GNR tranquiliza PSP sobre partilha de poderes entre as duas instituições MANUEL CARLOS FREIRE
GNR tranquiliza PSP sobre partilha de poderes entre as duas instituições
Ciclo de conferências da GNR em Queluz começou quarta-feira
O recém-empossado director nacional da PSP ouviu as cúpulas da GNR declararem, 24 horas depois da sua posse, que a Guarda "não pretende ocupar o 'espaço' de ninguém", no quadro da reforma em curso entre as forças de segurança.
Esta posição do comandante-geral da GNR foi transmitida anteontem à noite pelo director da Escola Prática da Guarda, major-general Carlos Chaves, no encerramento da primeira das conferências organizadas pela corporação e a que assistiram, além do superintendente-chefe Oliveira Pereira, figuras como os ex--ministros Ângelo Correira e Figueiredo Lopes, o deputado João Rebelo, o general Loureiro dos Santos, o director nacional da PJ, Alípio Ribeiro ou o secretário-geral do Gabinete Coordenador de Segurança, general Leonel de Carvalho, entre outros.
"A GNR não pretende ocupar o 'espaço'de ninguém, antes entende que tem o seu 'espaço' próprio como força intermediária entre as forças de segurança e as Forças Armadas", frisou Carlos Chaves, nas conclusões da conferência proferida pelo general francês Richard Lizurey, da Gendarmerie francesa, centrada na importância das forças de gendarmerie face aos novos riscos e ameaças à segurança interna dos Estados. O próprio papel crescente que essas forças policiais - de natureza militar - têm vindo a assumir, nas missões internacionais de paz e gestão de crises, foi também realçado pelo militar gaulês.
O elencar dos problemas e dificuldades existentes no sector das forças de segurança francesas, e em especial as que se antevêm com a ida da Gendarmerie (na tutela do Ministério da Defesa) para o Ministério da Administração Interna, onde se vai juntar à Polícia Nacional, não criaram qualquer surpresa nas dezenas de convidados - por serem idênticos aos que existem em Portugal, conforme sublinhou o ex-ministro Ângelo Correia, suscitando muitos sorrisos.
"A passagem, a 01 de Janeiro de 2009, da Gendarmerie para o seio do Ministério do Interior representa uma evolução essencial, temida por muitos. É necessário notar que os gendarmes temem ver-se absorver pela Polícia, mas que os polícias temem igualmente ver a Gendarmerie impor-se ao Ministério do Interior, onde eram, até agora, os únicos presentes", disse o general, adiantando: "Ninguém duvida que a passagem para o Ministério do Interior vai aumentar a tensão social, que se apoia essencialmente sobre uma comparação permanente com a situação dos polícias."
A próxima conferência, a 24 de Abril, terá como convidado o coronel italiano Giovanni Truglio, comandante da EUROGENDFOR - a força de gendarmerie da UE que integra a GNR, a Guardia Civil (Espanha), a Gendarmerie (França), os Carabinieri (Itália) e a Marachusse (Holanda).
http://dn.sapo.pt/2008/03/28/nacional/g ... poder.html