Açores a substituir Guiana
PORTUGAL PODE LANÇAR FOGUETÕES
Portugal é candidato a acolher uma base de lançamento de foguetões da Agência Espacial Europeia (ESA), indicou ontem ao CM a ministra da Ciência, Inovação e Ensino Superior, Maria da Graça Carvalho, acrescentando que "dadas as características geográficas e climáticas", a ilha de Santa Maria, nos Açores, é o local que reúne melhores condições para a instalação desta desejada base.
Ho/Reuters
Portugal candidata-se a receber base de lançamento de foguetões
Depois de citada pela Lusa, a ministra confirmou ao CM que a ideia é Portugal "tirar partido da situação geográfica privilegiada face aos restantes países europeus". Isto porque, explica, "está em estudo até 2008" a substituição do actual modelo de foguetões, por uma nova tecnologia que permitirá a "recuperação dos lançadores". Sublinhando tratar-se de um "projecto a longo prazo", que não deverá estar operacional antes de 2015, a governante explicou que o novo modelo implica uma área geográfica rondando os dois mil quilómetros, que "a Guiana não possui".
Questionada sobre se Portugal seria o País da ESA melhor habilitado para receber a base de lançamento, a ministra admitiu que as Canárias (Espanha) poderão reunir condições semelhantes e sublinhou ser ainda prematuro para tirar ilações.
A ideia de instalar a base de lançamento de foguetões em St.ª Maria surge na sequência de um ano de negociações para instalação de um centro de rastreio de foguetões naquela mesma ilha.
A estar operacional em Maio de 2005, altura do lançamento do próximo foguetão a partir da Guiana, este centro de rastreio terá a sua construção custeada por Portugal, que por sua vez deduzirá esse montante da sua quota devida à ESA.
Sobre as eventuais vantagens para o País do centro de rastreio e da eventual futura base de lançamento, Graça Carvalho destaca a "criação de emprego científico qualificado" e o "turismo científico e não só", como consequência de o local se tornar conhecido em todo o Mundo.
De opinião semelhante, o responsável do PS para a Ciência, Augusto Santos Silva, afirmou ao CM que "por mais remota que seja a hipótese, é sempre positivo para o País receber um posto de alto valor tecnológico e estratégico".
Nesse sentido, criticou as "restrições orçamentais para a Ciência nos dois últimos anos", as quais, acrescenta, "atrasaram o pagamento das quotas aos organismos internacionais, como a ESA".
GALILEU CONCORRE CONTRA GPS
Portugal foi também convidado a receber uma estação de satélites do projecto Galileu, programa conjunto da ESA e da União Europeia que visa concorrer com o actual sistema GPS (norte-americano). Prevendo-se operacional em 2008, o Galileu poderá dar origem, numa primeira fase, a cerca de 100 mil novos empregos, e implica o lançamento de 30 satélites e quatro estações de controlo (duas na Europa e duas por controlo remoto).
É precisamente uma destas duas estações europeias que poderá vir a ser instalada em solo português, mais exactamente na ilha de St.ª Maria, nos Açores. Questionada pelo CM, a ministra da Ciência, Inovação e Ensino Superior reconheceu a possibilidade, explicando já ter convidado o presidente do projecto, o italiano Giuseppe Viriglio, para discutir o assunto.
Graça Carvalho explica ainda que Portugal contribui com cerca de 6,5 milhões euro/ano para o orçamento total do projecto, 3,2 mil milhões de euros o qual, nas palavras da ministra, "apesar de parecer elevado é inferior ao custo da ponte entre a Suécia e a Dinamarca ou do último terminal do Aeroporto Internacional de Heathrow, em Londres". Pensado desde há 10 anos, o Galileu poderá ter aplicações no tráfego aéreo, na navegação, combate a incêndios e outras calamidades. As empresas nacionais podem concorrer a verbas ao abrigo deste programa.
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