Esclareçam-me de uma coisa, os novos F-15X terão motorização igual a algum modelo de F-16? Mais concretamente a versão V?
Afirmativo! Tal como o F-16V Block 70 (GE) ou 72 (PW), o F-15X terá a opção de ser motorizado pelo General Electric F110-GE-129 ou pelo Pratt & Whitney F100-PW-229.
Continuo a achar que um binómio de 2 caças não esteja assim tão fora de questão, depende sim dos caças em questão e de que forma se complementam e que vantagens têm relativamente um ao outro. Da mesma forma que nos é conveniente um caça com baixos custos de operação, também nos dá jeito um caça com maior alcance devido à nossa dimensão geográfica.
Continuo a achar essa hipótese como pouco provável apesar da margem de exploração dos F-16MLU ser ainda significativa, dado o facto das aeronaves do primeiro lote terem sido compradas novas, terem vindo com todos os upgrades estruturais instalados e serem década e meia mais recentes que aquelas dos nossos parceiros europeus, e porque os caças que agora estão a ser modificados na OGMA virão com uma capacidade de 4 mil HV na célula, que segundo a FAP afirma corresponderá a 20 anos de operação.
Podemos assistir aos MLU a operar lado a lado com a futura aeronave de combate que o irá substituir aquando do período de integração inicial até estas atingirem a FOC, como é comum acontecer, porém pelo que sei dificilmente tornaremos a ter tão cedo dois caças a operar em simultâneo, se o voltarmos sequer a ter um dia.
De qualquer das formas, acho que a operação do F-35, sendo, pelo que tenho lido, dispendiosa, implica que partilhe a função com outra aeronave de combate. Não me parece rentável usar um caça que se diz tão caro de operar, e que tem que ficar não sei quanto tempo parado após cada voo, para missões como interceptar avionetas. Além disto, o preço elevado de cada aeronave implica que o número adquirido fosse bastante reduzido. Parece-me um risco entregar todas as missões que os F-16 envergam ao F-35. O F-16 parece-me mais versátil. Em situações reais, o F-35 parece-me um "one trick pony", principalmente se quiser manter a furtividade durante a missão.
Nós estamos a seguir um pouco a senda dos nossos parceiros da EPAF mais próximos que irão optar pelo F-35A como a sua futura, e exclusiva, aeronave de combate. O F-35 (para mim seria melhor designado por F/A-35) será um excelente aparelho complementar a outros já existentes tal como se passa(rá) nos Estados Unidos, Itália, Reino Unido e Japão, só para dar alguns exemplos; por si só, apesar de todas as qualidades e características que possui decorrentes de ser um caça de 5ª geração, é um risco. Vem-me logo à cabeça a velha expressão "colocar todos os ovos no mesmo cesto", e basta ver o extenso rol de problemas ainda por resolver com a aeronave para perceber que optar somente pelo Lightning II é uma jogada extremamente arriscada.
E a própria furtividade do F-35 terá de passar para segundo plano a curto prazo [ou mesmo sacrificada] pois a sua capacidade de carga interna é reduzida e, para ser uma opção credível a nível multi-role, terá sempre de montar carga externa. Além disso cada vez mais temos provas que a tecnologia radar estará prestes a acabar de vez com a tão apregoada furtividade, sem falar no regresso dos em tempos desprezados sistemas IRST.
Posto isto, não seria mais viável optar por F-16V, eventualmente ir na loucura de uns 12 F-15X para assegurar soberania no espaço aéreo todo entre Portugal continental e ilhas, e depois uns 12 UAVs de combate (stealth)? Cerca de 30 aeronaves tripuladas de combate, e 12 não tripuladas, já apresentavam um bom poder dissuasivo, e em simultâneo tapava o buraco que é a crónica falta de pilotos na FAP, já que as exigências para pilotar um caça e pilotar um UAV não serão com certeza as mesmas!
A opção F-16V é bastante credível por muito que alguns queiram afirmar o contrário. O upgrade dos nossos 30 aparelhos para esta versão seria algo bastante acertado pois, para além de tudo o que já se sabe do Viper (e que não vale a pena estar aqui de novo a escalpelizar), teríamos capacidades acrescidas com a introdução de vários equipamentos e armamento mais avançados que aquele que neste momento possuímos e que podem ser operados por esta versão como o pod Sniper, o AIM-9X Block II, o AIM-120D, a GBU-39 SDB, o Harpoon/SLAM, LRASM, CFT's, etc, etc. Além disso passam em 2019 vinte e cinco anos sobre a chegada do Fighting Falcon a Portugal, e já existe toda uma estrutura e cadeia montada em torno da aeronave que, em caso da opção ser pelo F-16V, se manteria toda ela em grande parte.
Este pdf da Lockheed Martin sobre o F-16V para a Grécia é bem elucidativo das capacidades do Viper:
https://www.lockheedmartin.com/content/dam/lockheed-martin/aero/documents/F-16/F-16V-Geece-Exec-Sum.pdfO F-15X seria ouro sobre azul, no entanto julgo que dificilmente passaria pela garganta dos políticos e das chefias; se tal acontecer ficarei agradavelmente surpreendido, coisa que por estes dias raramente acontece infelizmente, mas sei de fontes que tal opção dificilmente será sequer tida em conta.
Para terminar, há um ponto importantíssimo! De nada nos serve gastar milhões num F-35 se depois em termos de armamento ficassem despidos. Os próprios F-16 MLU que temos poderiam usar diversos tipos de armamentos, que por cá nem os cheiramos. JASSM, JSOW, SDB, AIM9-X, AIM-120C7... só para enumerar alguns, agora imaginem ter um caça como o F-35 que custa o que custa, e andar com os AIM-9L...
A aquisição do pacote F-35A acarretaria a compra também obrigatória de pelo menos algum armamento; se aquele ao dispôr actualmente dos MLU da FAP é interessante, e poderá ser quase todo ele reaproveitado para a futura aeronave de combate, seja ela F-16V, F-35A, Gripen NG, etc, a verdade é que há lacunas em certas áreas já aqui identificadas como a falta de um novo míssil ar-ar de curto alcance (AIM-9X Block II ou IRIS-T), a GBU-39 Small Diameter Bomb e o próprio AIM-120 AMRAAM, em maior quantidade e na derradeira versão Delta. A denominada "shelf life" dos AIM-9Li terá, mais tarde ou mais cedo, os dias contados, e se bem que este Sidewinder pudesse ser aproveitado para o Viper e Gripen, já não é para o Lightning II.
De facto, como disse recentemente o Comandante da Esq. 201, o tempo que continua a passar sem que se tomem decisões concretas é como ver uma ferida aberta a sangrar...