Optix, um detector de bombas à distância
A tecnologia europeia coloca-se ao serviço da segurança na luta contra atentados bombistas. O consórcio Optix, liderado pela empresa espanhola Indra, desenvolveu e testou com sucesso um detector de bombas à distância designado Optix. “Este protótipo portátil consegue detectar e identificar vestígios de explosivos a uma distância média de 20 metros”, afirma o director do projecto, Javier Hernández.
No Sistema de Detecção Optix é utilizada tecnologia óptica que, através de lasers, permite identificar, de forma precisa, a estrutura atómica e molecular dos explosivos. O dispositivo consegue identificar, rápida e remotamente, o objecto em questão, seja um carro, uma mala, ou qualquer recipiente opaco, e pegar em vestígios do resíduo.
O Optix é portátil porque está integrado numa plataforma com rodas que possibilitará o transporte em qualquer carrinha de tamanho padrão para a área a ser patrulhada. A plataforma poderá mover-se ao longo de um parque de estacionamento ou rua, por exemplo, analisando superfícies onde os vestígios possam estar presentes, como uma roda ou a porta de um veículo. Paralelamente, um polícia poderá controlar a plataforma remotamente, a partir de um portátil de laboratório robustecido, no qual receberá de imediato os resultados obtidos através do sistema de detecção Optix.
A margem de erro do Optix é uma questão “difícil de responder”, segundo Javier Hernández que adianta: “A fiabilidade da investigação depende de vários factores, o tipo de explosivo, o tipo de recipiente, a quantidade de explosivos e os ‘hábitos’ das pessoas envolvidas na preparação de explosivos apenas para dizer alguns”.
O entrevistado sublinha que “hoje, não há forma de detectar todo o tipo de explosivos em todas as situações e não se pode esperar que o Optix faça isso”, mesmo recorrendo à conjugação de duas tecnologias como a LIBS (Laser-induced breakdown spectroscopy), “uma técnica muito sensível” e a espectroscopia de Raman.
A associação de LIBS e Raman permite ainda ao Optix identificar que tipo de explosivo foi encontrado. Contudo, adianta o entrevistado quando se está perante “pequenas quantidades a identificação não é sempre possível”.
A Espectroscopia LIBS identifica a emissão de ruptura elementar (atómica e molecular) gerada após excitação a partir de um laser de alta energia ("faísca") e a espectroscopia de Raman mede as variações dos estados de vibração das moléculas que foram excitadas com um laser, o que torna possível identificar inequivocamente a sua estrutura molecular.
O Optix é um projecto focado no sector público. O protótipo estará disponível para a polícia europeia e para as forças de segurança. A chegada efectiva ao mercado ainda não é anunciada porque “precisamos de aumentar a sensibilidade e a fiabilidade do sistema e é difícil estimar o tempo que precisamos para conseguir isso”, diz Javier Hernández.
O protótipo Optix já foi testado com sucesso em laboratório e em ambientes externos, simulando situações do dia-a-dia, e em várias condições atmosféricas.
O consórcio Optix, liderado pela Indra, é composto por um conjunto de parceiros industriais e académicos, como a Agência Sueca de Investigação e Defesa, PME Ekspla (Lituânia) e Avantes (Holanda); as universidades técnicas Clausthal and Dortmund (Alemanha) e a Universidade de Málaga (Espanha), e a unidade TEDAX Da Guardia Civil (Policia Espanhola, Unidade de Explosivos, Valdemoro, Madrid).
Ciência Hoje