En 1.588, Portugal non existía como país independente, polo que falar de "tantas naves portuguesas, tantas naves españolas" non ten senso, porque todas eran castelás
Creio que reside aqui um erro tradicional, tanto em Espanha como em Portugal. Os mais nacionalistas em Portugal, falam da “ocupação” Espanhola e da usurpação da independência e, em Espanha, fala-se da Unidade Hispanica (lagarto, lagarto, lagarto), o que depois leva a referir a “separação”, normalmente esquecendo que não houve separação, houve apenas restauração da normalidade.
A realidade é que somos todos um pouco influenciados pela visão bicéfala da peninsula, esquecendo a realidade da altura.
Portanto, Ferrol, não se pode dizer que Portugal não existia, da mesma forma que não se pode dizer que não existia Aragão ou os seus reinos constituintes, onde a Catalunha tinha uma preponderância especial.
Na realidade, Portugal, da mesma forma que Aragão, nunca perderam a sua identidade. Lembro que durante o periodo de 1580 a 1640, a bandeira portuguesa continuava hasteada em Portugal e no império da India, ou por exemplo em Ceuta, onde aliás, ainda hoje a bandeira da cidade é constituida pelas cinco quinas e sete castelos.
Havia uma união na pessoa de Filipe. Isto é por exemplo a mesma coisa que a Europa eleger um presidente, que fosse simbolo da unidade europeia. Se esse presidente fosse, por exemplo alemão, nós não passávamos automaticamente a ser alemães.
Para dizer a verdade, Portugal mantinha a sua moeda, Castela tinha a sua e Aragão igualmente tinha moeda propria. O que hoje não acontece.
Essa Espanha "unida" e castelhanizada só aparece no século XVIII, por muito que a Historiografia espanhola insista no "conto" da unidade "hispana" milenar. (No entanto, não esqueço que no caso da Galiza, o processo de Castelhanização começou muito antes)
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Os navios portugueses eram de facto portugueses e hasteavam também a bandeira do Reino de Portugal, que era um dos reinos onde Filipe II era Rei. Mas não houve nenhum processo de castelhanização (pelo menos durante o reinado de Filipe I de Portugal – e Felipe II de Castela).
Porque é que havia relativamente poucos navios portugueses?
Exactamente porque eram os maiores.
Portugal tinha um império a 25.000 Km de distância, enquanto a Espanha (ou melhor dizendo Castela – Aragão estava voltado para o mediterrâneo) tinha um império a 8.000 Km
Portugal, ao contrario de Castela, tinha um império comercial, mas MUITO IMPORTANTE, um império marítimo.
Durante mais de 50 anos, Portugal controla todo o Oceano Indico. Controle do oceano, quer dizer, capacidade de controlar não só as vias marítimas, mas também a costa.
Com Afonso de Albuquerque, e seus seguidores, ficaram na história os maiores feitos marítimos/militares de Portugal.
O dominio português devia-se essencialmente ao poder dos canhões das naus portuguesas (especia de galeão)
O império português extendia-se por todo o oceano índico, até aos mares do sul da China, mas limitava-se á costa. O império português chegava onde chegava o alcance das naus portuguesas.
Para isso eram necessário grandes canhões, e também por isso, grandes navios.
A Espanha não tinha que lutar contra fortalezas na costa, porque lutava contra sociedades culturalmente menos desenvolvidas e sem grande desenvolvimento militar. Portugal, lutava contra navios de guerra árabes e turcos (já antes da batalha de Lepanto) e também indianos.
Em Lepanto, a batalha podia ser efectuada com galés (navios mais pequenos a remos) e com uma autonomia incrivelmente limitada. Lepanto não foi muito diferente das batalhas do tempo dos gregos e do tempo dos romanos (independentemente de quem tenha ganho, e da diferença provocada pela introdução do canhão).
Portanto:
As razões pelas quais havia poucos barcos portugueses, tinham a ver com o tamanho (grandes barcos = menor quantidade).
A razão principal da superioridade dos barcos portugueses tem a ver com a necessidade: (combater fortalezas no índico, é diferente de desembarcar na america central, onde pequenos canhões faziam o trabalho, porque não havia muralhas de pedra para destruir). Também os barcos de Aragão eram essencialmente galés mediterrânicas.
A maior resistência ao mar, tem a ver com a necessidade de fazer barcos mais capazes de fazer grandes viagens maritimas.
Posso por exemplo dizer que os barcos portugueses não eram os melhores para serem utilizados como “naves almirantes”. Hoje seríam o equivalente a couraçados, que necessitavam de fragatas como escolta. A sua utilização sería inestimavel no ataque á costa, porque foi em grande medida para isso que os portugueses aumentaram o tamanho dos barcos, porque necessitavam de uma plataforma estável para os canhões atacarem a costa.
Portanto, não há nada de nacionalismo na análise. Apenas uma análise racional das razões que estiveram na origem da construção de barcos tão diferentes em Portugal e em Castela e Aragão.
Cumprimentos