O MRTT para a FAP, traria várias vantagens, não era apenas para transportar 300 pessoas do ponto A para o ponto B e já está. É preciso ser-se imbecil para achar que o avião só faria isto.
Um bocadinho de esforço e força de vontade, levava a uma pequena pesquisa acerca da aeronave e das suas valências, desde logo que, não só transporta que o KC, como vai muito mais longe sem ter de fazer escalas. Também ao contrário do KC, pode abastecer os F-16, tornando finalmente possível exercer soberania sobre a nossa ZEE, já que não temos pilotos, nem aeronaves, nem orçamento suficientes para criar mais dois QRAs com F-16 nos arquipélagos.
As principais críticas que se faz ao KC são:
-o preço (dos prometidos 70/80 milhões de euros, vamos pagar 110 milhões a unidade)
-o peso que tem no curto orçamento da Defesa, principalmente vendo que existem muitas outras prioridades
-o facto da sua aquisição estar a ser feita exactamente ao mesmo tempo da modernização do C-130, criando-se redundância, quando a modernização dos C-130, até permitia empurrar o investimento no KC para mais tarde, usando-se os tais 827 milhões para outros programas prioritários
-o facto da aeronave em si, não ser nada do outro mundo, e muito aquém das necessidades, já que passamos o tempo a alugar aeronaves maiores para transportar a "tralha". Nem sequer nos demos ao trabalho de entrar no Strategic Airlift Capability
Quanto à restante conversa, convém não esquecer que o orçamento da saúde, representa a maior fatia do OE. Não faz sentido agir como se a Saúde recebesse uns meros tostões. Será que é tudo bem gerido? Pois, se calhar não... Fala-se em falta de médicos e enfermeiros, mas nós vemos emigrarem paletes deles, até parece que temos em excesso.
Também lembrar que muito dinheiro se gastou e gasta-se em obras públicas desnecessárias. Rotundas em tudo o que é sítio, entre outras invenções.
Não esquecer ainda que vários distritos querem um aeroporto, quer-se um TGV de vários milhares de milhões, quer-se isto e aquilo. A quantidade de negócios mal geridos, empresas e entidades do Estado que só dão prejuízo. Para não falar dos subsídios UE que desaparecem nas mãos dos recipientes, e não se nota diferença nenhuma nos sectores que era suposto beneficiarem. Para não falar da trafulhice, da corrupção, etc.
No fim, não é passar o Orçamento da Defesa de 1 para os 2% do PIB, que vai "roubar" médicos nos hospitais.
No que diz respeito à Defesa, o maior problema que temos, não é só a falta de orçamento de hoje, mas o desinvestimento das últimas décadas. Este desinvestimento, ou "empurrar com a barriga", leva a que andemos há 20 anos com praticamente a mesma LPM, e que tenhamos programas em curso (ou planeados) que já deviam estar despachados há pelo menos 10 anos. Basta ver que há 10 anos, tínhamos para esta década planeada a substituição das VdG, e agora só para lá de 2030.
E o próprio Governo tem alergia a dar orçamento adequado para a manutenção da Marinha, apesar deste orçamento afectar (de forma positiva) directamente uma empresa do Estado!
Temos uma taxa de cumprimento das LPMs que é uma autêntica comédia. Desde quando é que se fica satisfeito com taxas de cumprimento de 50%? Pois os nossos MDNs vangloriam-se com isso.