviões, o Brasil está com demasiados pruridos.

No fim, temos que dizer, é melhor optar por alguma coisa que por nada. Isto, mesmo sabendo que, se não for adaptado ao Brasil, o Mirag-2000C será (pelo menos no papel) inferior ao F-5BR.

No caso de se gastar dinheiro a standardizar o Mirage-2000C, então aí é que eu acho que ele vai durar aí uns 20 anos mais.

Cumprimentos
É muito mais fácil enganar uma pessoa, que explicar-lhe que foi enganada ...