Caros Srs.
Falando de coisas sérias, esta questão Portugal-Espanha, é muito simples.
A geografia é soberana, nada podemos fazer, salvo, impor-nos pela cultura e identidade próprias.
Nem o Manolo , nem o Manuel, tem culpa de terem nascido dum lado, ou doutro da raia, mas já quando tem tentações de meterem a pata no quintal do vizinho, aí a música é outra.
Que tradicionalmente Espanha nunca nos aceitou, isso é um facto histórico, no séc. passado tanto quanto sei a “tentação” bateu-lhes á porta por 3 vezes, basta ler o que tem aparecido ultimamente.
Os monárquicos que me desculpem, mas se deixassem de casar com as priminhas sevilhanas, e vice-versa, e arranjassem umas sócias da Ucrania nada daquilo tinha acontecido, alias o 24 tinha que arranjar uma Herédia, a haver barracada lá estavamos nós metidos outra vez ao barulho.
Nada me incomoda, ter foristas espanhóis a debitar as suas opiniões, desde que as regras do jogo sejam iguais para todos, mais, porque não de outras nacionalidades, até parece que o mundo acaba nos Pirenéus.
Se calhar o Saramago tinha razão, (saiu há uns tempos um fabuloso artigo no El-Watan, intitulado, - Saramago um rebelde berbere, - nada tem a ver com pseudo-iberismos, por muito que custe aos federalistas cá do burgo, mas sim com a universalidade da sua escrita), isto assim é uma jangada de pedra, o problema começa cá em casa.
A lei de reciprocidade é para respeitar ESCRUPULOSAMENTE, se alguém tem uma linguagem baixa e insultuosa, mais, se, se limita ao ataque pessoal, ala, pró lixo, sem mais delongas.
Mas há aqui coisas curiosas, deixam passar puros abusos pessoais( tanto dum lado, como do outro), e por vezes parecem aqueles Coronéis bacocos do tempo do Tóino da Calçada que usavam o lápis azul.
Tenho pastado por alguns fóruns espanhóis, e francamente, a maioria são de um bando de putos, sem pés nem cabeça, tipo, - Gibraltar és de risas, - e saem, cenas tipo, mandamos a Legion, e mais as Operaciones Especiales e mais isto e mais aquilo, etc..
E isto são tópicos e mais tópicos, uns atrás de outros e invadimos Portugal, e Marrocos e que somos melhores que a Rússia, o Canada e a Patagónia, e só não ganhamos o campeonato do péido porque acabou a fava.
Mas esta miudagem tem ideia das implicações politicas, económicas, da opinião publica,( o governo do Aznar caiu redondo devido a ter tentado manipular a verdade acerca dos atentados de Madrid, fora a vergonha da saída das tropas Espanholas do Iraque, que nos últimos dias nem a bandeira içavam, o melhor da infantaria espanhola teve que fazer as malas e voltar prá casa por causa da politiquice), do que estão para ali a dizer, não passam dum bando de parolos a ver filmes.
Eles tem montes de problemas em casa, alguns muito graves, até nós constituirmos um problema sério, há muito pelo meio.
Há alguma coisa melhor do que ver uns parvos vestidos de sevilhana a cantar loas ao flamenco, que passou a património mundial e que aqui não há( ainda bem que para musica cigana, já nos chega a caseira), em frente da estátua do Sr. Eusébio.
Como já disse bastava que não comprasse-mos no Corte Inglês, ( não que lhes fizesse muita mossa) para Espanha começar com merdas, pois pontapeavamos-lhes os COGONES.
Mas calma, fizemos muito pior em 75, mas naquela altura, as coisas piavam mais fino.
Não, que seja apologista de queimar embaixadas mas eram outros tempos.
Estive a trabalhar com um encarregado galego em Tarouca, tinha sido dos poucos ( dizia : com 40 millones de cabrones , me tocou a mi) que andaram á batatada a sério nos anos 50 no Sara Espanhol, e sabia bem o que dizia, que em 75 com quase 1 milhao de homens com experiencia de guerra, não havia Divisão Brunete ( que estava aquartelada cerca de Badajoz) que chegasse.
Reparem que não pretendo fazer nenhuma análise económica, politica nem militar da situação, NÃO SEI O SUFICIENTE, mas cada qual a mijar com a sua.
A única maneira de termos paz e sossego, tanto em terra como no mar, e refiro-me á questão das Selvagens, é ter F.A. devidamente apetrechadas, armadas e as Unidades completas.
Se Espanha te por hipótese 5 submarinos, acho que devíamos ter outros tantos, mais não, para eles não começarem a dizer que andamos com ideias expansionistas.
Onde se vai buscar o kumbo, pois isso é outra maka, se houvesse parcimónia nos gastos públicos e respeito pelo contribuinte, ou se este, soubesse reivindicar em vez de refilar,,,,
SI VIS PACEM PARABELUM
No fundo o que se pretende de Espanha é uma distancia respeitosa, tratamento idêntico, não falta de princípios, nem falta de cordialidade.
Os federalistas, tem o seu direito á opinião, estamos em democracia, pois aproveitem, que se estivessem na Espanha do Chico Galego, no mínimo era umas vacaciones em Carabanchel ou o garrotezinho, como ao Garmendia e Otaegui.
Aliás o Paquito do Ferrol , não fez a ponta dum corno pela sua terra, e por alguma razão os jogos de futebol entre o Barcelona e o Real Madrid, não passavam ( passam) de jogos políticos, independentemente do resultado.
Não vejo, no actual contexto, a razão duma eventual união ibérica, quando em Espanha os ventos sopram precisamente do lado contrário.
E o maus exemplos estão aí, parcerias económicas truncadas, empresas em entram com todo o peso do estado espanhol atrás, contratos não aceites por causa da falta duma vírgula, por outras palavras o jogo está viciado antes de começar.
Se o nosso estado jogasse igual, mas não, dobra a cerviz, e vem ao de cima a subserviência.
Dizia um amigo, que : Ser padre quando se é sobrinho do bispo, não custa, custa é quando se é dum pastor.
No fundo, uma pretensa união, não é mais do que uma cedência, de uma série de valores, e de cedência em cedência, acabamos por ser mais uma província.
Imaginemos o seguinte cenário, 2 referendos, por hipótese justos, um em Espanha para se saber se os Espanhóis estariam interessados na tal união, e outro em Portugal para se saber se a maioria queria a dita união. Estou em pensar que nem um nem o outro passariam de resultados residuais.
Porque nos dias de hoje estas uniões já começam a cheirar mal, o Euro só favorece alguns, o boom do betão não passou disso mesmo, seja em Portugal, como em Espanha.
Alias prevejo que ( espero que sem sangue), as aberturas autonómicas, se por um lado são um sorvedouro de dinheiros públicos( basta ver os sinais na Zona de Valência, em que tem escrito Valencia e por baixo creio que València), as vezes mudam simplesmente uma letra, por outro lado permitem voos independentistas, e creio que a Catalunha, não tarda a cortar o cordão.
Os nossos federalistas bem podem aproveitar, estes tempos de bonança, pois que se os ventos mudarem esse tipo de atitudes serão muito pouco saudáveis , como devem entender.
Numa situação em que as baionetas falassem mis alto, não haveria meios termos, ou se é por Portugal , ou não.
Se Roma não paga a traidores eu, neste assunto sou um herdeiro dilecto dos princípios romanos.
Mas defendo o vosso direito á palavra, mas gostaria de saber se fosse ao contrário, os Srs teriam a mesma atitude.
De igual modo faço a pergunta aos foristas Espanhóis: Se a situação se invertesse aceitariam o meu direito á auto-determinação.
Não me vou alongar, aos caros foristas Espanhóis se forem escorreitos e urbanos no trato, e honestos de ideias, tem sempre um lugar á minha mesa, aos outros que não passam de “gilipollas” sem educação a tomar por culo.
Aos caros federalistas, só posso oferecer o Guia Michelin para não se perderem a caminha das terras de sua Muy Católica Magestad .
Com toda a ofensa possível,
Sou atenciosamente,
Um inimigo declarado ao vosso dispor.
Saúde e desporto
P.S. Tive o livro do Augusto Cid durante anos, adquiri-o antes de 74, perdi-lhe o rasto já há mais de vinte e nunca mais consegui comprar outro, para muita pena minha.
Óscar bravo pela lembrança.