A Invencível Armada

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dremanu

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A Invencível Armada
« em: Junho 04, 2004, 11:40:21 pm »
Eis um pequeno relato do que foi uma das mais desastrosas empreitadas dos Espanhoís.

Foi tb uma grande demonstração de incompetência naval, por parte dos Espanhoís, que nem conseguiram desembarcar umas tropas no solo Inglês. Como teria sido a história se eles tivessem conseguido alcançar o objectivo da missão?

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Na tarde de 19 de julho de 1588, no prado de bochas, em Plymouth, Grã-Bretanha, Sir Francis Drake, primeiro-capitão de Sua Majestade Britânica, e outros oficiais da Marinha inglesa estavam empenhados numa partida de bochas, quando vêem rumar, na direção do porto, com as velas pandas, um pequeno navio armado. O comandante, um certo Fleming, atraca às pressas e logo vai ter com os oficiais. Excitadíssimo, quase sem fôlego, consegue gaguejar apenas poucas palavras:

— A Armada... eu vi, esta noite, a frota espanhola perto das costas da Cornualha!

A esta notícia, alguns capitães correm para o lido e gritam, pedindo que dos navios, mandem chalupas (pequenas embarcações de um só mastro). Dos becos e das pequenas lojas que dão para o porto, eis que, logo, acorre uma multidão, vociferando. A notícia de que o perigo é iminente espalhou-se num átimo, e a tranqüila cidade inglesa fica em polvorosa. As ansiosas perguntas dos cidadãos cruzam-se com as vozes concitadas dos chefes de churma (a gente de serviço nos navios) que ordenam aos marinheiros seguirem o exemplo dos seus comandantes, apressando-se em retornar às respectivas embarcações. Sozinho, entre todos, Sir Francus Drake se mantém impassível.

— Um momento, senhores! — troveja sua voz. — Temos todo o tempo de terminar esta partida e de bater os espanhóis. — E parece, segundo a História, que, efetivamente, os oficiais, encorajados por essas palavras, voltaram a jogar, lançando as últimas bochas.

Havia, contudo, com que se preocuparem! Grandiosa, implacável, sob o comando de Medina Sidônia, a Armada dirigia-se, de fato, para a Inglaterra, decidida a quebrar as poucas resistências navais e permitir, assim, às forças espanholas, acampadas em terras de Flandres, sob o comando de Alexandre Farnese, que invadissem todo o país.

A Armada, "a invencível armada", como, orgulhosamente, gostava de definí-la, o rei Felipe II, da Espanha, era a frota mais poderosa do mundo, com mais de 130 naus de guerra.

Àquelas forças, a Grã-Bretanha pouco podia opor: uma centena de navios, muitos dos quais não aptos para a batalha, e todos de tonelagem inferior aos dos espanhóis.

Todaviam os ingleses podiam contar com os mais famosos e hábeis homens do mar da época, que já haviam prestado numerosos e memoráveis serviços à rainha Elisabeth. Eram ele: Sir Francis Drake, o primeiro ingles circunavegador do globo, terror de todas as costas espanholas do Velho e do Novo Mundo; Sir John Hawkins, o rude veterano de muitas viagens nos mares da África e da América; Lord Howard, Grande Almirante da Inglaterra.

As primeiras escaramuças do encontro tiveram lugar perto das costas de Cornualha, num sábado, 20 de julho. A Armada estava disposta em forma de meia-lua; de um extremo a outro, podiam-se medir cerca de sete milhas.

Os ingleses, espalhados em várias ordens, deixavam passar os navios espanhóis, limitando-se como que temerosos, a conservá-los sob vista, a distância.

Uma estranha calma parecia reinar sobre aquelas águas, onde duas frotas, uma segura de si, outra cautelosa, se estudavam de longe. Mas eis que, de improviso, com simultânea manobra, os navios ingleses, de todas as direções, caem sobre as costas do adversário. A batalha trava-se logo, violenta, entre troar de canhões, gritos de homens enfurecidos, chamas que se levantam. Os ingleses, valendo-se de barcos menores e velozes, atacam repetidamente os espanhóis, retirando-se, depois, sobre suas posições, após havê-los acertado.

Esta tática dá bons frutos. os enormes galões espanhóis, embaraçados, geralmente cerrados um contra o outro, levam a pior e devem dobrar, a tôda pressa, para o porto de Calais.

Aqui se verifica o imprevisto, o fato de coroará a masi famosa batalha do século XVI.

Num verdadeiro golpe de gênio, na noite de 27 de julho de 1588, Sir Francis Drake lança, contra as maiores naus espanholas alinhadas no porto de Calais, oito "bulotes". Estas pequenas embarcações estão carregadas de explosivos, de substâncias inflamáveis que impelidas pelo vento, vão chocar-se contra os navios inimigos. Com o choque, sobrevém uma tragédia. Apanhados de surpresa, apavorados pelo fragor das explosões, que se sucedem incessantemente, os espanhóis cortam as amarras e zarpam em grande desordem. Da grande Armada, da "Vencível Armada", como a chamou, depois, ironicamente, Sir Francis Drake, somente 53 barcos, meios rebentados, devolveram à Pátria suas churmas.

Para a Espanha, esta derrota significou o fim de um mito, de um domínio; para a Inglaterra, o início de um poderio marítimo destinado a refulgir nos séculos futuros.
"Esta é a ditosa pátria minha amada."
 

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emarques

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« Responder #1 em: Junho 04, 2004, 11:56:32 pm »
Acho que vi em algum sítio que o nome "armada invencível" nunca foi usado pelos espanhóis, que lhe chamavam Grande Armada. Quem terár inventado o nome armada invencível terão sido os ingleses para ridicularizar os espanhóis e se glorificarem a si próprios.

E o termo é "brulotes", não "bulotes". Erro do original ou da transcrição?
Ai que eco que há aqui!
Que eco é?
É o eco que há cá.
Há cá eco, é?!
Há cá eco, há.
 

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dremanu

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« Responder #2 em: Junho 05, 2004, 12:06:48 am »
Erro do original, não mudei nada...

Emarques:

Vc conhece mais detalhes sobre este episódio da história de Espanha?

Não me surpreende se os Inglêses deram o nome de "armada invencível" para ridicularizar os Espanhoís, bem que eles o merecem. Não terem conseguido desembarcar nem um só contingente de tropas, é uma demonstração de muita incompetência, a todos os niveís, por parte dos líderes da expedição.
"Esta é a ditosa pátria minha amada."
 

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papatango

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« Responder #3 em: Junho 05, 2004, 12:43:30 am »
Deve tratar-se da versão portuguesa de algum texto inglês.

A diferença entre as esquadras não era assim tão grande.

A tonelagem média dos barcos ingleses era maior que a tonelagem média da esquadra espanhola.

Os unicos navios realmente grandes da "armada invencivel" eram basicamente todos portugueses, a começar pelo navio almirante da Esquadra, o galeão "S. Martinho de Portugal".

Os unicos barcos que deram alguma luta aos ingleses foram os portugueses.

A questão dos burlotes de facto foi bem jogada, mas foi uma confusão porque os espanhois, nas galeotas e galés, entraram em pânico.

A esquadra foi dispersa de noite, e no dia seguinte por causa dos ventos a unica coisa a fazer era voltar para casa.

Só que por causa dos ventos a esquadra teve que navegar para norte até á Escócia e depois apanhar os ventos de norte.

Foi aí que grande parte dos navios se afundou, e mesmo aí, foram os navios espanhois (em grande medida galés, preparadas para o mediterrâneo) que se afundaram.

Os barcos portugueses estavam preparados para navegar até á India e até ao Japão, tinham que ser muito melhores que os barcos espanhois, que estavam preparados para navegação no mediterrâneo, e, quando muito para atravessar o Atlântico (que representa 15% da viagem até ao Japão)

Portugal contribuiu com 20 dos 130 navios. Mas não eram 130 naus de guerra. As naus eram umas 30, e na sua maioria eram portuguesas.

De qualquer forma a armada foi destruida pelos ventos e não pelos ingleses, por muito que a Royal Navy nos queira fazer crer o contrário.

Cumprimentos
É muito mais fácil enganar uma pessoa, que explicar-lhe que foi enganada ...
 

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dremanu

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« Responder #4 em: Junho 08, 2004, 11:40:58 pm »
Seriam as naus Portuguêsas algo semelhante a esta:



PT vc sabe de algum livro que descreva em pormenor toda esta campanha dos Espanhoís?
« Última modificação: Junho 08, 2004, 11:56:23 pm por dremanu »
"Esta é a ditosa pátria minha amada."
 

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Spectral

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« Responder #5 em: Junho 08, 2004, 11:49:07 pm »
Citar
PT vc sabe de algum livro que descreva em pormenor toda esta campanha parte dos Espanhoís?


A série de livros "Batalhas D'Portugal" tem um dedicado à Armada Invencível.
I hope that you accept Nature as It is - absurd.

R.P. Feynman
 

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ferrol

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Un pequeno comentario...
« Responder #6 em: Junho 17, 2004, 03:26:53 pm »
Certamente, a Armada Invencible, que foi un éxito organizativo e de construcción naval, non foi un éxito militar, que era ó final para o que estaba construída.

De tódolos xeitos, atrévome a comentar que as cousas da Historia tal vez deberiamos tentar velas tal e como as viviron os seus protagonistas, máis aló de datos e datas. Non sei se coñecen a Arturo Pérez Reverte, (http://www.capitanalatriste.com/) pero as súas novelas inspiradas na época do Imperio son unha porta para desperta-lo interese histórico en todos nós.

Así, vendo a Historia desde o punto de vista dos seus protagonistas, poderemos entender detalles que desde a nosa visión do século XXI ó mellor se nos escapan. Por exemplo:

- En 1.588, Portugal non existía como país independente, polo que falar de "tantas naves portuguesas, tantas naves españolas" non ten senso, porque todas eran castelás.

- Non sei porqué non había máis unidades que hoxe diríamos portuguesas na batalla, sendo Portugal un país tan marítimo. Intúo que tal vez sexa porque Portugal sempre foi un país máis comercial que guerreiro, ou porque a integración entre os dous países era recente e aínda non se organizara o estado castelán na lusitania. Tal vez nalgún libro veña explicado, a ver se atopo algo na rede...

- É sorprendente ver como o tempo todo o altera: Cando hai unha "presunta derrota", todos lle botamos a culpa ós outros, aínda que esteamos nós no medio da lea (este caso, por exemplo).
Pero, cando hai unha victoria, nós sempre estabamos na cabeza. Foi moi comentado nos foros españois a discusión que tivemos con algúns italianos que xuraban que foron eles os que gañaron Lepanto...

Por último, unha idea final. Si xa é difícil chegar a un acordo con temas de actualidade, que os estamos vivindo, imaxínense con temas con 500 anos de pó por enriba.

Un saúdo. Gracias por lerme.
P.D: Mi madriña que calor...
Tu régere Imperio fluctus, Hispane memento
"Acuérdate España que tú registe el Imperio de los mares”
 

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JNSA

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« Responder #7 em: Junho 17, 2004, 03:52:15 pm »
Citação de: "ferrol"
- En 1.588, Portugal non existía como país independente, polo que falar de "tantas naves portuguesas, tantas naves españolas" non ten senso, porque todas eran castelás.

Lamento dizê-lo ferrol, mas está errado  :wink:
 

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papatango

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« Responder #8 em: Junho 17, 2004, 05:07:40 pm »
Citação de: "Ferrol"
En 1.588, Portugal non existía como país independente, polo que falar de "tantas naves portuguesas, tantas naves españolas" non ten senso, porque todas eran castelás


Creio que reside aqui um erro tradicional, tanto em Espanha como em Portugal. Os mais nacionalistas em Portugal, falam da “ocupação” Espanhola e da usurpação da independência e, em Espanha, fala-se da Unidade Hispanica (lagarto, lagarto, lagarto), o que depois leva a referir a “separação”, normalmente esquecendo que não houve separação, houve apenas restauração da normalidade.

A realidade é que somos todos um pouco influenciados pela visão bicéfala da peninsula, esquecendo a realidade da altura.

Portanto, Ferrol, não se pode dizer que Portugal não existia, da mesma forma que não se pode dizer que não existia Aragão ou os seus reinos constituintes, onde a Catalunha tinha uma preponderância especial.

Na realidade, Portugal, da mesma forma que Aragão, nunca perderam a sua identidade. Lembro que durante o periodo de 1580 a 1640, a bandeira portuguesa continuava hasteada em Portugal e no império da India, ou por exemplo em Ceuta, onde aliás, ainda hoje a bandeira da cidade é constituida pelas cinco quinas e sete castelos.

Havia uma união na pessoa de Filipe. Isto é por exemplo a mesma coisa que a Europa eleger um presidente, que fosse simbolo da unidade europeia. Se esse presidente fosse, por exemplo alemão, nós não passávamos automaticamente a ser alemães.

Para dizer a verdade, Portugal mantinha a sua moeda, Castela tinha a sua e Aragão igualmente tinha moeda propria. O que hoje não acontece.

Essa Espanha "unida" e castelhanizada só aparece no século XVIII, por muito que a Historiografia espanhola insista no "conto" da unidade "hispana" milenar. (No entanto, não esqueço que no caso da Galiza, o processo de Castelhanização começou muito antes)

= = =

Os navios portugueses eram de facto portugueses e hasteavam também a bandeira do Reino de Portugal, que era um dos reinos onde Filipe II era Rei. Mas não houve nenhum processo de castelhanização (pelo menos durante o reinado de Filipe I de Portugal – e Felipe II de Castela).

Porque é que havia relativamente poucos navios portugueses?

Exactamente porque eram os maiores.

Portugal tinha um império a 25.000 Km de distância, enquanto a Espanha (ou melhor dizendo Castela – Aragão estava voltado para o mediterrâneo) tinha um império a 8.000 Km

Portugal, ao contrario de Castela, tinha um império comercial, mas MUITO IMPORTANTE, um império marítimo.

Durante mais de 50 anos, Portugal controla todo o Oceano Indico. Controle do oceano, quer dizer, capacidade de controlar não só as vias marítimas, mas também a costa.

Com Afonso de Albuquerque, e seus seguidores, ficaram na história os maiores feitos marítimos/militares de Portugal.

O dominio português devia-se essencialmente ao poder dos canhões das naus portuguesas (especia de galeão)

O império português extendia-se por todo o oceano índico, até aos mares do sul da China, mas limitava-se á costa. O império português chegava onde chegava o alcance das naus portuguesas.

Para isso eram necessário grandes canhões, e também por isso, grandes navios.

A Espanha não tinha que lutar contra fortalezas na costa, porque lutava contra sociedades culturalmente menos desenvolvidas e sem grande desenvolvimento militar. Portugal, lutava contra navios de guerra árabes e turcos (já antes da batalha de Lepanto) e também indianos.

Em Lepanto, a batalha podia ser efectuada com galés (navios mais pequenos a remos) e com uma autonomia incrivelmente limitada. Lepanto não foi muito diferente das batalhas do tempo dos gregos e do tempo dos romanos (independentemente de quem tenha ganho, e da diferença provocada pela introdução do canhão).

Portanto:
As razões pelas quais havia poucos barcos portugueses, tinham a ver com o tamanho (grandes barcos = menor quantidade).

A razão principal da superioridade dos barcos portugueses tem a ver com a necessidade: (combater fortalezas no índico, é diferente de desembarcar na america central, onde pequenos canhões faziam o trabalho, porque não havia muralhas de pedra para destruir). Também os barcos de Aragão eram essencialmente galés mediterrânicas.
A maior resistência ao mar, tem a ver com a necessidade de fazer barcos mais capazes de fazer grandes viagens maritimas.

Posso por exemplo dizer que os barcos portugueses não eram os melhores para serem utilizados como “naves almirantes”. Hoje seríam o equivalente a couraçados, que necessitavam de fragatas como escolta. A sua utilização sería inestimavel no ataque á costa, porque foi em grande medida para isso que os portugueses aumentaram o tamanho dos barcos, porque necessitavam de uma plataforma estável para os canhões atacarem a costa.

Portanto, não há nada de nacionalismo na análise. Apenas uma análise racional das razões que estiveram na origem da construção de barcos tão diferentes em Portugal e em Castela e Aragão.

Cumprimentos
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JNSA

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« Responder #9 em: Junho 17, 2004, 05:15:15 pm »
Citação de: "papatango"
Na realidade, Portugal, da mesma forma que Aragão, nunca perderam a sua identidade. Lembro que durante o periodo de 1580 a 1640, a bandeira portuguesa continuava hasteada em Portugal e no império da India, ou por exemplo em Ceuta, onde aliás, ainda hoje a bandeira da cidade é constituida pelas cinco quinas e sete castelos.

Havia uma união na pessoa de Filipe. Isto é por exemplo a mesma coisa que a Europa eleger um presidente, que fosse simbolo da unidade europeia. Se esse presidente fosse, por exemplo alemão, nós não passávamos automaticamente a ser alemães.


Papatango, eu percebo o que quer dizer, mas tem aí um erro... Se a Europa elegesse um Presidente, teríamos um Estado Federal ou eventualmente, uma Confederação (mais ou menos mal comparados, os equivalentes republicanos da União Real). Isto porque haveria um órgão comum (a Presidência) e um titular comum (o Presidente eleito). O que aconteceu com Portugal e Castela é que havia dois órgãos diferentes (a Coroa Portuguesa e a Coroa Castelhana; não havia qualquer órgão em comum) mas com o mesmo titular (os três Filipes) por meras razões de sucessão heriditária...

De resto, subscrevo as suas palavras.  :wink:
 

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ferrol

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Interesante...
« Responder #10 em: Junho 17, 2004, 05:22:11 pm »
Citação de: "JNSA"
Ferrol, Portugal e Castela viviam uma União Pessoal e não uma União Real - eram países diferentes, com órgãos diferentes (duas coroas) mas o mesmo titular para esses órgãos (o titular, a pessoa que ocupa o cargo, não deve ser confundido com o órgão ou a instituição) :wink:

Realmente interesante esta matización, amigo JNSA. Pero non vexo a contradicción co meu texto, é dicir:

¿Foi Felipe II de España o Felipe I de Portugal? Digamos que sí.
¿Era o poder do Rei Felipe orgánicamente superior ó dos órganos propios de Portugal? Podemos dicir que sí.
¿Pertencía a coroa de Portugal á coroa de Castela, de igual xeito que a coroa de Navarra, ou a de Aragon, que tamén tiñan orgaos consultores propios? Opino que sí.

De feito, Portugal conservou os orgaos propios de decisión, pero hasta onde eu chego, sempre supeditados ó poder do Emperador.

De todos xeitos, revisei a páxina:
http://www.cervantesvirtual.com/historia/monarquia/felipe2.shtml, do Instituto Cervantes órgao de expresión e propagación do español no mundo (semellante ó Camoes portugués, gran hispanista este camoes), onde se explicita:
Citar
Sin embargo, Felipe II, consiguió un gran triunfo político al conseguir la unidad ibérica con la anexión de Portugal y sus dominios, al hacer valer sus derechos sucesorios en 1581 en las Cortes de Tomar. Completó, por tanto, la obra unificadora comenzada por los Reyes Católicos.

Logo entendo que o seu razoamento, de 2 países, 1 Rei, non invalida o meu de que estabamos todos metidos no asunto da invencible. Bueno, e os italianos do sur, os franceses do franco condado, os holandeses, os alemáns e todo animal que estivese baixo os designios do Imperio máis grande da Historia (máis ou menos)

P.D: Por certo, gracias pola súa resposta tan rápida e por riba con documentación engadida. Un 10 para vostede JNSA
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papatango

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« Responder #11 em: Junho 17, 2004, 05:32:43 pm »
Caro JNSA, você tem razão, eu falo (e escrevo) demasiado depressa.

Pensei num presidente, representativo apenas de uma ideia de europa, mas sem parlamento europeu, ou comissão europeia. Portanto, havería um presidente da Europa, mas governos soberanos sem governo central.

Eu estava a pensar na Europa mas não na União Europeia. Numa união na pessoa do presidente e mais nada.

Desculpas pela confusão

Cumprimentos
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JNSA

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« Responder #12 em: Junho 17, 2004, 05:38:35 pm »
Citação de: "ferrol"
Realmente interesante esta matización, amigo JNSA.

Depois de ler centenas de página de manuais de Ciência Política e Direito Constitucional, o amigo ferrol também ficaria atento a estes "matizes"  :wink:  A Coroa enquanto órgão nunca poderia pertencer a outra coroa. A coroa portuguesa não pertencia à coroa castelhana, da mesma forma que a coroa castelhana não pertencia a Filipe II - este era simultaneamente titular do cargo de rei em Castela e em Portugal - constitucionalmente os dois países não se confundiam.

Se quiser, imagine que, de um momento para o outro, se permitia que qualquer cidadão da UE se podia candidatar ao cargo de Presidente Francês. Agora imagine que quem ganhava a eleição era o Chanceler alemão - a França não passava a depender ou a pertencer à Alemanha; limitava-se a ser governada por um homem que, por coincidência, era também chefe de Estado de outro país.

Assim, Castela não dominava Portugal - eram dois países independentes e não se confundiam; o Rei Filipe II é que, por razões dinásticas, exercia um cargo equivalente nos dois países.

O único caso de União Real que Portugal viveu (mas só no "papel) foi com o Brasil, no quadro da Constituição de 1822  - havia o Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves; neste caso órgão coroa, e o titular, o rei, eram o mesmo, mas nenhum dos Estados se submetia a outro.

No caso do Reino Unido (Inglaterra, Gales, Escócia, Irlanda do Norte), a Inglaterra não domina qualquer dos outros Estados - acontece é que todos eles têm um órgão comum (a coroa, e parcialmente, o Parlamento), com um titular comum (a Rainha Isabel II)

Entre 1580/1640, Portugal e Castela eram duas coroas separadas (nenhuma era superior à outra, não tinham nenhum órgão em comum, e nenhum órgão de um país se superiorizava ao outro), mas com o mesmo titular (os Filipes...)

Espero que me tenha explicado correctamente  :wink:

Abraços
João Albuquerque
 

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JNSA

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« Responder #13 em: Junho 17, 2004, 05:39:56 pm »
Citação de: "papatango"
Caro JNSA, você tem razão, eu falo (e escrevo) demasiado depressa.

Pensei num presidente, representativo apenas de uma ideia de europa, mas sem parlamento europeu, ou comissão europeia. Portanto, havería um presidente da Europa, mas governos soberanos sem governo central.

Eu estava a pensar na Europa mas não na União Europeia. Numa união na pessoa do presidente e mais nada.

Desculpas pela confusão


De modo nenhum, Papatango. Não há problema - todos nós nos distraimos por vezes  :wink:
 

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emarques

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« Responder #14 em: Junho 17, 2004, 05:46:52 pm »
http://www.ancruzeiros.pt/anchistoria-comb-1606.html

Citar
No entanto, a bordo dos navios portugueses o ambiente não era propriamente de euforia. O Vice-Rei mandara içar no seu navio a bandeira do Rei de Espanha, a primeira vez que isso acontecia na Índia, o que provocou a mais viva indignação entre os fidalgos e os soldados portugueses. A partir daí as relações entre D. Martim Afonso de Castro e os seus capitães tornaram-se inamistosas, o que enfraqueceu consideravelmente a capacidade operacional da armada.


Pronto, isto não será especialmente relevante, mas sempre dá que pensar.
Ai que eco que há aqui!
Que eco é?
É o eco que há cá.
Há cá eco, é?!
Há cá eco, há.