Rajoy diz que referendo na Catalunha "não é legal"
O presidente do Governo espanhol afirmou hoje que um referendo sobre a independência da Catalunha "não é legal" e, como tal, não se pode realizar, comprometendo-se a cumprir o seu dever para defender o interesse de "todos os catalães". "Não se assegura o futuro dos catalães nem o seu bem-estar nem a sua convivência, derrubando a lei, correndo aventuras, semeando incertezas ou maquilhando a gravidade das consequências", disse Mariano Rajoy.
Rajoy abriu hoje, com um discurso de 90 minutos, o debate do estado da nação, considerando "o anúncio da futura convocatória de um referendo de autodeterminação na Catalunha" um assunto "de máxima importância política".
"Esse referendo não se pode celebrar. Não é legal. A minha obrigação é cumprir a lei e fazê-la cumprir, o que neste caso significa garantir que ninguém decide pelo conjunto do povo espanhol sobre o futuro de Espanha", disse. "Senhores, tenham por seguro que cumprirei a minha obrigação", afirmou.
Analistas tinham antecipado que Rajoy poderia não fazer uma referência explícita ao tema que, a par da corrupção foi praticamente a única questão política num discurso de 90 minutos do qual dois terços foram subordinados à economia. Ausentes, por exemplo, ficaram questões como a situação no País Basco e o fim da ETA, o debate educativo, a polémica reforma do aborto ou as críticas de empresários e sindicatos às mais recentes reformas do Governo.
O presidente do Governo reiterou a sua oposição à proposta de referendo, afirmando que os espanhóis "não conheceram outra condição além da unidade", que não querem nem convém quebrar.
Afirmando-se preocupado "que se arrisque o bem-estar e futuro" dos catalães, Rajoy afirmou que ninguém "nem o Governo, nem outro poder do Estado" podem "unilateralmente privar o conjunto do povo espanhol do seu direito a decidir sobre o seu futuro". Rajoy afirmou manter-se aberto ao diálogo "mas dentro da Constituição e da lei", mas "todos o que a pretendam modificar possam propô-lo mas seguindo os passos e as regras que a própria Constituição estabelece".
Destacando-se empenhado e comprometido com garantir que "as coisas correm bem na Catalunha", Rajoy prometeu "lutar pelos catalães, pelo seu progresso e pelo seu bem-estar". "Não inventamos a unidade esta semana. Os espanhóis fazemos parte da mesma nação há séculos. Por isso consideramos a unidade com um valor superior, não porque esteja na constituição mas porque (...) referenda uma tradição, uma memória e um património comuns", disse.
"Não é a prosperidade que nos une, mas o contrário: é a unidade que nos faz prósperos", considerou.
Lusa