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Outras Temáticas de Defesa => Área Livre-Outras Temáticas de Defesa => Tópico iniciado por: papatango em Fevereiro 18, 2010, 03:18:22 pm

Título: Sobre a "morte" de Sócrates
Enviado por: papatango em Fevereiro 18, 2010, 03:18:22 pm
Não, a imagem não é sobre o Sócrates de que todos estavam a pensar. O Sócrates de imagem, nada tem a ver com o outro que atormenta os cristãos :mrgreen: .
(https://www.forumdefesa.com/forum/proxy.php?request=http%3A%2F%2Fsmarthistory.org%2Fassets%2Fimages%2Fimages%2FDavid_Socrates2.jpg&hash=19f7cc81569e6a95827f1d5212aa4e11)

Mas para lá disso, em vez de estarmos a separar as mensagens em vários tópicos, proponho que utilizemos este para discutir as questões relacionadas com os desmandos deste senhor e com a aparente «cabala» montada, as consequências para o país de ter esta gente no governo e se possível, as formas mais eficazes e eficientes de nos livrarmos deste tipo.

Sabemos que, Sócrates decidiu arregimentar os fiéis do regime, apelando ao «Beija-Mão» de desagravo, que é uma tradição nas pseudo-democracias, quando a honestidade de um Tirano é posta em causa.

Num regime que vive das aparências, há que manter as aparências e especialmente a imagem de honestidade, que no caso de Pinto de Sousa, há muito tempo deixou de lhe estar associada, se é que alguma vez esteve.

Noto também que, quando começa a arregimentação das Hostes - no dia 17 de Fevereiro – ocorre um interessante facto, numa entrevista de António Arnaut.
Ficou aparentemente expresso o que me pareceu ser o apoio mais ou menos oficial do Grande Oriente Lusitano – Maçonaria – a José Sócrates, numa entrevista dada pelo homem que foi o Grão Mestre da organização secreta de 2002 a 2005.

Terá José Sócrates apelado directamente aos Irmãos ?
Como interpretar o ataque desbocado de Arnaut a todos os que se levantam contra Sócrates?
Será uma ordem à Maçonaria para que cerre fileiras em volta do «Tirano» ?

Como deve o país «acabar» com este Sócrates, provocando um mínimo de problemas em termos internacionais ?
Como se pode mudar de governo sem mudar de primeiro ministro ?
Como mudar de governo sem provocar uma crise de credibilidade ?
Título: Re: Sobre a morte de Sócrates
Enviado por: PereiraMarques em Fevereiro 18, 2010, 03:38:16 pm
O PS tem "sondado" o António Costa e o António Vitorino para eventualmente substituirem o J. Sócrates. Aliás o meu chefe, que passe a inconfidêndia a mulher é membro da Comissão Política Nacional do PS (não me façam perguntas indiscretas aqui ou por MP :| .

Ou seja, têm sido "discutidas" algumas hipóteses para uma eventual substituição de J. Sócrates (até ai toda a gente sabe :mrgreen:  :|
Título: Re: Sobre a morte de Sócrates
Enviado por: Vicente de Lisboa em Fevereiro 18, 2010, 04:15:50 pm
Como dizia o outro "as noticias da minha morte são manifestamente exageradas".

Não estão a falar do Guterres ou do Ferro, que eram fracotes para o combate. Este só sai ou no fim do mandato, ou demitido pelo Cavaco. E se o Passos Coelho ganha no PSD,  podem apostar que o Sr Silva vai fazer todos os malabarismos para manter o Socrates no poder ate o PC ser corrido pelos barões laranjas. Nah, aguentem lá que o Socas ainda fica mais uns aninhos.  :wink:
Título: Re: Sobre a "morte" de Sócrates
Enviado por: papatango em Fevereiro 18, 2010, 04:46:16 pm
Não está em causa o exagero sobre a morte de Sócrates.
O que está em causa é a necessidade da sua substituição.

É engraçado que ainda ontem, vi num programa de televisão um antigo ministro das finanças, pertencente à associação SEDES o Campos e Cunha, dizer que tinha olhado para a composição da Assembleia Constituinte de 1975 e que segundo ele de facto estava ali a NATA da intelectualidade portuguesa.

Curiosamente, sem entender a contradição, afirmou que o sistema eleitoral permitia a eleição de deputados completamente desconhecidos e que isso conduzia à degradação da qualidade da assembleia.
Não deixa de ser curioso que o sistema eleitoral de 1975, que lembro, NÃO PERMITE AOS CIDADÃOS O VOTO DIRECTO NOS CANDIDATOS ser exactamente o mesmo de hoje.
Lembro também que, a Constituição da República de 1975, aprovada pela tal NATA da intelectualidade, teve já que ser revista variadíssimas vezes.
A NATA da intelectualidade aprovou uma constituição em que se considerava que Portugal estava a caminho do Socialismo...
Se isto era a NATA da sociedade, percebe-se porque é que com aquela constituição chegámos onde chegámos.
É também trágico, que haja gente que defende a «qualidade» da Constituinte de 75, perante os óbvios e evidentes disparates que foram escritos naquele pedaço de papel, desde o socialismo ao Conselho da Revolução.

Tudo isto para referir que em Portugal nós não votamos no primeiro ministro. Pedro Santana Lopes, como António Costa seriam tão legítimos como primeiros ministros como qualquer outro cidadão que fosse convidado pelo presidente a formar governo e que apresentasse um programa que fosse aceite pelos deputados no parlamento.

Isto leva-nos a outra conclusão:

Não há forma de substituir o Sócrates utilizando o mesmo processo de transferência de poder ao estilo « Barroso -> Santana », porque ao contrário de um eventual sucessor de Sócrates, Santana tinha maioria no parlamento. Sem uma maioria clara e sem uma vontade clara para voltar a criar outro governo do tipo bloco-central, e com 20% do parlamento à esquerda incapaz de contribuir para qualquer solução governativa viável, estamos numa situação de ingovernabilidade.

Em termos internacionais esta situação de bloqueio já foi entendida. Ou há um qualquer acordo entre o PS e o PSD ou não há solução que não seja outra vez eleições, que segundo tudo indica teriam o mesmo ou mais ou menos o mesmo resultado.
Se por exemplo, o resultado fosse PSD 35% e PS 30%, o PSD não poderia formar governo com o CDS e o país continuaria ingovernável.

Qual é a solução para este beco sem saída ?

Do meu ponto de vista, a solução é a mesma que tenho referido noutras alturas: Se os cidadãos não são capazes de votar de forma a permitir a resolução dos problemas do país, então tem que se alterar o sistema eleitoral para que isso seja possível, mesmo que com o custo da distorção da desproporcionalidade.

Para grandes males, grandes remédios.
Título: Re: Sobre a "morte" de Sócrates
Enviado por: Lancero em Fevereiro 18, 2010, 04:53:54 pm
O problema não é só o Sócrates. É um problema de "Elites", ou da falta delas.
Isto só ia lá refundando o País...
Título: Re: Sobre a "morte" de Sócrates
Enviado por: papatango em Fevereiro 18, 2010, 04:57:03 pm
Citação de: "Pereira Marques"
(...)não existir "muita disponibilidade" por parte dos candidatos mais putativos, o J. Sócrates objectivamente controla o "aparelho do PS" na sua quase totalidade, "secando" tudo à sua volta...tipo "eucalipto"
Esse é sempre o problema dos chamados «líderes fortes».

A forma de encontrar novas lideranças, é passando pela oposição. Esse deveria ser o caminho do PSD que no entanto não conseguiu encontrar um novo «líder» forte após Cavaco Silva.
Há um líder claro no PSD (neste momento), que poderia por em causa o PS. Esse líder em potência é o Marcelo Rebelo de Sousa. Mas Marcelo não avança porque aparentemente pretende que as facções do PSD percebam por sí, que o país acha que ele (Marcelo) é uma solução com alguma credibilidade.
Marcelo quer que a realidade imponha o seu nome como uma necessidade às famílias do PSD.
PSD, que não está de fora de todo este clima de lodaçal em que Portugal está mergulhado.

Quase que me faz lembrar o Guterres com a teoria do pântano. Parece que ele tinha razão, só que o pântano chegou na mesma, apenas foi atrasado.
o pântano é a classe politica e a forma como ela se comporta e a imagem que cria na opinião pública.
Título: Re: Sobre a "morte" de Sócrates
Enviado por: papatango em Fevereiro 18, 2010, 05:01:17 pm
Citação de: "Lancero"
O problema não é só o Sócrates. É um problema de "Elites", ou da falta delas.
Isto só ia lá refundando o País...
Lancero : Já refundámos o país tantas vezes.
Isto tantas vezes a água vai à fonte que algum dia o cântaro se parte.

Não há forma de fazer refundações à antiga, a não ser com uma ditadura e à porrada. Mas para isso não precisávamos de mais, para ditador já temos este aprendiz de ditador, basta dar-lhe poderes discricionários e pronto.

Calamos todos o bico, e ficamos todos quietos que nem ratos durante uns 20 anos até o Sócrates se reformar ou cair de alguma providencial cadeira.

Estamos já fartos do mesmo filme.
E somos colectivamente culpados, porque como país agimos de forma irresponsável.
O parlamento está bloqueado por uma minoria de bloqueio que não pode governar e não deixará governar, a alternância é impossível e o regime está por isso num beco sem saída.
Título: Re: Sobre a "morte" de Sócrates
Enviado por: Luso em Fevereiro 18, 2010, 05:31:31 pm
A Marcella quer Morcella é um tracaleiro. É um advogado. Fala muito e não diz nada. E quando chega à hora da verdade é o que se vê.
O pequenito de estrasburgo idem.
O PPC é um Obama, um fantoche.
Não simpatizo com a figura de Aguiar Branco mas ainda me parece o menos aldrabão.

Uma coisa, porém, é que jamais farei finca-pé por qualquer um. Estou farto de ser enganado.
A situação não se compadece com ideias dúbias, incoerências, políticamente correctos, e real politik.
Título: Re: Sobre a "morte" de Sócrates
Enviado por: Lancero em Fevereiro 18, 2010, 05:51:45 pm
"O português é hoje um expatriado no seu próprio país.
Somos uma nação, não uma pátria;
somos um agregado humano
sem aquela alma colectiva
que constitui uma Pátria.
Somos... Sei lá o que nós somos?
Sabe alguém o que nós somos,
salvo o lugar por onde
um cataclismo vai passar?"
Fernando Pessoa, Carta a um Herói Estúpido, 1915
Título: Re: Sobre a "morte" de Sócrates
Enviado por: Miguel em Fevereiro 18, 2010, 06:03:20 pm
O principal problema de Portugal, nao é o Socrates ou o PS. Se amanha ou dentro de 6 meses voltamos a eleiçoes, de certeza que o PS voltava a vencer com o Socrates ou com outro Eng. de meia tijela da cloaca deles.

o problema de Portugal foi a lavagem de cabeça da populaçao desde o 25 Abril Isso foi o trabalho dos historiadores jornalistas da cloaca, manipulados pela mafia dos santos libertadores do povo Portugues.

O PSD tem a sua responsabilidade, nunca apresentou alternativa seria por causa dos seus conflitos internos.Excepto o PR Cavaco Silva.

O PSD que é um partido de centro direita, ate integrou o nome "Social". A lavagem foi tao forte que ainda hoje, um cidadao dizer que é de DIREITA é imediatamente classificado de FASCITA !!

O povo gosta do PS e do Socrates, porque ele é elegante, fala bem etc... E agora Somos uma naçao na avanguarda dos paises mais evoluidos do mundo, casamentos entre homens/Tios/Caes.... Aborto generalizado etc...

E que maravilha temos o Rendimento Minimo Garantido, tudo graças ao PS !! Quero um apartamento? nada de mais simples pago os primeiros meses e depois deixo de pagar aquele senhorio que explora a naçao. E depois chamo os jornalistas para ver as condiçoes aonde estou a viver, cheio de humidade etc...

Nao podemos ter Democracia pura em Portugal. Somos irresponsaveis, vivemos apenas virados para o nosso umbigo, sem nos preocupar no amanha e no futuro dos nossos filhos e netos.
Título: Re: Sobre a "morte" de Sócrates
Enviado por: FoxTroop em Fevereiro 18, 2010, 06:09:18 pm
Esqueçam. Isso não acontece. Ele a a jorda parasitária que tomou o poder, nem com uma "telha de enxofre" sai da cadeira.

Mas concordo com o PT. A culpa é exclusivamente nossa, como povo. A cunha e o compadrio começa logo nos escalões mais baixos, é o "primo" que arranjou uma cunha na empresa, é o "amigo" que encaixa o nosso irmão na camara municipal e por aí fora. Acredito que no meio disso tudo, uma boa parte do nosso povo apenas esteja escandalizado, não por ser roubado e enganado, mas sim por não ter a capacidade para estar no lugar de quem os enganou.

Porque no dia em que acabar o compadrio, lá vai o emprego do filho, o tacho do primo, a negociata com a camara, etc, etc, e uma grande parte da massa parasitaria nacional terá de mostrar que realmente merece estar no lugar que ocupa. Como tal, e atendendo que os politicos nacionais não nascem das arvores, mas vêm do meio de nós, para mim isso apenas significa que, como nação, temos o que merecemos porque na realidade é assim que nós somos e é assim que sabemos estar.
Título: Re: Sobre a "morte" de Sócrates
Enviado por: P44 em Fevereiro 18, 2010, 06:20:49 pm
não sou propriamente fã desta fulana, mas escreveu coisas acertadas...



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O julgamento de Sócrates
Se o PS se tornou esta promoção de nítidos nulos, então o PS vai ser assassinado por isto.

Clara Ferreira Alves (www.expresso.pt (http://www.expresso.pt))
16:30 Quinta-feira, 18 de Fev de 2010

Não acredito que este Sócrates tome o cálice de cicuta que lhe estendem. O ensurdecedor silêncio que rodeia (escrevo na terça) a revelação das escutas no "Sol" denuncia a cautela política e uma certeza: ninguém, a começar pelo PSD e a acabar nos outros partidos, quer tomar o poder para já. Preferem uma lenta erosão, acumulada em artigos e revelações que vão continuar a sair nos jornais, e ganhar tempo para preparar uma estratégia que garanta a derrota dos socialistas no futuro. A guerra vai ser a que sempre foi, entre jornalistas e Sócrates.

Portugal não está em estado de disputar eleições e afundar-se ainda mais nos mercados internacionais devido a uma crise política e não existe uma oposição capaz de ser Governo. A sobrevivência de Sócrates, no curto prazo, está assegurada. Ele acabará a plebiscitar-se, colocando o povo português e o interesse da pátria de um lado, e uma imprensa e televisão sedentas de sangue do outro. Sócrates dirá que um país onde isto acontece não é um país que sofra de privação de liberdade de expressão. E o povo não politizado ou arregimentado em partido é bem capaz de o escolher a ele em vez dos jornalistas. No geral, o povo português está cansado da permanente autojubilação da classe e tem mais do que fazer do que preocupar-se com a TVI, a PT, a Moura Guedes, o Moniz e quejandos.

O que significa isto? Significa que numa das mais graves crises do sistema democrático, a indiferença ou é brutalizada ou é manipulada. Porque, não nos confundamos, as revelações do "Sol" são escandalosas, são gravíssimas e, sendo verdadeiras, são indício de que o primeiro-ministro de Portugal ordenou uma operação, usando pessoas, empresas e fundos públicos, para 'limpar' uma personagem e um telejornal que, no ar, lhe eram incómodos. Um primeiro-ministro que se preocupa com gente desta e ordena o silenciamento de gente desta com meios destes não pode, não deve ser primeiro-ministro.

A questão da divulgação das escutas, a questão dos direitos civis da revelação de conversas privadas contra a questão da liberdade de imprensa, parece-me que deve ocupar o segundo plano. Num Estado de Direito, se estas escutas existem e existem assim, sem interpretações, competia ao procurador-geral ter ordenado um inquérito judicial. E ter dado seguimento ao que o juiz e o procurador de Aveiro consideraram poder constituir crime. Não restam muitas dúvidas de que se a conspiração existiu, ela é criminosa. E que as suspeitas que a magistratura de Aveiro tinha eram legítimas. E que a Procuradoria falhou a missão que lhe confiámos.

Suspendamos por um segundo o princípio de que toda a gente é inocente até prova em contrário. Verdadeiras ou interpretadas (ninguém as desmentiu e disse serem falsas) são as transcrições plausíveis? São. As conversas entre o apparatchik socrático Rui Pedro Soares (como é possível tal criatura ser alto quadro da PT, ganhar milhões e dispor de poder e orçamentos de milhões?) e Penedos Júnior, outra personagem sem currículo, seriam hilariantes se não fossem criminosas. E imorais. Eu, como todos os portugueses, quero saber mais, e tenho o direito a saber mais. Para já, sei que personagens como estas e como Armando Vara, personagens como a pandilha da 'Face Oculta', são caras de um Partido Socialista que nada tem a ver com a liberdade e que é uma ameaça à liberdade. Se o PS se tornou nisto, nesta promoção de nítidos nulos, neste nó de corrupção da inteligência e da vontade, então o PS vai ser assassinado por isto. Como está a acontecer. Se o PS não se demarcar disto, morre com isto.

O retrato daqueles dois que é feito pelos jornalistas do "Sol" é plausível? É. O spinning não os salvará. O "chefe máximo", como eles chamam a Sócrates num alvoroço babado, converteu-se no chefe máximo de pessoal mínimo e deixou de ser primeiro-ministro de Portugal. Um cidadão eleito com poderes especiais para, justamente, administrar o país e impedir o abuso de poderes.

O retrato de Sócrates que assim é traçado é o de um homem desavindo e vingativo, que desencadeia processos ilegítimos para obter fins inconfessáveis. É a de um homem sem escrúpulo nem remorso. É a de um homem perigoso rodeado de servos medíocres.

A queda de Sócrates será a queda de Ícaro derretido, e não a morte desejada do Sócrates ateniense. Será a queda de um homem que não se esqueceu de nada e não aprendeu nada e fez da missão da sua vida vingar-se dos seus pequeníssimos inimigos. Nenhum jornalista tem o poder de Sócrates nem quis ter. Com a diferença de que se um jornalista abusar do seu poder, autodenuncia-se. Se um primeiro-ministro abusar do seu poder, torna-se um tirano.

Texto publicado na edição da Única de 13 de Fevereiro de 2010

http://aeiou.expresso.pt/o-julgamento-d ... es=f565892 (http://aeiou.expresso.pt/o-julgamento-de-socrates=f565892)
Título: Re: Sobre a "morte" de Sócrates
Enviado por: P44 em Fevereiro 18, 2010, 06:24:30 pm
Citação de: "Lancero"
"O português é hoje um expatriado no seu próprio país.
Somos uma nação, não uma pátria;
somos um agregado humano
sem aquela alma colectiva
que constitui uma Pátria.
Somos... Sei lá o que nós somos?
Sabe alguém o que nós somos,
salvo o lugar por onde
um cataclismo vai passar?"
Fernando Pessoa, Carta a um Herói Estúpido, 1915


e mais uma...
(https://www.forumdefesa.com/forum/proxy.php?request=http%3A%2F%2Fimg199.imageshack.us%2Fimg199%2F7403%2Ffuturistai.th.jpg&hash=be58b385f3dda48cba4f665ae2576b12) (http://http)

o mal deste país é não ter botão de "RESET"


edit:
não se ponham mesmo na frente do ecrã, podem ser atingidos por um nariz...
http://aeiou.expresso.pt/primeiro-minis ... 0h=f566076 (http://aeiou.expresso.pt/primeiro-ministro-prepara-resposta-politica-as-20h=f566076)
Título: Re: Sobre a "morte" de Sócrates
Enviado por: Miguel em Fevereiro 18, 2010, 06:55:29 pm
Amigos,

Chegou a hora de organizar a resistencia e começar a luta pela libertaçao da nossa patria.

Viva Portugal LIBRE dos socialistas!
Título: Re: Sobre a "morte" de Sócrates
Enviado por: P44 em Fevereiro 19, 2010, 09:51:44 am
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19 Fevereiro 2010 - 00h30
O Cronista Indelicado
Sócrates canta de galo, os outros cacarejam
A notícia da morte de José Sócrates tem sido manifestamente exagerada. Muita gente diz, e com razão, que por um décimo das avarias que Sócrates já praticou Pedro Santana Lopes foi posto fora de São Bento. Mas há uma diferença substancial entre os dois, que não tem a ver com a gravidade dos actos mas com a ordem que se consegue manter na capoeira: enquanto o governo de Santana estava em cacos, com ministros a distribuírem bicadas por todo o lado, José Sócrates continua a ser o único dono dos ovos. Ele canta de galo. Os outros cacarejam.

 

Ver gente como Mário Soares, António Vitorino ou Almeida Santos vir a público defender Sócrates, depois de tudo o que foi revelado nos jornais, é uma coisa que dá a volta ao estômago, e diz bem do estado lastimável em que se encontra a ética da República. Mas não há como negar a espantosa persistência do primeiro-ministro, e a fidelidade canina que desperta à sua volta. Pena ter cedido, como Darth Vader, ao lado negro da Força – fossem estas qualidades dirigidas para o sítio certo e poderíamos ter tido um excelente primeiro-ministro, em vez de um zombie político que por mais machadadas que leve regressa sempre dos mortos para nos atormentar.

Acredite em mim, caro leitor. Ainda há-de passar um outro Inverno e José Sócrates continuará no seu cargo, a fazer inaugurações todos os sábados no Portugal profundo, a reunir-se com muitas senhoras, a dar entrevistas cândidas e a recusar as explicações que seria do seu mais elementar dever fornecer. É triste, é deprimente, mas é assim. Licenciatura da Independente, projectos da Guarda, caso Cova da Beira, caso Freeport, apartamento na Braancamp e agora o Face Oculta. Sócrates está neste momento a usar a sua sétima vida. E é bem capaz de ainda vir a bater o recorde dos gatos.

João Miguel Tavares
http://www.cmjornal.xl.pt/noticia.aspx? ... 63698C054E (http://www.cmjornal.xl.pt/noticia.aspx?contentid=7A5B571C-156A-4984-93DA-4FB3AD385407&channelid=22F37555-B2F9-42C5-B15B-C163698C054E)
Título: Re: Sobre a "morte" de Sócrates
Enviado por: Mike23 em Fevereiro 19, 2010, 06:58:15 pm
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Face Oculta
Assim falam os 'boys'
O SOL revela as conversas mantidas entre Marcos Perestrello, membro do Secretariado do PS e actual secretário de Estado da Defesa, e Paulo Penedos, membro da Comissão Nacional do PS e advogado na PT, exercendo funções na dependência do administrador executivo Rui Pedro Soares, sobre o apoio de Luís Figo à candidatura de José Sócrates.

Logo após a derrota nas eleições europeias de 7 de Junho, o PS começa a preparar a campanha das legislativas de 27 de Setembro. Membro do Secretariado do PS e actual secretário de Estado da Defesa, Marcos Perestrello organizou os tempos de antena na TV.

Falou  então com o amigo Paulo Penedos, membro da Comissão Nacional do PS e advogado na PT, exercendo funções na dependência do administrador executivo Rui Pedro Soares.

Este tinha, entre outros, o pelouro do Marketing e Publicidade (com um orçamento de 15 milhões de euros de patrocínios para o Benfica, Sporting e FC Porto, por exemplo) e era administrador não executivo no Taguspark.
Assim falam os 'boys'
Paulo Penedos

MARCOS PERESTRELLO – O teu superior hierárquico [Rui Pedro Soares] foi para Barcelona ou Milão...
PAULO PENEDOS – Não, está no Algarve. Não foi para um sítio, nem para outro.

M.P. – Mas depois vai, acho eu.
P.P. – Vai para Milão, segunda-feira. Vai-se lá encontrar com o Figo, para com ele celebrar uma coisa um bocado pornográfica, mas pronto.
M.P. – Que é o quê?
P.P. – Eh pá … só te posso dizer se tu não disseres a ninguém. Se disseres, não te posso dizer.
M.P. – Se quiseres dizer, dizes! Se disseres que não é para dizer a ninguém eu não digo.
P.P. – Não, não digas que é uma coisa… Ele há dias disse-me, muito contente, que tinha conseguido que o Figo apoiasse o Sócrates e eu disse ‘boa e tal’, claro que é importante. E hoje ligou-me a pedir que eu lhe fizesse um contrato de patrocínio para a Fundação Luís Figo, à razão de 250 mil euros por ano.
M.P. – Pois, imagino…
P.P. – Ah?
M.P. – Claro, claro. E isso, aliás, vale muitos votos! Essa m... em subsídios de desemprego…
P.P. – Ah?
M.P. – Isso em subsídios de desemprego…

SOL
Título: Re: Sobre a "morte" de Sócrates
Enviado por: jmosimoes em Fevereiro 20, 2010, 12:36:56 am
Esta corja está bem enturmada, votos á mistura com subsidios de desemprego(comentários), os candeeiros do Terreiro do paço a Sta Apolónia de ambos os lados eram poucos,  :G-bigun:
Título: Re: Sobre a "morte" de Sócrates
Enviado por: Miguel em Fevereiro 20, 2010, 03:32:58 pm
Nos anos 60 passaram do liceu para as universidades. São do tempo em que ser senhor doutor valia alguma coisa e as famílias apostaram fortemente na sua formação, confiando que, apesar de cada ano lectivo corresponder a maior irreverência, no fim eles teriam o canudo. Para o futuro ficaram conhecidos como geração de 60. Em Portugal, a PIDE e a censura deram-lhes um enquadramento de resistência que vai para lá do que aconteceu aos seus congéneres nos países democráticos. Após 1975 cortaram o cabelo, apararam a barba e quando a tropa, já sem MFA, recolheu aos quartéis começaram a sentar-se no aparelho de Estado. Academicamente bem apetrechados e com o país a precisar de refazer-se das vagas de saneamentos, esta nova geração passou rapidamente da oposição para o poder. Alguns dos mais destacados elementos dessa geração vieram a tornar-se notáveis do PS. O que de algum modo fazia todo o sentido: tinham lutado contra o fascismo, o social-fascismo e outros ismos. Na democracia tiveram no PS o seu espaço natural e em Soares o líder que trataram como já não se tratam os reis.
Nem sempre as coisas correram bem mas havia a íntima convicção que nos grandes momentos eles escolheriam a liberdade tal como a tinham escolhido durante as crises académicas. Mas não é isso que está a acontecer. Agora estão calados. Calados como nunca estiveram com Guterres ou sequer Soares. Fazem o pino para justificar o injustificável ou passam discretos a ver se descobrem algo em que possam pegar naqueles que não estão dentro do seu círculo (ou triângulo, se se preferir o imaginário maçónico onde muitos acabaram após a fase juvenil do ateísmo).
Durante meses interroguei-me porque estaria isto a acontecer. Ainda esta semana me caiu no mail aquele PDF com o diploma da licenciatura de José Sócrates, datado de Agosto de 1996, mas de cujo papel timbrado fazem parte números de telefone que só passaram a existir no final de 1999. Quem mandava o mail perguntava: isto já é conhecido, não é? Claro que sim. Isso e tudo o que veio depois é sobejamente conhecido. Mas eles, tão ciosos das suas notas no Técnico, em Direito e em Letras, como no seu tempo se dizia, fazem agora de conta que não é nada com eles ou tornam-se peritos instantâneos em procedimentos jurídicos que levam invariavelmente a anulações e arquivamentos. Porque se calam? Não os move certamente o dinheiro, tanto mais que estão à beira de ser a última geração a gozar as  reformas douradas do estado que essa geração dizia social.
A resposta encontrei-a ao ver na televisão as notícias sobre a ronda de contactos entre o secretário-geral do PS e as estruturas partidárias. Eles, os contestatários dos anos 60, são agora a Situação. Sem Sócrates, que obviamente não é um deles, acaba-se a Situação, esta coisa que ninguém sabe o que é mas que se arrasta. Esta coisa em que se mergulha na dúvida, no boato, nos casos e em que os detentores do poder não se afirmam pelo que oficialmente fazem mas sim por conseguirem passar a mensagem de que não existe alternativa às suas pessoas.
Não são de modo algum a primeira geração a ficar refém dum tempo político. “Falhámos a vida, menino” – é uma das frases finais de “Os Maias”. Mas no caso da geração de 60 não só não parece que esteja interessada em fazer balanços do seu legado –  à excepção daquelas evocações que os transformam em heróis – como, por ironia, eles, que em jovens foram tão eficazes a combater o poder, revelam-se agora, à beira de se tornarem velhos, dispostos a quase tudo quando alguém os confronta com aquilo em que se tornaram. E note-se que eles não se tornaram poder que isso já o eram. O que Sócrates fez deles foi transformá-los na Situação.
Título: Re: Sobre a "morte" de Sócrates
Enviado por: Miguel em Fevereiro 20, 2010, 03:48:02 pm
Pergunta ao PR Cavaco Silva

Por muito menos grave que o que se passa neste momento em Portugal, o exPresidente Sampaio demetiu o Santana Lopes.

O que espera o PR para demetir este primeiro ministro?

(https://www.forumdefesa.com/forum/proxy.php?request=http%3A%2F%2Fimg202.imageshack.us%2Fimg202%2F4594%2Fportugal.png&hash=82dd0cb8baae07b764ba4d05c2de574e)
Título: Re: Sobre a "morte" de Sócrates
Enviado por: Miguel em Fevereiro 20, 2010, 05:20:33 pm
Censura em Portugal visto por França

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Les relations notoirement tendues entre le Premier ministre socialiste José Socrates et la presse au Portugal se sont encore dégradées cette semaine avec la multiplication de révélations sur des tentatives du pouvoir de museler les médias jugés hostiles.

Déjà mis à mal à l'automne dernier par le scandale qu'avait provoqué, en pleine campagne électorale, la suppression du journal télévisé de la TVI dont il avait publiquement critiqué la présentatrice, José Socrates est désormais accusé d'avoir fomenté "un plan pour contrôler les médias".

L'accusation, lancée le 5 février par l'hebdomadaire Sol et reprise depuis par plusieurs médias, s'appuie sur des rapports d'écoutes téléphoniques, enregistrées dans le cadre d'une enquête pour corruption mais classées sans suite par la justice fin novembre.

La publication, par Sol puis par le quotidien Correio da Manha, d'extraits d'écoutes et de comptes-rendus judiciaires dénonçant de "forts indices de l'existence d'un plan impliquant directement le gouvernement" a été qualifiée d'"infâmie" par José Socrates qui a mis en cause un "journalisme de trou de serrure".

L'affaire a toutefois été jugée suffisamment grave pour que le parlement s'en saisisse et convoque la semaine prochaine, dans le cadre de sa Commission d'éthique, une série d'auditions consacrées à la liberté de la presse.

De son côté, le syndicat des journalistes a appelé jeudi "à combattre la censure", rappelant avoir dénoncé depuis un an plusieurs "tentatives de conditionnement des journalistes". Le dernier d'entre eux, Mario Crespo, présentateur de la télévision privée SIC, a accusé au début du mois José Socrates de l'avoir présenté comme "un problème à régler" lors d'un déjeûner avec des membres de son gouvernement.

Selon Sol, qui publie vendredi de nouvelles révélations, le "plan" du gouvernement consistait à prendre le contrôle, via l'entreprise Portugal Telecom, de la télévision TVI, très critique du Premier ministre, et d'acquérir un des principaux groupes de presse du pays.

Le projet de rachat de TVI par Portugal Telecom, rendu public en juin 2009, avait suscité un tollé dans l'opposition avant d'être finalement abandonné, sur ordre du gouvernement "pour éviter le moindre soupçon", avait alors expliqué M. Socrates.

Jeudi, toute la journée, un véritable jeu de cache-cache avait mis aux prises la direction de l'hebdomadaire Sol et un huissier de justice, chargé de faire appliquer un référé judiciaire interdisant la publication de nouvelles écoutes à la demande d'un administrateur de Portugal Telecom, par ailleurs conseiller municipal socialiste de Lisbonne.

En vain. Sous le titre "La Pieuvre" barrant le profil de José Socrates, Sol a assuré vendredi qu'il continuerait à "exercer la mission la plus noble du journalisme: mettre en lumière ce que le pouvoir prétend camoufler", annonçant à la mi-journée le tirage d'une deuxième édition.

L'hebdomadaire a reçu le soutien unanime de la presse portugaise qui a dénoncé une "tentative de censure préalable", "une première en trente ans", selon le quotidien Publico.

Pour Joao Marcelino, directeur du Diario de Noticias, pourtant réputé proche des cercles du pouvoir, cette affaire "exige la rapide mise en place d'une commission d'enquête parlementaire".

Selon le journal, "l'après-Socrates est déjà un thème de discussion au Parti socialiste", qui a perdu sa majorité aux dernières législatives. "Plusieurs dirigeants se demandent si Socrates est encore la solution ou s'il est déjà devenu un problème", affirme Diario de Noticias.
Título: Re: Sobre a "morte" de Sócrates
Enviado por: Vicente de Lisboa em Fevereiro 20, 2010, 09:17:27 pm
Citação de: "Miguel"
Pergunta ao PR Cavaco Silva

Por muito menos grave que o que se passa neste momento em Portugal, o exPresidente Sampaio demetiu o Santana Lopes.

O que espera o PR para demetir este primeiro ministro?
Não é obvio?  :wink:

(https://www.forumdefesa.com/forum/proxy.php?request=http%3A%2F%2F4.bp.blogspot.com%2F_grSyOiusGZQ%2FSgBYsMedB1I%2FAAAAAAAAEBQ%2Fbh6HvKG4kuw%2Fs400%2FMaizena2_portugal_porreiro.jpg&hash=3b4b0c6caf83541e41531fec12683525)
Título: Re: Sobre a "morte" de Sócrates
Enviado por: P44 em Fevereiro 22, 2010, 08:23:35 am
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Opinião
A queda da 1.ª República: a História repete-se
Por Manuel Monteiro, líder do PND

Em Maio de 1926, teve inicio um movimento militar que haveria de pôr fim à 1.ª República. Portugal vivia em profunda crise. Financeira, económica e política. O desemprego, associado a uma degradação das instituições, evidenciava dois países: o formal e o real


O primeiro estava corroído pela mesquinhez, pelos interesses egoístas de grupos partidários; o segundo estava distante dos políticos, descrente face ao presente e nada confiante com o futuro. Os republicanos sérios, preocupados com o Estado, pouco podiam fazer diante da voracidade das intrigas e da pequena política. E num dia, fruto dos erros cometidos, o regime caiu.

Caiu com o aplauso da população que se colocou ao lado dos revoltosos. Um relato atento de documentos sobre a época – e há, recentemente publicada, uma obra notável do dr. Luis Bigotte Chorão, intitulada A Crise da República e a Ditadura Militar – pode mostrar-nos como estava de rastos a imagem da Justiça, da Administração Pública, do Parlamento, do Governo e de toda a classe política em geral.

Os problemas, como muitos disseram, não se resumiam ao défice e aos elevados juros a pagar no estrangeiro; os problemas passavam, antes de mais, pela credibilidade perdida no funcionamento da Justiça e pela separação entre o povo e os seus representantes.

Hoje, quase 84 anos passados, chega a ser arrepiante como tudo é tão idêntico e tão próximo.
Eloquentes e notórios analistas, supostos descobridores da análise inédita, ignoram ou propositadamente nada dizem sobre o que provocou a queda da 1.ª República.

Sem o brilho, a inteligência e a qualidade de quem ao tempo escrevia sobre o assunto, eis que os vemos agora sentados nas suas ‘cátedras’ de petulância, cheios da sua imensa pequenez, culpando somente o que se passa lá fora para justificar o que de errado voltámos a fazer cá dentro.

Mas a História repete-se. Sem as especiarias da Índia, o ouro do Brasil e o dinheiro da CEE, voltámos ao que éramos. Pobres e cheios de deficiências estruturais, mas com a leveza de espírito característica dos incautos.

Mudou alguma coisa? É certo que sim. Temos mais auto-estradas, mais periferia e muitos subsídio-dependentes.
É  ainda  certo  que  temos  pessoas   e  profissionais  de  inquestionável  qualidade,  apesar  de  se  contarem  pelos dedos  das  mãos  as  possibilidades de  êxito  que  alcançam  numa  sociedade,  como  a  portuguesa,  que  cultiva  e  sustenta  a  mediocridade. Ser medíocre, mediano, poucochinho, é condição  base para progredir e para sobreviver.

Não há agricultura, nem pescas? Não possuímos indústria? Mas que relevância têm estas coisas menores, perante a pujança dos estádios, dos corruptos e das obras públicas desnecessárias? Diante de tamanha grandeza interessará para alguma coisa o estado deplorável a que chegámos?

Para o país formal não, contudo há ainda quem se interesse. Será uma minoria? Talvez. Uma minoria que não se conforma e uma minoria que não faz depender a razão das suas preocupações e ideias da quantidade volátil dos espectadores do circo.

Até porque, como em todos os circos, esses espectadores só aplaudem enquanto tiverem entretenimento e pão. E o entretenimento pode continuar, mas o pão vai escassear.

Manuel Monteiro

http://sol.sapo.pt/PaginaInicial/Opinia ... _id=159481 (http://sol.sapo.pt/PaginaInicial/Opiniao/Interior.aspx?content_id=159481)





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PS: em busca da honra perdida
19 February 10 10:00 AM

    Ao longo das últimas semanas, tenho resistido à tentação de regressar à memória do meu percurso como deputado e (também) militante do PS entre 2002 e 2004. A razão dessa resistência é simples: não queria confundir uma experiência pessoal, marcada pelas circunstâncias do tempo e pela subjectividade das minhas expectativas, com as actuais perturbações internas do PS (na sequência das suspeitas de interferência do chefe do partido e do Governo no controlo de meios de comunicação social, reveladas nas últimas edições do SOL).

    Dei-me conta, porém, que as opiniões que tenho publicado sobre o assunto não são de todo alheias a essa minha experiência. Por outras palavras: não posso fingir que aquilo que agora se vai tornando público é uma surpresa absoluta para mim, muito embora me confesse ultrapassado pela vertigem dos acontecimentos.

     

    Deixei de ser militante do PS no Outono de 2004 e já anunciara ao então líder parlamentar, António José Seguro, o meu propósito de renunciar ao cargo de deputado, quando o Presidente Sampaio decidiu dissolver o Parlamento em Novembro desse ano. Antes disso, não concordara com a demissão de Ferro Rodrigues de secretário-geral do PS depois de Sampaio ter aceite a substituição de Durão Barroso por Santana Lopes como chefe do Governo e recusado, na altura, a antecipação das eleições. Mas, entretanto, já assistira ao frenesim conspirativo de José Sócrates e dos seus fiéis para preparar a sucessão de Ferro (na eventualidade de António Vitorino não se candidatar à liderança, o que viria a confirmar-se).

    O caso Casa Pia tinha abalado profundamente o PS e chegou a pôr em causa a honorabilidade de Ferro Rodrigues e outros dirigentes socialistas, com base em testemunhos que nunca se confirmaram. Partilhei – e exprimi publicamente – a indignação que se vivia dentro do partido, mas pronunciei-_-me contra a tentação censória como forma de prevenir a histeria inquisitorial e irresponsável de alguns media.

    Numa reunião entre o grupo parlamentar e a direcção do PS, na sede do Largo do Rato, argumentei, em abono dessa posição: «Sabe-se como começa a censura, mas não se sabe como acaba». Ferro, apesar de visado pessoalmente na campanha difamatória, concordou comigo, mas, logo que terminei a minha intervenção, um deputado saltou da cadeira de dedo em riste e advertiu--me severamente: «Não concordo nada com aquilo que você disse!». Era José Sócrates.

    Retorqui que era a opinião dele, não a minha, e propus debatermos o assunto. Passámos longas horas a discutir pela noite dentro, num bar de Lisboa, esgrimindo as nossas razões, mas sem ser possível chegarmos a um acordo. Creio que foi aí que percebi definitivamente que o instinto autoritário de Sócrates e a sua desconfiança visceral em relação aos jornalistas – com excepção dos jornalistas alinhados e ‘amigos’– eram traços essenciais da sua personalidade.

     

    Mal tinha eu arribado a São Bento, José Sócrates foi, entre os meus colegas de bancada, daqueles que manifestaram maior cordialidade e simpatia para comigo. Durante um período inicial, não fui insensível a essas atenções, presumindo que Sócrates estaria suficientemente informado sobre as minhas ‘idiossincrasias’ pouco ortodoxas ou domesticáveis e que não haveria nenhum comércio espúrio em perspectiva. Relacionava-me, aliás, de forma excelente com outras pessoas do círculo próximo de Sócrates, como Pedro Silva Pereira.

    Mas, à medida que o tempo foi passando, os equívocos que pudessem existir sobre a minha hipotética adesão a esse círculo de incondicionais socráticos dissiparam-se por completo. E é hoje claro para mim que foi a iminência de Sócrates suceder a Ferro Rodrigues como líder socialista (eu cheguei a apostar em António Costa que, no entanto, rejeitava liminarmente essa hipótese) o pretexto final para encerrar uma experiência política que, certamente por imperdoável ingenuidade minha, eu encetara com genuína convicção, mas se viria a revelar verdadeiramente frustrante.

     

    Sempre me senti socialista (ou, se quiserem, social-democrata à maneira nórdica), apesar do meu esquerdismo libertário juvenil. Foi, de resto, esse grão de irreverência anarquista que nunca consegui extirpar – talvez por uma vocação natural de rebeldia – o motivo maior da minha aversão às amarras do partidarismo ou do seguidismo tribal. Mas isso não impede que me reconheça na grande nebulosa da esquerda democrática. É essa a minha família política.

    Embora tenha arriscado fazer uma parte do meu caminho político como militante e deputado do partido de que me sentia mais próximo – recordo, por exemplo, a alegria e o entusiasmo com que participei na campanha eleitoral de 2002 em Lisboa – nunca mantive grandes ilusões sobre as pequenas misérias e mentiras da vida partidária ou qualquer suposta ‘superioridade moral’ do PS.

     

    Não atribuo exclusivamente a Sócrates a descaracterização daquilo que, em termos românticos, poderíamos chamar a ‘alma socialista’. Muito antes dele, o PS já passara por outras peripécias nada românticas ou edificantes. Mas também é verdade que nunca, como agora, vi essa alma tão perdida, penada e desonrada pelo carreirismo, pela vileza e pela falta de carácter (alguns mostram horror a que se fale disso, como se o carácter não fosse a essência da nobreza política).

   Onde estão as vozes inconformadas que não se fazem ouvir ou se escondem cobardemente atrás do reposteiro das conveniências, pactuando com a mentira, o cinismo, os negócios escuros e a promiscuidade dos interesses?

    Como é possível que aquilo que se mete pelos olhos dentro como punhais possa ser negado e mistificado em nome de embustes e hipocrisias formais? Como poderá a fidelidade servil ao chefe ser colocada acima dos ideais, princípios e convicções que inspiram a verdadeira fidelidade moral e política? Perdida a honra, que restará ao PS?

Vicente Jorge Silva

http://sol.sapo.pt/Blogs/vicentejorgesilva/default.aspx (http://sol.sapo.pt/Blogs/vicentejorgesilva/default.aspx)
Título: Re: Sobre a "morte" de Sócrates
Enviado por: Vicente de Lisboa em Fevereiro 22, 2010, 04:53:32 pm
Já tenho ouvido essa estória em mais sítios, e parece-me que é um tiro ao lado. Não por muito, mas ao lado na mesma. O fim da 1ª Republica resultou dum caos governativo - ora hoje em dia o problema é um Governo com falta de oposição. O fim da 1ª Republica veio com o desejo de um "salvador" que "metesse ordem nisto". Ora o Socas é acusado é de ser autoritário e querer "ordenar" tudo à sua volta. Sim, era época de CRISE assim mesmo em bold e itálico, mas também o era uma outra época que me parece mais apropriada - o fim da Monarquia. Rotativismo, Partidos iguais em tudo e sem soluções para a crise, fuga do discurso politico para a radicalização em torno de um Bode Expiatório em relação ao qual vale tudo...

Será que vem aí outra mudança de bandeira? Deus e Marx lo queiram.
Título: Re: Sobre a "morte" de Sócrates
Enviado por: FoxTroop em Fevereiro 22, 2010, 11:58:56 pm
Só mesmo muita má fé. Porque se não for má fé, então é seguidismo e ignorancia.

Tentar comparar e colocar o "inginheiro" ao nivel do "botas" é de ir às lagrimas. Para começar e só para começar, ninguém alguma vez contestou o mérito académico e os pergaminhos que o atestavam. É que naquele tempo os cursos universitários não tinham a benesse de permitir que os alunos se formassem aos Domingos. Mas..... "eles andim aí...."

Contudo é da nossa mediocridade como povo, que saem os mediocres dos que nos governam. Um povo apatico, invejoso, calatrão, encostado, mesquinho e sempre de mão esticada, não pode esperarar que as suas supostas elites sejam diferentes. E digo que uma maioria avantajada do nosso povo é assim porque nem com as coisas à frente se mexem. Começo a ter serias duvidas se existe um espirito nacional (excepto para a selecção de futebol e apenas se tiver bons resultados)

E quando este recalcamento todo rebentar?!!! Quando toda a raiva acumulada, toda a mesquinhez sabuja amontoada explodir nas ruas?!!!! A História mostra que quando extravazamos, não medimos nada à passagem. E que será da Nação, desta vez?!!!! Comemorarão os nossos descendentes o milénio da nossa pátria?!!!!
Título: Re: Sobre a "morte" de Sócrates
Enviado por: Luso em Fevereiro 27, 2010, 11:29:38 pm
Fox, viu aquela do eurodeputado europeu inglês dirigindo-se ao Rompuy? É mesmo como diz: acção-reacção.

Mas regressando ao tema...

Recapitulando…Arquivado em: Política, Portugal — elisabetejoaquim @ 22:10
Tags: Ferreira Leite, Passos Coelho, polvo

1. A notícia de que Manuela Ferreira Leite estaria a par, desde Junho, da intenção da PT comprar a TVI surgiu ontem ao fim da manhã.

2. A notícia é baseada num escuta, à qual o DN teve acesso, segundo a qual a 27 de Junho, Rui Pedro Soares diz a Paulo Penedos que ambos foram vítimas de uma “cilada”, acrescentando: “A pessoa que mais sabia deste negócio era a Manuela Ferreira Leite”.

3. Soubemos hoje que essa escutas foram posteriores à data (25 de Junho) a partir da qual os investigadores do Ministério Público e da Polícia Judiciária de Aveiro consideram que, tendo sido informados de que estavam sobre escuta, Paulo Penedos e Rui Pedro Soares terão semeado conversas para confundir a investigação (ilibando Sócrates de uma eventual participação do negócio).

4. Escassos momentos após a divulgação da notícia sobre o eventual conhecimento que Manuela Ferreira Leite tinha do negócio, Pedro Passos Coelho apressou-se a reagir, publicando o Jornal de Negócios (com quem, por sorte, estava a almoçar) a sua crítica ao «Envolvimento de Ferreira Leite»: Falando ao início da tarde, num almoço-debate organizado pela Associação Comercial de Lisboa em parceria com o Negócios, Pedro Passos Coelho, um dos três candidatos à presidência do PSD, não poupou nas palavras em relação ao envolvimento da ainda líder do seu partido.

Se Pedro Passos Coelho «não poupou nas palavras» em relação ao «envolvimento de Ferreira Leite», decerto tem «poupado nas palavras» no que toca ao envolvimento de Sócrates no mesmo caso, ambos em pé de igualdade no que toca à fonte – as escutas. A duplicidade de critérios é evidente.

Recapitulando novamente…

1. Pedro Passos Coelho tem «poupado» o nome de Sócrates – quer no seu livro, no qual nunca é referido apesar dos vários capítulos sobre a actualidade política, quer na apresentação da sua campanha onde nem por uma vez qualquer tipo de responsabilidade governativa foi imputada directamente ao nome Sócrates, preferindo as críticas vagas e gerais.

2. Pedro Passos Coelho é o administrador do grupo Fomentinvest. e presidente do conselho de administração da HLC Tejo e da Ribtejo. A Formentinvest tem como sócios figuras envolvidas em escândalos financeiros: os construtores Irmãos Cavaco, acusados de burla qualificada no caso BPN (Passos Coelho também «poupou palavras» na “nacionalização” do BPN) e Horácio Luís de Carvalho, que está a ser julgado por corrupção e branqueamento de capitais no processo do aterro da Cova da Beira.

3. No processo de adjudicação do aterro sanitário da Cova da Beira, Horácio Luís de Carvalho é acusado de ter depositado 59 mil euros numa conta offshore de António Morais, o “célebre” professor de José Sócrates na Universidade Independente.

4. O concurso teve lugar quando José Sócrates ainda era secretário de Estado do Ambiente – e o actual primeiro-ministro chegou a ser investigado, mas no que lhe dizia respeito o processo foi arquivado em 2007.



http://oinsurgente.org/2010/02/25/recapitulando-2/ (http://oinsurgente.org/2010/02/25/recapitulando-2/)