Toro, 1476

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JACARÉ

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Toro, 1476
« em: Outubro 17, 2006, 08:31:23 pm »
Viva,

Gostaria de saber se me podem ajudar com o tipo de organização militar do exército de Afonso V durante a Guerra da Sucessão Castelhana. Tenho procurado informação na net e acho inacreditável q uma batalha tão importante para a evolução histórica da Peninsula esteja tão mal documentada.
 

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TOMKAT

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« Responder #1 em: Outubro 18, 2006, 01:33:47 am »
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D. Duarte de Almeida o Decepado

«No reinado de D. Afonso V feriu-se a batalha de Toro, entre Portugueses e Castelhanos. O nosso rei julgava-se  com direito à coroa de Castela, pelo seu noivado com a filha de Henrique IV. Os Castelhanos venceram os Portugueses, numa luta renhida, em que se distinguiu D. Duarte de Almeida, que só largou a bandeira quando lhe deceparam os dois braços»

A batalha de Toro travou-se em 2 de Março de 1476.


Duarte de Almeida


Alferes-mor de D. Afonso V, conhecido na história pela alcunha do Decepado. Era filho de Pedro Lourenço de Almeida. Na batalha de Toro, em 1 de Março de 1476, entre tropas portuguesas e castelhanas, em que tanto se distinguiu o príncipe D. João, depois o rei D. João II, praticaram-se actos de valentia e heroísmo; entre os guerreiros que se tornaram notáveis, conta-se Gonçalo Pires e Duarte de Almeida, o alferes-mor do rei, a quem estava confiado o estandarte real português. A luta foi enorme; as quatro grandes divisões castelhanas, vendo os seus em perigo, acudiram a auxiliá-los, ao mesmo tempo que o arcebispo de Toledo, o conde de Monsanto, o duque de Guimarães e o conde de Vila Real avançavam em socorro dos portugueses. Subjugados pela superioridade do número, os portugueses caíram em desordem, abandonando o pavilhão real. Imediatamente, inúmeras lanças e espadas o cobrem, e todos à porfia pretendem apoderar-se de semelhante troféu. Duarte de Almeida, num supremo esforço, envolto num turbilhão de lanças, empunha de novo a bandeira, e defende-a com heróica bravura. Uma cutilada corta-lhe a mão direita; indiferente à dor, empunha com a esquerda o estandarte confiado à sua Honra e lealdade; decepam-lhe também a mão esquerda; Duarte de Almeida, desesperado, toma o estandarte nos dentes, e rasgado, despedaçado, os olhos em fogo, resiste ainda, resiste sempre. Então os castelhanos o rodearam, e caiem às lançadas sobre o heróico alferes-mor, que afinal, cai moribundo. Os castelhanos apoderaram-se então da bandeira, mas Gonçalo Pires (V. este nome), conseguiu arrancá-la. Este acto de heroicidade foi admirado até pelos próprios inimigos.

Duarte de Almeida foi conduzido semimorto para o acampamento castelhano, onde recebeu o primeiro curativo, sendo depois mandado para um Hospital de Castela. No fim de muitos meses, voltou à, pátria, e foi viver para o castelo de Vilarigas, que herdara de seu pai. Havia casado com D. Maria de Azevedo, filha do senhor da Lousã, Rodrigo Afonso Valente e de D. Leonor de Azevedo. Diz-se que Duarte de Almeida morreu na miséria e quase esquecido, apesar da sua valentia e bravura com que se houve na batalha de Toro, que lhe custou ficar inutilizado pela falta das suas mãos. Camilo Castelo Branco, porém, nas Noites de insónia, diz que o Decepado não acabara tão pobre como se dizia, porque além do castelo de Vilarigas, seu pai possuía outro na quinta da Cavalaria, e em quanto ele esteve na guerra, sua mulher havia herdado boa fortuna duma sua tia, chamada D. Inês Gomes de Avelar. D. Afonso V, um ano antes da batalha, estando em Samora, lhe fizera mercê, pelos seus grandes serviços, para ele e seus filhos, de um reguengo no concelho de Lafões.


Transcrito por Manuel Amaral



http://www.arqnet.pt/portal/imagemsemanal/marco0401.html

http://www.arqnet.pt/dicionario/almeidaduarte2.html

Encontra-se muito mais informação sobre esta batalha em sites espanhóis. Como vencedores desta contenda, naturalmente dedicaram-lhe mais atenção.
IMPROVISAR, LUSITANA PAIXÃO.....
ALEA JACTA EST.....
«O meu ideal político é a democracia, para que cada homem seja respeitado como indivíduo e nenhum venerado»... Albert Einstein
 

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JACARÉ

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« Responder #2 em: Outubro 18, 2006, 09:11:56 am »
TOMKAT,

Obrigado pela resposta mas no Google já eu estive. Estou à procura de informação mais aprofundada e não notas de roda-pé para manuais escolares. É desanimador ver a quantidade de informação disponível na net sobre história militar de outros países e do nosso "nicles".

"Piqueiros, avante!"
 

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papatango

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« Responder #3 em: Outubro 18, 2006, 02:05:24 pm »
Uma perspectiva histórica
=================
É natural que a batalha não seja muito referida, porque afinal, ela representou o fim das pretensões de uma parte da nobreza portuguesa, à hegemonia ibérica.

Mesmo para os portugueses, a ideia de ter o Rei de Portugal como Rei de todos os reinos peninsulares não era muito bem vista.

A batalha insere-se na guerra entre Leoneses e Castelhanos.

Desde que o Reino de Castela passou a ser predominante na Coroa de Castela e Leão, que a nobreza Leonesa se mostrou pouco amistosa para com a nobreza de Castela. Castelhanos e Leoneses odiavam-se mutuamente.

Leão e Castela são originariamente reinos distintos, separados e com origens diferentes. Leão, era um reino baseado nos territórios cristãos da antiga Gallaecia e ía das Asturias até Lisboa, mas não incluía Castela.
Castela tem as suas origens no sudoeste dos pirineus, na dependência de Navarra, passando depois para a dependência de Leão e tornando-se finalmente um Reino.

Com a perda de Portugal, Leão entrou em decadência e a posterior unificação definitiva com Castela, relegou a nobreza Leonesa e Galega a uma posição subalterna.

= = =

No texto acima, é referido que o Rei português se achava com direito à coroa castelhana. Isso é correcto, mas insuficiente.

Foi o Rei de Castela "Enrique  IV" que decidiu que a sua filha Joana, sería a futura rainha de Castela e Leão.

Essa opção do rei castelhano, implicou com o casamento de Juana com o rei de Portugal a futura união da Coroa de Castela e Leão com a Coroa de Portugal.

A nobreza Leonesa apoiou Juana, e teve o apoio de Portugal, enquanto que Isabel recebeu o apoio da Coroa de Aragão, porque o Rei de Aragão se achava também no direito de governar sobre Castela.

O facto é que o Rei de Portugal se apoiou numa facção da alta nobreza Leonesa, que não queria aceitar o dominio de Castela sobre Leão, mas com isso, não conseguiu o apoio das classes mais baixas, a baixa nobreza e o baixo clero.

A iniciativa do rei de Portugal, era também vista com muita desconfiança pelos próprios portugueses, porque a vitória de Portugal e dos nobres de Leão, implicava um reforço do poder da alta nobreza, que era visto como negativo.

Aliás, uma nota curiosa:
A bandeira/estandarte armorial de D. Afonso V:



Aliás, Toro, foi também o triunfo de outro homem, de que temos falado no tema dos grandes portugueses.

Com o fim do sonho Ibérico de Afonso V, subiu ao trono o seu filho, que ao contrário do pái, não estava minimanente interessado nas conquistas europeias.

Esse rei, é D. João II, o principe perfeito, e que criou as bases do império que Portugal criou na Índia.

Cumprimentos
É muito mais fácil enganar uma pessoa, que explicar-lhe que foi enganada ...
 

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Spectral

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« Responder #4 em: Outubro 18, 2006, 09:32:55 pm »
Este seria o tema ideal para um livro da colecção 'Batalhas d'Portugal'...
I hope that you accept Nature as It is - absurd.

R.P. Feynman
 

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JACARÉ

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« Responder #5 em: Novembro 04, 2006, 07:53:45 am »
É de se contactar os editores e fazer a proposta. Aliás, não sei qual é o critério de selecção (se é q existe) mas alguns dos autores poderiam fazer melhor.  Já para não falar dos erros ortográficos e de impressão. Pelo preço dos livros seria de esperar melhor.

Encontrei boas informações na Nova História Militar de Portugal e num volume da História de España.
 

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Artic Fusion

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« Responder #6 em: Novembro 04, 2006, 10:46:40 pm »
Papatango estive a estudar os reinos critãos da Reconquista na wikipedia e aparentemente houve muitas mudanças de posse entre as várias coroas. Alguns factos interessantes:

Castela teve origem no condado de Burgos.

Leão e Castela uniram-se e separam-se várias vezes.

Um dos reis de Navarra chegou a ter em sua posse todas as coroas cristãs durante a idade das trevas. Nunca mais conseguiria navarra chegar tão ao topo no poder politico entre os vários reinos cristãos.

A Galiza chegou a ser um reino independente.

Aragão nasceu de um condado de Navarra.
 

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papatango

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« Responder #7 em: Novembro 06, 2006, 03:54:26 pm »
Toro, não uma Grande Batalha de Portugal.

Embora, do ponto de vista táctico os portugueses tenham ganho a batalha, a verdade é que embora tenham sido eles a ficar donos do terreno, não havia como sustentar a posição, pelo que resultou numa derrota.

Toro, é uma espécie de Aljubarrota dos castelhanos, na medida em que representa também uma expressão da força da baixa nobreza e da burguesia, contra a tentativa da alta nobreza leonesa de voltar a dominar a coroa de Castela e Leão.
Também houve intervenção externa, porque sem o apoio da Coroa de Aragão, Castela provavelmente tinha sido derrotada.

De qualquer forma, a importância dessa derrota, é que ela faz com que Portugal se fixe de uma vez por todas no projecto atlântico, na descoberta da caminhoa para a Índia e na criação do império.

Com uma vitória portuguesa em Toro, isso traria a união entre a coroa de Portugal e a Coroa de Leão e também de Castela, sob o controlo de um monarca português.

Tal criação isolaria a Coroa de Aragão e acabaria por uma de duas coisas:
Ou a Coroa de Aragão se transformava numa espécie de estado satélite, ou então acabava por ser absorvida pela França.

Nós ficariamos muito mais ligados aos franceses e aos problemas que implicaría ter fronteira com eles.

O império nunca seria como foi, e Portugal sería outra coisa completamente diferente.

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JACARÉ

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« Responder #8 em: Novembro 06, 2006, 09:38:08 pm »
Papatango,

As grandes batalhas nem sempre são vitórias... ou derrotas. São por excelência momentos definidores de um percurso. É por essa razão q  Toro é uma GRANDE batalha de Portugal e é inacreditável o pouco q se conhece dela. Acabaste por reconhecer com a tua resposta o quão importante ela foi como definidora do futuro e da história ibérica e mundial.
 

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garrulo

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« Responder #9 em: Novembro 06, 2006, 10:27:03 pm »
Iberica bien, mundial......
España tiene el 107% de la renta de la UE, Portugal el 75%, entramos al mismo tiempo. No seremos tan tontos.
 

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papatango

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« Responder #10 em: Novembro 08, 2006, 11:06:17 pm »
Caro jacaré, você tem razão de um ponto de vista.

Eu apenas considero que o que é importante é o momento em que ocorre a batalha e não a batalha em si.

Uma das razões da derrota, é o facto de o povo em Portugal não querer a união com Castela, mesmo sendo com um rei português.

Aliás exactamente como aconteceu no século XIX, em que os portugueses também recusaram a coroa unificada da peninsula ibérica, com o fim da actual dinastia Bourbon e a ascenção ao trono de Espanha da casa de Bragança.

Logo, é o momento e as razões que provocaram a derrota que são importantes e não a batalha em si.

Cumprimentos.
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Spectral

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« Responder #11 em: Novembro 09, 2006, 07:10:09 pm »
Um pouco off-topic, mas acho que podemos dizer um pouco isso de todas as batalhas, não ?

A ideia das batalhas como momentos únicos ( "discretos" ) decisivos da História parace-me estar um pouco ultrapassada, é antes toda a situação e evolução histórica até à batalha que "decide" a História, não a batalha em si. Se esta corresse de modo contrário ( e muitas podiam assim ter sido), é fácil ver como o mais provável seria a médio/prazo a História retomar um rumo semelhante ao que na realidade tomou.

O exemplo clássico é a batalha de Waterloo, apresentada por muitos propagandistas britânicos, como a batalha que "mudou o mundo", etc, etc mas se Napoleão tivesse ganho, que poderia ele fazer contra os exércitos russos e austríacos, muito superiores em número, a aproximarem-se? E o Reino Unido e a Prússia iam abandonar a luta ? O tempo de Napoleão já tinha passado.

Ou a batalha de Trafalgar. Antes desta a supremacia naval britânica já era quase absoluta, e os franceses conseguiram repor numericamente a sua frota muito rapidamente. Portanto onde está o cunho de "decisivo"? Napoleão até já tinha abandonado os planos de invadir o Reino Unido, e as acções britânicas nas costas europeias não seriam em nada influenciadas por uma eventual derrota em Trafalgar, mesmo que esmagadora...

[fim do off-topic :) ]
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Yosy

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« Responder #12 em: Novembro 09, 2006, 08:00:46 pm »
Citação de: "Spectral"
Um pouco off-topic, mas acho que podemos dizer um pouco isso de todas as batalhas, não ?

A ideia das batalhas como momentos únicos ( "discretos" ) decisivos da História parace-me estar um pouco ultrapassada, é antes toda a situação e evolução histórica até à batalha que "decide" a História, não a batalha em si. Se esta corresse de modo contrário ( e muitas podiam assim ter sido), é fácil ver como o mais provável seria a médio/prazo a História retomar um rumo semelhante ao que na realidade tomou.

O exemplo clássico é a batalha de Waterloo, apresentada por muitos propagandistas britânicos, como a batalha que "mudou o mundo", etc, etc mas se Napoleão tivesse ganho, que poderia ele fazer contra os exércitos russos e austríacos, muito superiores em número, a aproximarem-se? E o Reino Unido e a Prússia iam abandonar a luta ? O tempo de Napoleão já tinha passado.

Ou a batalha de Trafalgar. Antes desta a supremacia naval britânica já era quase absoluta, e os franceses conseguiram repor numericamente a sua frota muito rapidamente. Portanto onde está o cunho de "decisivo"? Napoleão até já tinha abandonado os planos de invadir o Reino Unido, e as acções britânicas nas costas europeias não seriam em nada influenciadas por uma eventual derrota em Trafalgar, mesmo que esmagadora...

[fim do off-topic :) ]


Concordo. Essas batalhas são as gotas de água que fazem transbordar copos.
 

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carlos duran

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Toro 1476 ¿vitoria táctica portuguesa?¡¡¡¡¡¡¡¡¡¡¡
« Responder #13 em: Dezembro 21, 2007, 04:32:13 pm »
Ben, realmente como podo dicir que e para min, na miña opiniao, dificil que asumir a surpresa de escoitar que toro foi una vitoria táctica portuguesa. Na europa ( poden ver calquera cita internet ou livro sob historia militar) e indudavel a rotunda e clara vitoria militar castelhana que cambiou o destino dos tres grandes reinos ibéricos. Na batalha de toro nao habia soldados do reino de aragao, nao os habia ou eran minimos. A fuga e derrota do centro de unha ala portuguesa foron impresionantes, a persecuiçao nocturna chegou case hasta as muralhas da cidade de toro, entao nas maos dos partidarios do rei portugues. O principe perfeito recolleuse, ja de noite, nun cabeço con tropas recollidas da fuga e outras propias en medio de unha fortisima chuvia e tormenta. O rei don fernando de aragao e o cardeal mendoza, chefes militares castelhanos querían expulsalo de ahi mais o tempo nao o permitiu. O cardeal Mendoza nao permitiu unha matanza de prisioneiros portugueses (fican documentos da época que así o indica) que o rei don fernando ia permitir, e o exercito portugues ao pouco volveu a portugal derrotado. A cidade de toro pronto se entregou a os castelhanos e foron muitos portugueses en fugida a o seu pais que foran assasinados polos camponeses leoneses que así querían vengar as afrentas sofridas cando o exercito portugués entrou pola fronteira. En toledo conservase o maravilhoso convento de sao jao dos reis feito en conmemoración desta vitoria. A causa portuguesa quedaba completamente derrotada e en vez do futuro portugal-castela siguiu o futuro castela-aragao, que concretamente aos galegos nao nos beneficiou.
Os comentarios de papatango sob os problemas de leao-castela neste conflicto penso nao son exactos, nesta época leao e castela ja estaban totalmente integrados, quen estaba ao margen era o reino da galiza, onde os nobles estaban divididos e houbo guerra civil entre os partidarios de portugal e os de castela; inmediatamente depois de toro os moitos que estaban indecisos se pasaron ao bando de castela.
A verdade nao ten patria
 

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papatango

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« Responder #14 em: Dezembro 21, 2007, 09:24:51 pm »
Citação de: "carlos duran"
Os comentarios de papatango sob os problemas de leao-castela neste conflicto penso nao son exactos, nesta época leao e castela ja estaban totalmente integrados


Leão e Castela nunca se integraram, até hoje.
Se não houvesse problemas e graves, nunca poderia ter havido parte de Leão a aceitar um rei português contra um rei castelhano.
E se não houvesse razões para temer qualquer reação na Galiza ou em Leão, mesmo depois de Toro, não teria havido uma politica clara de etnocidio por parte de Isabel a Católica, que se vingou dos galegos com toda a perfídia, ódio e maldade que a caracterizarram ao longo de todo o seu reinado. A Doma e Castraçom de Galicia, não é um mito, mas sim uma realidade. O apoio dos camponeses na zona de Toro, já num lugar entre Castela e Leão não  implicou que os galegos estivessem todos do lado de Isabel a Católica.

E é por isso que ela se vinga dos galegos de forma brutal, aliás muito mais brutal que dos portugueses, com os quais acabará por fazer a paz.

Além do mais, o problema não era a integração cultural, mas sim o problema das lutas de poder entre a velha nobreza leonesa e a "nova" nobreza de Castela.

Quanto à batalha ser uma vitória ou não, já falámos nisso. Uma coisa é uma vitória táctica no campo de batalha, outra coisa é uma vitória estratégica.

Quanto a soldados que fugiram do campo de batalha, nunca se esqueça de uma característica da historiografia militar espanhola.

Para o espanhol, o português é por natureza cobarde, e é assim que toda a historiografia espanhola essa é a disposição natural. Praticamente em todas as batalhas os portugueses fogem como cobardes, como aliás o próprio Francisco Franco concordava.

Portanto, se para os historiadores espanhóis todos os portugueses não passam de  cobardes, é perfeitamente normal que dêm especial importância a todas as batalhas onde podem dar a sua versão.

Bastaria analisar a sua frase: "A depandada dos portugueses foi impressionante".
Mas impressionou quem ?
Como é que define impressionante ?
Para um europeu do século XXI, qualquer batalha da alta idade média (ou já renascença) é violenta, cruel e impressionante.

O que você pode fazer, é colocar-se a si mesmo a questão: E se não foi exactamente assim ?

De qualquer forma a questão de Toro é bastante pacífica. O resultado, tenha decorrido a movimentação de tropas como fosse, é evidentemente uma batalha perdida.
Uma batalha em que a nobreza de Leão tenta pela última vez assumir um papel de maior preponderância.

A revolta dos camponeses, é resultado de eles terem tomado partido contra a nobreza tradicional leonesa e portanto evidentemente contra os portugueses.

Não podemos esquecer que os portugueses são os mesmos que são recebido euforicamente em muitas das cidades da Galiza e de Leão. Mas o poder nas cidades, ainda era em grande medida do senhor do castelo. Fora das cidades nota-se mais o poder do povo.
É muito mais fácil enganar uma pessoa, que explicar-lhe que foi enganada ...